Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo sábado, 28 de dezembro de 2024

ADAPOTAÇÃO DE CEM ANOS DE SOLIDÃO, DA GABRIEL CARCÍA MÁRQUEZ - SÉRIE

Por 
Greace Vanegas
, Em El País

 

 
 

Lançada há duas semanas, a série "Cem Anos de Solidão" permanece no top 10 séries de língua não inglesa mais vistas na Netflix. E também se tornou tema de conversas na Colômbia — país de origem de Gabriel García Márquez, prêmio Nobel de literatura e autor do livro —, com fortes opiniões de quem mergulhou na história da família Buendía, nos tormentos, amores e guerras ao longo de sete gerações da linhagem e no realismo mágico de Macondo. A produção, dirigida pela colombiana Laura Mora e pelo argentino Alex García López, foi gravada na Colômbia com o apoio da família de García Márquez e estreou no dia 11 de dezembro em 190 países.

Além de ser considerada uma obra-prima da literatura latino-americana e universal, "Cem Anos de Solidão" teve um significado popular incalculável no país.

— Os romances de García Márquez são muito amados pelo público, não simplesmente queridos ou lidos, mas verdadeiramente amados, são muito pessoais — explica o escritor colombiano Ricardo Silva Romero.

Produzir a série, além de respeitar a obra em si, significou tocar um ponto muito sensível: invadir, de certa forma, a imagem que milhões de leitores criaram sobre os personagens de Macondo, a partir de sua própria interpretação. Silva Romero acredita que a versão Netflix respeita a criação original e consegue uma encenação justa, à altura do livro. A equipe de produção foi formada por mais de 900 pessoas e o cenário principal foi instalado em um terreno de 540 mil metros quadrados.

— O próprio fato de terem construído a cidade indica que não se trata de um exercício cínico — diz ele. — Fizeram com todo o empenho, com pessoas que sabiam escrever bem, dirigir bem; pessoas sensíveis ao trabalho, humildes diante do trabalho. Isso garante que, ao assistir, você não se sinta enganado.

 

Explicando o mundo

 

'Cem anos de solidão': O escritor Gabriel Garcia Marquez em 1990, no Rio — Foto: Carlo Wrede
'Cem anos de solidão': O escritor Gabriel Garcia Marquez em 1990, no Rio — Foto: Carlo Wrede

Em "Cem anos de solidão", García Márquez traz um resumo da história da América Latina. Portanto, é natural que a Colômbia e a região concentrem os públicos mais exigentes, afirma o crítico de cinema Samuel Castro.

— Quando nós, latino-americanos, lemos o romance, era como se estivesse nos explicando o mundo — diz Castro. — Como se aquelas coisas estranhas que nos acontecem, nossas idiossincrasias e nossa natureza, estivessem lá. Esse foi o maior desafio e a série o atende, não perfeitamente, mas de forma marcante.

A diretora Laura Mora reconhece o desafio de construir os personagens e as cenas que o ganhador do Prêmio Nobel captou com sua prosa nas páginas do livro e na imaginação de cada leitor.

— Temos consciência da tirania da adaptação, que é colocar uma imagem. — disse em entrevista ao site "PlayGround". — A partir de amanhã você pesquisa Macondo no Google e vai aparecer esse Macondo e é forte, mas fizemos com rigor e um amor profundo pelo livro.

 

A objeção de García Márquez

 

O casal José Arcadio Buendía e Úrsula Iguarán, da série 'Cem anos de solidão' — Foto: Divulgação
O casal José Arcadio Buendía e Úrsula Iguarán, da série 'Cem anos de solidão' — Foto: Divulgação

Essa era a principal objeção do escritor colombiano a uma eventual adaptação de sua obra. García Márquez considerava que o romance dava ao leitor uma margem maior de criação.

"No cinema não há isso. Nos filmes eles têm o rosto de Anthony Quinn, Sofía Loren ou Robert Redford. É inevitável e é muito difícil que um dos nossos avós se pareça com Robert Redford", afirmava o autor. "Então preferi deixar para os leitores, literatura é literatura e cinema é cinema."

— O que muitos criticam na série, que não há estrelas, eu agradeço, pois teria acontecido o que García Márquez queria evitar — acrescenta Castro.

Claudia Triana, diretora do Fundo de promoção Cinematográfica da Colômbia (Proimágenes), destaca algumas das atuações.

— Quando você vê Mauricio Cataño como Aureliano, Marleyda Soto como a Úrsula adulta ou Diego Vásquez como José Arcadio, você diz 'Que bons atores'.

 

Múltiplas narrativas

 

Cena da série 'Cem anos de solidão' — Foto: Divulgação
Cena da série 'Cem anos de solidão' — Foto: Divulgação

A família de García Márquez exigiu que a série fosse filmada na Colômbia, feita com talentos nacionais e rigorosa com a história original. Triana valoriza justamente que a série coloque a riqueza cultural da Colômbia em primeiro plano.

— Por exemplo, Catherine Rodríguez, que faz os figurinos, estudou na Universidade Nacional. Os mexicanos Eugenio Caballero e Bárbara Enríquez foram os designers de produção e construíram cada uma das paredes daquela Macondo na tela. Eles coletaram texturas, pesquisando tecidos que vêm de diversas partes do país — conta. 97% dos têxteis utilizados nos trajes são de origem colombiana.

Outra dificuldade foi trazer para a televisão uma história que entrelaça múltiplas narrativas.

— Talvez outras histórias como "Cándida Eréndira" ou "Crônica de uma morte anunciada" possam ser transformadas em filme, mas "Cem Anos de Solidão" precisa de muitos capítulos, há muitos enredos, muitas subtramas e acho uma boa ideia focar a adaptação em uma série”, afirma o ator, diretor e roteirista Jorge Alí Triana em vídeo divulgado pelo Ministério da Cultura.

Castro também considera que essa decisão foi correta.

— É notável o fato de não haver tantas idas e vindas no tempo. Caso contrário, teriam transformado a série em uma espécie de "Lost" latino-americano. Acho que é repleta de boas decisões e da sensibilidade dos dois diretores para conseguir imagens muito poderosas, a partir de frases também muito poderosas.

 

Estímulos fiscais

 

Triana, da Proimágenes, destaca as condições da Colômbia para realizar a megaprodução.

— A Netflix já tinha confiança há muitos anos trabalhando com talentos colombianos e nacionais. O sistema de estímulos que construímos nos permitiu colocar a cereja no topo do bolo — afirma.

A série recebeu o certificado de investimento audiovisual, que confere desconto fiscal equivalente a 35% dos gastos com serviços audiovisuais no país. A produção custou cerca de US$ 50 milhões. A segunda temporada chegará em junho de 2025 com oito episódios, mesmo número da primeira.

— O destino destas obras-primas é serem recriadas de mil maneiras e acredito que isso demonstra que são obras-primas que transcendem a própria leitura — avalia Silva Romero. — Desde muito cedo se sabe quem são Dom Quixote e Sancho Pança, mesmo que não tenha lido Dom Quixote. Esses personagens são tão arquetípicos, tão realizados, que vão além dos textos.

Em qualquer caso, a expressão única de Gabriel García Márquez chamará sempre a atenção para uma das suas obras mais emblemáticas.

“O livro sempre será muito maior que todos nós e vai gerar muito mais imagens do que podemos recriar”, estaca Mora, a diretora colombiana.


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