Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Violante Pimentel - Cenas do Caminho sexta, 12 de julho de 2024

Aí SÃO OUTROS QUINHENTOS! (CRÔNICA DA COLUNISTA MADRE SUPERIORA VIOLANTE PIMENTEL)

Aí SÃO OUTROS QUINHENTOS!

Violante Pimentel

 

Este ditado popular veio de Portugal há mais de três séculos, e ainda hoje permanece atual.

Nesse mesmo sentido, Walter Barelli, Ex-ministro do Trabalho do governo Itamar Franco (1992 a 1995), costumava dizer: “Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.”

Somente não enxerga as diferenças quem estiver acometido da cegueira política. E o maior cego que existe é aquele que não quer ver.

No Tesouro da Língua Portuguesa, de Frei Domingos Vieira (2ª edição, Lisboa 1874), consta: “Isto são outros quinhentos” quer dizer que nem todas as coisas são iguais. Cada caso é um caso.

A parte decente do povo brasileiro, cada vez mais indignado, vê a injustiça tomando corpo e o espírito do mal tentando aniquilar o cidadão de bem.

Enquanto isso, os corruptos estão, escandalosamente, mandando e destruindo o nosso País. E Mr. Pig, o torturador, continua agindo e cercando ofendidos e humilhados, sem temer a Deus, nem ao reverso da medalha.

A sede de vingança do poderoso chefão é infinita. Está ostensivamente amarrando a corda em redor do mito, pois o fato dele estar vivo, incomoda. Quer tirar o mito Jair Messias Bolsonaro definitivamente de cena. Ignora que existe outro mito maior, com quem ele não pode medir forças. Este grande mito é Deus. Contra Deus, não se pode medir forças.

Voltando à expressão “Aí são outros quinhentos”, nada se sabe sobre sua evolução temática. Continua sendo usado com o mesmo sentido. Mas, é impressionante, como uma velha frase, que veio de Portugal há mais de três séculos, seja tão atual.

O caso do ex-prisioneiro sortudo, que hoje é presidente, é um, enquanto os pecados do mito são puramente veniais. “Aí são outro quinhentos!!!”.

A frase vem de Portugal, na Península Ibérica, no século XIII. Surgiu a partir de uma lei que estipulava uma multa de 500 soldos a quem ofendesse um membro da nobreza. Caso houvesse reincidência, aí seriam cobrados “outros quinhentos”.

A expressão significa “outra coisa, outra situação, outra atividade, algo diferente”. Outro processo.

“São outros quinhentos!”, segundo o Historiador e Folclorista potiguar, Luís da Câmara Cascudo, vale dizer: “são outras razões”, é um novo caso; outra penalidade.

Quanto à opinião da mídia de que o ex-Presidente e o atual incorreram nos mesmos delitos, trata-se de uma narrativa equivocada. Não há termos de comparação. Só não vê quem não quer.

Atentemo-nos para a obra “A Revolução dos Bichos“, da autoria de George Orwell. Quando escrita em 1945, a obra causou mal-estar no cenário literário e político da época, pois foi recebida como uma sátira feroz da ditadura stalinista, e os soviéticos eram vistos como aliados na luta contra o nazifascismo.

Para agravar a provocação, os líderes do regime totalitário da “Granja dos Bichos” eram os Porcos – o que soou como uma ofensa direta aos dirigentes russos. Realmente, a semelhança era incontestável. Era impossível não identificar nos expurgos, assassinatos, exílios e na distorção da memória histórica o que ocorria na União Soviética.

Poucos anos depois, a situação se inverteu: com o acirramento da Guerra Fria, o Ocidente passou a usar a fábula política de George Orwell como arma ideológica anticomunista – situação incômoda para o próprio autor, que se professava socialista e havia lutado como voluntário ao lado dos republicanos na Guerra Civil Espanhola.

Hoje, passadas várias décadas de profundas transformações no mundo, “A Revolução dos Bichos“, verdadeira obra-prima de George Orwell, resiste intacta, refletindo como um espelho os mecanismo do poder, onde os diversos animais encarnam as fraquezas humanas, que levam à corrosão dos ideais igualitários e os transformam em tirania.

Pois bem. Falando sobre “A Revolução dos Bichos“:

“Cansados da exploração a que são submetidos pelos humanos, os animais da Granja dos Bichos rebelam-se contra seus donos e tomam posse da fazenda, com o objetivo de instituir um sistema cooperativo e igualitário, sob o slogan “Quatro pernas bom, duas pernas ruim”.

Mas não demora muito para que alguns bichos – em particular os porcos, que são mais inteligentes- voltem a usufruir de privilégios, restituindo aos poucos um regime de opressão, agora inspirado no lema “Todos os bichos são iguais, mas alguns bichos são mais iguais que outros.”

A história da insurreição libertária dos animais é reescrita, de modo a justificar a nova tirania. Os dissidentes desaparecem ou são silenciados à força.

A magnífica obra “A Revolução dos Bichos” foi inspirada na ditadura stalinista, e ainda hoje, decorridas várias décadas, continua se impondo como uma das mais importantes fábulas sobre o poder, produzidas pela literatura brasileira.

George Orwell, pseudônimo de Eric Arthur Blair (1903 – 1950), jornalista, crítico e romancista, foi considerado um dos mais importantes escritores do século XX.

 

 


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