A TOADA DA CHUVA
Olegário Mariano
Chove incessantemente . . . Uma garoa
Fina e sutil parece não ter fim.
No ar pardacento uma andorinha voa . . .
E a chuva bate como um tamborim.
Para os seres sem alma a vida é boa,
Para mim que sou triste a vida é ruim,
Pois me falta o calor de uma pessoa
Que é a própria vida boa para mim.
E a chuva continua à toa, à toa . . .
Chuva, por que vives caindo assim?
Será que uma outra força te magoa?
Por que teu choro d’água não tem fim?
Se eu tivesse o calor de uma pessoa,
Seria a vida um sonho para mim.