No outro século passado
na fazenda Jequié
havia uma donzela,
religiosa de fé
no seu batismo lhe deram
o nome de Salomé
Salomé era uma virgem
de estimada simpatia,
filha de um fazendeiro
criou-se muito sadia,
era a moça mais formosa
do estado da Bahia
Contava 22 anos
aquela jovem tão bela
sempre, sempre aparecia,
namorado para ela
casou-se 14 vezes
e continuou donzela.
Um daqueles namorados,
que Salomé arranjou,
era um rapaz forte e moço
em poucos dias casou,
mas sua morte súbita
todo mundo admirou.
Porque em menos dum ano
que ele tinha casado,
começou enfraquecendo
pálido e desfigurado
a noite deitou-se vivo
e amanheceu finado.
Salomé ficou viúva,
a noite inteira chorou
o seu primeiro marido,
a morte ingrata o levou
mas que ainda era virgem
a ninguém nada contou.
Acontece que um dia
na festa dum batizado,
viuvinha arranjou
o segundo namorado
com 15 dias casou-se
num dia tão festejado.
Por segurança dos bens
casou também no juiz
a sua lua de mel
foram passar em Paris
Salomé voltou viúva
chorando a sorte infeliz.
Mas continuou a mesma
Viúva virgem sem sorte
porque o segundo esposo,
que era sadio e forte
esse também embarcou,
no barco negro da morte.
Porém Salomé por ser,
viúva de polidez
não demorou muito tempo,
casou-se terceira vez
com outro rapagão moço,
filho de um português.
Esse não durou um mês
começou ficando fraco
amarelo cadavérico,
da grossura dum cavaco
em poucos dias também
foi pra dentro do buraco.
Todo povo comentava,
– este caso é muito sério
o que há com Salomé
até parece um mistério,
já três maridos que ela
manda para o cemitério.
A quarta vez para ela
apareceu um baiano
um rapagão muito forte
descendente de cigano
noivaram no mês de outubro
casaram no fim do ano.
Esse também se findou,
no próximo ano vindouro
começou se definhando,
e o povo fazendo agouro
que no fim do mesmo ano,
também entregou o couro.
Coitada da Salomé
ficou viúva de novo
vivia tão pensativa,
calada que só um ovo
envergonhada de ouvir,
o comentário do povo.
Após passar muito tempo,
lamentando a desventura
apareceu outro jovem,
de forte musculatura
foi o quinto esposo dela
a entrar na sepultura.
Logo apareceu o sexto
era um rapaz arrasado
vendo que ela era filha
de um velho recursado
pensando enricar também
acertou logo o noivado.
Embora contrariado,
o velho o casório fez
esse também morreu logo
vivo não passou um mês
Salomé ficou viúva,
pela sua sexta vez.
Casou pela sétima vez
com um rapaz forasteiro
tocador de violão
boêmio e aventureiro
esse casou-se em dezembro
e faleceu em janeiro.
Certo dia ela contou
aquele segredo dela
a uma sua amiguinha
lhe dizendo: Maristela
Já me casei 7 vezes,
mas ainda estou donzela.
E logo pediu a ela
para guardar o segredo
porém a amiga falsa
no outro dia bem cedo
saiu pela vizinhança
espalhando aquele segredo.
O povo pra criticar
lhe chamavam na surdina
de viúva mata sete
ou viuvinha assassina
assim a pobre vivia,
lastimando a sua sina.
Os homens todos diziam
o fato não é comum
já se casou 7 vezes
e ainda está em jejum,
porque é que seus maridos
não fica vivo nenhum?
Assim a pobre vivia
neste dilema sofrido
por onde passava ouvia
do povo o “estampido”
– lá vai a viúva virgem
matadora de marido.
Ela vendo que ali,
rapaz nenhum lhe queria
por está muito manjada,
decidiu-se certo dia
viajar pra outro estado
que ninguém lhe conhecia.
Salomé saiu dizendo,
aqui eu não volto mais
partindo se despediu,
de seus extremosos pais
foi parar no Amazonas
a terra dos seringais.
Casou-se no Amazonas
Com um velho seringueiro
com 59 anos
mas ainda era solteiro
em pouco tempo também,
deu serviço ao coveiro.
Para encurtar a história,
Salomé foi se casando,
até inteirar quatorze
e viúva ia ficando
por fim se desenganou
sua sorte praguejando
Naquilo havia um mistério
que ninguém não conhecia,
que Salomé se casava,
o seu marido morria
o porquê desse mistério,
nem mesmo ela sabia.
Foi um bruxo que queria
se casar com Salomé
e apaixonou-se por ela,
um dia num candomblé
mas ela lhe deu um fora
mandou-o chupar picolé.
Por isso o bruxo maldito
fez pra ela um malefício
que a pobre Salomé
vivia neste suplício
levando todos maridos
à borda do precipício.
Toda vez que ela casava
o feitiço acontecia
porque na noite de núpcia
seu marido adoecia
sem conhecer a doença,
pelo desgosto morria.
Porque na primeira noite,
na hora do tererê
que o marido encostava
o seu corpo em Salomé
a sua moral caía
nunca mais ficava em pé.
Porém o seu último esposo
por ser esperto e matreiro
correu logo e procurou
um famoso feiticeiro
pra desmanchar o feitiço
do bruxo catimbozeiro.
Perguntaram a Salomé
se ela se lembraria
o nome daquele bruxo
de tamanha covardia
que fizera para ela
essa horrenda bruxaria.
Ela disse que sabia
o nome do infiel
então o segundo bruxo
logo pegou num papel,
escreveu em cruz o nome,
do feiticeiro cruel.
Disse para Ezequiel
vou desmanchar o feitiço
porém só por 2 milhões
posso fazer o serviço
e você pode assumir
sua esposa sem enguiço.
Ezequiel conseguiu
findou-se todo o mistério
Salomé ficou feliz
desfrutando aquele império
após enterrarem o nome
do bruxo no cemitério.
Ainda teve dois filhos
A moça de Jequié,
Livrou-se da bruxaria,
vivendo cheia de fé
Ezequiel adorava,
Sua esposa Salomé.