Ramas da maniva da mandioca para transformação em maniçoba
Em postagens anteriores tentamos descrever faces e fases da culinária brasileira – e, como hoje, domingo, é dia de refeição mais acurada, em casa e com a família reunida, não custa nada voltar a falar no tema.
Comer. Comer é bom e é melhor quando se tem fome (há uma acentuada parcela de brasileiros convivendo com essa demanda – ainda que muitos mintam, afirmando que um recente desgoverno brasileiro mergulhado na corrupção tenha tirado esse povo da miséria). E, fome, entre nós é o que jamais faltará.
Como não temos cadeado ou tornozeleira eletrônica que nos obrigue ver sempre a TV Globo, temos acompanhado apresentações do “talent show” Master Chef, que vem ganhando audiência para a Rede Bandeirantes. Melhor quando vemos, também, programas que mostram a culinária diferenciada de algumas partes do mundo e com as quais não convivemos mais amiúde.
A grande maioria foca a culinária típica e os hábitos culturais de pessoas e regiões que sequer imaginamos existir no mapa mundial. São matérias (e programas) educativas que abrem ainda mais os horizontes e melhoram os hábitos alimentares de muitos.
Temos falado aqui (muito) da culinária nordestina, sem deixar de falar, também, nos hábitos e na culinária do eixo sul-sudeste, mesmo entendendo que, em alguns casos, as comidas são as mesmas, mudando apenas a forma da preparação e os nomes dados aos pratos – mas, no geral, é a mesma comida.
E, assim, hoje, escolhemos falar e tentar mostrar um mínimo de duas maravilhas do Norte do país: a maniçoba e o tucupi.
“Maniçoba – A maniçoba é um dos pratos da culinária brasileira, de origem indígena. Tradicionalmente paraense, o seu preparo é feito com as folhas da maniva/mandioca (Manihot esculenta Crantz) moídas e cozidas, por aproximadamente uma semana (para que se retire da planta o ácido cianídrico, que é venenoso), acrescida de carne de porco, carne bovina e outros ingredientes defumados e salgados.
A maniçoba é servida acompanhada de arroz branco, farinha de mandioca e pimenta. Tradicionalmente, a maniçoba é um dos pratos principais nas festas de Círios no Estado do Pará, como o Círio de Nazaré (Acará, Anajás, Augusto Corrêa, Aurora do Pará, Belém, Bragança, Castanhal, Curralinho, Curuçá, Muaná, Oeiras do Pará, São Domingos do Capim, Vigia de Nazaré e outros).
Em Sergipe, o Museu da Gente Sergipana cita a importância da maniçoba para o municípios de Lagarto e Simão Dias. No município sergipano, localizado a 75 km da capital Aracaju, a maniçoba é prato tradicional das festividades. No entanto, se a pessoa quiser apreciar basta viajar ao interior aos sábados. Em Lagarto, a iguaria pode ser consumida acompanhada de cuscuz de milho, farinha de mandioca, ou como tira-gosto.
A maniçoba também constitui prato típico do Recôncavo baiano, sobretudo dos municípios de Cachoeira e Santo Amaro, onde também é servida durante eventos comemorativos locais, como festa de São João da Feira do Porto. É vendida na feira livre, em forma de bolos ou em refeições tipo “prato feito”. (Transcrito do Wikipédia)
Maniçoba pronta (mas ainda crua) para levar ao cozimento
É bom que muitos entendam que, Belém, capital do Estado do Pará, não é a única cidade que oferece culinária tradicional e cultura de provocar inveja. A Ilha de Marajó, uma das riquezas brasileiras no artesanato e nas tradições indígenas, também tem uma culinária de botar água na boca dos visitantes.
Cidades como Abaetetuba, Castanhal, Bragança, Ananindeua, Parauapebas, Breves e outras, também de grande porte e poder comercial, têm uma culinária da causar inveja e que poderia ser melhor conhecida do brasileiro num período de férias.
Maniçoba “pronta” com carne de porco para almoço
Outra riqueza do Pará, que se espraia pelas cidades mais conhecids e visitadas, é o “tucupi”. Muitos, infelizmente, só conhecem o tucupi como “acompanhante” do tradicional pato no tucupi, alimento que tem posição top na culinária brasileira – principalmente durante os festejos do Círio de Nazaré.
Tucupi – uma das riquezas da culinária do Pará
“Tucupi – Tucupi é o sumo amarelo extraído da raiz da mandioca brava quando descascada, ralada e espremida (tradicionalmente usando-se um tipiti). Depois de extraído, o caldo “descansa” para que o amido (goma) se separe do líquido (tucupi). Inicialmente venenoso devido à presença do ácido cianídrico, o líquido é cozido (processo que elimina o veneno) e fermentado de 3 a 5 dias para, então, ser usado como molho na culinária.
O amido, também chamado polvilho é separado do líquido e lavado e decantado em diversas águas. Após ser seco, é esquentado no forno, formando grânulos, a chamada tapioca.
Lenda – Reza a lenda que Jacy (Lua) e Iassytatassú (Estrela d’alva), combinaram visitar o centro da Terra. Quando foram atravessar o abismo, Caninana Tyiiba mordeu a face de Jacy. Jacy derramou suas lágrimas sobre uma plantação de mandioca. Depois disso o rosto de Jacy ficou marcado para sempre pelas mordidas de Caninana. A partir das lágrimas de Jacy, surgiu o tycupy (tucupi).
Usos
É muito presente na mesa dos brasileiros da região norte. Pato no tucupi é um prato muito apreciado. O pato é previamente assado e após destrinchado é levado a uma fervura leve num molho de tucupi, pimenta de cheiro, cheiro verde, alfavaca e jambu.
Tacacá é outra especialidade da culinária amazônica, principalmente “cultuado” pelos acreanos, paraenses, amazonenses, amapaenses e rondonienses. Servido numa cuia natural, o tucupi fervente é derramado sobre uma goma feita a partir do amido da mandioca. Acrescenta-se uma porção generosa das folhas de jambu e camarão rosa para completar o prato.” (Transcrito do Wikipédia)
Pato no tucupi – “carro-chefe” da culinária paraense