A VIAGEM DE MAEL DÚIN – UM CONTO CELTA (CAPÍTULO II)
Traduzido, complementado e Resumido por
Robson José Calixto
Os viajantes já se aproximavam da décima-primeira ilha, quando a fome bateu, pois as maçãs já não os sustentavam. Uma torre de giz alta alcançava as nuvens, e na muralha ao redor dela estavam belas casas brancas como neve. Eles entraram na maior delas e não encontraram qualquer homem, tão somente um pequeno gato brincando em quatro pilares de pedra que estavam no meio da moradia, pulando de um lado para outro. Parecia pequeno para os guerreiros irlandeses, mas não cessava de brincar. Sobre as paredes das casas havia três fileiras de objetos que pendiam, uma fileira de broches de ouro e prata, e uma fileira de gargantilhas de ouro e prata, cada uma tão grande quanto o aro de um barril, e uma fileira de espadas grandes com empunhaduras de ouro e prata
Quilts (a saia escocesa) e trajes brilhantes estavam estendidos no quarto, e lá também estavam um boi assado, fatias de bacon e vinho em abundância.
"Isso tudo foi deixado para a gente?", perguntou Mael Dúin ao gato, que olhou para ele por um momento e continuou a brincar. Então os viajantes comeram, beberam, guardaram o que restou da comida, e foram se deitar. No dia seguinte, enquanto se preparavam para partir, o mais jovem dos irmãos adotivos de Mal Dúin pegou uma gargantilha da parede, e quando estava de saída carregando o objeto, o gato pulou na frente dele como uma flecha, então o rapaz caiu, como cinzas no chão. Mael Dúin, que tinha proibido o roubo da joia, acalmou o gato e recolocou o colar, e os viajantes espalharam as cinzas do jovem morto à beira mar, colocando-se de volta ao mar.
A próxima ilha que eles alcançaram tinha uma fortaleza com uma porta de bronze e uma ponte de vidro em direção a ela. Quando eles procuraram cruzar a ponte, ela os jogou para trás. Uma mulher surgiu da fortaleza carregando um balde na mão, erguendo da ponte uma laje de vidro. Ela desceu o balde até a água e retornou à fortaleza. Eles bateram na porta de bronze para ganharem admissão, mas a melodia produzida pelo metal ferido mergulhou-os no sono até a amanhã seguinte. Isso se repetiu por três vezes, e a cada vez a mulher fazia um discurso irônico sobre Mael Dúin. Na quarta vez, contudo, ela saiu para eles sobre a ponte, vestindo um manto branco com um círculo de ouro em seus cabelos, duas sandálias de prata em seus pés rosados e uma blusa de seda cintilante próxima da pele dela.
"Minhas boas-vindas a você, Mael Dúin", disse ela, cumprimentando também a cada um da tripulação com o seu nome próprio, como fossem conhecidos e os esperassem. Então ela os levou à grande casa e alocou um sofá ao chefe e outros para cada um de seus homens. Ela forneceu bebida e comida em abundância para eles, tudo que ela tinha no balde, cada homem encontrando o que mais desejava. Entretanto serviu Mael Dúin à parte. Quando ela partiu eles perguntaram a Mael Dúin se eles podiam pedi-la em casamento para ele, ela era um bom partido para ele.
"Como desejarem, que mal seria falar com ela?", disse Mael Dúin.
Eles concordaram e ela replicou: "Eu nada sei, nem nada soube, que pecado é".
Duas vezes isso se repetiu. "Amanhã", ela disse finalmente, "você terá sua resposta".
Quando a manhã surgiu, todavia, eles se encontraram mais uma vez no mar, no barco, sem sinal da ilha, da fortaleza ou da dama, nenhum lugar que tinham estado.
Eles viajaram até entrar em um mar que se assemelhava a um vidro verde. Tal era a pureza que o cascalho e a areia eram claramente visíveis através dele, e eles não viam quaisquer monstros ou bestas lá entre os penhascos, mas somente cascalho puro e areia verde. Por um longo período do dia eles viajaram naquele mar, e grande era o seu esplendor e beleza.
Continua...
Brasília, 22 de setembro de 2017
Fonte: Geddes & Grosset. Celtic Mythology, 1999, Scotland.