A AVENIDA
Ferreira Gullar
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O relógio al alto,
As flores que o vento subjuga
A grama a crescer
Na ausência dos homens.
Não obstante,
As praias não cessam.
Simultaneidade!
Diurno milagre, fruto de
Lúcida matéria – Imputrescível!
O claro contorno elaborado sem descanso.
Alegria limpa, roubada
Sem qualquer violência
Ao trabalho doloroso das coisas!
2
Matéria! Esta avenida é eterna!
Que fazem os galhos
Erguidos no vazio
Se não garantem sua permanência?
O relógio ri.
O canteiro é um mar sábio
Contido, suicidado.
Na luz desamparada,
As corolas desamparadas.
3
Precárias são as praias dos homens:
Praias que morrem na cama com ódio
E o sexo: perde- no pó sem voz.
A importância das praias para o mar!
Praias, amadurecimento:
Aqui o mar crepita e fulgura
Fruto trabalhado dum fogo seu,
Aceso das águas,
Pela faina das águas.