Particularmente, já cumpri mais do que uma quarentena (isolamento compulsório), esperando que seja erradicada a pandemia do Coronavírus.
Esse confinamento fez-me vasculhar coisas guardadas em gavetas e na memória. Coisas importantes, só para mim. Registro de momentos felizes e tristes, há muito tempo adormecidos, mas que uma vez por outra aparecem nos meus sonhos.
Minha Mãe, quando tinha algum problema de saúde que a obrigava a se manter em repouso, impedindo-lhe de sair de casa, às vezes, impaciente, dizia:
– Ô prega na minha vida!!! Tanta coisa que eu tenho para fazer!!!
Hoje, ela já não se encontra entre nós. Mas, se viva fosse, certamente, atravessando essa pandemia, iria sentir-se prisioneira, sem poder, nem mesmo ir à Igreja, assistir às Missas dominicais.
Com medo de me contaminar com o Coronavírus, essa praga que, fatidicamente, está contribuindo para o controle da superpopulação mundial, ultrapassei a quarentena. Continuo cumprindo as ordens, por sinal, inconstantes, do Governo do Estado, com relação ao isolamento.
Na verdade, essa pandemia está sendo uma gorda loteria premiada, para a POLITICALHA, que está pegando nas verbas destinadas à Saúde Pública. Está, também, provocando depressão e enlouquecendo a população, com estatísticas alarmantes, algumas, comprovadamente, contraditórias.
No Brasil, para uns, essa praga é um castigo do Céu; uma lição para os hereges, componentes da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira (ou simplesmente Mangueira), cujo enredo do último carnaval, teve como ponto culminante a execração e o ultraje da figura de Jesus Cristo, o Homem mais importante da História da Humanidade. Houve uma afronta gritante, aos Cristãos e aos princípios religiosos.
A Mangueira, com esse enredo podre, uma verdadeira ode ao satanismo, pensava que iria conquistar o 1º lugar. Ledo engano. Com esse enredo desrespeitoso e chocante, ridicularizando e execrando a figura de Jesus Cristo, essa tradicional Escola de Samba (Mangueira), não só deixou de conquistar o 1º lugar, como perdeu uma legião de antigos torcedores, que se decepcionaram e se revoltaram com o infeliz enredo.
Entre esses torcedores revoltados, deveria estar a minha Mãe, católica praticante e temente dos castigos de Deus.
Eu ficava feliz, ao ver a alegria da minha Mãe, assistindo pela televisão, ao desfile da Mangueira.
Certa vez, perguntei-lhe:
– Por que a senhora torce pela Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira? Eu torço pela Beija-Flor!
A resposta veio em cima da bucha:
– Ora, minha filha! Tem coisa melhor no mundo, do que uma manga rosa madura???
Minha mãe era inteligentíssima e muito espirituosa. Não tinha maldade e tinha resposta para tudo.
Quando havia a Loteria Esportiva, às vezes, por influência minha, ela fazia um joguinho básico, ao gosto dela.
Certa vez, o Vasco da Gama, jogando no Rio de Janeiro (em casa), perdeu para o Maringá Futebol Clube, do Paraná. Foi a maior Zebra do ano. Dos poucos pontos que acertou, minha Mãe acertou essa Zebra.
Quando conferi o jogo dela, rindo, eu lhe disse:
– Mamãe, a senhora acertou a Zebra!!! A maior Zebra do ano! A senhora torce pelo Maringá? A resposta dela foi ótima:
– Torço, porque eu adoro a música “Maringá Maringá…depois que tu partiste, tudo aqui ficou tão triste…”
O brasileiro costuma dizer, que o Ano Novo só começa mesmo depois do Carnaval. Até então, pessoas viajam para as praias para veranear, outras viajam de férias para outros estados ou até para o exterior.
Apesar de já estarmos no mês de maio, 5º mês deste ano de 2020, o brasileiro ainda não pôde dizer que o Ano Novo, “vida nova”, começou. Os planos para este novo ano estão congelados. Mas Deus proverá!
O Coronavírus representa uma verdadeira praga, para quem estava aguardando, que o Ano Novo começasse logo depois do Carnaval.
E as palavras da minha Mãe, continuam soando aos meus ouvidos:
– Ô prega na minha vida!!!
Estou sem sair de casa, aguardando a notícia da erradicação da terrível praga do Coronavírus. Já sonhei, até, com um comboio, que por aqui passava, levando de volta o Coronavírus, para as profundezas do inferno chinês, de onde nunca deveria ter saído.