A religião fala em morte vicária. A língua, em termo vicário. Ambos têm dois pontos comuns. O primeiro: a substituição. A morte de Cristo substituiu a dos homens. O termo vicário toma o lugar de outro que foi citado. O segundo: o objetivo nobre. Jesus salvou os homens. O termo vicário evita repetição.
Termos vicários
Generosa, a língua oferece montões de possibilidades para evitar que repitamos palavras. É o caso dos pronomes. Muitos ocupam o lugar de um nome referido. Com eles, evita-se a monotonia. Quer ver?
Muitas pessoas têm triplo expediente. Vale o exemplo de Maria. Ela trabalha das 8h às 18h. Depois, estuda.
João e Rafael estudam na UnB. Este cursa engenharia. Aquele, medicina.
Você viu o coelho por aí? Vi-o escondendo ovos coloridos.
Mais exemplos
Na vida, há pessoas sem caráter. Macunaíma é uma delas. Na língua também há. O campeão da turma é o verbo fazer. Num piscar de olhos, lá está ele no lugar de outro. Vale o exemplo da frase jocosa atribuída a Jânio Quadros. Nela, o bigodudo abusa do vicário:
— Por que o senhor renunciou?, perguntou o repórter.
Fi-lo (renunciei) porque qui-lo (quis renunciar), respondeu o homem da vassourinha.