Encantou-se ontem, dia 18 de janeiro, aos 75 anos, o repentista Francisco Maia de Queiroz, conhecido como Louro Branco.
Um dos maiores nomes da cultura popular nordestina. Um cantador repentista talentoso e genial.
Outro grande poeta nordestino, Geraldo Amâncio, assim se expressou sobre a morte do amigo:
A viola calou-se, o som sumiu
Toda rima está vesga, o verso manco
Com a morte do grande Louro Branco
Que a convite de Deus ao céu subiu.
Se tem substituto, ninguém viu
No passado, nem tem atualmente.
Nós perdemos a última semente
Que o roçado do verso safrejou
A lagarta do tempo devorou
Os maiores artistas do repente.
Certa vez, numa cantoria com Sebastião da Silva, outro poeta de primeira grandeza, Louro Branco fez o seguinte improviso:
No dia que eu morrer
Deixo a mulher sem conforto
Roupas em malas guardadas
E o chapéu em torno torto
E a viola com saudades
Dos dedos do dono morto.
Cantando com Valdir Teles, o colega terminou um verso dizendo assim:
Qualquer dia, meu colega
Vou conhecer sua casa.
Louro pegou a deixa e respondeu na bucha:
Meu cumpade, a minha casa
É uma casa tão feia…
D’um lado é um cemitério
Do outro lado a cadeia
D’um lado se come terra
Do outro se come peia.
Noutra oportunidade, Louro exaltou a Natureza com este improviso:
Admiro a Natureza
Mar vomitando salinas
Lajedos de corpos nus
Com as pedras cristalinas
E as serras, túmulos rochosos
Onde Deus sepulta as minas
* * *
* * *
No vídeo abaixo, Valdir Teles e Louro Branco improvisando com o mote
É melhor matar de faca,
do que matar desse jeito.