As Catilinárias são uma série de quatro discursos célebres de Cícero, (o Cônsul romano Marco Túlio Cícero), pronunciado em 63 a.C. Esses discursos são um ato de denúncia, contra a conspiração pretendida pelo senador Lúcio Sérgio Catilina, que logo de início destila:
“Até quando, Catilina, abusarás de nossa paciência? (…) Não vês que tua conspiração foi dominada pelos que a conhecem?”
O primeiro e o último destes discursos foram dirigidos ao Senado Romano; os outros dois foram proferidos diretamente ao povo romano. Os quatro foram compostos para denunciar explicitamente Lúcio Sérgio Catilina, no contexto da Segunda Conspiração Catilinária.
Falido financeiramente, Catilina, filho de família nobre, juntamente com seus seguidores subversivos, planejava derrubar o governo republicano para obter riquezas e poder. No entanto, após o confronto aberto por Cícero no senado, Catilina resolveu afastar-se, indo juntar-se a seu exército ilícito, para armar defesa.
Segundo registros históricos, após o quarto discurso, Catilina estava condenado à morte, mas recusou-se a entregar-se e foi morto em um campo de batalha no ano seguinte.
O modelo político de República passou a vigorar na antiga Roma, após a queda do último rei da dinastia etrusca que governou Roma durante 244 anos, chamado Tarquínio, o Soberbo, no ano de 509 a.C.
Cícero, que havia sido designado como um dos cônsules, no ano de 63 a.C., encarregou-se de desmascarar Catilina dentro do senado, por meio de discursos, os quais ficaram conhecidos até hoje por Catilinárias e são notáveis pela elegância de estilo e pela firmeza das acusações ciceronianas, com afluência de todos os homens de bem.
Marco Túlio Cícero, (3 de janeiro do ano 106 A.C), foi um dos mais importantes filósofos, e cônsul da Roma antiga.
Proveniente de uma cidade ao sul de Roma de nome Arpino, esse fato o discriminava, por não ser um romano tradicional.
Sua educação foi baseada nos grandes filósofos, poetas e historiadores gregos .
Foi toda a sua eficiência e competência na língua grega, que o levou à condição de intelectual e o colocou entre a elite romana tradicional.
A família de Cícero também o ajudou a crescer. Seu pai era um rico equestre, com importantes contatos em Roma.
Cícero era um estudante incansável e extremamente talentoso, características que despertaram a atenção de Roma. Desprovido de qualquer interesse pela vida militar, Cícero era um intelectual e começou sua carreira como advogado. Mais tarde, mudou-se para a Grécia e ampliou seus estudos de retórica. Através dessa estadia na Grécia, teve contato e passou a admirar calorosamente a obra de Platão. Foi o responsável por introduzir a filosofia grega em Roma, criando um vocabulário filosófico em Latim.
Tornou-se o homem mais importante de Roma, ao lado de Marco Antônio. O primeiro, como porta-voz do Senado e o segundo como Cônsul. Só que os dois nunca tiveram uma relação amigável, o que piorou quando Cícero acusou Marco Antônio de abusar na interpretação das intenções e dos desejos de Júlio César.
Cícero articulou um plano para colocar no poder o herdeiro de César, contudo seu plano não saiu como desejava. Octaviano aliou-se a Marco Antônio e formaram um triunvirato juntamente com Lépido para governar Roma.
Esse triunvirato elaborou uma lista de pessoas que deveriam ser consideradas inimigas do Estado, na qual Cícero foi incluído. Como o intelectual romano era muito bem visto por grande parte do público, Octaviano também se recusou a inseri-lo nessa listagem. Mas a medida foi inevitável.
Cícero foi capturado no dia 7 de dezembro do ano 43 A.C. , quando tentava fugir para a Macedônia. Seus escravos ainda tentaram escondê-lo, mas os assassinos o encontraram e o mataram. Cícero teve a cabeça cortada e as mãos também, por ordem de Marco Antônio, partes que foram pregadas no Fórum Romano.
O que Cícero clamava há dois mil anos pode ter se perdido entre as infinitas ressonâncias dos séculos. Mas, a corrupção que ele condenava continua impassível, cantando as suas vitórias e vangloriando-se da sua longa impunidade. Para poucos ouvidos ainda ecoam, da sombra de dois mil anos, as apóstrofes dos discursos de Cícero; e ouvindo-as, fica-se menos espantado diante dos quadros de corrupção e impunidade dos dias atuais.
Pergunta-se, ainda hoje, se toda aquela degradação social era possível em Roma, dentro do Senado e sob a indiferença do povo-rei. E os exemplos de homens da estirpe de Cincinato e Régulo, de que serviram? Onde andam os homens como Catão, o Antigo? Onde anda aquela jovem patrícia citada por Renan e cujo epitáfio dizia que fora bela, e que fiara o seu linho sem jamais sair de casa? É o próprio Cícero quem responde:
”A severidade dos costumes não está hoje em prática. Ainda mais, quase não se leem os livros que as recomendam; envelheceram e estão desatualizados. Hoje em dia, os livros que pregam que se deve seguir penosamente o caminho do direito para chegar à glória, são abandonados nas solidões das escolas”.
Essas palavras tem vinte séculos. Mas, repetidas em nossa época, ainda se traduzem em todas as línguas, sobretudo entre os povos mais novos, que poderiam, ao menos, ter a desculpa da inocência e da boa fé.
Justamente a fraude, a corrupção e o suborno se constituíram, em nosso tempo, as marcas predominantes nos crimes contra o patrimônio.
O que Cícero clamava, há dois mil anos, pode se ter perdido entre as infinitas ressonâncias dos séculos. Mas a corrupção que ele verberou continua, impassível, cantando as suas vitórias e vangloriando-se da sua longa impunidade.
Foi na antiga civilização romana que o modelo político da república se desenvolveu.
República, em sentido literal, quer dizer “Coisa Pública”, “Bem Público”, isto é, aquilo que diz respeito à vida em sociedade, à administração dos interesses e necessidades de todos.
Esse modelo político passou a vigorar na antiga Roma após a queda de Tarquínio, o Soberbo, último rei da dinastia etrusca (dinastia que governou Roma durante 244 anos), no ano de 509 anos AC.,
Com o advento da República, a estrutura monárquica foi abandonada e em seu lugar, novas instituições foram erguidas. Dentre elas, as mais importantes eram a Magistratura (que executava a administração pública) e o Senado (composto pelos cidadãos mais velhos, que eram encarregados da elaboração das leis e do controle da ação dos magistrados).
Dos vários cargos da magistratura, o mais alto era o de Cônsul. Quem estava à frente do poder da República eram dois Cônsules, escolhidos pela Assembleia Curiata, ou Assembléia das Cúrias, organismo legislativo, que existiu durante o período da Monarquia em Roma..
Na década de 60 a.C., Catilina, que já era um militar e senador famoso, e que também já havia passado por cargos de magistratura, pretendia ser designado Cônsul da República. Mas Catilina era encarado com desconfiança por seus pares.
Muitos viam nele um risco para as instituições republicanas. Em retaliação, Catilina, junto a seus aliados, entre eles o ex-Cônsul Públio Cornélio Lêntulo Sura, procurou organizar uma sublevação, ou golpe, contra a República. Esse golpe consistia no assassinato dos dois cônsules e na subjugação do Senado.”
Os extremos como conservadorismo, liberalismo, feminismo, machismo e outros devem ser evitados, pois atentam contra o Estado de Direito Constitucional.
A fraude, a corrupção e o suborno constituem, no tempo atual, as marcas predominantes dos crimes contra o patrimônio público.
O ladrão violento, nos dias atuais, passou a ser figurante, no palco onde se exibem os assaltantes do erário público e os ladrões de colarinho branco.
O cangaceiro brasileiro do tipo de Lampião e os “fora da lei” do oeste americano são personagens que saíram do palco, postos para fora do cenário, pelos golpistas e trapaceiros que estão em evidência.
É nas metrópoles, que agem esses bandidos elegantes, simpáticos, bem vestidos e sociáveis, que comandam o crime, esboçando sempre um sorriso sardônico.
Como exemplo, pode ser citado Al Capone, cavalheiro distinto, de superior elegância, que era considerado o rei dos “gangsters”. Morreu docemente, sem nenhum remorso, e ainda hoje é lembrado como um herói.
O que Cícero clamava, há dois mil anos, pode ter se perdido entre as infinitas ressonâncias dos séculos. Mas, a corrupção que ele condenava, continua, impassível, cantando as suas vitórias e vangloriando-se da sua longa impunidade. Para poucos ouvidos ainda ecoam, da sombra de dois mil anos, as apóstrofes dos discursos de Cícero; e ouvindo-as, fica-se menos espantado diante dos quadros de corrupção e impunidade dos dias atuais.
Pergunta-se ainda hoje, se toda aquela ignomínia era possível em Roma, dentro do Senado e sob a indiferença do povo-rei. E os exemplos de homens da estirpe de Cincinato e Régulo? Onde andam os homens como Catão o Antigo? Onde anda aquela jovem patrícia citada por Renan e cujo epitáfio dizia que fora bela, e que fiara o seu linho sem jamais sair de casa? É o próprio Cícero quem responde:
”A severidade dos costumes não está hoje em prática. Ainda mais, quase não se leem os livros que as recomendam; envelheceram e estão desatualizados. Hoje em dia, os livros que pregam que se deve seguir penosamente o caminho do direito para chegar à glória, são abandonados nas solidões das escolas”.
Essas palavras tem vinte séculos. Mas, repetidas em nossa época, ainda se traduzem em todas as línguas, sobretudo entre os povos mais novos, que poderiam ao menos ter a desculpa da inocência e da boa fé.
Justamente a fraude, a corrupção e o suborno se constituíram, em nosso tempo, as marcas predominantes nos crimes contra o patrimônio.
Foi na antiga civilização romana que o modelo político da república se desenvolveu.
República, em sentido literal, quer dizer “Coisa Pública”, “Bem Público”, isto é, aquilo que diz respeito à vida em sociedade, à administração dos interesses e necessidades de todos.
Esse modelo político passou a vigorar na antiga Roma após a queda de Tarquínio. o Soberbo, último rei da dinastia etrusca (dinastia que governou Roma durante 244 anos), no ano de 509 anos AC.,
Com o advento da República, a estrutura monárquica foi abandonada e em seu lugar, novas instituições foram erguidas. Dentre elas, as mais importantes eram a Magistratura (que executava a administração pública) e o Senado (composto pelos cidadãos mais velhos, que eram encarregados da elaboração das leis e do controle da ação dos magistrados).
Dos vários cargos da magistratura, o mais alto era o de Cônsul. Quem estava à frente do poder da República eram dois Cônsules, escolhidos pela Assembleia Curiata, ou Assembléia das Cúrias, organismo legislativo, que existiu durante o período da Monarquia em Roma.
Na década de 60 a.C., Catilina, que já era um militar e senador famoso, e que também já havia passado por cargos de magistratura, pretendia ser designado Cônsul da República. Mas Catilina era encarado com desconfiança por seus pares. Muitos viam nele um risco para as instituições republicanas. Em retaliação, Catilina, junto a seus aliados, entre eles o ex-Cônsul Públio Cornélio Lêntulo Sura, procurou organizar uma sublevação, ou golpe, contra a República. Esse golpe consistia no assassinato dos dois cônsules e na subjugação do Senado.”
DAS CATALINÁRIAS:
“Por quanto tempo ainda há de zombar de nós essa tua loucura? A que extremos se há de precipitar a tua audácia sem freio? Nem a guarda do Palatino, nem a ronda noturna da cidade, nem os tremores do povo, nem a afluência de todos os homens de bem, nem este local tão bem protegido para a reunião do Senado, nem o olhar e o aspecto destes senadores, nada disto conseguiu perturbar-te? Não sentes que os teus planos estão à vista de todos? Não vês que a tua conspiração a tem já dominada todos estes que a conhecem? Quem, de entre nós, pensas tu que ignora o que fizeste na noite passada e na precedente, em que local estiveste, a quem convocaste, que deliberação foram as tuas?
“Oh tempos, oh costumes! O Senado tem conhecimento destes fatos, o cônsul tem-nos diante dos olhos: todavia, este homem continua vivo! Vivo?! Mais ainda, até no Senado ele aparece, toma parte no Conselho de Estado, aponta-nos e marca-nos, com o olhar um a um para a chacina. E nós homens valorosos, cuidamos cumprir o nosso dever para com o Estado, se evitamos os dardos da sua loucura à morte, Catilina, é que tu deverias, há muito, ter sido arrastado por ordem do cônsul, contra ti e que se deveria lançar a ruína que tu, desde há muito tempo, tramas contra todos nós.”
Para onde quer que se olhe, a paisagem não está tranquila. Se as árvores estão paradas e as casas mudas e tristes, o seu silêncio é o de estarrecimento, insegurança e torpor.
O povo sofre a crise constitucional que afeta os poderes da Democracia.
Falido financeiramente, Catilina, filho de família nobre, juntamente com seus seguidores subversivos, planejava derrubar o governo republicano para obter riquezas e poder. No entanto, após o confronto aberto por Cícero no senado, Catilina resolveu afastar-se, indo juntar-se a seu exército ilícito para armar defesa.
Segundo registros históricos, após o quarto discurso, Catilina estava condenado à morte, mas recusou-se a entregar-se e foi morto em um campo de batalha no ano seguinte.
O modelo político de República passou a vigorar na antiga Roma, após a queda do último rei da dinastia etrusca que governou Roma durante 244 anos, chamado Tarquínio, o Soberbo, no ano de 509 a.C. Com o advento da República, a estrutura monárquica foi abandonada e, em seu lugar, novas instituições foram erguidas.
Cícero, que havia sido designado como um dos cônsules, no ano de 63 a.C., encarregou-se de desmascarar Catilina dentro do senado, por meio de discursos, os quais ficaram conhecidos até hoje por Catilinárias e são notáveis pela elegância de estilo e pela firmeza das acusações ciceronianas.
“Até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência?
Por quanto tempo a tua loucura há de zombar de nós?
A que extremos se há de precipitar a tua desenfreada audácia?
Nem a guarda noturna do Palatino,
nem a ronda da cidade,
nem o temor do povo,
nem a afluência de todos os homens de bem,
nem este local tão bem protegido para a reunião do Senado,
nem a expressão do voto destas pessoas?
nada disto conseguiu perturbar-te?
Não te dás conta que os teus planos foram descobertos?
Não vês que a tua conspiração está vinculado ao conhecimento de tudo isto?
Quem, dentre nós, pensas tu que ignora o que fizeste na noite passada e na precedente, onde estiveste, com quem te encontraste, que decisão tomaste?
Oh tempos, oh costumes!”
Original (em latim): Marcus Tullius Cicero
— Quo usque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?
Quam diu etiam furor iste tuus eludet?
Quem ad finem sese effrenata iactabit audacia?
Nihilne te nocturnum praesidium Palatii,
nihil urbis vigiliae,
nihil timor populi,
nihil concursus bonorum omnium,
nihil hic munitissimus habendi senatus locus,
nihil horum ora vultusque moverunt?
Patere tua consilia non sentis?
Constrictam omnium horum scientia teneri coniurationem tuam non vides?
Quid proxima, quid superiore nocte egeris, ubi fueris, quos convocaveris, quid consilii ceperis, quem nostrum ignorare arbitraris?
O tempora, o mores!