A FLORISTA
Francisca Júlia
Suspensa ao braço a grávida corbelha,
Segue a passo, tranquila… O sol faísca…
Os seus carmíneos lábios de mourisca
Se abrem, sorrindo, numa flor vermelha.
Deita à sombra de uma árvore. Uma abelha
Zumbe em torno ao cabaz… Uma ave, arisca,
O pó do chão, pertinho dela, cisca,
Olhando-a, às vezes, trêmula, de esguelha…
Aos ouvidos lhe soa um rumor brando
De folhas… Pouco a pouco, um leve sono
Lhe vai as grandes pálpebras cerrando…
Cai-lhe de um pé o rústico tamanco…
E assim descalça, mostra, em abandono,
O vultinho de um pé macio e branco.