Praia da Jatiúca – Foto Manoel Nobre
Ontem, 16 de setembro, foi o dia da emancipação política do Estado de Alagoas. Fomos Pernambuco desde o descobrimento, desde as Capitanias Hereditárias (317 anos). O donatário da Capitania importou-se mais com as vilas de Olinda e Recife, deixou o sul da capitania ao Deus dará. Os franceses perceberam a região abandonada, construíram o Porto dos Franceses (onde hoje é a praia do Francês) e durante 60 anos danou-se a derrubar nossa Mata Atlântica extraindo e contrabandeando o valiosíssimo Pau Brasil para os países ricos da Europa.
Os franceses foram os primeiros ladrões que aqui despontaram. Eles exploraram a mão de obra dos índios caetés em troca de espelhos e bugigangas. Não construíram uma casa, não interessavam colonizar, só roubaram nossas riquezas. No final do século XVI, Duarte Coelho, o donatário da Capitania de Pernambuco, se mancou, deu uma sesmaria a seu sobrinho para expulsar os franceses e iniciar a colonização do sul da Capitania de Pernambuco (Alagoas) criando três vilas: Porto Calvo, Santa Maria Madalena da Alagoa do Sul ( hoje Marechal Deodoro) e Penedo.
A partir do século XVII, a comarca de Alagoas desenvolveu sua economia e cultura. Porém, só foi emancipada em 1817 quando estava economicamente independente, quando havia formado o sentimento de pertencimento e teve uma desavença com o governo pernambucano. Surgiu a Província de Alagoas com capital a cidade de Alagoas ( hoje Marechal Deodoro)
Alagoas é berço da República proclamada e consolidada pelos Marechais Deodoro e Floriano. Alagoas das letras e das artes de Graciliano Ramos, Jorge de Lima, Djavan, Aurélio Buarque, Cacá Diegues. Alagoas do esporte com a Marta, Dida. Alagoas que sempre teve destaque político nacional para o bem ou para o mal. O Estado tem uma vigorosa história política. Um fato marcante e importante aconteceu em Alagoas. Ariano Suassuna costumava dizer que para se conhecer o Brasil verdadeiro tem de conhecer a história da República dos Palmares, onde escravos fujões negros se organizaram na Serra da Barriga, no hoje município de União dos Palmares e viveram em comunidade organizada por mais de 100 anos.
Tropas coloniais portuguesas depois de vários ataques conseguiu destruir o grande Quilombo liderado por Zumbi, o primeiro herói brasileiro. A República de Palmares durou quase todo o século XXVII, chegou a ter cerca de 30 mil habitantes, escravos negros fugidos, organizados. Palmares resistiu a vários ataques e representou durante cem anos um grande incômodo às autoridades portuguesas, foi a primeira sinalização de brasilidade oriunda da África..
Para finalizar essas poucas linhas, quero homenagear meu Estado transcrevendo um texto, uma poesia, do paraibano Noaldo Dantas que veio a serviço a Maceió, encantou-se com a cidade, adotou-a como sua pátria e ficou em Alagoas para sempre.
O DIA EM QUE DEUS CRIOU ALAGOAS – Noaldo Dantas
Escrevi certa vez que Deus, além de brasileiro, era alagoano. Em verdade, não se cria um estado com tanta beleza, sem cumplicidade. Sou capaz de imaginar o dia da criação de Alagoas. Ô São Pedro, pegue o estoque de azul mais puro e coloque dentro das manhãs encarnadas de sol; faça do mar um espelho do céu polvilhado de jangadas brancas; que ao entardecer sangre o horizonte; que aquelas lagoas que estávamos guardando para uso particular, coloque-as neste paraíso. E tem mais, São Pedro: dê a seu estado um cheiro sensual de melaço e cubra os seus campos com o verde dos canaviais. As praias… Ora, as praias deverão ser fascinantemente belas, sob a vigilância de altivos e fiéis coqueirais. Faça piscinas naturais dentro do mar; coloque um povo hospitaleiro e bom; e que a terra seja fértil e a comida típica melhor que o nosso maná. Dê o nome de Alagoas e a capital, pela ciganice e beleza de suas noites, deverá chamar-se Maceió, e a padroeira, Nossa Senhora dos Prazeres.