Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo segunda, 11 de fevereiro de 2019

A PIRACEMA E O SEGURO DEFESO

 

A PIRACEMA E O SEGURO DEFESO

José de Oliveira Ramos

Peixes nadando (às vezes, contra a correnteza) para a “desova” – piracema

Como muitos têm conhecimento, a piracema, conhecida por ser a época de reprodução dos peixes, teve início no Maranhão, embora as datas do início variem de rio para rio. Durante esse período é proibida a pesca e a comercialização do peixe pescado nesse rio. No caso específico do rio Pindaré, um dos mais piscosos do Estado, situado na região do Vale do Pindaré, a proibição teve início no dia 1º de dezembro e vai até o dia 30 de março de 2019.

Já nos rios Tocantins e Gurupi a piracema começou no dia 1º de novembro, e vai até 28 de fevereiro. Na bacia hidrográfica do Parnaíba a proibição da pesca começou em 15 de novembro e segue até 16 de março.

Lei 10.779, de 25 de novembro de 2003 – Dispõe sobre a concessão do benefício de seguro desemprego, durante o período de defeso, ao pescador profissional que exerce a atividade pesqueira de forma artesanal.

Serviço que permite ao pescador profissional artesanal solicitar ao INSS o pagamento do benefício de Seguro-Desemprego do Pescador Artesanal durante o período de defeso, ou seja, quando fica impedido de pescar em razão da necessidade de preservação das espécies.

Nos rios genuinamente maranhenses a proibição da pesca segue a mesma data do Rio Pindaré. Durante este período os pescadores só podem capturar os peixes utilizando apenas linha e anzol, vara, caniço e não podem pescar mais de cinco quilos, além de um exemplar de qualquer tamanho dentro das medidas permitidas para cada espécie. Como, por exemplo, o surubim que não pode ser capturado com menos de 50 cm.

Em numerosos cardumes os peixes seguindo para uma desova segura

A novidade este ano no Vale do Pindaré é que está acontecendo uma rigorosa fiscalização realizada pela Polícia Militar, usando, inclusive, embarcações velozes. A fiscalização está sendo feita também por terra para coibir o comércio ilegal dos peixes que são capturados no rio Pindaré.

Três problemas:

I – A concorrência desigual

Tudo que for dito neste texto a partir daqui, não poderá ser imaginado como algo que acontece sempre e em qualquer lugar. É algo específico do rio Pindaré.

A cidade, como muitas dos Maranhão, não possui um local apropriado e com o nível de higiene que é exigido para a comercialização do pescado. Tudo acontece na “beirada” do rio e numa imprópria rampa.

Pois, nessa rampa, qualquer peixe produzido em tanques (tambaqui, tilápia, tucunaré, curumatã, piau, bagrinho e outras espécies) é vendido livremente, sem que o vendedor (ou o comprador) seja importunado.

Isso não parece igual para todos, embora esse tipo de pescado não “dependa da piracema” para a reprodução, mas, exclusivamente dos alevinos colocados nos tanques.

Pescado produzido em tanques ou cativeiros

II – O murumuru (ou mururu)

O murumuru (ou “mururu”) prejudicial à desova da piracema

Conhecido como murumuru, o também popular no Maranhão como “mururu”, é uma planta aguapé que brota e prolifera nas margens dos rios brasileiros, que em alguns lugares evita o assoreamento – mas, em outros pode ser também prejudicial.

O estado do Maranhão é localizado numa região pré-amazônica, com clima, humidade e muitas outras diferenças ambientais que facilitam e ao mesmo tempo dificultam a vida de espécies aquáticas, da fauna e da flora.

O estado possui uma imensidão de rios, muitos dos chamados “rios de maré” (aqueles que aumentam o volume d´água e “sobem” quando as marés estão altas) – nesses, o “mururu” não é comum. Mas, o estado possui também inúmeros rios com nascentes próprias e aumentam o volume da água no período chuvoso. Têm fortes correntezas. Neste atual período, as fortes chuvas enchem os leitos dos rios e a força da correnteza arranca e arrasta o “mururu” que nasce nas margens, formando verdadeiros tapetes verdes.

Para alguns pescadores profissionais, o “mururu” serve de esconderijo para a desova dos peixes, em alguns casos, mas, em outros dificulta as ações da natureza, quando o leito do rio está totalmente coberto pelo “mururu”.

Seguro defeso sem defesa

O seguro defeso é garantido por lei (Lei 10.779, de 25 de novembro de 2003) – mas é um verdadeiro paraíso para fraudes. Pessoas que sequer conhecem um anzol ou uma rede de pesca conseguem fraudar dados e são registrados como “pescadores” de algumas colônias.

É uma fraude que precisa ser investigada, até para fazer justiça aos verdadeiros profissionais que tiram dos rios e açudes o sustento das suas famílias.


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