Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Paulo Azevedo - Histórias de Ex-Boleiros quinta, 27 de julho de 2017

A HORA DE PARAR

A HORA DE PARAR

Paulo Azevedo

 

 

Vou tentar até os vinte e cinco anos, era o prazo estipulado. Não tão jovem para o futebol, não tão velho para recomeçar a vida. Fui um ano a mais, fui até os vinte seis, parei com a história de inúmeras lesões físicas e poucas lesões na alma, não guardei rancor, digerir bem o fim.

 

No início são milhares de moleques, depois centenas, depois dezenas, depois dúzias, depois três e talvez um. Lembro das peneiras do Fluminense, uma multidão, raro alguém ser pescado, não tem tempo hábil, fui porque já era conhecido do futsal, meu teste foi mera formalidade.

 

Juvenil no tricolor das Laranjeiras, não era para qualquer um, muito menos ser titular. Depois nos Juniores, alguns queridos ficaram para trás, alguns até melhores que eu, mas eu fui, de repente, profissional. Possibilidade de sucesso, fama, riqueza, mas a realidade é outra quando aparecem as lesões, os empresários, treinadores inseguros, equipes fracas, o cara tem quer ser fora de série ou louco para não se deixar perturbar.

 

Como não era fora de série e muito menos louco, aquele meio sempre incomodou muito. Lembro de muitos moleques craques que pararam no meio do caminho, virtuosos com a bola que quis o destino brecar o horizonte. Não fui nenhum craque, era bom, estava no nível da maioria, mas futebol assim como na vida necessita sorte.

 

 Digo para os pais de atletas, não deixem seus filhos pararem de estudar, não façam dos seus filhos a galinha dos ovos de ouro, triste é lá na frente carregar o sentimento de frustração. E quando parar, recomeçar? Ter sabedoria para pendurar as chuteiras é o mais difícil, poucos conseguem, as vezes é o destino que se encarrega disso. Vai na dor. As vezes encontro colegas da época do futebol que depois de dois chopes dizem: Porra a gente não deu certo.

 

-Alto lá. A gente um dia sonhou. Pior seria nunca ter sonhado. Nego a carregar frustrações, até porque todo dia é dia para voar mais longe. Até os sonhos tem limite!


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