De tempos em tempos, a música sertaneja passa por uma renovação. O gênero incorpora novas sonoridades, influências e mensagens, normalmente abraçadas por uma nova geração. Como aconteceu em outras oportunidades, esse é um momento em que o estilo musical está repleto de novos artistas. O Correio apresenta alguns dos novos nomes que têm feito sucesso no âmbito nacional e também aqueles que estão dando os primeiros passos na carreira em Brasília. Confira!
Yasmin Santos
Apontada como a “nova Marília Mendonça”, a cantora e compositora Yasmin Santos, 21 anos, chamou a atenção assim que lançou no ano passado a música Saudade nível hard, canção com mais de 53 milhões de visualizações no YouTube. A partir daí, a paulista começou a galgar espaço na música sertaneja com uma voz potente e composições ao melhor estilo sofrência. “Minha paixão (pela música) começou aos 7 anos, por conta dos instrumentos (musicais). Comecei a aprender violão, bateria, guitarra e percussão. Com 14 anos, escrevi a minha primeira música”, lembra a paulista.
Neste ano, ela gravou o primeiro DVD da carreira no Coração Sertanejo em São Paulo. O material é o ponto de partida para que o público conheça mais de Yasmin, que, está no topo das paradas com o primeiro single do material, Para, pensa e volta, gravado em parceria com Marília Mendonça — a música é a quarta colocada no ranking da Crowley, atrás de Milu (Gusttavo Lima), Ferida curada (Zé Neto & Cristiano) e Quando a bad bater (Luan Santana). “Gosto de falar de temas da nossa vida mesmo. Procuro letras que falam de paixão, de volta por cima e da sofrência”, revela.
Enquanto o DVD, que tem participação de Wesley Safadão, Gustavo Mioto e Maira & Maraísa não é lançado, Yasmin lançou Esquenta do DVD, com 10 músicas capazes de mostrar o que o público pode esperar do futuro dela no sertanejo. “Desde Saudade nível hard penso o repertório com muito carinho. Então, procuro trazer isso nos meus trabalhos”, conta. Sobre as influências, ela aponta, principalmente, a rainha da sofrência.
João Gustavo & Murilo
Juntos como dupla desde 2016, João Gustavo & Murilo, de Mato Grosso do Sul, viram o reconhecimento quando lançaram no ano passado Lençol dobrado. O hit atingiu mais de 89 milhões de visualizações no YouTube, garantiu um contrato para os artistas com uma gravadora e um remix da música. “Não esperávamos que Lençol dobrado ia ter todo esse sucesso. A gente sempre almeja e sonha”, revela João Gustavo.
Aproveitando a boa repercussão da música, que até hoje aparece no top 100 da Crowley, os artistas divulgaram, neste ano, o EP Viciando (Ao vivo). “A gente tinha uma necessidade de mostrar nossa cara nesse projeto. Foi a necessidade de fazer algo diferente, de mostrar a nossa cara”, afirma João Gustavo.
O disco revela essa similaridade de João Gustavo e Murilo com artistas já consagrados do cenário, como Matheus & Kauan, e a ousadia em apostar num sertanejo com batidas mais eletrônicas, pops e dançantes. “Lençol dobrado tem uma característica do que a gente faz desde o início. A gente precisava de uma música muito bem produzida, voz e violão com sanfona, mas que tivesse também uma essência do pop, que são as batidas graves”, explica Murilo.
Hugo & Guilherme
Os goianos Hugo & Guilherme estão juntos como dupla desde 2016. No ano passado, eles conquistaram o grande público com lançamento de No Pelo em Campo Grande (Ao vivo), material com 19 músicas, entre elas o hit Namorada reserva. “Essa música entrou quase no final do disco e acabou se tornando a nossa música de trabalho. Para nossa surpresa, entrou na trilha sonora de A dona do pedaço, e colaborou para uma visibilidade ainda maior. Isso a gente sentiu também nos shows. A galera já sabia cantar antes de a gente ter soltado no YouTube. Namorada reserva foi um presente para a nossa carreira”, avalia Guilherme.
A carreira sertaneja começou depois que eles se conheceram em 2015. “Canto desde os 7 anos, já participei de duas duplas sertanejas e depois segui carreira solo. Em uma apresentação em Goiânia, conheci o Guilherme que, até então não cantava profissionalmente. A afinidade bateu na hora e a galera achou que a nossa sonoridade combinou. Em 2016, gravamos nosso primeiro álbum, um acústico”, lembra Hugo.
Léo Pain
Vencedor da sétima temporada do The voice Brasil, o sertanejo Léo Pain deu os primeiros passos na música sertaneja após a projeção da competição com a divulgação do material Mesa de bar (Ao vivo). Também em 2019, lançou o primeiro volume de Perdido e apaixonado (Ao vivo em São Paulo), EP de seis faixas que o colocou no topo das paradas, graças ao sucesso da música Perdido e apaixonado, gravada em parceria com o ex-técnico Michel Teló, que está na 30ª posição na lista da Crowley.
“Foi um sonho realizado. Sair de Santa Maria (RS) para São Paulo, gravar um DVD e contar com participação de Michel Teló. Foi um grande presente para comemorar a nossa vitória no programa. Nesse álbum, procurei trazer um trabalho mais intimista, para conseguir passar a minha verdade. Fiz todo o processo da escolha do repertório e privilegiei as canções mais românticas”, revela.
Apesar da carreira de Léo Pain ter se tornado pública para o Brasil todo no ano passado, ele começou a cantar com 13 anos. “Sempre gostei da música sertaneja, mas foi no programa que amadureci e pude aprender muito do que sou hoje”, conta.
Alex Fava
Após se tornar conhecido pelo sertanejo tradicional, o paulista Alex Fava lançou, neste ano, um novo conceito para o estilo: o sertanejo social. Para ele, essa é uma forma de trazer para o ritmo tão popular mensagens mais profundas. Assim surgiu o Projeto Consciência, formado por quatro faixas: Todo mundo tem um anjo, 4 patas, Devolva meu coração e Vô. “A minha motivação foi a mensagem que eu queria passar, que fosse algo diferente para o meu público e que também tivesse o intuito de mostrar assuntos que, até então, muita gente desconhecia, com o abandono de idosos, abordado em Vô”, conta.
Atualmente, o artista trabalha a música Todo mundo tem um anjo, faixa que presta homenagem às pessoas que ajudam outras, e também já pensa em um projeto mais voltado para o sertanejo romântico e dançante, que o tornou conhecido quando lançou o álbum Mais dias com você (2017). “Estamos pesquisando ainda, mas tenho certeza que será demais”, garante. “Acredito que o sertanejo está sempre em alta por conseguir mesclar diferentes gênero musicais. Eu mesmo já gravei com dois MCs e sou a favor dessa mistura. Gosto muito da sonoridade que temos hoje, principalmente na questão da criação, os produtores e os artistas não têm medo de ousar. E isso acaba dando uma nova cara a música sertaneja”, avalia.
Ana e Bella
Neste ano, as amigas Ana e Bella resolveram se lançar no mercado sertanejo de Brasília. Para isso, as cantoras gravaram nos últimos dias o DVD Ana e Bella Essencial, na Cruls Cervejaria, que será lançado nas plataformas digitais em breve, e traz um repertório inédito. “Nós gravamos um DVD todo autoral. Essa foi a estratégia usada por grandes cantoras do estilo: Marília Mendonça e Maiara & Maraísa apostaram em músicas próprias e ganharam o mundo. No nosso DVD gravamos cinco músicas compostas em parceria com a Piqui Hits de Goiânia, com produção de Elimar Ramile”, anuncia Ana.
Por se conheceram há muitos anos, as cantoras decidiram se juntar no projeto musical e misturar os estilos: Bella cresceu cantando rock em Curitiba, enquanto Ana, que nasceu em Trombas (GO), sempre teve o sertanejo na veia. O principal objetivo das duas é mostrar a força das mulheres no ritmo, até por isso, apostam em canções com o empoderamento como tema. É o caso da música Diferenciada, que integra o repertório do DVD, que tem ainda as músicas como Amor à três, Coração é circo, Pegada envolvente e Agulha no palheiro.
Graziela Maciel
Carioca radicada em Brasília, Graziela Maciel, 18 anos, investe, neste ano, de vez na carreira musical. Desde os 9 anos, quando ganhou o primeiro violão, ela já se envereda na música. Quando fez 13 anos, se mudou para Brasília e lançou a primeira música autoral, a faixa Nossa relação, canção que tem 4 mil visualizações no YouTube. No ano passado, lançou a segunda canção autoral: Eu me obrigo a não voltar. No próximo dia 19, fará o lançamento oficial da carreira em evento no Centro Hípico, no Lago Sul.
“Mesmo quando morava no Rio de Janeiro, eu já ouvia muito sertanejo. Gosto muito de Marília Mendonça”, revela. Com duas músicas autorais já lançadas, o plano agora é fazer um EP com cinco músicas também compostas por ela. “Quero soltar e começar a fazer mais show por Brasília”, diz. No lançamento da carreira, Graziela fará um show em que mistura modão e o sertanejo atual no projeto intitulado Mesa de bar. “O meu planejamento é sempre cantar e mostrar a realidade que a gente vive como mulher, ou seja, a sofrência mesmo e, quando puder, a volta por cima”, afirma, entre risos.
May Lopes
A brasiliense de 27 anos sempre sonhou em ser cantora. Há sete meses, May Lopes largou um emprego formal em uma multinacional e resolveu investir no antigo desejo. A escolha pela música sertaneja foi uma surpresa, já que a família de artista é formada por músicos do cenário gospel. “Foi desafiador, mas escolhi o sertanejo por influência dos meus amigos. Eu também sempre andei muito no meio sertanejo, sempre achei um espetáculo muito bonito”, avalia.
A possibilidade de misturar ritmos também foi o que a incentivou na escolha pelo ritmo. No primeiro single, Aproveitou que eu tava com saudade, May mistura o funk e o sertanejo em uma música com participação de Humberto & Ronaldo. “Logo no meu primeiro single consegui a participação de Humberto & Ronaldo. Gravei o clipe com eles. Fizemos imagens em Brasília e em Goiânia. Fiquei muito surpresa com a repercussão”, afirma. Com apenas quatro meses, o videoclipe já tem mais de 12 mil visualizações no YouTube e 21 mil acessos no Spotify.
Colaborou Roberta Pinheiro