Bago Mole não tinha tempo para pensar na vida, cuidar dela própria, ser feliz, porque o trabalho lhe exigia a presença constantemente. Ficava tão focada na luta diária da cozinha da bodega que a sua diversão eram as panelas para lavar, a água para colher no riacho que passava por trás do barraco para lavar os pratos e as roupas, o fogão de lenha para fazer a comida dos cortadores de cana, as suas idas e vindas diárias ao Mercado no Centro da Cidade para comprar mantimentos para preparar a comida dos homens. Afinal de conta a barriga não espera quando está vazia e a fome dar dor de cabeça quando não tem comida no estômago.
Fora nessa época de grande movimento na feira do Mercado da Cidade, e observando com grande perspicácia e tino comercial, que Maria Bago Mole teve a ideia de montar um comércio igual ao do mercado no seu pequeno espaço, onde havia muito embargues e desembarques de homens para cortarem cana nos engenhos. Naquele dia em diante a cafetina percebera que seu destino estava traçado e que ela estava disposta a transformar o vilarejo dos vinténs num Secos e Molhados de progresso e prosperidade.
Nascia, ali, o embrião do Cabaré de Bago Mole, para a felicidade do pessoal da Vila que vivia da plantação de raiz de mandioca, batata-doce, macaxeira, inhame e outras raízes de subsistência, e para felicidade dos homens que já podiam reivindicar a instalação dum cabaré para se divertirem nos finais de semana, terminado o expediente do corte da cana.