O assovio do vento anuncia a água que está por chegar, aumentando a esperança do povo daquele sertão. Ainda tímidas, espalham-se no céu nuvens de chuva tímida, de neblina preguiçosa. O mato espera fazer-se verde, e faz tempo, aguardaaquela visita tão desejada e rara. O chão, encalombado de tão seco, também confia no bendito líquido para voltar a ser terra. O homem pobre, encarregado de criar os bruguelos postos na vida, ora cada vez mais, joelhos ralados de tanta oração, promessas tantas acertadas com o povo do céu. Poderia um dia pagá-las, tantas que foram feitas? Mas o Pedro lá de cima, dono das chaves e torneiras celestiais, resolveu abri-las e derramar a chuva tanta que sobrou, ocupando barreiros e açudes, e enchendo de alegria, sobremaneira, o coração daquele povo sofrido e que só pedia água. Ela está ali, límpida e limpa, inodora e incolor, saciando sedes, matando vontades tantas vezes não supridas. A chuva veio. Com ela, a festa. Por quanto tempo ficará por ali?
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