Hoje, 16 de julho, o mundo comemora um marco na história da humanidade. Cinquenta anos atrás, no mesmo 16 de julho, teve início a missão Apollo 11, que levou as primeiras pessoas a pisarem um corpo celeste fora da Terra. O nome de Neil Armstrong e suas palavras “Um pequeno passo para um homem, um passo gigante para a humanidade” são até hoje lembradas.
É difícil não se impressionar com a grandiosidade do projeto, especialmente se considerarmos a tecnologia de meio século atrás. Apenas como exemplo, a capacidade de cálculo de todos os computadores usados pela NASA, juntos, é inferior à de um tablet ou smartphone comum de hoje. Na verdade, a grande maioria dos cálculos foi efetuada à mão ou com réguas de cálculo, como era usual na época. Os recursos eletrônicos usados também são extremamente primitivos pelos padrões atuais. E, ainda assim, funcionaram a contento.
Alguns mais pessimistas se atrevem a dizer que um projeto como esse não seria possível nos dias de hoje. Eu concordo. O projeto Apollo pôde existir em uma época em que receber missões e cumprir objetivos era algo normal para um adulto. Uma época onde escolas e universidades ensinavam a pensar e a achar soluções, não a consultar o Google ou usar Control-C no que os outros fizeram. Uma época em que o risco e a responsabilidade faziam parte da vida. Uma época em que pessoas tinham deveres, não apenas direitos.
Se uma viagem à Lua fosse tentada hoje, os engenheiros que construíram o Saturno V e os módulos Columbia e Eagle ficariam em segundo plano, atrás dos advogados que preparariam os papéis que empurrariam as responsabilidades de um lado para outro, até o ponto em que ninguém seria responsável por nada. Os astrônomos que calcularam o vôo com precisão milimétrica seriam substituídos por marqueteiros que estudariam como tornar o evento o mais sensacional e apelativo possível, mesmo que “um pouquinho” da verdade fosse sacrificado. E infinitos grupos se preocupariam unicamente em pressionar para que a missão atendesse a seus interesses particulares, de políticos a feministas, passando por todas as minorias imagináveis.
De tão surpreendente, o projeto Apollo parece impossível. Alguns, presos à sua mediocridade, decidem que se eles não são capazes de realizar algo assim, então ninguém é, e passam a acreditar em teorias malucas que falam em uma fantástica conspiração que enganou todo o planeta (exceto eles, os “inteligentes”). No Brasil, as teorias conspiratórias são fortalecidas pela modinha de ser Anti-EUA – afinal, ninguém chuta cachorro morto. Por curiosidade pessoal, já li muito sobre estas teorias e nunca encontrei nada que, na minha modesta opinião, seja minimamente inteligente.
Quem sabe este cinquentenário seja um bom momento para nossa sociedade parar e refletir: lembrar que já fomos capazes de feitos notáveis; que já houve um tempo em que nossas vidas não estavam presas entre o BBB da Globo e as mutretas dos nossos deputados; que para chegar à Lua, homens arriscaram suas vidas, enquanto hoje estamos preocupados em conseguir privilégios na reforma da previdência. Talvez seja uma boa chance de vermos o que podemos, como sociedade, conseguir quando nos propomos a realizar algo, não quando preferimos ser adultos infantilizados exigindo que os outros tomem conta de nós.