Quando Manu conheceu Rosana, apaixonou-se, ela era filha de um estivador do cais do porto. A outra irmã Francisca era também uma jovem bonita, porém, nasceu com um defeito na perna direita, andava se arrastando. Pela vigilância de seu Béu, as filhas nunca casariam. Nas festas de natal da praça 13 de Maio, as jovens só apareciam acompanhadas da mãe, Dona Albertina. Manu começou a namorar Rosana escondido do pai. Quando podia ele acompanhava a namorada na saída do colégio, no caminho parava à sombra de uma árvore, conseguia uns beijinhos. À noite, seu Béu dormia cedo cansado de carregar sacos de açúcar nas costas, Manu e Rosana se encontravam no fundo do quintal, ficavam entre beijos e abraços. Numa noite de luar, forraram o chão com palha de bananeira e aconteceu a primeira vez, a marca de sangue ficou na areia cinza do quintal. Não pararam mais.
Até que um dia, Rosana deu a notícia: grávida. Foi uma complicação. Seu Béu botou a boca no mundo, mandou chamar Manu, acertaram o casamento dentro de um mês, Manu ficaria morando na casa dos sogros e daria uma contribuição para as despesas. Quando o filho nasceu, o pai botou o nome de Rivelino, o melhor jogador do Brasil, na época. O sogro ficou encantado com o neto e estreitou amizade com Manu. Todo fim de semana tomavam uma garrafa de Pitu e umas cervejinhas. Quando havia festa Manu levava Rosana e Francisca que nunca arranjava namorado, talvez por arrastar a perna; ele tinha pena da cunhada e ficava chateado quando alguém se referia à Chica como aleijadinha. Certo dia o sogro teve um infarto quando embarcava saco de açúcar na balsa. Morreu na hora. Manu ficou morando com a sogra e as duas irmãs. Dona Albertina recebeu uma indenização mixuruca e ficou com uma pequena pensão de estivador.
Certa vez, Francisca deixou a porta de seu quarto meio aberta, estava apenas de calcinha, Manu ao passar excitou-se. Dias depois, a sogra e Rosana foram a um aniversário levando Rivelino. Manu e Francisca ficaram em casa sentados no sofá assistindo uma novela. De repente, a cunhada aproximou-se, segurou a mão de Manu, se beijaram, terminaram na cama fazendo amor. Rápido ela lavou o lençol marcado com o sangue de sua virgindade. Toda vez que os dois ficavam sozinhos, acontecia amor, a aleijadinha era boa de cama. Até que um dia, feliz da vida, Chica mostrou ao cunhado o resultado de exame: grávida. Manu deu-lhe um esbregue:
–“Você não tomou o anticoncepcional sua irresponsável?”
Ela respondeu na maior alegria:
– “Tomei nada. Era isso que eu queria. Vou ser mãe, que coisa maravilhosa.”
Manu perguntou como diriam à Rosana? Ela respondeu alegre que o problema era dele. Quando as duas chegaram de um aniversário com Rivelino, Manu falou para Rosana que precisava uma conversa urgente no quarto Ao sentarem na cama, Manu contou o drama.
– Rosana tudo pode acontecer na vida, e aconteceu um caso muito grave, eu quero que você saiba por mim. Há uns meses você e Dona Albertina saíram com Rivelino, fiquei sozinho em casa tomando minha cachacinha, sua irmã também estava em casa, ficamos bebendo, meio de porre terminamos transando. E o pior, hoje a Francisca me disse que estava grávida. Esse é um grave problema, quero resolver com você, minha mulher que amo.
Rosana olhou para o marido, respondeu sem parar.
– Manu, pensa que eu sou besta? Você insinuou que transou com minha irmã apenas uma vez e engravidou. Fique sabendo que eu e mamãe sabíamos de tudo, desde a primeira vez que você transou com ela. Chica me contou, ela estava tão feliz, queria engravidar. Eu amo minha irmã, sou capaz de dar a vida por ela. Sempre tive uma pena louca por ela puxar da perna, quando éramos menina, muita gente mangava, chamava-a de aleijadinha. Quando ficamos mocinha ninguém queria namorar a Chica. Ela teve apenas um namorado que acabou por causa das brincadeiras de mau gosto de seus os amigos. Quando lhe conheci, me apaixonei por ser um homem generoso e batalhador. Nasceu o Rivelino, minha irmã ficou encantada com o sobrinho. Confessou-me que o maior sonho de sua vida era ter um filho. Pensava em ser mãe solteira. Eu tinha uma pena louca dela, depois que papai morreu, aumentou a dedicação de Francisca com Rivelino. Numa noite você chegou bêbado em casa, tirei sua roupa, dei-lhe um banho, fiquei com tanta raiva que não consegui dormir, foi quando eu tive a ideia. Se minha irmã quer um filho, porque não do sem-vergonha de meu marido? Pelo menos fica tudo aqui em casa. Amadureci a ideia e falei com Francisca. Ela me deu um abraço, começou a chorar.
– “Você seria capaz de fazer isso por mim, minha irmã? Emprestar seu marido?”.
Resolvemos contar nosso plano à mamãe, ela aprovou. Deixamos o resto acontecer acreditando na sua sem-vergonhice. Você é o pai da criança, assuma a paternidade no cartório e como disse minha mãe:
-“O povo que vá à merda”. Vamos ter uma família feliz.
Manu ficou de queixo caído com a astúcia das irmãs e a sogra. Ele vive normalmente com as duas mulheres. Tem dois filhos com a Rosana, Rivelino e Leila, e uma filha com a Chica, a Janaína. É uma casa feliz, os quatros não estão nem aí para a língua ferina do povo. Duas ou três vezes por semana Manu faz uma visita ao quarto de Francisca. Acha a aleijadinha melhor de cama que a irmã.