A VIAGEM DE MAEL DÚIN – UM CONTO CELTA (CAPÍTULO I)
Traduzido, complementado e resumido por
Robson José Calixto
Mael Dúin e sua tripulação remaram por um dia e parte da noite até alcançarem duas ilhas pequenas, cada uma com posições estratégicas fortificadas, de onde se ouviram homens discutindo. "Fique longe de mim", disse um deles, "pois sou melhor que você". "Fui eu que matei Ailill da Lâmina-de-Batalha e queimei a Igreja de Doocloone sobre ele, e nenhum parente vingou a morte dele". "Você nunca fez algo assim".
Mael Dúin estava prestes a chegar à praia, enquanto dois de seus companheiros de viagem, Gérman e Diuran, o Versejador, agradeciam a Deus por tê-los guiado até ali. Mas um vento soprou forte e os empurrou na direção do oceano sem fim. Mael Dúin então disse aos seus irmãos adotivos: "Vocês que causaram isso, ao se lançarem a bordo apesar das palavras do druida e feiticeiro". Eles ficaram calados, em silêncio, por pouco tempo.
Fonte: Pinterest.
A embarcação ficou à deriva por três dias e três noites, e eles sem saberem para onde remar, quando na madrugada do terceiro dia ouviram o barulho de quebra-mares, chegando a uma ilha quando o sol se levantou. Todavia, antes que pudessem desembarcar, se depararam com um exame de formigas ferozes, do tamanho de um potro, que avançaram sobre a praia em direção a eles no mar. Então eles partiram rapidamente e não viram terra por mais três dias.
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Essa terra era outra ilha, com formação em três terraços, e pássaros grande assentados sobre árvores. Mael Dúin resolveu desembarcar sozinho para ver se achava algum tipo de mal que os pudesse atacar. Sem encontrar resolveu descansar e, depois, caçar e comer alguns pássaros, trazendo alguns com ele para bordo.
Uma grande ilha de terreno arenoso foi vista e nela uma fera com patas de garras, como um cão de caça, e que parecia feliz por vê-los. Todavia eles fugiram, com medo de serem devorados, mas na fuga foram atacados pela besta enfurecida, com pedradas.
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Uma grande ilha plana foi encontrada, deixando-se a Gérman e Diuran a sua exploração inicial. Os dois encontram uma pista de corrida bem verde e ampla, com marcas de cascos de cavalos, cada marca tão grande quanto a uma vela de embarcação, e as cascas nozes de tamanho monstruoso estavam espalhadas pelo chão. Eles ficaram com medo e correram para o barco rapidamente, e ao largo, viram uma corrida de cavalos, uma contra os outros, e ouviram o barulho dos chicotes no ar e de uma multidão torcendo furiosa por um cavalo marrom ou branco, e viram cavalos gigantes correndo mais rápido que o vento. Então eles remaram para longe com toda a força, imaginando que haviam se deparado com uma Assembleia de Demônios.
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Uma semana inteira se passou quando encontraram uma ilha com uma casa construída sobre a areia da praia, tendo uma porta de pedra que se abria para a ilha e outra para o mar e através dela as ondas do mar atiravam salmão para dentro da casa. Mael Dúin e seus companheiros de viagem entraram e encontraram a casa vazia, sem morador, mas uma cama grande estava arrumada para o dono dela. Também havia camas que cabiam três pessoas, comida, cálice de vidro e bebida de boa qualidade ao lado delas. Mael Dúin e os companheiros de viagem comeram e beberam até encher, agradecendo a Deus por ter matado a fome deles, e depois voltaram ao mar, seguindo viagem.
Enquanto viajavam a comida escasseou e eles ficaram com fome. A nova ilha se precipitava pelos lados, de onde pendia uma floresta para a água, e enquanto passavam pelos penhascos, Mael Dúin quebrou um galho e segurou-o na mão. Por três dias e três noites margearam o penhasco e não encontraram entrada para a ilha, mas por aquele tempo um punhado de três maçãs cresceu no final do galho de Mael Dúin, e com essas maçãs a tripulação foi alimentada por quarenta dias.
Continua...
Brasília, 15 de setembro de 2017
Fonte: Geddes & Grosset. Celtic Mythology, 1999, Scotland.