O transtorno de ansiedade se caracteriza por um sentimento excessivo de alerta que nos impossibilita de realizar as mais básicas tarefas cotidianas. Fonte: Google Imagens.
Cada vez mais, a humanidade parece estar se tornando mais ansiosa com o passar do tempo. O que poderia estar causando isso? Teria algo a ver com o nosso modo de vida moderno? Qual seria a causa deste grande mal que está nos tornando mais ansiosos?
A ansiedade, e mais especificamente, o TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada) tem se tornado tópico comum de debate nos tempos atuais. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), nos últimos anos houve um aumento significativo em todo o mundo, na frequência de transtornos relacionados à ansiedade. O Brasil encontra-se entre os líderes nas estatísticas dos níveis de ansiedade, sendo um dos países com a maior taxa de portadores de distúrbios relacionados à ansiedade no mundo, panorama que tem piorado e muito com a atual pandemia de Covid-19.
Mas o que é a ansiedade? Nada mais é do que uma reação natural do corpo, desencadeada em momentos de tensão ou estresse. Essa reação caracteriza-se por diversos sintomas cognitivos e físicos, entre eles o medo, estado de alerta e fuga, respiração acelerada, arrepios, taquicardia e suor. No passado, no tempo dos ancestrais do homem, essa reação era bastante lógica e eficaz, pois o perigo sobre a vida era iminente e o corpo se preparava para fugir fisicamente de uma ameaça próxima, como um grande predador felino. Nos dias modernos, este panorama mudou, e agora as ameaças assumiram outras formas, que vão desde eventos sociais e apresentações até compromissos de trabalho ou faculdade. Ou seja, o nosso ambiente mudou, mas a reação do nosso corpo a este ambiente continua a mesma, e esta reação muitas vezes não nos ajuda a combater o problema que se apresenta de uma forma adequada. Cabe a nós aprender sobre esta reação e obter conhecimento para reconhecer e trabalhar da melhor forma com ela.
Portanto, sentir ansiedade nestes eventos comuns da vida moderna, como eventos, compromissos ou outras situações é normal. É uma reação natural do corpo. O problema é quando esse sentimento é insistente ao longo de meses, em situações diversas e paralisa o indivíduo, impedindo-o de realizar as mais simples tarefas cotidianas, neste momento ele se torna patológico, e faz-se necessário a busca por ajuda médica especializada.
Cada pessoa possui uma forma individual de enxergar e reagir ao mundo, da mesma forma existem coisas que causam maior preocupação em algumas pessoas do que em outras. Por causa disso, as causas da ansiedade podem variar de um indivíduo para o outro. A genética é um importante fator que não pode deixar de ser considerado, o transtorno estando muitas vezes presente em diversos indivíduos de uma mesma família e em diferentes gerações. Também são importantes os fatores ambientais e a capacidade emocional de resposta do indivíduo a este ambiente e seus desafios, sendo este conhecimento crucial para se obter uma melhor forma de controle de ansiedade para este indivíduo. Compromissos diários, como trabalho e faculdade, e até relações sociais muitas vezes estão no ponto de origem para situações de ansiedade extrema.
Os sintomas mais comuns da ansiedade excessiva são bastante característicos e não muito difíceis de serem notados, justamente por trazerem uma manifestação física. Existem pessoas que buscam um cardiologista, por exemplo, por receio que haja algo errado com o seu coração, sem saber que a origem do problema não está ali. Geralmente, a ansiedade pode se apresentar como: Sintomas físicos: taquicardia (coração acelerado), suor em excesso, respiração irregular e dor de cabeça; Sintomas comportamentais: irritabilidade, impulsividade e agressividade; Sintomas cognitivos: dificuldade em se concentrar, excesso de preocupação, dificuldade de tomada de decisões e dificuldade para dormir (insônia); Sintomas emocionais: se sentir incapacitado, paralisado, triste, nervoso e com sensação de tragédia iminente. Um indivíduo que sofre de ansiedade crônica pode apresentar alguns desses sintomas diariamente, de forma simultânea. Muitas vezes, uma crise de ansiedade alimenta outra, já que os sintomas físicos podem se tornar bem aparentes, o que causa medo e preocupação, desencadeando um processo que mantém o estado de mal estar por muito mais tempo.
Estaria o nosso modo de vida atual, super conectado e acelerado, contribuindo para o aumento e piora deste problema? Com certeza está afetando as pessoas que já possuem uma predisposição, porque através desta vida moderna cheia de redes sociais, estamos cada vez mais tendo menos experiências concretas de relacionamentos, pessoais ou profissionais, e estão sendo substituídas por expectativas e percepções fixas sobre o mundo, percepções muitas vezes distorcidas. Há um maior número de informações e de situações em que a ansiedade pode acontecer ainda de forma natural. Para que ela vire um transtorno, vai depender do indivíduo, de sua carga genética e de suas experiências de vida. A vida moderna está repleta de situações potencialmente ansiogênicas, o que se torna um problema para aqueles que são mais vulneráveis.
Embora a ansiedade seja reconhecidamente o mal do século, o tema ainda dá margem para muito debate. Muitas vezes, falta compreensão e coragem da sociedade para enfrentar o problema, ao mesmo tempo em que existe preconceito e banalização sobre o mesmo, provocando distorções e naturalizando o problema. Entender as principais variáveis e compreender o problema é essencial para um melhor tratamento, sempre buscando ajuda especializada e utilizando o método mais adequado para cada situação. Precisamos cuidar de nossa saúde mental para termos tempos mais tranquilos pela frente.