Publicação: 05/05/2020 04:00
Com mais de 145 mil mortos, a Europa começava ontem a flexibilizar as restrições impostas a milhões de habitantes. Apesar da suspensão de medidas de distanciamento social em alguns países, os cidadãos mantiveram a cautela. A Espanha colocou em marcha a chamada “fase zero” da desescalada e testemunhou uma corrida aos salões de beleza e barbearias. Na Itália, país mais castigado do continente, com 29.079 mortos, os habitantes já podem sair de casa, segundo um programa de desconfinamento que varia de acordo com a região. “A emergência não terminou”, advertiu a ministra do Interior, Luciana Lamorgese. A nação adota uma abertura considerada muito prudente: sem comércio varejistas, sem bares ou restarantes (com autorização apenas para vendas de refeições retiradas pelos clientes), com estímulo ao trabalho à distância e proibição de festas de família.
O governo italiano permitirá, no entanto, que familiares de uma mesma região se encontrem. Existe preocupação com o risco de uma segunda onda de infecções. “As novas regras são bem mais vagas. Temo que, para muitos, será uma desculpa para fazer o que desejam e encontrar todo mundo, primos, namoradas...”, comenta Alessandra Coletti, uma professora de 39 anos.
Na Áustria, alunos da última série do ensino fundamental voltaram às aulas, como também ocorreu em alguns estados da Alemanha. No Leste Europeu, terraços de cafés e restaurantes reabriram na Eslovênia e Hungria, exceto na capital, Budapeste. Na Polônia, também reabriram hotéis, centros comerciais, bibliotecas e museus. Em outros países europeus, o desconfinamento ainda não ocorreu. Na França, que registra mais de 25 mil mortos, o mesmo terá início na próxima segunda-feira, por região. As autoridades não vão impor uma quarentena aos passageiros procedentes de países da União Europeia, do espaço Schengen ou do Reino Unido. Por sua vez, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, deve anunciar no domingo um plano de alívio das medidas no país, que registra mais de 28 mil óbitos.
Vacina
Em Bruxelas, uma campanha mundial para arrecadar fundos organizada pela União Europeia conseguiu 7,4 bilhões de euros (cerca de R$ 44,6 bilhões) para financiar a pesquisa de uma vacina. Organizadora da conferência de doadores, que recebeu o apoio dos principais dirigentes europeus, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que uma vacina “é nossa maior chance coletiva de vencer o vírus. Temos que desenvolvê-la, produzi-la e estendê-la a todos os cantos do mundo a preços acessíveis”, disse.
Reencontro emocionante em Portugal
Foram quatro semanas de isolamento. Depois de a família ser afastada pelo novo coronavírus, o menino Salvador, de 3 anos, reencontrou-se com os pais, Ricardo Soares (28 anos) e Vânia Mendes (24). Portadores da Covid-19, o casal português precisou se isolar, entre 3 de abril e a semana passada, até a recuperação. Tudo para impedir que o filho fosse infectado também. “Ele (Salvador) só perguntava onde estávamos. Dizíamos que estávamos no hospital ajudando os médicos a tratar dos doentes”, contou Ricardo ao jornal Correio da Manhã. Antes de rever o filho, que ficou com um parente, eles tiveram de passar por três testes até sair o resultado negativo. O abraço da família foi marcado por lágrimas e por abraços apertados. “A mãe não te deixa mais”, disse Vânia, ao acarinhar o filho. Até a noite de ontem, o vídeo do encontro contabilizava 81.970 visualizações.