Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão segunda, 07 de setembro de 2020

A LINHA, ANIMAÇÃO BRASILEIRA, GANHA EMMY

 

Animação brasileira 'A Linha' ganha Emmy usando realidade virtual

Dirigido por Ricardo Laganaro e com voz em inglês de Rodrigo Santoro, filme interativo é centrado nos personagens Pedro e Rosa em uma São Paulo dos anos 1940

Luiz Carlos Merten, O Estado de S.Paulo

07 de setembro de 2020 | 05h00

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Cena da animação 'A Linha', de Ricardo Laganaro. Foto: Árvore Immersive Experiences

Outstanding Innovation in Interactive Media. O repórter estava no Estúdio Árvore, em Pinheiros, quando o diretor Ricardo Laganaro e o produtor Ricardo Justus, de A Linha, receberam o e-mail comunicando que o curta havia vencido uma importante categoria do Emmy Internacional, o Primetime Emmy Award. Brasil na cabeça. Mas, então, por que a dupla se manteve tão low profile? Nenhuma comemoração. “Já comemoramos com champanhe, remotamente, há uma semana, quando soubemos que havíamos ganhado. Só não podíamos anunciar, porque o comunicado teria de vir do Emmy”, conta Justus.

Essa é uma categoria especial e o anúncio do vencedor não é feito na grande festa do Emmy, o Oscar da TV, marcada para o dia 20. É como no Oscar – algumas categorias técnicas e premiações especiais ocorrem numa festa paralela. Excepcional inovação em mídia interativa. O repórter que o diga. Estava assistindo ao curta quando chegou o aguardado e-mail. Trata-se de uma narrativa em realidade virtual (VR) totalmente pensada e desenvolvida para ser contada neste formato. A obra inova ao permitir que o usuário interaja com a experiência usando o próprio corpo em vez de controles e é uma porta de entrada para o grande público experimentar a tecnologia de VR. 

 

Uma maquete de São Paulo nos anos 1940. Miniaturas – um jovem casal, Pedro e Rosa. Lá atrás, quando tudo começou, os nomes eram outros, John e Mary. Pedro entrega jornais e ama Rosa. Todo dia experimenta o desejo de se declarar, entregando-lhe uma rosa amarela. Como bonecos, cada um anda no seu trilho. A moral da história é que, às vezes, é preciso sair dos trilhos para ser feliz. A vitória da ousadia sobre a conformidade.

 

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'A Linha', de Ricardo Laganaro, que venceu o Primetime Emmy Awards.  Foto: Árvore Immersive Experiences

Cerca de 15 minutos. Justamente por ser interativo, o curta tem a duração aproximada. Depende de quem participa da narrativa imersiva, fazendo avançar os personagens face às dificuldades que a trama impõe a Pedro, a Rosa – e a quem está com os óculos. “A ideia era abordar um tema universal como o amor, mas agregando camadas como rotina e medo da mudança. Essa questão da mudança é fundamental, porque estamos trabalhando com algo novo. Nossa narrativa foi formatada para o Oculus Quest, que ainda nem está à venda no Brasil e permite o rastreamento de mãos”, diz Justus. O que significa isso, hand tracking? “É a ferramenta que amplia a imersão do usuário e seu senso de direção ao participar da trama.”

O mais bacana nessa história é que o Estúdio Árvore vem agregando uma moçada de artistas gráficos que, inicialmente, conhecia pouco ou nada dessas inovações, mas foi enfrentando o desafio e dominando as ferramentas. Veneza iniciou esta semana mais uma edição de sua tradicional mostra de arte cinematográfica – a mais antiga do mundo. 

No ano passado, numa seção dedicada à VR, A Linha também já havia sido premiado como Melhor Experiência em Virtual Reality, concorrendo com obras de todo o mundo – e, teoricamente, vindas de países onde essa pesquisa poderia estar mais avançada. Cannes, sempre na vanguarda, já abrigou em 2017 uma experiência imersiva de Alejandro González-Iñárritu, Carne y Arena/Flesh and Sand. “O que esses grandes festivais têm feito é abrir espaço para a VR, mas sempre com o atrativo de um grande nome”, conta Laganaro. “Nossa história tem um narrador. Pensamos em conseguir um nome conhecido de Hollywood. Fizemos contato com o Christopher Plummer, mas a coisa não andou”, explica Justus – ele é o CEO do Árvore.

 

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O diretor Ricardo Laganaro, premiado durante o Festival de Veneza, em 2019.  Foto: Piroschka van de Wouw/Reuters

Foi quando a dupla Laganaro/Terra pensou num nome brasileiro com circulação internacional. Bingo! “Entramos em contato com o assessor de Rodrigo Santoro, que se entusiasmou; o próprio Rodrigo abraçou a ideia e eu fui encontrá-lo nos EUA, onde ele estava gravando”, lembra o diretor. Além de ser o ator talentoso que é, Santoro tem experiência como dublador e até forneceu a voz original para a série Rio, de Carlos Saldanha. Ele faz a gravação em inglês de A Linha – à qual o repórter assistiu (e interagiu). Simone Kliass faz a narrativa em português. Algum espectador já terá participado do experimento. Após a vitoriosa passagem por Veneza, em 2019, A Linha teve sua estreia nacional na Mostra de São Paulo do ano passado. O mais belo dessa história toda é que, por mais inovadora que seja a técnica, a trama é sob medida para mexer com as emoções do espectador.

Pedro, o herói da história, repete todo dia o mesmo percurso entregando jornais, mas, a cada ciclo, se permite uma pequena escapada para colher uma rosa amarela que deixa, anonimamente, na porta da casa de Rosa. Quando as rosas terminam, Pedro enfrenta o desafio de vencer seu medo e ter de buscar caminhos alternativos, com novas rosas.

Uma história regional, passada numa São Paulo ainda provinciana, há quase 80 anos – que Laganaro encontrou num álbum de família – torna-se universal. Para isso, o diretor fez questão de utilizar referências próprias da cultura brasileira. A música – um chorinho – embala a história. A trilha é assinada por Gilson Fukushima e Rubem Feffer. Você sabe quem é – Feffer compôs com Gustavo Kurlat a trilha da animação O Menino e o Mundo, de Alê Abreu, que foi indicada para o Oscar em 2016

Laganaro iniciou-se na O2, trabalhando com animação de stop motion. Foi um aprendizado importante para ele, mas também havia uma limitação. A O2, como empresa produtora, tem outras prioridades e não investe pesado nessa linha que ele pretendia seguir. Foi quando Laganaro conheceu Terra. Ambos jovens, descobriram suas afinidades – e a vontade de trabalhar nessa área. O resto é história. 

O estúdio não para de crescer – embora agora pareça um escritório fantasma. Todos aqueles computadores parados. Onde estão as pessoas? “Está todo mundo em casa, trabalhando remotamente. Só viemos para que você pudesse ver o Linha com os óculos”, explica Laganaro. Outstanding, rapazes. Só um problema – por conta da pandemia e das restrições à entrada de brasileiros nos EUA, o diretor e o produtor não poderão estar presencialmente na festa, que vai ocorrer com um rígido protocolo de segurança (e eles já gravaram o agradecimento).


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