Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo segunda, 20 de maio de 2019

ALCÂNTARA – ALÉM DO CLA

 

 

ALCÂNTARA – ALÉM DO CLA

 

Pomba branca da Paz – símbolo da Festa do Divino

Situada numa Ilha marítima e fundada em 8 de setembro de 1612, São Luís, capital do Maranhão tem características diferentes de algumas capitais brasileiras que estão situadas na orla marítima. O mar que banha São Luís tem marés também diferentes durante todo o ano e, durante a “sizígia” sofre bastantes danos. O mar lhe proporciona, além de todas essas diferenças da Natureza, um convívio nada benéfico com a quantidade de salitre, elemento que lhe destrói uma quantidade significativa de elementos metálicos usados na construção civil.

Mas isso não é tudo. A Ilha de São Luís está localizada entre as baías de São Marcos e de São José, garantindo à capital o privilégio da navegação, às não tão boa por conta das altas e baixas das marés. Do lado da baía de São José, está a cidade de Icatu, fundada no dia 10 de abril de 1614, primeira capital do Maranhão. Do lado da baía de São Marcos, está a cidade de Alcântara, com nuances ligadas à história do escravismo brasileiro, fundada em 22 de dezembro de 1648. É nessa região de Alcântara, mormente nos municípios vizinhos, Guimarães, Mirinzal e Bequimão que estão fincados em maior número, os quilombos. Todos, e sem exceção, resquícios da escravidão.

Dito isso, é impossível ficar definitivamente desvencilhado do passado. Trazidos pelos portugueses anos antes, que chegaram para expulsar os franceses da convivência com os índios tupinambás, escravos negros foram utilizados de qualquer jeito como reforços aliados da coroa portuguesa na expulsão dos franceses. Asssim era comum que, após a saída dos portugueses, os que ali ficaram com os benefícios da Lei Áurea, se expandissem e mudassem para municípios limítrofes, levando consigo também alguns hábitos culturais. E não foi diferente com a religiosidade.

Alcântara é um município que nos dias atuais faz paprte da da Região Metropolitana de São Luís. Tem uma população estimada de 21 652 habitantes, segundo o censo de 2014 processsado pelo IBGE.

A povoação foi elevada a vila de Santo António de Alcântara em 1648, tendo sido sede da Capitania de Cumã. Durante o período colonial, foi um importante centro agrícola e comercial. No século XIX, a cidade entrou num período de decadência, permanecendo como testemunho do seu período áureo o acervo arquitetônico de seu Centro Histórico, tombado pelo IPHAN, em 1948.

Fiéis conduzem o “mastro” em sacrifício

Pois, em 1982, o governo brasileiro construiu em Alcântara, um centro espacial do qual são lançados os veículos lançadores de satélites no âmbito da Missão espacial completa brasileira. É o CLA – Centro de Lançamento de Alcântara. Na América Latina, o CLA é o único concorrente do Centro Espacial de Kourou situado na Guiana Francesa, mas, ao contrário deste, o centro espacial brasileiro não opera lançamentos constantes em razão de atrasos logísticos e tecnológicos.

“A origem remonta às celebrações religiosas realizadas em Portugal a partir do século XIV, nas quais a terceira pessoa da Santíssima Trindade era festejada com banquetes coletivos designados de Bodo aos Pobres com distribuição de comida e esmolas. Tradição que se cumpre em algumas regiões de Portugal. Há referências históricas que indicam que foi inicialmente instituída, em 1321, pelo convento franciscano de Alenquer sob proteção da Rainha Santa Isabel de Portugal e Aragão.

A celebração do Divino Espírito Santo no planeta teve origem na promessa da rainha, D. Isabel de Aragão, por volta de 1320. A Rainha prometera ao Divino Espírito Santo peregrinar o mundo com uma cópia da coroa e uma pomba no alto da coroa, que é o símbolo do Divino Espírito Santo, arrecadando donativos em benefício da população pobre, caso o esposo, o rei D. Dinis, fizesse as pazes com o filho legítimo, D. Afonso, herdeiro do trono. De acordo com os documentos, D. Isabel não se conformava com o confronto entre pai e filho em vista da herança pelo trono, pois era desejo do rei que a coroa portuguesa passasse, após sua morte, para seu filho bastardo, Afonso Sanches. Diante do conflito, a rainha Isabel passou a suplicar ao Divino Espírito Santo pela paz entre seu esposo e seu filho. A interferência da rainha teria evitado um conflito armado, denominado a Peleja de Alvalade.

Caixeiras do Divino Espírito Santo em Alcântara

Essas celebrações aconteciam cinquenta dias após a Páscoa, comemorando o dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu do céu sobre a Virgem Maria e os apóstolos de Cristo sob a forma de línguas como de fogo, segundo conta o Novo Testamento. Desde seus primórdios, os festejos do Divino, realizados na época das primeiras colheitas no calendário agrícola do hemisfério norte, são marcados pela esperança na chegada de uma nova era para o mundo dos homens, com igualdade, prosperidade e abundância para todos.

A devoção ao Divino encontrou um solo fértil para florescer nos territórios portugueses, especialmente no arquipélago dos Açores. De lá, espalhou-se para outras áreas colonizadas por açorianos, como a Nova Inglaterra, nos EUA, e diversas partes do Brasil.

No Maranhão, o culto ao Divino Espírito Santo teve início com os colonos açorianos, portugueses e seus descendentes, que desde o início do século XVII chegaram para povoar a região. A partir de meados do século XIX, a tradição da festa do Divino começou a estar firmemente enraizada entre a população da cidade de Alcântara, de onde se espalhou para o resto do Maranhão.

Portal (Altar) do Divino Espírito Santo em Alcântara

Hoje, a devoção ao Divino é uma das mais importantes práticas religiosas do Maranhão, a festa, igualmente a que ocorre em Paraty (Rio de Janeiro) seja talvez uma das mais tradicionais de todo o território brasileiro, conservando ainda à risca aspectos do período colonial, mobilizando a cada ano centenas de pessoas em todo o Estado. Embora possa envolver gente de todos os extratos sociais, quase todos os participantes são pessoas humildes, de baixo poder aquisitivo, que se esforçam para produzir uma festa rica e luxuosa, onde não podem faltar as refeições fartas, a decoração requintada e caras vestimentas para as crianças do império (ver abaixo). Por se tratar de uma festa longa, custosa e cheia de detalhes, sua preparação e realização levam vários meses e envolvem muita gente, construindo assim uma grande rede de relações entre todos os participantes.

Toda a festa do Divino gira em torno de um grupo de crianças, chamado império ou reinado. Essas crianças são vestidas com trajes de nobres e tratadas como tais durante os dias da festa, com todas as regalias. O império se estrutura de acordo com uma hierarquia no topo da qual estão o imperador e a imperatriz (ou rei e rainha), abaixo do qual ficam o mordomo-régio e a mordoma-régia, que por sua vez estão acima do mordomo-mor e da mordoma-mor. A cada ano, ao final da festa, imperador e imperatriz repassam seus cargos aos mordomos que os ocuparão no ano seguinte, recomeçando o ciclo.

A festa se desenrola em um salão chamado tribuna, que representa um palácio real e é especialmente decorado para este fim. A abertura e o fechamento desse espaço marcam o começo e o fim do ciclo da festa, durante o qual se desenrolam as diversas etapas que, em conjunto, constituem um ritual extremamente complexo, que pode durar até quinze dias: abertura da tribuna, busca e levantamento do mastro, visita dos impérios, missa e cerimônia dos impérios, derrubamento do mastro, repasse das posses reais, fechamento da tribuna e carimbó de caixeiras.

Entre os elementos mais importantes da festa do Divino estão as caixeiras, senhoras devotas que cantam e tocam caixa acompanhando todas as etapas da cerimônia. As caixeiras são em geral mulheres negras, com mais de cinquenta anos, que moram em bairros periféricos da cidade. É sua responsabilidade não só conhecer perfeitamente todos os detalhes do ritual e do repertório musical da festa, que é vasto e variado, mas também possuir o dom do improviso para poder responder a qualquer situação imprevista.”

Os últimos nove parágrafos foram compilados do Wikipédia.

Neste ano de 2019, os festejos do Divino Espírito Santo, em Alcântara, Maranhão, acontecem a partir do dia 29 de maio, se prolongando até o dia 9 de junho. Em outros municípios maranhenses onde os festejos também acontecem, as datas serão diferentes.


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