A MELANCOLIA DAS RUAS
Olegário Mariano
Choveu o dia todo… Era chuva de vento.
O dínamo da Vida amiudando os instantes,
Acelerava em continuado movimento,
Os automóveis, as carroças, os viandantes.
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As casas de comércio, portas largas,
Fechadas, sonolentas e pesadas…
Os caminhões deitando cargas
Sobre a chapa polida das calçadas…
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Tudo a rua sentiu embriagada e felina.
De quando em quando, no alto, lá bem no alto,
Um pássaro sonoro esgarçava a neblina
E o rumor do motor vinha morrer no asfalto…
–
Depois a rua adormeceu… Veio descendo
A noite… Foram desaparecendo
As vozes todas… Para que retê-las?
–
Agora as poças d’água estão sorrindo,
Monótonas, humildes, refletindo
O céu… Tão longe o céu cheio de estrelas!