No verão de outros dias você foi batendo suas asas em sentido contrário às minhas alegrias. Vestias a mais branca das cambraias, blusa e saia a combinar com o claro engomado do sol. E eu, com minha alma inquieta, procurava a primavera no bolso do meu casaco azul e só encontrava o outono das dúvidas. Não achava a paz que tanto buscava. O coração, descompassado, batia sem futuro, lembrando o passado e o tempo bom de tudo que um dia foi. De presente, apenas a lembrança da ausência sentida e uma esperança pequenininha de que, no inverno, a chuva traria seu sorriso de volta numa daquelas gotas que caía e escorria pelo terreiro da saudade.