No espaço entre o céu e o chão, bem mais próximos do chão que do céu, os fios da ganância e da concorrência entre operadoras de celular dançam a dança da algaravia, sobrepostos entre si, pendurados aos postes, alguns quase tocando o espaço em que o povo tenta andar. Barulhos e zumbidos de ambulantes que não ambulam, aboletados em suas barracas, impedem o fluxo normal de quem por ali passa, tumultuando o que deveria ser uma calçada para pedestres. Restos de comida e esgotos mal acondicionados infestam o ar de uma falta de cheiro digna dos mais infectados mercados das piores cidades do mundo. Carros e ônibus brigam por pedaços pequenos de ruas e avenidas e o ar, de tão poluído, é cinzento, a olho nu. Fumaça e óleo queimado, seus ingredientes O velhinho que pede esmola confunde sua voz de pedido com a estratégia de marketing do camelô querendo vender suas capas para celular. Onde estamos? Para onde vamos? Quando teremos uma Boa Vista passeando por aquela avenida?
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