A. L.
Guerra Junqueiro
Não és a flor olímpica e serena
Que eu vejo em sonhos na amplidão distante;
Não tens as formas ideais de Helena,
As formas da beleza triunfante;
Não és também a mística açucena,
A alva e pura Beatriz do Dante;
És a artista gentil, a flor morena
Cheia de aroma casto e penetrante.
Não sei que graça, que esplendor, que arpejo
Eu sinto dentro d'alma quando vejo
Teu corpo aéreo, matinal, franzino...
Faz-me lembrar as vívidas napeias,
E as formas vaporosas das sereias
Rendilhadas num bronze florentino.