Foto: página da CNM – Confederação Nacional de Municípios
Mote de Geraldo Amâncio:
Quem passar no sertão corre com medo
Das caveiras dos bois que a seca mata!
Na porteira o chiado está mais triste
O chocalho não tem voz, está calado
O gibão, coitadinho, abandonado
Só se apega a saudade que existe.
O acauã, bem magrinho, ainda insiste
Agourando a má sorte, vida ingrata
Toda cinza a caatinga, assim retrata
Falta chuva, e nesse pobre desenredo
Quem passar no sertão corre com medo
Das caveiras dos bois que a seca mata!
Moribundo, olho, pelo, carne e osso
O jumento foi jogado à própria sorte
Sem rinchar esperando só a morte
Já não tem mais nem força no pescoço.
Morreu tudo no caminho até o poço
E na sombra do mourão um vira-lata
Sob o choro, feito aboio, da beata
Vai morrendo num buraco desde cedo
Quem passar no sertão corre com medo
Das caveiras dos bois que a seca mata!