Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Carlito Lima - Histórias do Velho Capita quarta, 19 de abril de 2023

ALAGOAS DOS PRAZERES (CRÔNICA DE CARLITO LIMA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

ALAGOAS DOS PRAZERES

Carlito Lima

Praia da Jatiúca – Foto Manoel Nobre

 

Ontem, 16 de setembro, foi o dia da emancipação política do Estado de Alagoas. Fomos Pernambuco desde o descobrimento, desde as Capitanias Hereditárias (317 anos). O donatário da Capitania importou-se mais com as vilas de Olinda e Recife, deixou o sul da capitania ao Deus dará. Os franceses perceberam a região abandonada, construíram o Porto dos Franceses (onde hoje é a praia do Francês) e durante 60 anos danou-se a derrubar nossa Mata Atlântica extraindo e contrabandeando o valiosíssimo Pau Brasil para os países ricos da Europa.

Os franceses foram os primeiros ladrões que aqui despontaram. Eles exploraram a mão de obra dos índios caetés em troca de espelhos e bugigangas. Não construíram uma casa, não interessavam colonizar, só roubaram nossas riquezas. No final do século XVI, Duarte Coelho, o donatário da Capitania de Pernambuco, se mancou, deu uma sesmaria a seu sobrinho para expulsar os franceses e iniciar a colonização do sul da Capitania de Pernambuco (Alagoas) criando três vilas: Porto Calvo, Santa Maria Madalena da Alagoa do Sul ( hoje Marechal Deodoro) e Penedo.

A partir do século XVII, a comarca de Alagoas desenvolveu sua economia e cultura. Porém, só foi emancipada em 1817 quando estava economicamente independente, quando havia formado o sentimento de pertencimento e teve uma desavença com o governo pernambucano. Surgiu a Província de Alagoas com capital a cidade de Alagoas ( hoje Marechal Deodoro)

Alagoas é berço da República proclamada e consolidada pelos Marechais Deodoro e Floriano. Alagoas das letras e das artes de Graciliano Ramos, Jorge de Lima, Djavan, Aurélio Buarque, Cacá Diegues. Alagoas do esporte com a Marta, Dida. Alagoas que sempre teve destaque político nacional para o bem ou para o mal. O Estado tem uma vigorosa história política. Um fato marcante e importante aconteceu em Alagoas. Ariano Suassuna costumava dizer que para se conhecer o Brasil verdadeiro tem de conhecer a história da República dos Palmares, onde escravos fujões negros se organizaram na Serra da Barriga, no hoje município de União dos Palmares e viveram em comunidade organizada por mais de 100 anos.

Tropas coloniais portuguesas depois de vários ataques conseguiu destruir o grande Quilombo liderado por Zumbi, o primeiro herói brasileiro. A República de Palmares durou quase todo o século XXVII, chegou a ter cerca de 30 mil habitantes, escravos negros fugidos, organizados. Palmares resistiu a vários ataques e representou durante cem anos um grande incômodo às autoridades portuguesas, foi a primeira sinalização de brasilidade oriunda da África..

Para finalizar essas poucas linhas, quero homenagear meu Estado transcrevendo um texto, uma poesia, do paraibano Noaldo Dantas que veio a serviço a Maceió, encantou-se com a cidade, adotou-a como sua pátria e ficou em Alagoas para sempre.

O DIA EM QUE DEUS CRIOU ALAGOAS – Noaldo Dantas

Escrevi certa vez que Deus, além de brasileiro, era alagoano. Em verdade, não se cria um estado com tanta beleza, sem cumplicidade. Sou capaz de imaginar o dia da criação de Alagoas. Ô São Pedro, pegue o estoque de azul mais puro e coloque dentro das manhãs encarnadas de sol; faça do mar um espelho do céu polvilhado de jangadas brancas; que ao entardecer sangre o horizonte; que aquelas lagoas que estávamos guardando para uso particular, coloque-as neste paraíso. E tem mais, São Pedro: dê a seu estado um cheiro sensual de melaço e cubra os seus campos com o verde dos canaviais. As praias… Ora, as praias deverão ser fascinantemente belas, sob a vigilância de altivos e fiéis coqueirais. Faça piscinas naturais dentro do mar; coloque um povo hospitaleiro e bom; e que a terra seja fértil e a comida típica melhor que o nosso maná. Dê o nome de Alagoas e a capital, pela ciganice e beleza de suas noites, deverá chamar-se Maceió, e a padroeira, Nossa Senhora dos Prazeres.

 


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