A VEZ DO MAIS BEM E MAIS MAL
“O Rio não é o estado pior classificado no tocante à violência”, disse o repórter. Telespectadores ouviram. Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Sentiram forte pancada nos ouvidos. A razão: antes de particípio, melhor e pior não têm vez. Mais bem e mais mal pedem passagem: O Rio não é o estado mais mal classificado. João apresentou a redação mais bem redigida. Nós somos os mais bem vestidos do Brasil.
Você conhece algum fofoqueiro? Preste atenção à fala dele. Pra não ir pro xilindró, o amante da vida alheia se defende. Apela pra dois recursos da língua. Um: o futuro do pretérito. O outro: o dizem que. Com essas armas, ele solta o veneno. E safa-se de processo. A grande vítima é a verdade.
“As frases feitas são a companhia cooperativa do espírito. Dão o trabalho único de as meter na cabeça, guardá-las e aplicá-las oportunamente, sem dispensa de convicção, é claro, nem daquele fino sentimento de originalidade que faz um molambo seda.”
“É nas páginas de um livro que podemos viajar sem sair de casa e conhecer a alma humana.” O emprego do “é que” está correto? Está. A língua deu a vez a penetra pra lá de ousado. Trata-se da partícula é que. Expletiva, ela pode ser jogada fora. Exemplo não falta: Onde (é que) você mora?