AGONIA DE UM FILÓSOFO
Augusto dos Anjos
Consulto o Phtah-Hotep. Leio o obsoleto
Rig-Veda. E, ante obras tais, me não consolo…
O Inconsciente me assombra e eu nele tolo
Com a eólica fúria do harmatã inquieto!
Assisto agora à morte de um inseto!…
Ah! todos os fenômenos do solo
Parecem realizar de polo a polo!
O ideal de Anaximandro de Mileto!
No hierático aeropago heterogêneo
Das ideias, percorro como um gênio
Desde a alma de Haeckel à alma cenobial!…
Rasgo dos mundos o velário espesso;
E em tudo, igual a Goethe, reconheço
O império da substância universal!