Bicho preguiça no laborioso descanso
A Preguiça – “Folivora é uma subordem de mamíferos, da ordem Pilosa, cujas espécies são conhecidas popularmente por preguiça, bicho-preguiça, aí, aígue e cabeluda.
Todos os dedos têm garras longas pelas quais a preguiça se pendura aos galhos das árvores, com o dorso para baixo. Seu nome advém do metabolismo muito lento do seu organismo, responsável pelos seus movimentos extremamente lentos. É um animal de pelos longos, que vive na copa das árvores de florestas tropicais desde a América Central até o norte da Argentina. Na Mata Atlântica, o animal se alimenta dos frutos da Cecropia (a embaúba, conhecida, por isto, como árvore-da-preguiça).
De hábitos solitários, a preguiça tem, como defesa, sua camuflagem e suas garras. Para se alimentar, a preguiça utiliza-se de “dentes” que se apresentam em forma de uma pequena serra. Herbívoro, tem hábitos alimentares restritos, o que torna difícil sua manutenção em cativeiro. Dorme cerca de catorze horas por dia, também pendurada nas árvores. Na reprodução, dá apenas uma cria. Apenas a fêmea cuida do filhote. Reproduz-se, como tudo que faz, na copa das árvores. Raramente desce ao chão, apenas aproximadamente a cada sete dias para fazer as suas necessidades fisiológicas. O seu principal predador é a onça-pintada.” (Transcrito do Wikipédia)
O “causo” aconteceu anos atrás. A divisão imaginária dos povoados Queimadas e Guaiúba, ambos pertencentes ao município de Pacajus, era marcada por uma frondosa jaqueira, fonte de alimento dos passantes e moradores da localidade. Há quem coma a polpa da fruta, e utilize, também, a semente. Cozida, para comer “in natura” ou fazer bolo e acompanhamento para carnes cozidas.
Independentemente de chamar atenção pela quantidade de frutos, todos os anos, a jaqueira se tornou importante, por abrigar durante anos, uma inquilina até então estranha aos moradores. Era uma “preguiça”, logo apelidada de “Zabelinha”. Maria Isabel Nogueira, a “Zabelinha”, que parecia ter nascido idosa, com certeza era a pessoa mais “preguiçosa” que já viveu naquelas paragens. Como se dizia, “não dava um prego numa barra de sabão, e tinha preguiça até para comer.”
Zabelinha era a atração da “divisa”. Muitos afirmavam que, quando Zabelinha morresse, a jaqueira pararia de frutificar; que o caroço da jaca viraria ouro; e que fazia amor com um lobisomem em noites de lua cheia.
Como dito nas informações acima, Zabelinha só descia da jaqueira para fazer necessidades fisiológicas. E foi assim, por conta da descida de Zabelinha que, certo dia, se teve notícias que a jaqueira parou de frutificar, morreu, secou e virou lenha para forno de padaria.
Acontece que, por conta da boa sombra da larga copa da jaqueira, muitos a usavam para amarrar os animais. Burros e jumentos com cambitos e outros utensílios.
Certo dia, Zabelinha precisou “jogar o barro fora”. Começou a descer por volta das 9 horas e quando chegou ao tronco, já passava das 11. Cagou. Cagou muito, e até esqueceu que estava cagando, esquecendo também o caminho da volta. Em vez de subir novamente no tronco, preferiu se acomodar num surrão velho colocado num dos caçuás do burro que descansava na sombra. Sem perceber nada, o dono do burro retomou a montaria e foi embora. Levou Zabelinha consigo. Nunca mais Zabelinha teve disposição para voltar. Mas, na jaqueira, sempre aparecia alguém para afirmar que Zabelinha virou churrasco.
Anos depois, a frondosa jaqueira renasceu, novos galhos, mas nunca mais frutificou. Talvez, e muito provavelmente, por preguiça. Arre égua!
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O jumento Brinquedo
Brinquedo o jumento maravilhoso da Vovó
“O Asno (nome científico: Equus africanus asinus) é uma subespécie doméstica do Asno-selvagem-africano. É um mamífero perissodáctilo da família Equidae, cujo nome popular é jumento, jegue, jerico, burro ou ainda asno-doméstico. De tamanho médio (conforme a raça), focinho e orelhas compridas, é utilizado desde a Pré-história como animal de carga. Os ancestrais selvagens dos asnos foram domesticados por volta de 5 000 a.C., praticamente ao mesmo tempo que os cavalos, e, desde então, têm sido utilizados pelos homens como animais de carga e montaria.
No Brasil, o termo “burro” pode designar não a espécie Equus africanus asinus, mas o cruzamento entre essa espécie e a Equus ferus caballus (cavalo) quando resulta num animal de gênero macho, aquilo que em Portugal se designa como “macho”; quando esse mesmo cruzamento resulta num espécime fêmea, é designado como “mula”. Os asnos classificam-se dentro da ordem dos Perissodáctilos, e à família Equidae, à qual também pertencem os cavalos, pertencendo ambos a um único gênero, os Equídeos (Equus).” (Transcrito do Wikipédia)
Lembro como se fosse ontem. Era dia 7 de setembro, feriado nacional no Brasil inteiro. A Guaiúba comemorava realizando alguns eventos que acabaram se tornando tradicionais.
Um desses eventos era uma “Corrida de Jegues”. Tradição na Guaiúba, a “Corrida dos Jegues” já estava atingindo a sua décima terceira edição. A corrida acontecia em duas etapas: manhã, com 50 jumentos escritos; tarde, com apenas os 10 primeiros classificados na competição matinal.
Brinquedo, famoso por ter conquistado duas vezes o primeiro lugar, era o preferido na bolsa de apostas (ninguém apostava dinheiro) e havia quem o considerasse favorito. Sempre.
Quem montava Brinquedo, era Zé Luciano, um dos netos favoritos da minha Avó. Zé Luciano tinha um segredo que, só quem sabia era Brinquedo – os dois eram confidentes. Viviam aos cochichos.
A tática usada por Zé Luciano era: amarrava Brinquedo, bem amarrado e com cabresto curto. Duas vezes por dia Zé Luciano passeava com jumentas no cio, para provocar Brinquedo. Zé Luciano cochichava no ouvido de Brinquedo: “ganhe aquela corrida e eu te deixo passar um dia inteiro com cada uma dessas jumentas.”
No dia da corrida, só dava Brinquedo. A bolsa de apostas recolhia cambitos, caçuás novos, sacas de milho e um bode de 30 kg para o vencedor. Zé Luciano, montado em Brinquedo, cochichava no ouvido do animal: “vamos, aquela jumentinha tá te esperando, vamos”.
Primeiro lugar: Brinquedo!