Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense sábado, 16 de maio de 2020

A VIDA TERÁ NOVO VALOR

 

A vida terá novo valor

 

Adriana Izel
José Carlos Vieira
Nahima Maciel

Publicação: 16/05/2020 04:00

Como será o mundo pós-pandemia? Seremos pessoas melhores? O Correio entrevistou artistas e escritores sobre esse novo olhar para a realidade. São depoimentos emocionados, sensíveis, mas também realistas, como o questionamento da desigualdade social no país. “Essa pandemia revela uma situação de extrema fragilidade que nossa sociedade vive”, destaca o rapper Criolo. Para a atriz Ingrid Guimarães, novas maneiras de se relacionar surgirão. 
 
 
 (Estevam Avellar/Divulgação)  
 
 
“Desigualdade revelada”
 
• “Esse sentimento de dor, essa dor que estamos vivendo, ela tem que fazer valer para que possamos reconstruir tudo de novo. É um momento de repactuarmos. A gente desacelerou, os bichos voltaram, voltamos a ver as estrelas. Isso não é um símbolo, é a vida. A natureza tem uma autorregulação que a gente não tem. Temos que ouvir mais. Essa coisa de achar que o ser humano pode dominar a natureza, a pandemia está mostrando que não, que não controlamos tudo.  A pandemia está mostrando mais claramente o fosso que a desigualdade social é. Não é inventar a roda, temos que ter a sabedoria viva. Esse momento de isolamento precisa ser para nos repensarmos, quem são nossas referências. Por isso não dá mais para ficar no seu rebanho. Ninguém será como antes, não vai ter recuo. É a realidade que a gente precisa para não adoecer psiquicamente e fisicamente. Precisamos nos nutrir de boas informações, estarmos cada vez mais guardiões do que estamos lendo, vendo, multiplicando e compartilhando, porque essa pandemia existe, assim como a doença da cegueira política. Isso é passível de reconstrução. É possível a gente pensar e repensar nosso estar no mundo. Embora eu não seja Poliana — sei o tanto que essa pandemia está exacerbando a desigualdade no país e no mundo — sou otimista, sim, para esse caminho de instrução que estamos indo, de que a gente precisa ouvir saberes ancestrais e que temos como obrigação multiplicar. Todo dia fazemos escolhas, que podem fazer sucumbir e renascer. Que a humanidade acorde e faça valer o desejo da vida. E, sim, a favor da vida.”
 
Camila Pitanga, atriz
 
 
 (Ulisses Dumas/Divulgação)  
 
 
“Novas direções à vista”
 
• “O mundo vai ser reinventado e novas direções para essas reinvenções podem ser as mais variadas possíveis. Desde o fortalecimento desses novos sistemas de interação com os públicos (os shows domésticos, a disponibilização via internet de arquivos e acervos de museus, teatros, bibliotecas, televisões e tanta coisa mais), até a volta gradual aos modos convencionais de interação, a medida que forem caindo os isolamentos, as quarentenas, os lockdowns. É difícil apontar com segurança como vai ficar esse novo mundo que vem por aí o que ficará melhor ou pior.”
 
Gilberto Gil, cantor e compositor
 
 
 (Arquivo Pessoal)  
 
 
“O medo não educa”
 
• “Haverá um fosso maior entre as classes sociais. Quem é pobre ficará mais pobre, quem é rico só ficará menos rico, mas, ainda assim, rico. E a classe média que servia de ponte entre os extremos tende a desaparecer. Não existem aspectos bons (no mundo pós-pandemia), quando temos por dia o equivalente a duas catástrofes de Brumadinho. Não serei nunca adepto da teoria de que só os fortes ficarão e que a tragédia é parte da cadeia alimentar. Perderemos sábios, como Aldir (Blanc). Perderemos antenas da raça, quem estavam no apogeu da memória, quem havia dado tudo de si para chegar à velhice com saúde. Medo não educa, o que educa é a empatia, solidariedade.”
 
Fabrício Carpinejar, escritor


 
 (Bel Pedrosa/Divulgação)  
 
 
“Cuidar das pessoas”
 
• “Falar do mundo pós-pandemia neste momento seria, para mim, um simples chute, acredito que faltem elementos para embasar uma previsão razoável. Até as próximas fases da pandemia, que não terminará tão cedo, me parecem nebulosas demais. A única coisa que julgo clara neste momento é a tarefa de sobreviver, cuidar das pessoas queridas, tentar não ficar maluco, torcer para que nos sobre um país minimamente funcional depois que passar essa calamidade sanitária e política. No meu caso, pelo menos, não tem sobrado espaço para pensar em mais nada.”
 
Sérgio Rodrigues, escritor
 
 
 (Cleones Ribeiro/TV Cultura)  
 
 
“Reflexão sobre a miséria”
 
“Como será a vida das pessoas após a pandemia, que certamente deixará uma grande parte do mundo em escura sofreguidão? Será que, à semelhança da personagem de Clarice, vamos “cair numa bondade extremamente dolorosa”? Seremos mais solidários? Não consigo prever nem sequer intuir o futuro. Como escritor de ficção, estou mais preocupado com o passado e sua repercussão no presente. Mas arrisco dizer que o sofrimento da imensa maioria dos brasileiros e a morte de milhares de pessoas podem sensibilizar os que eram indiferentes à dor dos outros. Muitas pessoas vão refletir sobre nossa dupla miséria: social e política. Mas a grande questão refere-se ao papel do Estado, responsável por políticas públicas. Os biomas e suas populações originárias serão protegidos e respeitados? A obscena, brutal desigualdade social vai diminuir? Vão diminuir a violência e a impostura política? Nossas elites — política, econômica, institucional — vão adquirir consciência de que é urgente investir seriamente no saneamento básico, na educação e saúde públicas de qualidade? Espero que os jovens usem toda sua energia — física, moral e intelectual — para, nos limites da democracia e do Estado de direito, fazer mudanças positivas e duradouras. Só assim poderemos emergir desse “mundo em escura sofreguidão.”
 
Milton Hatoum, escritor
 
 
 (Desirée do Valle/Divulgação)  
 
 
“Um dia de cada vez”
 
• “Nossa realidade já mudou. Os hábitos vão mudar daqui para frente. Tem o lado da solidariedade, de pensar no coletivo, que é algo que me emociona. Eu acordo pensando como posso ajudar o outro de alguma forma. E as novas maneiras de se relacionar. Vamos viver uma vida asséptica. Só nos resta viver um dia de cada vez.”
 
Ingrid Guimarães, atriz


 
 (Daryan Dornelles - Cantor e compositor Criolo)  
 
 
“Precisamos viver em paz”
 
• “Essa pandemia revela uma situação de extrema fragilidade que nossa sociedade brasileira vive. Uma sociedade cheia de problemas que é catapultada por uma desigualdade social muito cruel. Essa pandemia vem revelar a determinadas camadas da nossa sociedade a calamidade pública que vive o ano inteiro e já há décadas e séculos as partes mais pobres da cidade, os lugares mais esquecidos pelo Estado. Essa calamidade pública é o ano todo. A pandemia revela às pessoas que não tinham ideia, de como o Brasil é realmente. Enquanto não houver justiça social é impossível viver em paz. Que a gente possa se sentir tocado, se sentir forte o suficiente para lutar contra as desigualdades.”
 
Criolo, rapper
 
 
Jornal Impresso
 

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