A BALSA
Raimundo Floriano
A balsa é um símbolo que infla de justificado orgulho o coração de todos nós balsenses, de nascimento ou por adoção. Antes mesmo de chegar à nossa região qualquer sinal de progresso, ela já servia de transporte para os sertanejos ribeirinhos, como também para sua produção agropecuária até o litoral.
Por isso mesmo, deu nome à nossa cidade: Santo Antônio de Balsas! E tem sua imagem inscrita em nosso Brasão Municipal!
Foi, em sua época, o principal fator de desenvolvimento das populações ribeirinhas ao longo da Bacia do Parnaíba.
Além de passageiros, as mercadorias mais usualmente transportadas eram o arroz, o feijão, o milho, o coco babaçu, o algodão descaroçado, couros de bovinos, peles de caças silvestres e também animais vivos, preferencialmente galináceos e suínos.
Há notícia de balsas que chegavam a transportar 40 toneladas de mercadoria.
A principal matéria-prima utilizada na feitura de uma balsa era o talo de buriti. Nada se utilizava que não viesse diretamente do mato. As embiras com que se faziam as cordas para servirem de amarras; as varas com que se trancafiavam os talos e a armação do teto; as palhas de piaçaba ou de babaçu, para a cobertura; e, por fim, as vogas – espécies de leme –, enormes remos presos a suportes enfiados nas extremidades das balsas, com os quais o mestre e o contramestre a manobravam para um lado ou para o outro, em busca do canal mais profundo do rio. A tripulação era simples, um mestre, que seguia na frente, e um contramestre, que manobrava na ré e servia, também de cozinheiro, com seu fogão de barro.
Navegando ao sabor das águas, e parando ao anoitecer, uma viagem de Balsas a Teresina levava uns 15 dias! Chegando ao destino, as balsas eram desmanchadas, e a tripulação retornava ao ponto de partida, geralmente a pé.
(A foto que ilustra esta matéria pertence ao acervo do amigo florianense Teodoro Sobral)