Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense sábado, 04 de janeiro de 2020

A PIONEIRA 108 SUL

 

A pioneira 108 Sul
 
A primeira quadra de Brasília completa 60 anos e abre série de reportagens sobre os prédios da capital que completam seis décadas. Moradores, a maioria idosos, relembram histórias que marcaram a construção do Distrito Federal

 

» JULIANA ANDRADE
» THIAGO COTRIM*

Publicação: 04/01/2020 04:00

Canteiros de obras da 108 Sul e a Igrejinha: conjunto habitacional começou a ser erguido em 1958 (Mario Fontenelle/Arquivo Público do DF)  

Canteiros de obras da 108 Sul e a Igrejinha: conjunto habitacional começou a ser erguido em 1958

 



São 60 anos de histórias. Uma trajetória que começou a ser escrita antes da inauguração de Brasília. A 108 Sul, a primeira superquadra do Plano Piloto, celebra em fevereiro o sexagenário aniversário. Poucos blocos seguem o visual original, mas ainda é possível ver os traços de Oscar Niemeyer no conjunto habitacional que começou a ser erguido em 1958. Muitos apartamentos passaram por reformas, assim como fachadas. Além disso, a quadra carrega memórias de quem cresceu em meio ao cerrado.
 
Com fotos em preto e branco, a bancária aposentada Regina Faleiro, 67 anos, conta lembranças da infância e adolescência na 108. Ela, que veio de Minas Gerais com os pais, chegou a Brasília em 1961. A moradia era um apartamento funcional no Bloco J, que o pai ocupou por trabalhar no Ministério de Minas e Energia. “Os apartamentos funcionais eram o atrativo. Nem todos os funcionários queriam largar as suas cidades e o conforto de casa para vir se aventurar em Brasília. O apartamento era uma vantagem”, comenta.
 
Regina cresceu brincando nos pilotis. Estudava ao lado do bloco da família, na Escola Classe 108 Sul, e, à tarde, frequentava a Escola Parque. Aos fins de semana, curtia o Clube Vizinhança. Tudo nos arredores. “Foi uma infância maravilhosa. A gente podia ficar até mais tarde embaixo do bloco, não tinha perigo. Eu ia andando à escola, ao comércio, à escola parque”, recorda. Nas fotos, ela mostra os coqueiros que se tornaram cenários para as fotos com a família. O amor pelo local é tanto que Regina, após se casar, se mudou, mas não demorou para voltar. A bancária comprou um apartamento no Bloco I, onde vive até hoje. “Para mim, é um privilégio morar aqui. Temos tudo pertinho, tem metrô também. É uma quadra excelente e tem valor sentimental muito grande”, ressalta.


Foto histórica de blocos da 108 Sul em construção: conceito de Lucio Costa concebido por Oscar Niemeyer (Arquivo público do DF)  

Foto histórica de blocos da 108 Sul em construção: conceito de Lucio Costa concebido por Oscar Niemeyer

 



A 108 Sul foi a primeira quadra residencial a ser concluída em Brasília. O professor e arquiteto da Universidade de Brasília (UnB) José Carlos Córdova Coutinho explica que as construções eram feitas por institutos de previdência e que existia uma cerca competição de quem entregava as fundações iniciais e as lajes, por exemplo.
 
Segundo o especialista, o primeiro prédio a ser construído na Asa Sul fica na 106, mas a conclusão da 108 é pioneira. “Foi um dos projetos que materializaram a ideia da superquadra, como concebido por Lucio Costa. Ele e Oscar Niemeyer tinham uma proximidade muito grande. Na 108, o Oscar interpreta exatamente o que o Lucio Costa pretendia como superquadra.” As quadras 308, 107 e 307 Sul formam a unidade de vizinhança mais completa de Brasília. “Têm igreja, clube, comércio, parquinho e escola”, explica José Carlos.
 
A técnica de necropsia Mônica Quintas, 57, revela as histórias e lembranças vividas com a mãe, Isa Vasquintas, 90, uma das mais antigas da 108 Sul. Ela veio para Brasília com Mônica na barriga. O pai, jornalista, chegou antes, a trabalho. Na superquadra, Mônica deu os primeiros passos. “Foi uma infância maravilhosa. Aqui em cima, tinha uma creche de freiras. A gente tocava a campainha e saía correndo. Havia muita diversão”, conta a moradora.


Regina Faleiro em 2020 e nos anos 1960: lembranças de uma vida (Vinicius Cardoso/Esp. CB/D.A Press)  

Regina Faleiro em 2020 e nos anos 1960: lembranças de uma vida

 



Mônica chegou à quadra na barriga da mãe:  

Mônica chegou à quadra na barriga da mãe: "Infância maravilhosa"

 



O jornaleiro Lourivaldo inaugurou a primeira banca da cidade, na 108 (Vinicius Cardoso/Esp. CB/D.A Press)  

O jornaleiro Lourivaldo inaugurou a primeira banca da cidade, na 108

 



 
Reforma
 
No início, os apartamentos eram funcionais, e os moradores, na maioria, funcionários públicos. Os imóveis só passaram a ser vendidos em 1966, segundo o Sindicato da Habitação do Distrito Federal (Secovi). À época, eles custavam, em média, Cr$ 19.610.000 — R$ 284.941,66, em valores atuais —, podendo ser vendidos em até 30 parcelas a juros de 2% ao ano. As características não são mais as mesmas. Mônica, com o tempo, reformou o imóvel. “Tivemos de mudar. São 60 anos. Se não reforçasse, cairia tudo”, justificou.
 
O diretor do Secovi, Ovídio Maia, explica que, apesar de se tratar de uma quadra histórica, a média de preços dos apartamentos na 108 Sul é parecida com as demais quadras da Asa Sul. Muitos imóveis precisam de revitalização.
 
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