A GALINHA
Ferreira Gullar
A Galinha
Morta
Flutua no chão
Galinha.
Não teve mar, nem
Quis, nem compreendeu
Aquele ciscar quase feroz. Ciscava.
Olhava o muro.
Aceitava-o negro e absurdo.
Nada perdeu. O quintal
Não tinha
Qualquer beleza.
Agora
As penas são só o que o vento
Roça, leves.
Apagou-se-lhe
Toda cintilação, o medo.
Morta. Evola-se do olho seco
O sono. Ela dorme.
Onde? Onde?