Chove na cruel cidade das chuvas cruéis. Desabam morros, soterram-se casas, desfazem-se famílias. Mares revoltos de águas muitas, muito além do que deveriam ser. Gente que não mais verá a cidade. Nunca mais. Esperemos o sol brilhar e reflitamos sobre o proclamado Recife, Capital do Nordeste. E seria, não fosse a miséria vista de baixo, a falta de drenagem dos rios, a não-limpeza dos canais, o lixo no que um dia foi calçada. Lá de cima, drones mágicos, imagens enganosas fazem crer que está encravada no nordeste brasileiro uma Estocolmo, uma Copenhague. A verdade é outra. Quando o Capibaribe banhar–se de sol e os sobrados anciãos da rua da Aurora deixarem-se refletir em suas águas correntes, o Beberibe, mãos dadas com as baronesas flutuantes e cansado de longa viagem desde a Serra de Jacarará, a ele se juntará e, em pouco tempo, já transformados em Oceano, se espalharão mundo afora fantasiados de Mar. E aí o Recife voltará a ser belo, ainda que apenas quando visto e fotografado por drones, no andar de cima.
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