Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense domingo, 11 de outubro de 2020

ABERTA A TEMPORADA DAS CIGARRAS

Jornal Impresso

Aberta a temporada das cigarras
 
Os insetos típicos da fauna local sobem às árvores na primavera para o período de reprodução. Cantoria é sinônimo de chuva em Brasília, e amplitude pode chegar a 120 decibéis

 

» JÉSSICA MOURA

Publicação: 11/10/2020 04:00

O morador da Asa Sul Rafael Dusi e os filhos João e Lucas: eles se divertem com os insetos (Fotos: Ana Rayssa/CB/D.A. Press)

 

 

O morador da Asa Sul Rafael Dusi e os filhos João e Lucas: eles se divertem com os insetos

 



Desde o início da semana, um som típico da primavera chama a atenção dos brasilienses. Nos locais onde há concentração de árvores, o canto das cigarras já pode ser ouvido com mais intensidade. Para muitos moradores do Distrito Federal, que, este ano, passaram mais de cem dias sem chuvas e enfrentaram uma onda de calor que elevou as temperaturas a recorde histórico, o barulho, que pode atingir os 120 decibéis, traz alívio e bom agouro: o período chuvoso aproxima-se. Na sexta-feira, a precipitação animou os brasilienses e, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão é de que haja mais pancadas de chuva.

A amplitude do coral das cigarras pode chegar a 120 decibéis, taxas próximas às de um concerto de rock ou decolagem de avião, observa o biólogo Riuler Corrêa, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), especialista nos insetos.

Mas nem isso atrapalha a empolgação de quem mora na capital federal ao ouvir o canto. “O som não incomoda a gente, não, faz parte da época”, diz Rafael Dusi, 34 anos, morador da Asa sul. “A gente coloca uma música mais alta do que elas”, emenda o filho, João, 9. O menino afirma que gosta dos insetos. “Quando eu tava fazendo um passeio com a minha turma na Água Mineral, encontrei uma casca e serviu de broche”, relata.Depois de saírem da terra, as cigarras passam alguns dias imóveis nos troncos até que a pele, chamada pela biologia de exúvia, desprende-se, e elas chegam à fase adulta.

Todos os anos, ao perceber o canto dos insetos na Asa Norte, o jornalista e turismólogo Daniel Zukko, 40, publica uma ilustração sobre o fenômeno nas redes sociais. “Para mim, é um som da cidade, nunca me incomodou. Durante muito tempo nem percebia, era um ruído normal”, conta Zukko.

Os alunos da professora aposentada Jacimar Pinheiro pintavam, desenhavam e faziam peças sobre o bicho  

Os alunos da professora aposentada Jacimar Pinheiro pintavam, desenhavam e faziam peças sobre o bicho

 


O som, muitas vezes intenso, não é unanimidade. O psicólogo Yuri Sebastian, 29, por exemplo, apesar de morar em Águas Claras, trabalha na Asa Sul e abomina as cigarras. “O barulho é muito alto, faz doer meus ouvidos.” Contudo, o zoólogo da Universidade de Brasília (UnB), Paulo César Motta Motta alerta: “Elas ainda cantam mais ou menos até dezembro”. Algumas espécies mantêm a cantoria até abril. É nesse período que se reproduzem e depositam os ovos nos ramos das árvores. Depois disso, morrem.

A professora aposentada, Jacimar Pinheiro, 60, também não simpatizou com o barulho das cigarras logo de cara. “Angustiava-me muito ficar ouvindo”, relata. No entanto, a relação com o som dos insetos mudou ao longo dos últimos 40 anos, desde que veio do Rio de Janeiro para morar no DF. Ela conta que a mudança ocorreu quando foi trabalhar como professora de artes na Escola Parque da 314 Sul, já que as cigarras faziam parte das atividades pedagógicas. “Os meninos pintavam, desenhavam e faziam peças de teatro sobre a cigarra”, recorda-se.

Naquela época, Jacimar explica que, com outros professores, ressignificou o célebre conto A Cigarra e a Formiga. Na fábula, La Fontaine narra que, durante o verão, enquanto as formigas trabalhavam para estocar comida para o inverno, as cigarras cantavam e, por isso, teriam ficado sem alimento. No entanto, nas aulas, ela dizia aos alunos: “A escola comum era a formiga, e a Parque, era a cigarra. Colocava assim a importância da arte, tirava essa culpa da cigarra, porque na vida a gente precisa de trabalho e precisa de arte”.

Quando a pele das cigarras  desprende-se, elas chegam à fase adulta  

Quando a pele das cigarras desprende-se, elas chegam à fase adulta

 


O que diz a ciência

Apesar de não haver uma correlação comprovada entre as cigarras e a temporada de chuvas, o zoólogo Paulo César Motta explica que algumas hipóteses são levantadas para o fato de as cigarras emergirem do solo nesse período de transição entre a seca e a chuva. Com as chuvas, solo fica mais maleável e é mais fácil para as ninfas (insetos jovens) saírem da terra e subirem aos troncos das árvores e passarem pela metamorfose. Motta ressalta que o ciclo de vida das cigarras é bastante longo. “Ficam de cinco a sete anos debaixo da terra. Todo ano emergem e se transformam em adultos, quando criam asas.” Após se libertarem da exúvia é que os órgãos reprodutivos amadurecem.Depois da metamorfose, as cigarras adultas emitem os sons para atrair os parceiros e se reproduzirem. Em seguida, depositam os ovos nos ramos das árvores. O biólogo Riuler Corrêa ressalta que as cigarras de habitats fechados costumam emitir sinais em coral, geralmente sincronizados com a alta incidência luminosa. Por isso, é possível ouví-las durante todo o dia, ou enquanto houver luz. Ele destaca que o período reprodutivo das adultas pode ter até cerca de seis meses, sendo que algumas espécies alternam esses intervalos para reduzir a competição.

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