Aceita um cafezinho? Veja como a bebida está presente na vida dos brasileiros
Em comemoração ao Dia Mundial do Café, a Revista traça um panorama sobre a bebida, bastante apreciada no Brasil, segundo maior consumidor mundial
O café é uma das bebidas mais querida e consumidas pelos brasileiros. Cada vez mais, diferentes modos de preparo vem ganhando o coração dos amantes do grão, como o café turco. - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
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postado em 13/04/2024 07:46
Arriscamos dizer que não há quase nenhum brasileiro, ou mesmo turista visitando o país, que nunca tenha ouvido a gentil oferta. Ele está nas casas, lojas, locais de trabalho, oficinas, hospitais, hotéis, bancos. É difícil pensar em algum lugar ou estabelecimento que não tenha pelo menos uma garrafa térmica com os típicos copinhos de plástico ao lado. Nem sempre ele será gostoso, pode ser fraco ou forte demais, muito doce ou amargo, mas o fato é que o café é quase onipresente.
Neste domingo, é celebrado o Dia Mundial do Café. Presente em 98% dos lares brasileiros, a bebida, além de ser uma das preferidas no país, tem importante papel na nossa história, economia e vida diária.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), a tradição de “tomar um cafezinho” teve início em 1450, quando os filósofos tomavam a bebida na intenção de ficarem acordados para práticas de exercícios espirituais. Com os anos, o hábito se popularizou e se tornou um ritual social, praticado mundialmente.
Na história do Brasil, o café teve grande importância para a economia do país, principalmente durante a Primeira República, época em que os lucros das lavouras permitiram grandes mudanças e avanços para o território brasileiro. Hoje, o Brasil é o maior exportador de café no mercado mundial e o segundo entre os consumidores da bebida.
Aline Marotti, coordenadora de qualidade da ABIC, brinca que o Brasil só fica em segundo lugar porque nos Estados Unidos, o maior consumidor de café, também se considera o consumo da bebida gelada. “Eu aposto que se fôssemos contabilizar apenas o café quentinho, nós ganhávamos. Nossos dados mostram que cada brasileiro consome, em média, 1.430 xícaras de café por ano ”, conta.
Variedade brasiliense
Os métodos de preparo do café são diversos, e Brasília oferece aos apreciadores uma grande pluralidade. Segundo o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (Sindhobar-DF), no ano passado, o Distrito Federal tinha mais de 300 unidades de cafeterias, além das inúmeras microtorrefadoras e fazendas produtoras instaladas nas regiões rurais da capital.
Devido às condições climáticas favoráveis ao cultivo de café, a capital do país vem comemorando o aumento da produção do grão. Conforme dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), existem 83 agricultores no DF especializados em café e, em 2022, foram registrados um total de 1.204 toneladas do fruto em 48 hectares de área plantada em 11 regiões administrativas.
Além da grande quantidade de estabelecimentos, o Sindhobar ressalta que Brasília se destaca pela variedade e inovação. A barista Petra Moreira Cruz, técnica júnior na oficina do Espresso/BH, esteve à frente de um dos cafés mais descolados do DF durante alguns anos, o Objeto Encontrado, e afirma que o brasiliense tem à sua disposição baristas qualificados e cafés para todos os gostos.
Ela destaca que o café coado é subestimado e que as cafeterias que conseguem oferecê-lo com qualidade estão entre as preferidas. Além dele, o espresso está entre os queridinhos do público, com suas variações como mocha, latte e cappuccino. Entre os mais diferentes, Petra ressalta que a prensa francesa e o cold brew são alguns que se destacam e têm um público crescente na capital.
O nitrogênio café tem como missão difundir outras formas de beber café, como os drinks feitos com o Cold Brew, Coconutbrew, Pinkbrew e o especial da casa, Nitrocoffee.
O nitrogênio café tem como missão difundir outras formas de beber café, como os drinks feitos com o Cold Brew, Coconutbrew, Pinkbrew e o especial da casa, Nitrocoffee.
(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Nitrogênio
Poder tirar um momento do dia para sentar em uma cafeteria aconchegante e tomar um café saboroso e diferente é uma experiência proporcionada pelo Nitrogênio Café. Localizado na 704/705 Norte e inaugurado em 2019, a cafeteria é especializada em cold brew, um método de infusão em que a água quente não é utilizada para extração, resultando em um café refrescante e autêntico.
A maior diferença desse método é o tempo em que os grãos ficam imersos na água, natural ou fria. “Uma extração que você faz no coador, em casa, leva, no máximo, cinco ou oito minutos. O cold fica de 22 a 24 horas imerso na água, para extrair tudo que você quer”, explica o barista do Nitrogênio Café, Filipe Alcantara.
Depois do tempo de imersão, o café passa por uma dupla filtragem para eliminar qualquer tipo de borra ou resquícios, deixando o café o mais límpido possível. O cold brew é armazenado em temperaturas baixas e pode durar dias.
Filipe Alcantara, barista do Nitrogênio Café, explica que o café fica imerso durante 24 horas na água, garantindo um sabor único e refrescante.
Filipe Alcantara, barista do Nitrogênio Café, explica que o café fica imerso durante 24 horas na água, garantindo um sabor único e refrescante.
(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
“A empresa tem como missão difundir o nitro coffee e o cold brew. Nossa cultura é mostrar que não existe só uma forma de beber café”, afirma um dos sócios do empreendimento, Joaquim Faria. O outro protagonista da cafeteria, o nitro coffee, é uma versão do cold brew pressurizado com nitrogênio, evitando a oxidação do café e aumentando a durabilidade.
A cafeteria também conta com diferentes opções de drinques e bebidas com o cold crew, doces e salgados de receita e produção próprias, espaço para crianças e, sobretudo, um ambiente acolhedor e funcional para dar aquele empurrão na produtividade, junto com um bom café.
Turco
À frente das duas franquias brasilienses do Asmars Café, Paul Sapountzakis e Rita Mendes contam que a empresa foi criada por uma família libanesa. Ao conhecer o estabelecimento em Fortaleza, no Ceará, o casal de apaixonados por café resolveu trazer a experiência para Brasília. “Somos muito consumidores de café. Quando morávamos nos EUA, tínhamos uma máquina de cada tipo dentro de casa, para ter o café do nosso jeito. E adoramos experimentar cafés diferentes”, conta Rita.
O café turco chama atenção pela areia aquecida, na qual o café passa por três ebulições antes de ser servido, sem ser coado. Paul explica que o pó tem a moagem bem mais fina que a tradicional, e é misturado com água pré-aquecida antes das ebulições.
A tradição de esquentar na areia vem do Oriente Médio e remonta à época dos beduínos árabes, que acampavam no deserto e usavam fogueiras para se aquecer durante a noite. “De manhã, a areia ao redor ainda estava quente e eles aproveitavam para fazer o café ali”, conta.
Por um lado da família, Paul tem ascendência grega e do outro libanesa, tradições muito aparentes em seus cafés. No Asmars, os entusiastas podem experimentar cinco sabores da bebida, que vão desde o tradicional até os cafés com especiarias, como pimenta, anis e cardamomo.
A paixão por café de Paul Sapountzakis e Rita Mendes os fizeram trazer para Brasília uma experiência única para amantes de diferentes sabores da bebida
A paixão por café de Paul Sapountzakis e Rita Mendes os fizeram trazer para Brasília uma experiência única para amantes de diferentes sabores da bebida
(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Criador de laços, memórias e afetos
Não é só no âmbito econômico que o café tem valor. Socialmente, a bebida tem o poder de criar laços, memórias e afetos com aquelas que compartilham do momento prazeroso de tomar um café. Seja no intervalo do trabalho, no bolo da tarde com a avó ou na correria do dia a dia, todo mundo tem uma boa história que tenha cheirinho do grão.
O aroma de café sendo passado pode trazer lembranças, seja de uma pessoa, seja de um ambiente. Isso não é diferente para quem possui uma relação afetiva com a bebida, que traz boas memórias. “Meu pai sempre tomou café, e o cheiro me lembra dele coando um cafezinho no meio da tarde ", diz Fernanda Campos, 28 anos, também uma amante do cheiro, do gosto e da experiência de tomar um bom café. O interesse da jovem pela história do produto no Brasil a fez pesquisar e estudar as potencialidades do grão. “Por causa desse interesse, fiz cursos de barista e acabei trabalhando em uma cafeteria durante um intercâmbio na Irlanda”, conta.
A jovem normalmente toma uma xícara pela manhã, todos os dias, para ter mais disposição, porém uma pausa à tarde com um pão de queijo também é especial. “É meu momento de relaxar e de recuperar o foco para terminar o trabalho”, afirma. A jovem também gosta de frequentar boas cafeterias, experimentar diferentes tipos de extração e ter boas prosas.