Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão sexta, 28 de setembro de 2018

A HIGIENIZAÇÃO PETISTA

 

A higienização petista

É possível arruinar a democracia por meio de sua desmoralização paulatina e constante, como fez o PT sistematicamente há mais de três décadas

O Estado de S.Paulo

28 Setembro 2018 | 03h00

 

O ex-presidente Lula da Silva disse diversas vezes que “sempre” aceitou o resultado das várias eleições que perdeu. “Quando perdi, nunca fui para rua reclamar. Voltava para casa e discutia com minha mulher e com meu partido. Depois, me preparei para disputar uma nova eleição”, declarou em 2016 o demiurgo petista, repetindo pela enésima vez essa fábula na expectativa de enganar os inocentes. Pois Lula e o PT nunca aceitaram o resultado das eleições presidenciais que perderam e jamais enxergaram legitimidade nos presidentes aos quais faziam oposição - basta lembrar que o partido pediu o impeachment de Fernando Collor, de Itamar Franco e de Fernando Henrique, além de liderar uma campanha pela destituição do presidente Michel Temer.

Essa reiterada demonstração do espírito antidemocrático do PT e de Lula precisa ser relembrada no momento em que está em curso uma tentativa de higienizar a trajetória flagrantemente autoritária do partido e de seu líder para, com isso, marcar diferença em relação ao candidato Jair Bolsonaro (PSL). Segundo essa versão imaginosa, somente o truculento ex-capitão representaria uma ameaça real à democracia, enquanto o PT, malgrado seus eventuais arroubos, sempre se pautou pelas “regras do jogo”.

Provas disso, segue a lenda, seriam não somente a alegada disposição de Lula da Silva de aceitar os resultados das eleições que perdeu, como também o suposto comportamento exemplar do partido quando esteve no poder. Segundo se diz, o PT passou 14 anos no poder sem ameaçar a ordem institucional e a Constituição, razão pela qual não haveria nenhum motivo para temer uma ruptura se o lulopetismo voltar ao governo. 

Já com Bolsonaro, sustenta essa narrativa, a história é bem outra. O ex-capitão já elogiou o regime militar e os torturadores de presos políticos, além de ter em sua chapa, como vice, um general que admite publicamente a hipótese de que o presidente da República dê um “autogolpe” se houver “anarquia”. Isso bastaria para demonstrar que o País estaria à beira de uma ditadura militar caso Bolsonaro venha a ganhar a eleição, enquanto com o PT esse risco não existiria.

Ora, não é preciso grande esforço para atestar a falácia de tal versão. Ameaças à democracia não se dão somente sob a forma de golpes militares clássicos, como o que Bolsonaro é acusado de estar tramando. É possível arruinar a democracia por meio de sua desmoralização paulatina e constante, como faz o PT sistematicamente há mais de três décadas.

O PT nunca admitiu contestação à sua ideologia. Impôs-se pela arrogância, patrulhando o pensamento e instaurando aquilo que John Stuart Mill, em seu clássico Sobre a Liberdade, chamou de “tirania da opinião e dos sentimentos dominantes”. Para isso, estendeu seus tentáculos sindicais e militantes às universidades e ao mundo artístico, atrelando o debate acadêmico e cultural à doutrina lulopetista. Quando esteve a ponto de ser destruído em razão dos muitos esquemas de corrupção que capitaneou - esquemas que, aliás, são também uma forma de minar a democracia -, o PT renasceu capturando a causa dos chamados movimentos identitários - de luta por reconhecimento de diversas minorias - e a transformou em arma partidária para dividir ainda mais o País. O PT viceja na discórdia radical e insuperável, inviabilizando o debate democrático.

Ademais, o partido não titubeou em fazer campanha sórdida, inclusive internacional, contra o Judiciário, o Congresso e a imprensa, classificando magistrados, parlamentares e veículos de comunicação como “golpistas” - todos, é claro, mancomunados para perseguir o PT. Não bastasse corroer a democracia por dentro, envenenando as relações entre os cidadãos e atacando as instituições, o PT ainda foi capaz de emprestar entusiasmado apoio a ditaduras como a de Cuba e a da Venezuela, sinalizando perigoso apreço por regimes de força tão ou mais violentos que a ditadura militar brasileira, a qual os petistas vivem denunciando.

A ameaça de Bolsonaro se restringe, por ora, a palavras toscas - e isso é muito ruim. Tão ruim quanto o PT, que já pôde demonstrar, na prática e extensivamente, seu espírito antidemocrático.


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