Isabel era irmã de Chico de Dedês, era bonita e engraçada como todos os Bernardos.
Isabel foi casada com Simão, filho de seu Batista dos Correios, com quem teve um bocado de filhos.
Simão era soldado de polícia e sustentava aquele horror de gente com o seu pequeno soldo e os esforços de um roçado que cultivava , uma vez que na condição de militar, dispunha de tempo, visto a tranquilidade que sempre reinou na pequena Prata onde moravam.
Vestir, calçar e dar de comer àqueles meninos, todos pequenos, não era tarefa fácil não e enquanto a mãe se desdobrava nas atividades domésticas, o soldado Simão, ostentando a farda da briosa Polícia Militar da Paraíba, “puxava cobra pros pés” no seu roçado.
Era muita boca pra pouca comida.
Numa quarta feira, que era dia de feira na Prata, Simão comprou um quarto de bode na bodega de Branquinho levou pra casa e foi tomar “uma” no bar de Severino Rodrigues, porque ninguém é de ferro.
Passaram os dias e quando foi na segunda feira, Isabel foi reclamar ao marido:
– Simão, a carne acabou e não tem mais nada pra os meninos comerem.
– Mais Isabel, e eu não comprei carne quarta feira?
Isso foi Isabel :
– Simão, tu compraste um quarto de bode, não foi um calendário não!
– E o que é que tem isso a ver com calendário?
– Simão, calendário é que dura o ano todo…
"