Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Violante Pimentel - Cenas do Caminho sábado, 31 de outubro de 2020

A FLOR DA LUA (CONTO DA MADRE SUPERIORA VIOLANTE PIMENTEL, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

A FLOR DA LUA

Violante Pimentel

 

Margaret Mee nasceu em 1909 em Chesham, no condado de Buckingham, na Inglaterra. Quando jovem, frequentou as principais Escolas de Arte de sua terra natal. Em 1952, com seu segundo marido, o artista gráfico Greville Mee, veio a São Paulo visitar sua irmã. Acabaram ficando no país e, em 1956, Margaret embarcou rumo ao rio Gurupi, em sua primeira expedição amazônica.

No Brasil, foi professora de Arte na Escola Britânica de São Paulo (conhecida como Saint Paul’s School), tornando-se uma especialista em botânica pelo Instituto de Botânica de São Paulo, em 1958. Explorou a floresta tropical, a partir de 1964, pintando as plantas que via e colecionando algumas para posterior ilustração. Criou quatrocentas pranchas de ilustrações em guache, quarenta sketchbooks e quinze diários.

Perseguia o sonho de ver desabrochar a Flor da Lua, um cacto que só existia na Floresta Amazônica. Possuidora de grandes olhos azuis e enorme cabelo louro, dividido em duas tranças, usava laços verdes na cabeça, em homenagem ao verde da floresta. Maquiava os olhos, para realçar ainda mais a sua beleza.

Encantava-se com os espinhos e flores encontrados na Floresta Amazônica e se preocupava com a sua preservação. Como pintora, passava para suas telas toda a beleza das flores e botões que via de perto, nas expedições das quais participava. Sua mala com pincéis, tintas e telas fazia parte da sua bagagem.

No Rio de Janeiro, o casal residiu numa casa de três andares em Santa Tereza, dentro de um enorme jardim, que era uma mini floresta. Lá apareciam cobras e formigas, que ela não permitia que o IBAMA fosse resgatar. Participou de 15 expedições à Floresta Amazônica, pesquisando plantas, protegendo espécies raras, que estavam prestes a ser destruídas pelos indígenas, para no solo cultivarem mandioca ou construírem choças miseráveis para moradia.

Segundo seus relatos, os índios dispunham de retroescavadeiras e machados de pedra, e com facilidade decepavam as árvores, preparando o solo para plantações.

Achava dinheiro uma coisa suja. Escreveu o livro “Flores da Floresta Amazônica” e ofereceu ao Presidente Geisel, pedindo para que ele o lesse, alertando-o para a importância da Floresta Amazônica e rogando pela sua preservação.

Margaret foi considerada uma das maiores ilustradoras botânicas do século 20. Em 15 viagens à Amazônia, produziu cerca de 400 pinturas da flora tropical, como orquídeas, bromélias, helicônias, entre outras plantas. Parte desse material pode ser vista no seu livro “Flores da Floresta Amazônica”, que inclui ainda trechos de seus diários.

Um trecho de seu diário revela a admiração com que observava a natureza: “Entramos na floresta sozinhas, seduzidas por um campo de plantas maravilhosas: pontas brilhantes e vermelhas de Heliconia glauca […] e a bela orquídea Gongora maculata, com sua longa inflorescência e seu poderoso perfume aromático, equivalente a centenas de lírios.”

Margareth observava o desabrochar das flores na floresta, dormindo em redes armadas entre as árvores, e chegou a ser hóspede de tribos indígenas.

Certa vez, o Cacique de uma tribo, de quem ela chegou a ser hóspede, pediu-lhe de presente as suas duas enormes tranças, das quais ela se orgulhava. Assustada, Margareth respondeu que se ela cortasse as tranças, o marido a deixaria. O índio ficou pensativo e desistiu do pedido.
Expunha seus quadros no BOX de Londres.

Apaixonada pela Floresta Amazônica, em maio de 1988, já aos 79 anos, Margaret Mee participou da sua última expedição, a 15ª. Finalmente, alcançou o seu ideal de pintar a Flor-da-Lua. Depois de horas navegando entre arbustos espinhentos e ásperos em uma canoa, quase ao fim do dia ela atingiu o remoto local onde a flor a esperava – e ilustrou as primeiras imagens dela no hábitat.

Margareth Mee morreu na Inglaterra, em 30.11.1988, vítima de um acidente automobilístico. Em sua honra, foi fundada a “Margaret Mee Amazon Trust”, organização para educação, pesquisa e conservação da flora amazonense, promovendo intercâmbio para estudantes de botânica e ilustradores de plantas brasileiros, que desejam estudar no Reino Unido ou conduzir pesquisa de campo no Brasil.

No carnaval de 1994, no Rio de Janeiro, a famosa ilustradora botânica e pintora foi homenageada pela Escola de Samba “Beija-Flor de Nilópolis”, cujo enredo foi “Margareth Mee, a Dama das Bromélias” assinado pelo então Carnavalesco Milton Cunha.

“Margaret era uma ecologista quando esse termo ainda nem existia e defender a natureza não estava na moda”, conta Gilberto Castro, velho amigo e proprietário do barco usado em algumas de suas incursões pela Amazônia.

Um ano depois da morte de Margaret Mee, seu marido Greville Mee foi ao Amazonas, cumprir o último desejo da mulher: lançar suas cinzas sobre as águas escuras do rio Negro.

Por onde passava o barco, que conduzia o cortejo fúnebre, a vegetação acompanhava, e ia se fechando, formando um imenso tapete de folhas e pétalas, como se Margareth estivesse assistindo a tudo, o que provocou em todos uma grande emoção.


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