A primavera, no Brasil, inicia-se entre os dias 22 e 23 de setembro e termina no dia 20 de dezembro. Essa estação é caracterizada por apresentar dias com temperaturas amenas, e em algumas regiões, também ocorre a floração de diversas plantas.
Mesmo sendo a primavera conhecida como a estação das flores, essa é uma característica presente, apenas, em algumas regiões do planeta. No Brasil, as estações do ano não são bem definidas e o período de floração das plantas ocorre em épocas distintas, não apenas na primavera, variando de acordo com as espécies. No Cerrado, por exemplo, os belíssimos e coloridos ipês florescem no inverno, trazendo uma coloração deslumbrante à paisagem seca.
A primavera no Brasil é mais caracterizada como uma estação de transição entre o inverno e o verão. Na primavera, após o fim do inverno seco, iniciam-se as chuvas que são mais frequentes com a chegada do verão. As temperaturas também são mais amenas, embora, em muitas regiões do país, o inverno não seja necessariamente uma estação de frio excessivo.
O Colégio Nossa Senhora do Carmo, em Nova-Cruz (RN), onde cursei o Primário e o Ginasial (década de 60), festejava a chegada da Primavera, em setembro, com uma tarde festiva, sempre num domingo, com uma programação artística organizada pela freiras (Franciscanas), e pela exímia pianista Cornélia Valença, professora de música.
O final da tarde festiva era apoteótico, com a apresentação de um bailado, ensaiado por uma professora de dança, onde trinta alunas bailavam ao som da canção “Igualdade Ilusória”, da autoria de Vicente Celestino. A letra dessa canção faz uma comparação entre a Primavera e a Mocidade, tema que emocionava o público. O final do bailado era emocionante, cheio de lirismo, uma verdadeira ode à Primavera e à Mocidade.
“A Primavera Vai e Depois Volta, a Mocidade Não nos Volta Mais”, versos decassílabos e cheios de lirismos, emocionavam as famílias ali presentes.
A festa era abrilhantada com fundo musical belíssimo, onde a exímia pianista e professora de música, Cornélia Valença, executava emocionantes canções.
O Colégio organizava tardes artísticas inesquecíveis, que continuam guardadas na minha memória e no meu coração.
Merece ser lembrada a família Valença, de Nova-Cruz, onde os irmãos Francisquinha Valença, Nelita, Antônio e José (gêmeos) eram grandes artistas, além da tia, pianista Cornélia Valença, que acompanhava todas as apresentações. Os membros da família Valença formava uma verdadeira trupe. Encantavam a todos nas festas do Colégio Nossa Senhora do Carmo, em Nova-Cruz.
Geraldo Valença, irmão de Cornélia, também era um grande pianista, e alegrava as festas do Comercial Atlético Clube de Nova-Cruz.
A família Valença era muito católica e participava de todos os eventos religiosos.
Cornélia Valença dirigia o Coro Paroquial de Nova-Cruz. Musicista ilustre, foi autora do Hino em honra do Bispo Dom Adelino Dantas e do Hino da Semana Rural de Nova-Cruz (década de 60).
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Igualdade Ilusória – Vicente Celestino
A primavera é uma estação florida
Cheia de imenso e divinal fulgor
De flores enche o coração da vida
E enche de vida o coração da flor
De flores enche o coração da vida
E enche de vida o coração da flor
A mocidade é uma estação ditosa
Cheia de risos, ideal prazer
E as almas sentem um viver de rosa
Na mocidade, a rosa do viver
E as almas sentem um viver de rosa
Na mocidade, a rosa do viver
Na primavera há profusão de cores
As flores brotam no rochedo bruto
Depois o fruto que há de vir das flores
E as novas flores que hão de vir do fruto
Depois o fruto que há de vir das flores
E as novas flores que hão de vir do fruto
Ambas se adornam de um viver risonho
Iguais parecem, ambas são de amor
Na mocidade faz nascer o sonho
A primavera faz nascer a flor
Se a mocidade faz nascer o sonho
A primavera faz nascer a flor
Iguais parecem quando a vida as solta
E no entretanto, elas não são iguais
A primavera passa e depois volta
E a mocidade não nos volta mais
A primavera passa e depois volta
E a mocidade não nos volta mais