Pipa – poesia no fazer e no botar no ar
Eu nunca quis muito – e sempre tive mais da metade do que merecia. Privilégio divino, creio!
Três palitos de coqueiro, alguns pedaços de linha, panos velhos, e liberdade para escrever os versos da minha poesia, numa pipa, ou numa arraia – como aprendi a falar na minha terra.
Mas, ainda há quem a chame de papagaio???!!!
Bem amarrados, como num primeiro soneto, os palitos montados formavam o “esqueleto” e tomava forma do que eu, criança ainda, imaginava ser a êxtase da liberdade. Quase, ou muito próximo do orgasmo.
Papel fino, grude de goma feito numa colher aquecida na chama da lamparina. Tudo formava o segundo soneto – e a poesia da vida em liberdade estava quase pronta.
A rabiola, nada mais era que pedaços de pano velho rasgado e reunidos, agora por uma linha, e tudo junto para dar equilíbrio à minha primeira obra poética a caminho dos ares.
Linha, muita linha e um bom lugar onde o vento pudesse, levar ao ar, como uma pintura de Vincent van Gogh, a poesia concluída com ingenuidade e liberdade.