De uma hora para outra, a cozinha da casa de Joana e Mandurico começou a exalar um mau cheiro terrível! A patroa escalou a cozinheira para descobrir de onde vinha o odor fétido. Nada foi encontrado e o fedor persistiu. Foi a vez da copeira se encarregar de descobrir de onde vinha o mau cheiro. Ela e a cozinheira se empenharam na caça à catinga e não obtiveram êxito. Limparam a casa toda, os móveis, o fogão e a geladeira, mas o mau cheiro de coisa podre persistia. No dia seguinte, ainda estava pior.
No terceiro dia, quando Mandurico chegou do trabalho, ensaiou dar um escândalo com a mulher, por causa do mau cheiro que continuava. Não admitia uma coisa daquela, se ele pagava à cozinheira, arrumadeira, lavadeira e engomadeira, para não ter preocupação. Não tinha cabimento ele ainda encontrar a casa fedendo.
A mulher se voltou contra o marido, pondo a culpa no desleixo das serviçais. Ao mesmo tempo, reconheceu que estava sendo injusta com elas, pois, conjuntamente, tinham feito uma faxina geral na casa, todas empenhadas em descobrir o foco do mau cheiro.
Mandurico ameaçou dispensar todas as serviçais, caso o problema não fosse resolvido no prazo de 24 horas. Houve choro e uma revolta conjunta, das empregadas e da patroa.
A casa estava visivelmente limpa e encerada com Cera “Parquetina”; os móveis estavam lustrando e cheirando a óleo de Peroba, e o terrível mau cheiro persistia.
No dia seguinte, Joana acordou às cinco horas da manhã e trouxe dois vidros de perfume francês, de 100 ml, para ela mesma espalhar pela cozinha e pelo resto da casa.
Para Joana, o efeito do perfume foi ótimo. Neutralizou, momentaneamente, o fedor. Mas o marido não gostou. Ao descer para tomar café, ele mesmo saiu farejando pela casa toda, com um lenço tapando o nariz, para não vomitar. A mistura do perfume francês, com o mau cheiro entranhado na casa, irritou ainda mais Mandurico.
Aos gritos, o homem teve um acesso de raiva:
-Jogaram perfume numa ruma de cocô!!!
Muito irritado, o dono da casa começou a revirar a cozinha. Puxou todas as gavetas de um móvel, onde eram guardados os panos de prato, e, numa delas, encontrou um ninho de ratos mortos e podres.
Ele mesmo costumava, antes de ir dormir, colocar perto desse móvel alguns pedacinhos de queijo com raticida, para acabar com os ratos que invadiam a cozinha de sua casa, através de um pergolado.. Vinham de um terreno baldio, que havia ao lado. Pela lógica, os ratos comiam o queijo envenenado e entravam numa das gavetas do tal móvel.
A culpa foi do patrão.