Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)
Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.
O Globo sexta, 24 de agosto de 2018
ZECA CAMARGO: NÃO EXISTE PASSAPORTE MELHOR DO QUE A COMIDA
Não existe passaporte melhor para uma cultura do que a comida', disse Zeca Camargo
Apresentador conduziu uma viagem aos sabores da Índia no Rio Gastronomia
POR BRUNA VELON
/ atualizado
Depois de beber um negroni no bar Rio Coquetelaria, tomar um caldo de frutos do mar no Irajá e comer arroz de vaca atolada no Aconchego Carioca, o apresentador Zeca Camargo subiu ao palco do Auditório Senac para levar o público à cozinha indiana. Enquanto o jornalista contava sobre suas viagens ao país asiático, o chef Varunesh Tuli ensinava a receita da ricota mexida, muito temperada e aromática, o Paneer Bhurjee.
- O Tuli ficou cozinhando o dia todo para preparar essa degustação para 150 pessoas. É muita gente, né? Eu só vim provar - brincou o apresentador - A cozinha indiana se parece com a brasileira, eles também carregam nos temperos, pimentas, as comidas são muito saborosas e perfumadas.
A dupla acaba de lançar o livro “Índia, sabores e sensações” (Companhia das Letras) com receitas vegetarianas - que são a base da dieta indiana. Com os aromas tomando conta do ambiente e a degustação rolando, o público interagiu com os experts e aprendeu sobre os costumes indianos.
O Rio Gastronomia é uma realização O GLOBO com apresentação do Sesc RJ e do Senac RJ, patrocínio master de Santander e patrocínio de Pão de Açúcar, Stella Artois e Sebrae. O evento tem ainda o apoio de CEG Gas Natural Fenosa, Azeite Andorinha, Air France, Toalhas e guardanapos Coquetel, Amázzoni Gin, Magnésia de Phillips Tabs, Água Mineral São Lourenço, Volkswagen, CVC e Orfeu como Café Oficial e parceria com Sindicato de Bares e Restaurantes (SindRio).
O Globo quinta, 23 de agosto de 2018
RORAIMA ABANDONADA PELO BRASIL
Roraima, abandonada pelo Brasil
O que está acontecendo ali é uma confluência de misérias e de incompetências
Cora Rónai
Tive vergonha de ser brasileira quando vi o vídeo dos refugiados venezuelanos sendo expulsos de Roraima ao som do Hino Nacional; mas menos por causa dos brasileiros que os tocavam da sua cidade do que por causa do nosso atual governo, incompetente e omisso, e dos nossos governos passados, igualmente incompetentes, e ainda por cima coniventes e cúmplices da tragédia da Venezuela.
Não conheço Pacaraima, nem os brasileiros de Pacaraima. Não acredito que eles sejam piores do que o resto de nós, brasileiros, nem acredito que sejam particularmente xenófobos — habitantes de cidades de fronteira, em geral, tendem a se acostumar desde cedo com o vaivém de estrangeiros.
Eles apenas não aguentam mais.
É fácil se horrorizar com o seu comportamento do conforto das nossas salas, entre um cafezinho e uma água gelada — até porque o que fizeram é mesmo horripilante, e contraria tudo o que sentimos, tudo o que aprendemos.
É fácil julgá-los nas redes sociais, ignorando as suas circunstâncias.
Mas imaginem uma cidade de dez mil habitantes, com o IDH do Iraque, atravessando, como o resto do país atravessa, uma das maiores crises da sua História; e imaginem essa cidade com quatro mil pessoas a mais, vivendo subnutridas e doentes nas ruas, desesperadas, sem perspectivas, sem trabalho, sem alimento.
É um caldeirão em ponto de fervura, uma tragédia pronta para acontecer.
A Venezuela não se desconstruiu em um dia; os refugiados não chegaram todos ontem, no avião das 19h30m. Eles não são um problema de Roraima, são um problema do Brasil inteiro — que, aliás, até o fim dos tempos, vai ter que conviver com o carma de ter apoiado Chávez e Maduro. A crise humanitária na região Norte vem se agravando ano após ano, mas o governo, agora, está mais preocupado em salvar a própria pele, como lembrou Marina Silva, do que em governar.
O que está acontecendo em Roraima é uma confluência de misérias e de incompetências em todos os níveis. A governadora do estado diz que o governo federal está ausente, e tem deixado Roraima entregue à própria sorte; o governo federal diz que envia recursos, mas que o estado não sabe gerenciá-los. Os dois têm razão.
Enquanto isso, mais de 500 venezuelanos chegam por dia a um estado que mal dá conta da sua própria população; pouco mais de 800 foram encaminhados até agora a outros estados brasileiros, o que é uma piada diante do tamanho do nosso país e da quantidade de imigrantes.
Roraimenses desencantados e ressentidos explicam, nas redes sociais, que os venezuelanos “exportados” para os demais estados têm curso superior e passaporte, atestado de vacinação em dia e nada consta; em Roraima ficariam os outros, os mais fragilizados, os doentes, os que já passaram pela polícia, os que simplesmente não têm forças ou recursos para seguir em frente, uma vasta humanidade confusa, traumatizada e desassistida.
Não é preciso ter muita imaginação para entender o que aconteceu em Pacaraima; mas é preciso ter uma imaginação fértil para compreender o grau de desespero em que se encontra quem acha que, fugindo para um lugar pobre e abandonado como Pacaraima, terá uma vida melhor.
O Globo quarta, 22 de agosto de 2018
DATAFOLHA: SEM LULA, BOLSONARO TEM 22% E MARINA, 16%
Datafolha: Sem Lula, Bolsonaro tem 22%, Marina aparece com 16% e Ciro com 10%
Ex-presidente lidera com 39% das intenções quando seu nome é incluído no levantamento
POR O GLOBO
/ atualizado
RIO — Sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PSL) lidera as intenções de voto na pesquisa Datafolha/Folha/TV Globo divulgada nesta quarta-feira. No cenário em que Lula — preso em Curitiba condenado por corrupção — fica fora da disputa, Bolsonaro aparece empatado com 22% das intenções, seguido por Marina Silva (Rede), que tem 16%. O candidato do PDT, CiroGomes, é o terceiro, com 10%. Geraldo Alckmin(PSDB) aparece tecnicamente empatado com o ex-governador do Ceará com 9%.
No cenário em que Lula não aparece na pesquisa, o Datafolha considera Fernando Haddad (PT), candidato a vice-presidente na chapa petista, como o sucessor do ex-presidente na cabeça de chapa à disputa presidencial. O ex-prefeito de São Paulo aparece empatado com Alvaro Dias, do Podemos, em quinto, com 4% das intenções de voto. Neste cenário, o índice de votos brancos e nulos é de 22%. Os que não sabem ainda em quem votar são 6%, segundo o Datafolha.
Os candidatos Henrique Meirelles (MDB) e João Amoêdo, do Novo, aparecem na pesquisa Datafolha com 2% das intenções de voto. Cabo Daciolo (Patriota), Vera Lúcia (PSTU), Guilherme Boulos (Psol) e João Goulart Filho (PPL) estão com 1%. O candidato do Democracia Cristã, Eymael, não pontuou.
Lula foi condenado em segunda instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no caso relacionado ao tríplex do Guarujá, e está preso em Curitiba. Nesta segunda-feira, o Ministério Público Eleitoral (MPE) voltou a se manifestar contra a candidatura de Lula. O parecer, assinado pelo procurador-geral eleitoral Humberto Jacques de Medeiros, cita a Lei da Ficha Limpa. O pedido do registro de candidatura de Lula será julgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e o relator será o ministro Luís Roberto Barroso.
CENÁRIO COM LULA NA DISPUTA
O Datafolha também testou um cenário em que o ex-presidente Lula aparece na disputa. Neste caso, Lula aparece com 39% das intenções de voto. Em segundo, Bolsonaro tem 19%. Três candidatos estão tecnicamente empatados no terceiro lugar: Marina Silva (Rede) tem 8%, Geraldo Alckmin (PSDB) tem 6% e Ciro Gomes (PDT), 5%.
Com Lula, a intenção de votos brancos e nulos somam 11%. Os que ainda não sabem em quem votar são 3%. João Amoêdo (Novo) aparece com 2%. Henrique Meirelles (MDB), Guilherme Boulos (Psol), Cabo Daciolo (Patriota) e Vera Lúcia (PSTU) têm 1%.
O Datafolha ouviu 8.433 pessoas em 313 municípios, de 20 a 21 de agosto. O levantamento foi registrado na Justiça Eleitoral sob o protocolo BR 04023/2018. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos.
O Globo terça, 21 de agosto de 2018
PESQUISA IBOPE MOSTRA QUE ATÉ AGORA NADA IMPACTOU O ELEITORADO
Análise: Ibope mostra que, até agora, nada impactou o eleitorado
Pesquisa é retrato da indefinição que domina disputa
POR PAULO CELSO PEREIRA
/ atualizado
RIO — Nunca houve algo parecido: a corrida presidencial de 2018 começa com um candidato preso e inelegível liderando as pesquisas, seguido por dois representantes de partidos nanicos. A pesquisa Ibope é o retrato da indefinição que domina a disputa deste ano, na qual ao menos cinco nomes parecem ter chances de estar no segundo turno.
Embora não possa ser feita uma comparação direta entre a pesquisa divulgada ontem e as que a antecederam, já que antes havia outros pré-candidatos, o cenário pouco se alterou. A intensa negociação de alianças, os dois primeiros debates televisivos, o lançamento das candidaturas, as diversas entrevistas concedidas... Aparentemente, nada impactou o eleitor.
A resistência do lulismo, no entanto, chama atenção. Condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, preso em Curitiba e inelegível, o ex-presidente Lula é o preferido de 37% dos eleitores. Mais importante que esse número, no entanto, é a constatação de que, ainda que de forma tênue, o ex-presidente pode ter começado a transferir votos para aquele que será o verdadeiro candidato do partido, o ex-prefeito Fernando Haddad.
Sem uma propaganda televisiva sequer, o petista chegou a 4%, se posicionando numericamente à frente de Álvaro Dias. A partir do dia 31, Haddad terá o segundo maior tempo de televisão e rádio para se associar a seu padrinho político.
Para conter a tensão de seus muitos aliados, Geraldo Alckmin repetiu seu bordão: que as pesquisas só se alterarão quando a campanha de TV começar — e, nela, sua vantagem é enorme. Contra o tucano, no entanto, está o fato de Jair Bolsonaro, com quem ele disputa os votos que historicamente iam para PSDB, aparecer em uma sólida primeira colocação no cenário sem Lula, com 20% das intenções de voto — três pontos a mais do que alcançara em junho.
Ciro Gomes e Marina Silva têm contra eles o fantasma lulista. A saída do ex-presidente da disputa leva a candidata da Rede a dobrar suas intenções de voto, de 6% para 12%, e tira Ciro de um empate numérico com Alckmin, ambos com 5%, para a terceira posição, com 9% — enquanto o tucano vai a 7%.
O problema de Ciro e Marina é que as pesquisas mostram uma enorme disposição do eleitor lulista de votar em quem o ex-presidente apontar. Quando indagados sobre o que farão se Lula for impedido de disputar a eleição e apoiar Haddad, 13% dos entrevistados dizem que “com certeza” votarão no ex-prefeito e outros 14%, que “poderiam” votar nele. Mas nem tudo são flores para o PT. Apesar de os lulistas se mostrarem determinados a tentar acender um novo “poste”, 60% dos entrevistados dizem que não votarão “de jeito nenhum” em Haddad caso Lula o apoie.
O Globo segunda, 20 de agosto de 2018
MELAINE TRUMP, A PRIMEIRA-DAMA MISTERIOSA
Melania Trump, a primeira-dama misteriosa
Mulher de Trump é ciosa de sua privacidade e ainda busca impor seu estilo na Casa Branca. Está com ele há 13 anos e já suportou vários escândalos
POR KATIE ROGERS, JULIE HIRSCHFELD DAVIS E MAGGIE HABERMAN, DO 'NEW YORK TIMES'
/ atualizado
WASHINGTON - Horas depois de se mudar para a Casa Branca, em junho do ano passado, a primeira-dama Melania Trump apreciou de uma janela a deslumbrantte vista do Monumento a Washington. "Aguardando as lembranças que criaremos em nosso novo lar!", escreveu num tuíte, com um clique da paisagem.
Mas Melania já compreendia na época que suas tentativas de criar seu próprio papel como primeira-dama virariam alvo de intenso escrutínio, inclusive por parte de seu marido, o presidente Donald Trump.
Melania, uma ex-modelo que prefere se vestir num estilo moderno e sóbrio, já havia escolhido parte da mobília para a residência presidencial na Casa Branca antes de se juntar ao marido lá. Entretanto, em sua ausência, o presidente Trump — mais chegado ao estilo triunfal e cheio de dourados de Luís XV — trocou vários dos móveis por outros de que gostava mais. Uma fonte que se lembra do episódio o descreve como um exemplo de como Trump não cede nem mesmo aos mais simples pedidos da esposa.
PRIVACIDADE EM PRIMEIRO LUGAR
Um ano mais tarde, Melania permanece uma primeira-dama ciosa de sua privacidade e ainda se adaptando à nova vida. Ela tem poucos amigos em Washington, mantém uma agenda de aparições públicas bem light e, quando não está tomando conta de seu filho de 12 anos, Barron, volta para casa em Nova York — pelo menos uma vez por mês, dizem fontes próximas — para reuniões e para visitar um pequeno círculo de amigos e parentes, como sua irmã e seu cabeleireiro.
Diferentemente de outras primeiras-damas, que tinham influência nos bastidores, Melania, segundo dizem seus amigos, prefere se isolar do caos e dos vazamentos da Casa Branca mantendo a Ala Leste (onde ficam os escritórios e funcionários ligados à primeira-dama) operando de forma independente da Ala Oeste (onde estão os principais gabinetes do governo americano).
Sua equipe é pequena — dez pessoas, contra 25 que trabalhavam para Michelle Obama ou Laura Bush —, e ela vem se esforçando para dar mais substância a seu projeto de serviço público, algo atualmente exigido das primeiras-damas. No caso de Melania, o projeto é focado no bem-estar infantil, contra o bullying na internet, e chamado "Seja Melhor", mas parou este mês com a demissão de uma das diretoras depois de seis meses de trabalho.
"A sra. Trump continua a ser a mulher independente que sempre foi e faz as coisas do seu próprio jeito", descreve Stephanie Grisham, sua diretora de comunicação, num e-mail. "Isso deve ser elogiado, não criticado. Suas prioridades continuam sendo sua família, sua saúde e seu papel como primeira-dama."
ATENTA AOS PRÓPRIOS INSTINTOS
Aliados descrevem a primeira-dama como calorosa, espirituosa e envolvente, características que não transparecem em sua atitude diante do público. Como o marido, ignora constantemente a orientação de seus assessores, preferindo seus próprios instintos, e determina que sua equipe reaja a notícias que a desagradam. (Um exemplo: Grisham insistiu que não houve discórdia na escolha da mobília, afirmando que a decoração foi escolhida conjuntamente pelo casal.)
Na verdade, as pessoas tendem a ver em Melania o que já acham do presidente. Para os que apoiam Trump, ela é uma companheira leal e quieta. Para os críticos, é uma figura presa numa gaiola dourada, só saindo de vez em quando para discordar de algo ou cometer uma gafe.
'EU NÃO LIGO, E VOCÊ?'
Em junho, Melania, que tem 48 anos e nasceu na Eslovênia, foi a única pessoa no alto escalão do governo a visitar vários centros de detenção de imigrantes na fronteira dos Estados Unidos com o México depois que várias crianças foram separadas à força de seus pais, como parte da política de "tolerância zero" de Trump para a imigração.
Donald Trump aproveitou a ocasião para dizer que sua esposa, na verdade, estava se referindo à imprensa com a frase na jaqueta, mas uma fonte próxima a Melania contou que o traje em questão era direcionado a qualquer pessoa, dentro ou fora da Casa Branca, que a criticasse por visitar as crianças. Mas a Ala Leste insistiu que não havia qualquer mensagem subliminar.
"Ninguém diz à primeira-dama o que fazer", diz Grisham. "Nosso escritório nada tem a ver com suas escolhas de roupa, e nesse caso não foi diferente".
Em outros casos, Melania opinou diretamente. Neste mês, sua assessoria publicou um comunicado apoiando o trabalho do jogador de basquete LeBron James com crianças horas depois que o presidente Trump o insultou no Twitter, dando a entender que o atleta era um idiota. "LeBron James trabalha para fazer coisas boas pela próxima geração, e a primeira-dama encoraja todos a terem um diálogo aberto sobre os temas envolvendo crianças atualmente", disse o comunicado.
FÚRIA COM CASO DE ATRIZ PORNÔ
Vários amigos e assessores do casal Trump insistem que a dinâmica da relação entre eles não mudou desde que viviam na Trump Tower, em Nova York. Um amigo diz que Melania entrou no relacionamento de olhos bem abertos, e aguentou 13 anos de um casamento repleto de escândalos, além da difícil mudança para a Casa Branca, cujo objetivo principal foi manter a estabilidade da vida do filho.
Críticos se perguntam por que ela ainda permanece ao lado de Trump. Em janeiro, teria ficado furiosa ao saber da suposta tentativa do marido de silenciar com dinheiro a atriz pornô Stormy Daniels, com quem Trump é acusado de de ter tido um caso logo depois que seu filho com Melania nasceu. Os aliados do presidente dizem que ele teme a reação da esposa toda vez que surgem manchetes sobre suas infidelidades, e Trump já disse a amigos que se sente culpado pelas críticas que ela teve de enfrentar.
UMA HARMONIA FRIA
Em sua vida privada, Trump e Melania dão a impressão de gostarem um do outro, diz uma fonte da Casa Branca, mas a a harmonia entre os dois não é particularmente calorosa. Uma pessoa que já passou bastante tempo na companhia de Melania afirma que ela fica muito mais relaxada quando ele não está por perto.
O presidente em geral não cede a ninguém, mas as pessoas próximas da família dizem que Melania é a voz mais forte na vida de Trump. Muitos já a procuraram para voltar a cair nas boas graças do presidente.
— Ele a escuta mais do que ninguém e respeita seu conselho, não só porque ela é sua esposa, mas também porque é leal, confiável, inteligente e tem boa intuição — disse Thomas J. Barrack Jr, um amigo do presidente, numa entrevista. — Além de tudo, tem graça e elegância mesmo sob críticas.
Melania, que diverge do marido em certos temas políticos, às vezes fica frustrada por ele não ceder em nada. Mas não tem medo de ser totalmente sincera, diz Barracks.
— Para ela, ele é apenas Donald.
QUARTOS SEPARADOS
Na Casa Branca, Melania costuma ficar em sua residência, onde já pediu à cozinha pratos mais saudáveis para o presidente (que não dispensa duas bolas de sorvete na sobremesa). Faz pilates e consulta a Associação Histórica da sede do governo americano antes de fazer renovações ou manutenção.
Fora de Washington, Melania se mantém em contato com amigos em Nova York como Suzanne Ircha Johnson, cujo marido, Woody Johnson, é dono do time de futebol americano New York Jets; Stephanie Winston Wolkoff, que tem laços com o mundo da moda e da filantropia na cidade e foi conselheira da primeira-dama por um tempo; Karen LeFrak, esposa do construtor Ricard LeFrak; e a irmã mais velha do presidente, Ines Knauss. Está sempre se comunicando com eles em mensagens cheias de emojis no celular.
"É uma mulher de fibra, nunca tem medo de falar o que pensa", diz Karen LeFrak num e-mail. "Como amiga, vi como desempenha seu papel de primeira-dama com a mesma finesse com que trata os amigos."
Muito poucas pessoas são realmente íntimas de Melania. Seus assessores negam que seus pais morem com ela e dizem que os dois, Viktor e Amalija Knavs, dividem seu tempo entre um apartamento na Trump Tower e uma suíte na Casa Branca que antes era usada pela mãe de Michelle Obama. O casal recentemente recebeu cidadania americana, com a ajuda de Trump.
O Globo domingo, 19 de agosto de 2018
BOSSA NOVA, GÊNERO QUE REVOLUCIONOU A MÚSICA, FAZ 60 ANOS
RIO — Em 21 de agosto de 1958, O GLOBO registrava pela primeira vez em suas páginas o surgimento do marco inicial da bossa nova. Lançado naquele mês, o 78 rotações de “Chega de saudade”, de João Gilberto, foi o estopim da revolução provocada pelo gênero. Agora, 60 anos depois, o jornal volta novamente para o que aconteceu a partir do momento em que aquele disco começou a rodar nas vitrolas — deixando para sempre uma marca no peito dos desafinados do Brasil (e, em seguida, do mundo), e influenciando gerações.
Este especial é em boa parte dedicado ao aniversário de seis décadas da bossa nova, e lança luz sobre as transformações provocadas por aquela batida — em ritmo, letra e harmonia.
Cada um desses aspectos, e seus responsáveis centrais (João Gilberto, Vinicius de Moraes e Tom Jobim, respectivamente), é abordado em textos da equipe do Segundo Caderno e artigos de convidados: o violonista e produtor Luís Filipe de Lima; o professor Walter Garcia; e o professor e pesquisador Miguel Jost.
Uma linha do tempo com os marcos da história da bossa nova e uma discografia de 12 álbuns fundamentais do gênero completam o material especial, assim como o vídeo no qual Mario Adnet, ao violão, explica a batida de João e avalia os caminhos que levaram até ela.
O álbum está mergulhado no romantismo do samba-canção, apesar da modernidade que já se mostrava nas canções de Tom e Vinicius. Mas é ali que "Chega de saudade". E o violão de João Gilberto aparece pela primeira vez, anunciando o futuro.
O especial documenta ainda a importância formadora do gênero que, se não define mais os anseios do Brasil de hoje (quando o sertanejo e suas variações são a grande música popular, ao lado do funk), ainda segue sendo pertinente para que se entenda o país. Mais do que isso, continua sendo ouvido, como mostra o levantamento feito pela Playax, empresa de inteligência estratégica para desenvolvimento de audiência, a pedido do GLOBO.
Segundo a pesquisa, a bossa alcança, nas rádios do Brasil, uma média mensal aproximada de 350 mil pessoas — uma fração dos 35 milhões de ouvintes do sertanejo, mas ainda assim significativa.
A bossa nova é um gênero consolidado, que há anos mantém uma linha reta de consumo, não sofre grandes impactos — avalia Paulo Rocha, diretor de marketing da Playax. — É um gênero ícone, mais consumido por um público mais velho. Mas seu comportamento estável de consumo ao longo dos anos mostra que o público se renova, ou seja, ela não vai desaparecer com a morte de fãs mais velhos.
O levantamento — mais detalhado abaixo — ainda mostra quais são os artistas da bossa nova que mais tocam nas rádios brasileiras hoje. Além disso, aponta os estados em que a bossa nova é mais ouvida. Uma curiosidade: em termos proporcionais, o Acre lideraria o ranking (pela população menor associada ao fato de uma única rádio que domina a audiência local e que toca também músicas do gênero).
Modificar ambientes da casa e deixar o álcool e o café podem contribuir para a mudança
POR O GLOBO
/ atualizado
Tirar o tabagismo da vida de uma vez por todas é missão que exige disciplina e esforço. Pedimos a ajuda do psicólogo Michael Zanchet, do spa Kurotel, que nos deu sete dicas para ajudar quem quer largar o vício no cigarro.
1. Marque um "dia d" na agenda
Traçar metas, datas e prazos ajuda a planejar o tortuoso caminho para o abandono total do vício em nicotina. Comece tentando reduzir o consumo diário a cinco cigarros. Quando finalmente conseguir chegar a esse número, estabeleça uma data para se esforçar ao máximo em deixar o hábito por completo.
2. Cheiro novo em casa
Modifique elementos dos ambientes da casa onde tenha costume de fumar e invista em fragrâncias e aromatizadores para estabelecer outro vínculo olfativo com o local. Com cheiros diferentes, tente passar mais tempo nesses espaços para se acostumar com eles de outra forma.
3. Conte para todo mundo
A compulsão por nicotina muitas vezes é comportamental e ambiental. Várias pessoas aproveitam o hábito de fumar para socializar também. Por isso, avise aos que compartilham da mesma prática que você está empenhado em se livrar da dependência. Pedir a compreensão da família e dos colegas é fundamental.
4. Boa faxina em prol da saúde
Retire todas as memórias do vício (isso inclui isqueiros e cinzeiros) do ambiente onde mora e trabalha. Deixe as roupas e o carro sempre limpos para evitar lembranças do cheiro.
5. Diga não também ao álcool
Certos hábitos alimentares estão bastante relacionados ao cigarro. Beber café ou qualquer coisa alcoólica são alguns deles. Evite-os! Consuma muita água ou sucos no lugar.
6. Escova e pasta na bolsa
Após as refeições, quando muita gente tem vontade de fumar, escove os dentes imediatamente. Um gosto bom na boca ajuda a afastar a lembrança do sabor (ruim) do cigarro.
7. Controle sua cabeça
Nos momentos em que estiver com vontade de sucumbir a um trago, concentre-se por dez minutos. Foque na respiração e leve os pensamentos a situações de prazer que não tenham a ver com o tabaco, como um banho de mar ou cachoeira.
O Globo sexta, 17 de agosto de 2018
SAIBA QUAIS SÃO AS ATRIZES MAIS BEM PAGAS DO MUNDO
7. Julia Roberts US$13m - Foto: Jordan Strauss / Jordan Strauss/Invision/AP
6. Mila Kunis US$16m - Foto: Jordan Strauss / Jordan Strauss/Invision/AP
5. Reese Witherspoon US$16.5m - Foto: Jordan Strauss / Jordan Strauss/Invision/AP
4. Jennifer Lawrence US$18m - Foto: Diane Bondareff / Diane Bondareff/Invision/AP
3. Jennifer Aniston US$19.5m - Foto: JEAN-BAPTISTE LACROIX / AFP
2. Angelina Jolie US$28m - Foto: DANIEL LEAL-OLIVAS / AFP
1. Scarlett Johansson US$40. - 5mFoto: ANGELA WEISS / AFP
Angelina Jolie está em segundo lugar, com US$ 28 milhões, após assinar contrato para a sequência do filme da Disney, “Malévola”, que começou a ser rodado em maio e tem lançamento previsto para 2020.
Em terceiro lugar está Jennifer Aniston com US $ 19,5 milhões, o que, segundo a Forbes, é mais por publicidade para marcas como Emirates, SmartWater e Aveeno, do que por cachês de atuações.
DEFESA DE LULA QUER TIRAR DE BARROSO ANÁLISE SOBRE REGISTRO DE CANDIDATURA
Defesa de Lula quer tirar de Barroso análise sobre registro de candidatura
Ex-presidente se tornou inelegível após ser condenado em 2ª instância
POR MATEUS COUTINHO
/ atualizado
BRASÍLIA — A defesa do ex-presidente Lula solicitou na noite desta quarta-feira ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o pedido de impugnação de sua candidatura apresentado pela Procuradoria-Geral da República não seja analisado pelo ministro Luis Roberto Barroso. A defesa do petista alega que, como os pedidos de impugnação de sua candidatura protocolados antes do registro foram distribuídos por sorteio para o ministro Admar Gonzaga, caberia a ele ser ser o relator do caso. Com isso, os advogados do ex-presidente pediram a Barroso que o processo volte para a presidente da Corte Rosa Weber, decidir sobre a redistribuição.
Em nota, os advogados do ex-presidente informaram que não têm qualquer objeção à distribuição do processo de registro ao ministro Luís Roberto Barroso. "A manifestação técnica apresentada nesta quarta-feira apenas consignou dúvida em relação à prevenção do ministro Admar Gonzaga, com o único objetivo de evitar eventuais nulidades. O ministro Barroso nunca se pronunciou publicamente sobre o tema.”
A batalha jurídica sobre o pedido de registro de candidatura do ex-presidente, que está preso em Curitiba onde cumpre pena de 12 anos e um mês de prisão no âmbito da Lava Jato, começou pouco tempo depois de os representantes do petista protocolarem o seu registro no TSE nesta quarta, prazo final para os candidatos interessados em disputar a eleição deste ano registrarem suas candidaturasO registro foi protocolado no TSE às 17h20 por uma comitiva do PT que incluía a presidente da sigla Gleisi Hoffmann, o ex-prefeito de São Paulo e candidato a vice na chapa de Lula Fernando Haddad e a deputada do PC do B, Manuela Dávila, cogitada para ser vice de Haddad caso a Justiça vete a candidatura de Lula. Às 17h38 min foi protocolada a primeira impugnação, feita por Kim Kataguiri, representante do Movimento Brasil Livre, que ajudou a organizar os protestos pelo impeachment de Dilma Rousseff. A impugnação foi distribuída por sorteio para o ministro Gonzaga. As 18h09 o ator e candidato a deputado federal Alexandre Frota protocolar outra impugnação à candidatura de Lula, que foi distribuída inicialmente por sorteio para o ministro Tarcísio Vieira, mas depois foi encaminhada a Gonzaga por prevenção.
“Surpreendentemente, já existindo a prevenção para os processos conexos ao registro de candidatura do Requerente, o Registro de Candidatura nº 0600903-50.2018.6.00.0000 veio a ser livremente distribuído à relatoria de Vossa Excelência (ministro Luis Roberto Barroso) às 19h56, juntamente com o DRAP respectivo”, assinala a defesa do petista, apontando que a distribuição do pedido de registro ocorreu logo depois de as impugnações já terem sido distribuídas para outro magistrado.
“No presente caso, em razão da primeira ação a versar sobre o registro ter sido distribuída por sorteio ao d. Ministro Admar Gonzaga Neto, Sua Excelência é de ser tida como preventa para todos os feitos conexos posteriores. Como se não bastasse, já havia outras ações de impugnação do pedido de candidatura deste requerente, com fundamentação rigorosamente idêntica às ora veiculadas, em trâmite perante esta Casa”, segue o pedido da defesa do ex-presidente encaminhado ao TSE.
O Globo quarta, 15 de agosto de 2018
ROSA WEBER: RELATOR PODE NEGAR SOZINHO REGISTRO DE FICHA-SUJA
Dependendo do caso, relator pode negar sozinho registro de candidatura, diz Rosa Weber
Nova presidente do TSE falou em tese, mas esse pode vir a ser o caso de Lula
POR ANDRÉ DE SOUZA, CAROLINA BRÍGIDO E JAILTON DE CARVALHO
/ atualizado
BRASÍLIA - A nova presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, afirmou na noite desta terça-feira que o ministro relator pode, sozinho, negar um pedido de registro de candidatura. E, para isso, é preciso que nenhum adversário nem o Ministério Público Eleitoral (MPE) tenham questionado a candidatura. Rosa afirmou ter falado em tese, e não mencionou nenhum nome, embora esse possa vir a ser o caso da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
- Pode haver ou não impugnação (contestação da candidatura). Se não houver, há resolução no TSE de que pode haver o exame de ofício (sem o tribunal ser provocado). Não será impugnação, será um indeferimento de ofício a compreensão de que não estão presentes ou as condições de elegibilidade ou alguma causa de inelegibilidade. Eu estou falando em tese e observados os termos legais. Agora cada caso é um caso - disse Rosa
Para que o MPE ou algum candidato, partido ou coligação conteste uma candidatura, há prazos na lei a serem cumpridos, como a necessidade, por exemplo, de ouvir a defesa do próprio candidato. Portanto a eventual decisão do relator de indeferir um registro de candidatura não poderá ser imediata. Se não houve esse recurso, o caminho fica livre para o relator decidir sozinho.
- No casos de qualquer dos candidatos a presidente da República que encaminhem seu pedido de registro, vamos observar estritamente os temos da lei. A lei prevê prazos e esse vai ser nosso caminho, observar a lei - disse Rosa.
O prazo para registro de candidaturas termina às 19h desta quarta-feira. Até agora oito candidatos a presidente já fizeram isso: Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Alvaro Dias (Podemos), Guilherme Boulos (PSOL), Cabo Daciolo (Patri) e Vera Lúcia (PSTU). O PT deve registrar a candidatura de Lula na quarta. Pela lei, a análise dos pedidos de registro de candidatura tem que ser feita até 17 de setembro.
- Este tribunal é um tribunal da celeridade. Nós cumprimos os prazos com todo o empenho. Vezes há em que isso se inviabiliza, em função do volume, mas a ideia é pautar e decidir com a maior celeridade possível - afirmou a presidente do TSE.
O Globo terça, 14 de agosto de 2018
ROSA WEBER ASSUME TSE COM DESAFIO DA CANDIDATURA DE LULA
Rosa Weber assume TSE com desafio da candidatura de Lula
Ministra terá outras tarefas espinhosas, como o combate às ‘fake news’
POR ANDRÉ DE SOUZA
BRASÍLIA — A tarefa não será das mais simples. Ao tomar posse nesta terça-feira à noite como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a ministra Rosa Weber terá, logo de cara, que comandar o processo eleitoral de uma das disputas mais acirradas e imprevisíveis dos últimos tempos, marcada para daqui a menos de dois meses. De imediato, terá que lidar com o julgamento da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, enquadrado na Lei da Ficha Limpa.
Considerada a mais discreta entre os 11 integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) — a presidência do TSE sempre é exercida por um ministro do STF—, Rosa terá outras tarefas espinhosas. Entre elas, estarão as chamadas “fake news”, que ganharam maior repercussão com o crescimento das redes sociais e aplicativos de mensagens. O TSE precisará se equilibrar entre o combate ágil e efetivo aos boatos que se espalham pela internet e o exercício dos direitos de defesa e de liberdade de expressão.
Outro tema que desafia a corte é a fiscalização do financiamento das campanhas. Esta será a primeira eleição geral desde que as doações de empresas foram proibidas. Para compensar, o Congresso aumentou o volume de verbas públicas destinadas às campanhas. Mas novas preocupações, como o financiamento pelo crime organizado, passaram a ter um peso maior.
Apesar dos desafios, o TSE não é uma novidade para Rosa. O primeiro mandato de dois anos dela como ministra efetiva da Corte começou em 24 de maio de 2016. Em 2018, o mandato foi renovado para mais um biênio. Antes de 2016, ela já tinha ficado quatro anos como ministra substituta.
Em junho do ano passado, Rosa votou pela cassação da chapa vencedora na eleição presidencial de 2014. Na prática, isso significaria tirar o presidente Michel Temer do cargo. Mas, por quatro votos a três, o TSE preservou seu mandato. No STF, Rosa já votou contra prisão após condenação em segunda instância, mas, ao analisar um pedido da defesa de Lula, condenado na Lava-Jato, se rendeu à maioria e votou contra a liberdade do ex-presidente.
Rosa Weber nasceu em 2 de outubro de 1948, em Porto Alegre. Em setembro de 2022, assumirá a presidência do STF, onde ficará até outubro de 2023, quando completará 75 anos e, pela lei, terá que se aposentar.
O Globo domingo, 12 de agosto de 2018
COMO BOLSONARO É TRATADO NA INTIMIDADE
Quando querem mostrar intimidade com Bolsonaro, assessores o chamam de...
POR ANCELMO GOIS
JB
Quando querem mostrar intimidade com Jair Bolsonaro, os assessores dele o chamam de JB. Quem o chama de Jair ou Bolsonaro é considerado distante do núcleo do candidato.
O Globo sexta, 10 de agosto de 2018
CANDIDATOS APRESENTAM POUCAS PROPOSTAS
Em debate pulverizado, candidatos apresentam poucas propostas
Grande quantidade de presidenciáveis acabou por gerar falas pouco propositivas
POR MARCO GRILLO / FERNANDA KRAKOVICS / MIGUEL CABALLERO
/ atualizado
RIO — No primeiro debate entre os presidenciáveis nesta campanha eleitoral, nesta quinta-feira, na TV Bandeirantes, que levou oito candidatos ao embate, a discussão sobre alianças e economia teve mais destaque. O encontro ficou marcado pelos ataques mútuos e pela apresentação de propostas pouco aprofundadas. Como estratégia eleitoral, os adversários optaram pela busca de fragilidades, em vez de detalhar as ações. Supostos desvios éticos foram apontados, assim como alianças partidárias e as relações com o governo Temer.
O candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, quarto colocado nas pesquisas, que tem o maior leque de alianças, foi o mais questionado, até a conclusão desta edição. Foi confrontado a respeito da coligação com o centrão, sobre medidas econômicas do atual governo (de quem o PSDB foi aliado) e sobre o Bolsa Família. O candidato do MDB, Henrique Meirelles, lembrou que os tucanos já chamaram o programa de Bolsa Esmola. Cabo Daciolo (Patriota) e Jair Bolsonaro (PSL), em uma dobradinha clara, também fizeram críticas duras ao tucano. Já Ciro Gomes (PDT), em terceiro lugar lugar nas pesquisas, quase não foi alvo de perguntas.
Quando participou dos embates, Ciro tentou ligar o presidenciável tucano, Geraldo Alckmin, ao governo de Michel Temer. O pedetista lembrou que o PSDB apoiou a reforma trabalhista, que, segundo ele, teria agravado “terrivelmente” a situação do povo brasileiro e também perguntou se o tucano pretende mantê-la. Alckmin respondeu ser a favor da reforma. Ressalvou que a permissão para que mulheres grávidas trabalhem em locais insalubres precisa ser revista.
— A reforma trabalhista foi um avanço. Tínhamos era um grande cartório, com 17 mil sindicatos no Brasil, mantidos com imposto sindical. A maioria não fez nem convenção coletiva — disse o candidato do PSDB, que chegou a usar o termo “Bolsa Banqueiro”, utilizado por Guilherme Boulos (PSOL), ao responder a um questionamento de Meirelles sobre o Bolsa Família.
— Vamos ampliar o Bolsa Família, vamos usar o dinheiro do Bolsa Banqueiro.
Marina também buscou a polarização com Alckmin ao associá-lo ao centrão, grupo de partidos que se aliou ao PSDB. Segundo ela, alguns representantes dessas legendas têm “assaltado o povo”. Alckmin creditou o acordo à necessidade de ter uma ampla coalizão para aprovar as reformas previdenciária, política e tributária logo no início de um eventual governo. O ex-governador de São Paulo aproveitou para alfinetar Marina, ao recordar que ela saiu do PV, após a eleição de 2010. Disse que a situação com o partido era “incompatível”, embora para esta eleição tenha feito uma aliança com a mesma legenda.
Sobre a reforma da Previdência, Alckmin defendeu a equalização dos sistemas público e privado, para acabar com “sistema injusto”. Já Ciro propôs um novo modelo de capitalização e criticou a proposta que prevê a idade mínima de aposentadoria de 65 anos para todos os trabalhadores, com o argumento de que seria uma idade elevada para quem exerce atividades no meio rural.
O principal ataque entre os candidatos ocorreu no primeiro bloco. Boulos questionou Bolsonaro sobre o fato de ele ter recebido auxílio-moradia, mesmo sendo proprietário de imóvel em Brasília, e acusou o adversário de empregar uma funcionária fantasma no gabinete da Câmara, que seria responsável por “cuidar dos cachorros” que o presidenciável teria em uma casa em Angra dos Reis (RJ).
— O Bolsonaro é a velha política corrupta. Recebeu auxílio-moradia, aprovou dois projetos e conseguiu comprar cinco imóveis. Não tem vergonha? — perguntou Boulos.
O deputado retrucou e lembrou que o candidato do PSOL é líder do Movimento Sem Teto (MTST).
— A Val é uma funcionária minha que mora em Angra. Ela não é fantasma, estava de férias (quando uma reportagem da “Folha de S. Paulo" tratou do assunto). Eu teria vergonha se tivesse invadindo casa dos outros. Não vim aqui para bater boca com um cidadão desqualificado como esse aí.
A crise venezuelana também foi tema. Meirelles e Alvaro Dias criticaram o governo do país vizinho, mas garantiram apoio humanitário.
— Temos que agir para que a situação mude. Mas, até lá, o Brasil tem que continuar com a postura humanitária — disse Meirelles.
Dias seguiu o mesmo tom:
— Seria perverso expulsar seres humanos vítimas de uma ditadura perversa, incapaz de respeitar liberdades democráticas.
O Globo quinta, 09 de agosto de 2018
ALCKMIN E BOLSONARO DEVEM RIVALIZAR NO DEBATE DESTA QUINTA-FEIRA
Alckmin e Bolsonaro devem rivalizar no debate desta quinta-feira
Presidenciáveis se preparam para primeiro programa do ciclo eleitoral
POR O GLOBO
/ atualizado
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SÃO PAULO, BRASÍLIA E RIO — Numa pré-campanha marcada por ataques entre pré-candidatos, o debate desta quinta-feira à noite na TV Bandeirantes deve reforçar o confronto entre GeraldoAlckmin (PSDB), que tem o maior número de partidos aliados, e JairBolsonaro (PSL), líder das pesquisas nos cenários sem o ex-presidente Lula (PT). Já prevendo uma polarização, as campanhas do tucano e do ex-capitão avaliam que o confronto direto, no entanto, dependerá da dinâmica do programa, principalmente das perguntas feitas por jornalistas.
Segundo a equipe de Bolsonaro, ele deve contra-atacar as críticas de Alckmin citando escândalos da Dersa, empresa de obras rodoviárias do governo paulista atingida na Lava-Jato. O presidenciável tem se reunido com especialistas de diversas áreas para ter melhor desempenho em temas que não domina. A exemplo do economista Paulo Guedes, seu consultor para assuntos econômicos, ele tem sido orientado, por exemplo, por especialistas em saúde e educação. Durante o debate, contudo, Bolsonaro continuará com perfil “autêntico” e combativo nas respostas aos seus adversários.
O Globo quarta, 08 de agosto de 2018
PARA BOLSONARO, INDOLÊNCIA SIGNIFICA CAPACIDADE DE PERDOAR: O ÍNDIO PERDOA
Para Bolsonaro, indolência significa 'capacidade de perdoar': 'O índio perdoa'
Candidato do PSL tentou contextualizar fala do seu vice, general Mourão
POR BRUNO GÓES
/ atualizado
BRASÍLIA — O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, indicou nesta terça-feira que a fala do general Hamilton Mourão (PRTB), vice de sua chapa, sobre as heranças culturais ibérica, indígena e africana transmitidas à sociedade brasileira não causou qualquer problema ou constrangimento para sua campanha. Segundo Bolsonaro, quando Mourão disse que a "indolência" é um traço da cultura indígena, o significado da palavra seria a "capacidade de perdoar". Apesar disso, o significado do vocábulo no dicionário Houaiss e também em expressões usuais está ligado à "preguiça", "ócio", "indiferença", "ausência de dor" ou "fraqueza".
— O que é a indolência? É a capacidade de perdoar? Veja aí no dicionário. É a capacidade de perdoar? O índio perdoa. Não é isso? Que mais? Malandragem (que, segundo Mourão, seria oriunda do africano). Esperteza. É a mesma coisa? É isso? Ohhhh. Me chamam de malandro carioca o tempo todo. O que mais? — questionou Bolsonaro.
Na segunda-feira, na primeira aparição pública de Bolsonaro ao lado de Mourão, o general se expressou da seguinte maneira ao fazer uma análise da sociedade brasileira:
— Essa herança do privilégio é uma herança ibérica. Temos uma certa herança da indolência, que vem da cultura indígena. Eu sou indígena. Meu pai é amazonense. E a malandragem, Edson Rosa (vereador negro presente na mesa), nada contra, mas a malandragem é oriunda do africano. Então, esse é o nosso caldinho cultural. Infelizmente gostamos de mártires, líderes populistas e dos macunaímas .
Sobre o assunto, Bolsonaro disse ainda que "Roberto Campos falou a mesma coisa". No prefácio do livro "Manual do perfeito idiota latino-americano", o economista, morto em 2001, escreveu que "boa parte de nosso subdesenvolvimento se explica em termos culturais. Ao contrário dos anglo-saxões, que prezam a racionalidade e a competição, nossos componentes culturais são a cultura ibérica do privilégio, a cultura indígena da indolência e a cultura negra da magia".
Apesar de ter escolhido o general Mourão, Bolsonaro disse que Janaina Paschoal agregaria mais à sua chapa, mas a advogada recusou o convite por motivos pessoais.
— Para ganhar voto, a Janaína é melhor, sem dúvida — disse Bolsonaro
O candidato disse que já tem alguém para ocupar os ministérios da Saúde e Educação, mas os candidatos pediram "reserva" para não divulgarem os nomes. Bolsonaro também disse que já se aproximou de um embaixador brasileiro para ser seu ministro das Relações Exteriores.
Mais tarde, em entrevista já na saída da Câmara, Bolsonaro voltou a falar sobre Mourão. Disse que falou para o vice aprender com ele a ter mais moderação. Afirmou que tem evitado até contar piadas. Mas ponderou que é preciso também ter cuidado para não perder a "autenticidade".
— A gente quer chegar, mas não quer perder a autenticidade. O Brasil está muito chato. Contar piada de cearense cabeçudo dá o maior problema do mundo. De gaúcho macho. De goiano. Não pode mais brincar no Brasil. Quando eu brinquei o negócio de "dar uma fraquejada e veio uma menina", isso a gente fala o tempo todo, se é fornecedor ou consumidor, brincadeira nossa de homem. O meu filho era o cara. Veio duas meninas pra ele. Eu falei: "tá vendo? Vai pagar teus pecados". O pessoal brinca comigo que eu sou machão. Sou machão porra nenhuma. A gente sabe, fico ali pensando, como é que eu vou encarar minha filha daqui a 6, 7 anos com namorado. É nosso. É de homem. É vida. É lógico que vou ter que encarar — disse o presidenciável.
O Globo terça, 07 de agosto de 2018
DEZ DICAS PARA LIDAR MELHOR COM A ANSIEDADE
Dez dicas para lidar melhor com a ansiedade
Da meditação ao exercício físico, passando por terapias e tratamento médico, psicanalista ensina como administrar níveis diferentes do transtorno
POR MONICA DONETTO GUEDES
A ansiedade apresenta-se em diferentes intensidades e certa dose dela é fundamental para a nossa existência. Primeiro porque ela é responsável pelo nosso instinto de preservação, isto é, diante de uma situação de perigo, é um certo quantum de ansiedade que nos levará a buscar modos de proteção. Em segundo lugar é também uma dose de ansiedade que nos impulsiona para a vida, a buscar os resultados para conseguirmos atingir os nossos objetivos, a construção de projetos e, sendo assim, ao crescimento pessoal nos mais variados setores.
No entanto, quando nos referimos a ansiedade como um transtorno, entendemos que há um exagero na dose. É como se a psique fornecesse uma quantidade que transborda e, por isso, as sensações físicas e psíquicas são estranhas. O que em seguida assistimos é um modo de funcionar emocionalmente que traz prejuízos pela forma como ela invade o corpo. Na maioria das vezes, a ansiedade patológica aparece com sintomas corporais, como por exemplo sudorese, taquicardia, dormência nas extremidades do corpo ou também através dos sintomas psicossomáticos, entre eles, problemas gástricos, intestinais...
Temos a versão da ansiedade que se apresenta através de uma preocupação crônica, isto é, o ansioso nunca está no tempo presente. Uma característica de quem experimenta esse sintoma é sofrer por antecipação. Ainda é possível viver esse excesso de ansiedade através de pensamentos confusos que muitas vezes deixam o individuo que sofre com uma sensação de estar desconectado do que acontece a sua volta. Hoje entendemos que é necessário um conjunto de ações para aprender a lidar com esse modo de funcionar e transformar essa energia destrutiva em um combustível a favor da qualidade de vida.
A psicanálise é fundamental para que se possa ressignificar aspectos da história primitiva desse indivíduo que sofre através da neurose de angústia e ansiedade. Poderíamos pensar aqui nas experiências iniciais da vida da mãe com o bebê e nas marcas deixadas desse encontro. É preciso também olhar para os recursos que podem ajudar (no aqui e agora) na reestruturação desse corpo, possivelmente marcado por um certo desamparo. Vamos as dicas!
1 - Aprender a respirar. A respiração traz você para o presente. Promove a consciência e, sendo assim, o afasta dos fantasmas que paralisam o seu modo de funcionar. Por meio da respiração você encontra o centro de si mesmo.
2 - O exercício da meditação. Aprenda a lidar com o estresse, a olhar mais para os acontecimentos reais do corpo e, dessa maneira, você é levado a conhecê-lo melhor, diminuindo o medo das experiências corporais e psicossomáticas.
3 - Atividade Física. Ela eleva a produção de serotonina e a sensação de prazer. O exercício proporciona um reconhecimento da potência do corpo. É importante para a pessoa ansiosa escolher atividades que fortaleçam as pernas e que promovam o equilíbrio, porque as experiências que passam pelo corpo podem reorganizar as experiências traumáticas iniciais da vida. Na experiência de análise é possível perceber que a maioria dos que chegam com sintomas de angústia e ansiedade passaram por uma experiência na infância de não ter sido acolhida, isto é, esse corpo não teve um contorno e o que ficou foi a sensação de cair, sucumbir. É importante marcar aqui que não se trata de pais que não são amorosos. Estamos falando de pais que não conseguem amparar por conta também das suas próprias questões emocionais e relacionais.
4 - O ato de brincar. É notório o aumento no número de crianças que chegam à clínica com ansiedade. Estamos cada vez mais perdendo a capacidade de brincar, e isso acontece desde muito cedo. Somos postos em uma sociedade que privilegia o sucesso a qualquer custo e despreza o humor, a leveza e a riqueza que há no infantil que carregamos dentro de nós a vida toda. Ainda incita a competição desenfreada que acaba refletindo nas escolhas das crianças: o maior exemplo são os jogos de performance e os videogames.
5 - Relacionamentos atóxicos. Escolher estar com pessoas que fazem bem, ccom quem você se sente parte e acolhido.
6 - Ócio produtivo. Deixar-se perder tempo, isto é, entender que o corpo precisa também desse espaço de calmaria e de contemplação. Nos distanciamos muito da natureza e esquecemos que somos parte dela.
7 - Modular projetos de trabalho e\ou estudo. Muitas vezes somos tomados por um excesso, que de fato é da ordem do insuportável, e estamos sempre presos à ideia de uma produção para um futuro que nunca chega. O ansioso vive uma busca constante: há sempre algo a ser feito, uma falha a ser corrigida, um tornar-se a ser. Parece uma dívida eterna consigo mesmo.
8 - Dormir. É bom evitar nesse momento refazer a agenda mental do dia seguinte, da semana, do mês, do ano, da vida! Evite os celulares e, mais do que isso, evite distrair-se com o mundo que há dentro dele. É preciso aprender a se entregar à hora de dormir. Um bom banho, acompanhado de um chá e de uma boa música podem funcionar como uma mãe acolhedora e calorosa.
9 - Espaço Terapêutico. É preciso recordar e reelaborar os aspectos psíquicos que provocam a ansiedade. A possibilidade de cura passa pela possibilidade de se chegar ao trauma. A escolha do sintoma não é aleatória e remete ao desenvolvimento emocional e relacional nos primeiros anos de vida. Por meio da análise podemos aprender a lidar com os pais construídos dentro de nós e, dessa forma, ressignificar o nosso modo de existir agora como adultos, cuidando de nós mesmos.
10 - Medicina. Dependendo do nível de ansiedade pelo qual você esteja passando, por exemplo, se tem um Transtorno de Ansiedade Generalizada, que esteja paralisando a sua vida, é preciso recorrer aos medicamentos durante um período. Até mesmo para que todas as experiências descritas acima tornem-se possíveis.
* Monica Donetto Guedes é psicanalista
O Globo sábado, 04 de agosto de 2018
CONHEÇA PRISCILA TOSSAN, CARIOCA QUE CANTA NO METRÔ
Conheça Priscila Tossan, carioca que canta no metrô e encantou jurados no 'The voice Brasil'
Artista, que se destacou pelo timbre único, já lançou EP financiado pelo AfroReggae
POR LUCCAS OLIVEIRA
/ atualizado
RIO — O timbre para lá de particular de Priscila Tossan, como se saboreasse cada sílaba com tempero carioquês, intrigou Lulu Santos, Ivete Sangalo, Michel Teló e Carlinhos Brown logo nos primeiros versos de “Ainda é cedo”, clássico da Legião Urbana. Conforme a cantora avançava, segura, pela canção, o quarteto de jurados do “The voice Brasil” não teve dúvidas: todos viraram a cadeira em aprovação.
‘Às vezes, você sai de um vagão com cinquenta centavos, em outras, com R$ 40, R$ 50. Dá para viver. Tem gente que abraça, mas também aqueles que fecham a cara, dizem que não é arte. Já sofri, agora levo numa boa’
Nascida e criada em Campo Grande, Zona Oeste do Rio, Priscila, de 28 anos, nem sempre contou com unanimidade ao expressar sua arte. Como relatou en passant no programa que foi ao ar anteontem, ela passou os últimos meses tentando a sorte nos metrôs do Rio.
— Às vezes, você sai de um vagão com cinquenta centavos, em outras, com R$ 40, R$ 50. Dá para viver. Tem gente que abraça, mas também aqueles que fecham a cara, dizem que não é arte. Já sofri, agora levo numa boa — conta, com o mesmo alto astral que encantou Ivete. — Acontece direto dos seguranças expulsarem. É um serviço privado, né, estão apenas seguindo ordens. A gente sai, paga nova passagem, e volta.
Curtindo os primeiros minutos de fama (“fico um pouco amedrontada, mas acho carinhoso”), Priscila vê no “The voice” a oportunidade de consolidar uma carreira que já conta com um EP na bagagem — “Céu azul” (2017), gravado com apoio financeiro do AfroReggae. Antes de se dedicar integralmente à música, a cantora e compositora trabalhou como auxiliar de cozinha e lavando pratos.
— Eu tinha a música no meu coração, na mente, mas ainda não tinha decidido. Aprendi muito na cozinha, gostava de observar o semblante das pessoas. Sou muito observadora, gosto de dizer que sou um esponja. Isso me ajuda a escrever as músicas — revela ela, que cresceu ouvindo Djavan, Cartola, Roberto Carlos e Elis Regina.
No “The voice”, a nova integrante do time de Lulu Santos (“um cara legal, pra frente, doidão”) foi acompanhada pela namorada, Gabriela. Priscila afirma que foi natural expor sua sexualidade em rede nacional:
— Todo mundo tá ligado, o bairro inteiro, minha mãe... Minha mãe é um doce. Ela diz que não concorda, mas me ama e não vai deixar de me amar. A Gabi me empurrou, viveu muita coisa comigo, me ajudou a enxergar a música, a entregar currículo. Estamos juntas há dois anos e meio. Devo tudo a ela, a Deus e à minha mãe, que sempre me incentivou.
Após conquistar os jurados e o público em sua primeira apresentação, a carioca ainda tem um longo caminho no reality musical caso queira sair com o prêmio de R$ 500 mil. Mas, se vencer, já sabe o fazer com o dinheiro:
— Sempre quis ter um carrinho para botar meu skate dentro e ficar rodando pelo Rio. E também tenho vontade de ter uma casa de madeira (risos). É meu sonho.
O Globo sexta, 03 de agosto de 2018
PELA PRIMEIRA VEZ, GRUPO SÓ DE MULHERES DISPUTA MELHOR SAMBA-ENREDO NA PORTELA
Pela primeira vez, grupo só de mulheres estará na disputa do melhor samba-enredo na Portela
Pioneirismo acontece no ano em que escola homenageará Clara Nunes
POR LUCIANO FERREIRA
/ atualizado
RIO — Pela primeira vez nos 95 anos de sua história, a Portela terá um grupo formado somente por mulheres na disputa pelo samba-enredo da escola. A iniciativa é do conjunto Samba das Guerreiras, formado por dez integrantes, como antecipou ontem Ancelmo Gois em sua coluna.Rozzi Brasil, uma das compositoras do conjunto, disse que a iniciativa surgiu porque a Portela vai homenagear em seu enredo a cantora Clara Nunes, intérprete histórica da escola. O tema será “Na Madureira moderníssima, hei sempre de ouvir cantar uma Sabiá”, desenvolvido por Rosa Magalhães.
— É para não perder esse momento mágico para todos nós, portelenses. Tudo que está ligado à Clara nos atrai, e nos estimula a fazer o nosso melhor nessa disputa — disse Rozzi.
As mulheres se reuniram no mês passado, após uma ação social na escola, e logo tiveram a ideia do grupo, somente com voz e composição femininas. Das dez intérpretes, apenas três trabalham na Portela: Meri de Liz, Ana Quintas e Catia Guimarães, que fazem parte da ala das compositoras da escola. O grupo se reuniu ontem à tarde para a gravação do samba.
— Essa é uma parceria inédita na escola. Todas nós fazemos parte desse mundo que é a Portela. Nós não somos de qualquer tipo de movimento político ou ideológico. Somos apenas fruto dessa sororidade entre as meninas — disse Meri, que é a líder do conjunto, formado ainda pelas intérpretes Rosi Guará e Carolina Abreu, e pelas compositoras Dayse do Banjo, Simone Lyns, Cláudia Patrícia e Cidinha Zanon.
Por meio da assessoria, a Portela destacou que a escola sempre deu espaço às mulheres nas disputas internas, além de contar, atualmente, com uma mulher à frente da ala de compositores, a coordenadora Jane Garrido. Outras mulheres já foram responsáveis pelos sambas-enredo, mas em parceria com homens.
Em 1989, o trio formado por Cila da Portela, Espanhol e Sylvio Paulo venceu a disputa para o samba-enredo do ano seguinte. A cantora e compositora Eliane Faria, filha de Paulinho da Viola, também costuma concorrer.
No mês passado, Joseth Rodrigues foi consagrada como uma das vencedoras do concurso de samba de terreiro da Portela, com a música “Tem Axé Este Lugar”. Essa foi a terceira edição da disputa, e a primeira vencida por uma mulher. Mesmo fazendo parte de outra equipe na disputa do samba-enredo de 2019, a sambista desejou grande sucesso às guerreiras.
— É uma grande satisfação para a gente da escola ter essas meninas aqui. Elas são muito queridas e talentosas, e estão de parabéns pela iniciativa — disse.
O prazo para a inscrição dos sambas da Portela termina dia 8. Depois, a cada domingo os grupos se apresentam na sede, e toda semana um é eliminado, até a escolha do vencedor, em outubro.
O Globo quinta, 02 de agosto de 2018
DEMI LOVATO DEVE DEIXAR HOSPITAL ESTA SEMANA
Demi Lovato deve deixar hospital esta semana e pode ir para clínica
Segundo o site 'TMZ', pessoas próximas à cantora darão um ultimato: ou ela se trata ou elas a abandonarão
POR O GLOBO
/ atualizado
RIO - Segundo fontes citadas pelo site "TMZ" esta quarta-feira, a estabilização do estado de saúde da cantora Demi Lovato já permite que ela saia do hospital esta semana e que se planeje a sua internação em uma clínica de reabilitação. Demi sofreu uma overdose na terça-feira da semana passada e chegou a correr risco de morte.
Segundo o "TMZ", pessoas mais próximas de Demi, junto com algumas das pessoas que trabalham para ela, vão dar um ultimato à cantora - ou ela se interna em busca de ajuda ou desistirão dela. Uma dessas pessoas disse ao site: "Demi pode morrer se não fizer isso, e eu não quero que digam que nós não fizemos nada."
Fontes do "TMZ" dizem ainda que Demi perdeu o controle meses atrás e recusou ajuda, e que então todos ao seu redor têm estado nervosos. Eles acreditam, no entanto, que a overdose e as complicações no hospital a assustaram o suficiente para que ela vá a uma clínica em busca de tratamento prolongado.
O Globo terça, 31 de julho de 2018
SAIBA QUAIS SÃO AS VACINAS QUE TODOS OS ADULTOS DEVEM TOMAR
Saiba quais são as vacinas que todos os adultos devem tomar
Imunizar população de 18 a 50 anos é grande desafio, dizem médicos
POR CLARISSA PAINS
RIO - Faz pelo menos quatro anos que a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, acorda e dorme com uma questão na cabeça: como convencer os adultos a se vacinar? Passada a infância, as pessoas dificilmente voltam aos postos de saúde. Mas, hoje, é justamente a população adulta que preocupa: muitos dos que têm entre 18 e 50 anos não tiveram doenças como sarampo ou caxumba, nem tomaram todas as doses necessárias para se proteger delas. Logo, diferentemente de crianças , que em sua maioria estão vacinadas, e dos idosos, que estão imunizados ao ter essas enfermidades, a população adulta representa uma “janela” perigosa.
— Isso faz deles uma porta de entrada para epidemias — diz Isabella. — No caso do sarampo, por exemplo, estima-se que, entre os adultos, a cobertura seja de somente 5%. O cenário é de uma catástrofe em potencial.
A vacina contra o sarampo foi incluída no calendário nacional de imunizações na década de 1980, mas, até 1992, apenas uma dose era aplicada. Portanto, é provável que só quem nasceu depois desse ano tenha recebido a segunda dose — que garante eficácia de 97%. Assim como nesse caso, a imunização para outras doenças também passou por modificações, seja no número de doses, seja na idade para a aplicação. Além disso, muitas vacinas sequer existiam há alguns anos.
— Às vezes, o indivíduo fez o esquema completo de vacinação quando era criança. Mas isso foi há 30, 40 anos. É preciso estar em dia com o que existe hoje — destaca a médica.
A preocupação com o tema é tão grande que a SBIm criou, há três meses, um grupo multidisciplinar para discutir imunização entre os adultos, com profissionais de várias especialidades.
— Os pediatras, hoje, são os únicos que falam sobre vacinas. É preciso que isso seja falado na pneumologia, na cardiologia, na geriatria — explica Isabella. — O que faz uma pessoa se vacinar é a recomendação médica. Se o médico não informa seu paciente adulto, ele não vai espontaneamente buscar um posto ou clínica.
Uma pesquisa conduzida pelo instituto Ipsos MORI, encomendada pela farmacêutica GSK, mostra que, no Brasil, 64% dos adultos não estão com a vacinação totalmente em dia.
Bárbara Furtado, que é gerente médica de vacinas da GSK, lembra que muitas dessas doenças podem ser graves para adultos e, especialmente, para gestantes.
— O vírus da zika afetou de forma terrível os bebês de tantas grávidas, mas não podemos esquecer que a rubéola já fazia isso muito tempo antes.
Veja abaixo as vacinas recomendadas para adultos:
Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)
Duas doses, com intervalo de um mês. A partir dos 50 anos, especialistas afirmam que não é mais necessário tomar essa vacina, porque a esmagadora maioria das pessoas nessa faixa etária já tiveram a doença na infância. Para mulheres que planejam ter filhos e nunca contraíram a doença, nem foram imunizadas, é preciso tomar a vacina até 30 dias antes de começar a tentar engravidar.
Hepatite A*
Duas doses, com intervalo de seis meses.
Hepatite B
Três doses. Intervalo de um mês entre a primeira e a segunda, e intervalo de cinco meses entre a segunda e a terceira.
Dupla bacteriana do tipo adulto (difteria e tétano) - dT
Três doses com intervalo de dois meses entre elas.
Tríplice bacteriana do tipo adulto (difteria, tétano e coqueluche) – dTpa*
Para quem puder pagar em clínicas privadas, o ideal é, em vez de tomar três doses da dT, receber uma dose da dTpa e duas da dT. É recomendado, também, reforço com dTpa a cada dez anos.
Influenza (gripe)
Dose anual.
Febre amarela
Uma dose por toda a vida.
Herpes Zóster*
Uma dose. Licenciada no Brasil a partir dos 50 anos, ficando a critério médico sua recomendação a partir dessa idade.
HPV
Três doses. Após a primeira, esperar intervalo de um a dois meses e tomar a terceira seis meses depois da primeira. Existem dois tipos de vacina: a HPV4, licenciada para meninas e mulheres de 9 a 45 anos de idade, e meninos e homens de 9 a 26 anos; e a HPV2, licenciada para meninas e mulheres a partir dos 9 anos de idade.
*Vacina disponível apenas em clínicas particulares.
O Globo domingo, 29 de julho de 2018
UFC CALGARY: JOSÉ ALDO NOCAUTEIA JEREMY STEPHENS
UFC Calgary: Após nocaute, José Aldo dispara: "O campeão voltou"
POR GUGA NOBLAT
O choro de José Aldo ao fim do combate contra Jeremy Stephens não podia ser por uma razão melhor. Ainda no primeiro round, o "Campeão do Povo" nocauteou o americano após desferir um soco no fígado dele seguido de golpes no chão. Foi um dos momentos em que Aldo mais deixou a emoção aflorar. Ele sabia que essa luta era tudo ou nada. Uma derrota poderia significar o fim do sonho de resgatar o título que foi dele por tanto tempo. A vitória fulminante e avassaladora o deixa a um passo de desafiar o campeão.
Aldo vinha de duas derrotas em lutas pelo cinturão contra o atual campeão Max Holloway. E muitos críticos passaram a suspeitar que o ápice de Aldo tinha ficado no passado, e que ele caminharia para a aposentadoria. Hoje, Aldo não apenas deu uma sobrevida à carreira como mostrou que pode, sim, ser o melhor da divisão, ainda tem lenha para queimar, é um dos melhores pesos-penas e poderá ser campeão de novo.
Na luta desta noite, Aldo entrou num combate franco bem ao estilo do Jeremy Stephens. Trocou socos, absorveu golpes e caiu para dentro como o Aldo das antigas. Venceu no jogo do rival, que também é o estilo de Aldo, um exímio lutador de muay thai e jiu-jitsu, que é sua verdadeira origem.
Palavras de Aldo ao vencer no UFC Calgary, que acontece agora no Canadá:
- Estou tentando recomeçar de novo... Sabia que não podia errar, graças a Deus pude conectar um bom golpe e acabar a luta... Agora estou de volta, o campeão voltou, agora é manter o caminho, o Max Holoway merece ser o campeão e eu espero que ele volte e eu possa ter uma luta com ele, ou outro lutador, pelo título.
O UFC Calgary segue para a luta final, entre Eddie Alvarez e Dustin Poirier.
O Globo sábado, 28 de julho de 2018
RAQUEL DODGE ORIENTA IMPUGNAÇÃO DE CANDIDATOS ENQUADRADOS NA LEI DE FICHA LIMPA
Raquel Dodge orienta impugnação de candidato enquadrado na Ficha Limpa
Procuradora-geral vai cobrar ressarcimento de dinheiro gasto em campanha
POR JAILTON DE CARVALHO / VINICIUS SASSINE
/ atualizado
BRASÍLIA — Depois de uma reunião com procuradores regionais eleitorais, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, decidiu assinar uma instrução normativa para orientar todo os procuradores a ingressar com ações para impugnar candidaturas de todos os políticos condenados em segunda instância, conforme prevê a Lei da Ficha Limpa. A decisão deve reforçar a pressão contra a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro já foi confirmada pelo colegiado do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4)"
O Globo quinta, 26 de julho de 2018
ENTENDA AS DIRETRIZES DO FACEBOOK PARA COMBATER NOTÍCIAS E PERFIS FALSOS
Entenda as diretrizes do Facebook para combater notícias e perfis falsos
Rede social tem intensificado medidas para coibir comportamentos que firam sua 'política de autenticidade'
POR DANIEL SALGADO
RIO — A rede social com mais usuários no mundo, o Facebook tem sido criticado em diversos países pela proliferação de fake news e perfis falsos em sua plataforma. Nos Estados Unidos, por exemplo, a gigante da tecnologia responde nas investigações sobre uma possível intervenção da Rússia nas eleições presidenciais por meio da da internet. No Brasil, a discussão gira principalmente em torno do alcance das notícias falsas compartilhadas na rede durante o período eleitoral, o que levou a empresa a tomar uma série de medidas preventivas.
Entre elas está a derrubada, nesta quarta-feira, de 196 páginas e 87 contas com base no código de autenticidade da rede, por que "escondiam das pessoas a natureza e origem de seu conteúdo" e tinham o propósito de gerar "divisão e espalhar desinformação". Entre as páginas, estão a Jornalivre, O Diário Nacional e Brasil 200, esta última de um movimento idealizado pelo empresário e político Flavio Rocha.
Ainda segundo a agência de notícias Reuters, parte dessas páginas e perfis seriam associada ao Movimento Brasil Livre (MBL), que divulgou uma nota em que considerou a ação "censura" e argumentou que parte dos perfis derrubados eram legítimos.
A reação à decisão do Facebook demonstra uma falta de claridade dos julgamentos e medidas tomadas pela rede para combater o conteúdo falso entre seus usuários. Por isso, explicamos quais são os critérios do Facebook para retirada do ar desses conteúdos:
O Facebook proíbe o compartilhamento de notícias falsas entre seus usuários?
Não exatamente. A rede instituiu uma série de ações para coibir e limitar o compartilhamento desse conteúdo, mas não impede que ele circule. Como explica Pablo Ortellado, professor e pesquisador do Monitor do Debate Público no Meio Digital da USP:
— A política do Facebook não derruba página por fazer notícias falsas, até porque uma empresa privada não deve ficar arbitrando no que é ou não verdadeiro. Ela tem, porém, tomado algumas ações — disse o pesquisador.
Essas ações são a parceria com agência de checagem, como as agências Lupa e Aos Fatos, que avaliam a veracidade de uma notícia. Se ela for comprovadamente falsa, a rede reduz o alcance que seus compartilhamentos terão. A segunda atitude é a de derrubar páginas que são operadas por perfis falsos, o caso desta quarta-feira. Ou seja, as que ferem as "diretrizes de autenticidade" da rede.
Quais são as "diretrizes de autenticidade" do Facebook?
De acordo com o site da própria rede, os usuários não devem se envolver em "comportamento não autêntico". Ações desse tipo incluem "criar, gerenciar ou perpetuar contas falsas, contas com nomes falsos".
Também estão inclusas páginas que trabalhem em conjunto para "enganar as pessoas sobre origem do conteúdo" compartilhado ou que enganam o usuário sobre o destino dos links que divulgam. Outras ações que quebram as diretrizes da rede são as de "enganar as pessoas na tentativa de incentivar compartilhamentos, curtidas ou cliques" ou "ocultar ou permitir a violação de outras políticas de acordo com os Padrões da Comunidade" do Facebook.
O que levaria um "perfil real" a ser banido?
Em sua nota, o MBL argumenta que parte dos perfis derrubados na ação da rede social eram de pessoas reais, com nomes verdadeiros, endereços e telefones, o que não estaria previsto nas diretrizes.
Na verdade, mesmo perfis "reais" podem ser derrubados pela rede, contanto que participem de "comportamento não autênticos coordenados, ou seja, em que múltiplas contas trabalham em conjunto" com a finalidadede ferir as regras expostas anteriormente.
Por exemplo, se uma página ou perfil compartilha consistentemente e em grande volume material falso, ele pode ser identificado como spam ou parte de uma rede de desinformação. Nesse caso, mesmo que se trate de uma conta "real", ela poderá ser punida.
De que maneira a rede identifica essas páginas operadas por perfis falsos?
A medida tomada pelo Facebook nesta quarta-feira é uma de suas maiores no Brasil até o momento. Com o argumento de coibir a "desinformação", a rede retirou quase trezentas páginas e perfis de circulação, alguns com alcance de até meio milhão de curtidas.
— Uma ação desse tamanho não existia antes e é surpreendente. Não se sabia dessa movimentação. Nós só tinhamos conhecimento de cerca de 20 delas. Ao que tudo indica, se tratou de uma ação coordenada do Facebook para cortar essas páginas, que muito provavelmente estavam sendo criadas para as eleições — explica Ortellado.
De acordo com o próprio Facebook, a análise dessas páginas é feita através de vários frontes. O primeiro é com base nas denúncias feitas pelos próprios usuários. Além disso, há cerca de 15 mil funcionários trabalhando na revisão de conteúdo na rede no mundo.
Por último, há também o uso de tecnologias de inteligência artificial e machine learning (que é o treinamento de robôs para identificação de padrões) que ajudam na identificação de criação de conteúdo fora dos padrões.
O Globo segunda, 23 de julho de 2018
TRUMP ADVERTE O PRESIDENTE DO IRÃ: NUNCA MAIS VOLTE A AMEAÇAR OS ESTADOS UNIDOS
Trump adverte o presidente do Irã: 'Nunca mais volte a ameaçar os Estados Unidos'
Declaração é uma resposta a discurso de Rohani que recomendou aos EUA "não brincar com fogo"
POR O GLOBO
/ atualizado
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, advertiu nesta segunda-feira o Irã sobre consequências "que muitos poucos sofreram ao longo da história" se ameaçar os Estados Unidos. A declaração é uma resposta a um discurso de Rohani que recomendou aos EUA "não brincar com fogo".
"Ao presidente iraniano Rohani: NUNCA MAIS VOLTE A AMEAÇAR OS ESTADOS UNIDOS OU SOFRERÁ CONSEQUÊNCIAS COMO AS QUE POUCOS SOFRERAM NA HISTÓRIA", escreveu Trump em sua conta do Twitter.
O Globo domingo, 22 de julho de 2018
POP-FUNK DO DONAS ELEVA A TEMPERATURA DO ARPOADOR
POP-FUNK DO DONAS ELEVA A TEMPERATURA NO ARPOADOR
Com set-list eclético, grupo faz cariocas dançarem
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O Arpoador, um dos mais belos cartões postais do Rio, recebeu, no último sábado (30), o pop-funk do Donas em mais uma ação do Rio na Rua, de Itaipava. Além de mostrarem ao público do evento o single “Suar”, o trio feminino começou com “That Thing”, da norte-americana Lauryn Hill, e deu nova roupagem a sucessos de Anitta, Pablo Vittar e Wesley Safadão.
Karol Moura, que integra o grupo com Lanôr e Ana Santiago, aproveitou o fim de tarde para convocar quem deixava as areias e o mar azul de Ipanema. “Vem, gente! Venham sacudir o esqueleto aqui com a gente”, disse a vocalista. Com o som animado, os banhistas corresponderam e dançaram até o chão ao som de um repertório que emendou um funk atrás do outro, na pista preparada pela Itaipava para o Rio na Rua.
Ousadia também não foi problema. Inspiradas na desinibida Rihanna, as meninas do Donas garantiram o clima do verão durante toda a apresentação e colocaram o público em cima do palco para rebolar. “Não consegui me segurar. Vim ao Arpoador para tomar um banho de mar e terminei o dia rebolando num palco”, divertiu-se a mineira Monique Dias, a passeio no Rio.
A diversidade de público do Rio na Rua estava traduzida, inclusive, na arte do grafiteiro Daniel Nadi. Enquanto o show rolava, o artista fazia um “live paiting” na tela que tem o formato de uma gigante lata de cerveja. “A praia carioca é um lugar democrático, para todos, por isso meu personagem é azul, sem etnia definida, para que todos se identifiquem com ele”, explicou Nadi.
Nadi, que começou no grafite em 2002 ainda como hobby e hoje é um dos mais requisitados para pintar painéis na cidade, é um dos nomes cariocas que vão imprimir sua visão com o astral do Rio nos 24 painéis da edição de 2018 do Rio na Rua. O obra do artista pode ser vista com frequência em eventos de hip-hop, rap e entre os praticantes de esportes radicais, como o skate.
O clima da música pop e do “pancadão” combinou também com o foodtruck da famosa Batata do Marechal, que fez sucesso com seu gigante combo de batata frita diretamente de Marechal Hermes, na zona norte. Para acompanhar, o Rio na Rua colocou à disposição do público barris do mais gelado chope da Itaipava, tirado na hora e na pressão. O Rio na Rua, de Itaipava, que pelo segundo ano consecutivo leva música e diversão a espaços públicos da cidade e vai passar por diversos bairros durante os próximos meses, tem ainda o descolado espaço Calçada Itaipava, com um lounge formado por engradados da cerveja, banheiros VIPs, guarda-volumes e carregadores de celular.
As ações do Rio na Rua são itinerantes e a cada semana anunciam um local de grande concentração de bares e pessoas que estão curtindo a cerveja com os amigos para aterrissar. Gávea, Tijuca e Arpoador são alguns dos locais que já receberam o evento. Porto Maravilha, Botafogo, Lagoa e Barra da Tijuca são algumas das próximas paradas.
A programação deste ano é formada por cantores e bandas em ascensão no cenário musical carioca. Nomes como Blackbird, Thais Macedo, Flor de Sal, Ordinarius, entre outros, estão entre os artistas que sobem aos palcos do Rio na Rua. A britânica Folakemi e a banda Pietá já se apresentaram.
Em dezembro, no final de mais uma edição, o Rio na Rua terá um dia especial, com todas as bandas reunidas e as obras dos artistas expostas.
Além de trazer cultura e diversão à população, o projeto Rio na Rua conta com uma equipe de limpeza que toma conta do local da ação, sem deixar nenhuma sujeira para trás, já que o objetivo é levar apenas benefícios à cidade.
O Globo sábado, 21 de julho de 2018
SHEIK DO PSG VIAJOU AO BRASIL PARA GARANTIR NEYMAR POR MAIS UMANO
Jornal: Sheik do PSG viajou ao Brasil para garantir Neymar por mais um ano
Craque quer manter status de estrela no clube francês
POR O GLOBO
/ atualizado
Neymar Santos, o pai, e Nasser Al-Khelaifi durante leilão do Instituto Projeto Neymar Jr., em São Paulo - NELSON ALMEIDA / AFP
Presidente do Paris Saint-Germain, o sheik Nasser Al-Khelaifi marcou presença no leilão beneficente organizado por Neymar, em São Paulo. De acordo com o diário "Sport", mais do que para apoiar uma causa nobre, o manda-chuva esteve no Brasil para apoiar Neymar e, de alguma forma, garantir que ele fique mais um ano no clube francês.
Neymar tem sido especulado como um dos principais alvos do Real Madrid na janela de transferências (o clube negou a possibilidade). Diante da ascensão do francês Kylian Mbappé, o brasileiro quer manter o status de principal estrela do clube para permanecer em Paris. E este pode ter sido um dos motivos da viagem de Al-Khelaifi.
O Globo sexta, 20 de julho de 2018
NEYMAR: MEU FUTEBOL É DE DRIBLE, DE ENCARAR O ADVERSÁRIO
Neymar: 'Meu futebol é de drible, de encarar o adversário'
Jogador dá sua primeira entrevista após o Mundial na Rússia
POR O GLOBO
/ atualizado
Duas semanas após a eliminação do Brasil para a Bélgica nas quartas de final da Copa do Mundo, Neymar deu suas primeiras declarações à imprensa sobre a participação da seleção na Rússia, antes da abertura do leilão beneficente de seu instituto, na noite desta quinta-feira, em São Paulo. O camisa 10 da seleção na Copa aproveitou para defender seu estilo de jogo:
— Meu futebol é de drible, de encarar o adversário. Não posso chegar para o meu adversário e falar 'meu amor, licença, que eu quero fazer o go
Sobre as críticas que sofreu durante a Copa, ele afirmou que já está acostumado:
— Sei que as coisas caem nas minhas costas, mas não tem problema. Minhas costas são bem largas, já estou acostumado com isso — afirmou.
O craque mostrou ter assimilado a decepção de não ter conquistado o hexacampeonato.
— Muito triste, óbvio, não têm pessoas mais tristes do que eu, meus companheiros, nosso treinador e nossas famílias. A gente fica com aquele gostinho, porque a gente sabia que poderia vencer, porque tinha time para iss. Mas o luto já passou — declarou à Fox Sports.
Neymar confirmou que continuará no Paris Saint-Germain:
— Continuo (no clube), tenho contrato. Fui para lá por um desafio, por coisas novas, por um objetivo. E não mudou. Espero que seja uma temporada de sucesso.
O jogador não economizou elogios a seu colega de time Mbappé:
— Ele é um fenômeno, um grande jogador. A gente que está com ele no dia a dia já sabia disso faz tempo. E eu fico muito feliz de ele ter feito um grande Mundial. Eu falo com ele quase todos os dias, a gente se fala bastante. A gente vai ficar feliz de recebê-lo (no PSG) como campeão do mundo.
O Globo quinta, 19 de julho de 2018
TATÁ WERNECK: TINHA QUE USAR ROUPA LARGA PARA SER RESPEITADA
Tinha que usar roupa larga para ser respeitada?', desabafa Tatá Werneck, que estreia filme com Cauã
Atriz estreia comédia 'Uma quase dupla', ao lado de Cauã Reymond
POR ZEAN BRAVO
/ atualizado
RIO - “Assim como Cauã encara fazer comédia no filme ‘Uma quase dupla’, você toparia mergulhar num personagem dramático? Sim, não? Justifique!” Tatá Werneck ouve a pergunta do repórter e cai na gargalhada. É esta a pegada da “Entrevista com especialista”, quadro hilário em que ela conversa com pilotos, astrólogos e outros profissionais no “Lady night”, seu talk-show no Multishow, que terá nova temporada gravada em breve.
Especialista em fazer rir, Tatá interpreta, em “Uma quase dupla”, uma policial que precisa trabalhar com um desastrado subdelegado (Cauã Reymond) para solucionar uma série de assassinatos numa cidade do interior. O filme que estreia nesta quinta, 19, é comédia na veia, mas ela tem resposta na ponta da língua para a pergunta acima:
‘Nas novelas, minha demanda tem sido por papéis cômicos. Sou uma assalariada. Quem sou eu para negar trabalho?’
- TATÁ WERNECKsobre seus personagens na TV
— Antes da TV, fiz “Medeia”, “Antígona” e Nelson Rodrigues no teatro. O meu filme anterior, “TOC — Transtornada, obsessiva, compulsiva” tinha uma pegada de comédia e foi bem recebido pela crítica, mas o público não gostou. Teve gente que falou: “Tatá, vou te ver para rir, não para fazer uma reflexão” (o longa é sobre uma atriz muito famosa que entra em crise com a profissão). Para fazer drama, preciso de convites.
Prestes a completar 35 anos, em agosto, a atriz vai adiar por mais um tempo o desejo de ter um filho para dar conta da intensa agenda profissional. Após encerrar a novela “Deus salve o rei”, no dia 30, na Globo, tira dez dias de férias. Mas quer aproveitar o descanso para começar a escrever o roteiro da nova temporada do “Lady night”. Entre os novos convidados, Caetano Veloso. Em outubro, ela começa a gravar “Bugados”, nova série de Fernanda Young e Alexandre Machado para a Globo — sua personagem vive o dilema de se expor nas redes sociais sem perder a privacidade.
Nesta entrevista, Tatá, que também vai rodar no fim do ano um filme em que formará uma dupla sertaneja com Ingrid Guimarães, fala das críticas e de como superou o machismo no humor.
Você estará em uma série na Globo, vai para a terceira temporada de seu talk-show no Multishow, é protagonista de filmes e novelas. Chegou aonde queria?
Muito mais do que imaginei. Minha vontade era não deixar de ser atriz e simplesmente conseguir me manter na profissão. No processo, me descobri apresentadora com o “Lady night”, que é um programa autoral. Lá, posso fazer um pouco de tudo. O programa tem o meu jeito.
Como será “Bugados”?
Já fizemos leituras, e estou adorando o texto. São três casais que passam por situações cotidianas e lidam de forma irônica com a vida. Rita, minha personagem, é deslumbrada com a internet. Quer a privacidade dela, mas se expõe nas redes.
A tal da vida perfeita nas redes sociais...
Pois é, vejo os feeds das pessoas só com uma paleta de cores determinadas. Não tenho condição de ter essa vida cor-de-rosa! A minha não é assim. Para fazer uma selfie maneira eu tiro 50 fotos. Às vezes o Rafa (Vitti, seu namorado) me manda uma, e ele é lindo. Pois eu preciso botar filtro, levantar a perna, fazer várias coisas para ficar decente.
O Rafael Vitti tem 22 anos. Você se assustou com a repercussão quando começou seu namoro com ele?
Eu não gostei de um cara mais novo, gostei do Rafa. Quando um homem está com uma mulher mais nova é quase um troféu. Chegaram a me passar trotes mandando eu ficar com alguém da minha idade. Antes dele, me relacionei com homens mais velhos.
No filme, sua personagem precisa se mostrar durona para conseguir investigar um crime com um parceiro, um homem. Você enfrentou machismo no humor?
Eu vim de um ambiente de campeonato de improviso e lá precisava me anular como mulher. Tinha que negar minha feminilidade mesmo, usar roupas largas, para ser respeitada. Ouvi muita piadinha.
Chegou a ser assediada?
Já passei por situações. A gente ainda vive numa cultura machista. Percebo resquícios de machismo em mim mesma. Mas estamos no meio de uma mudança rápida. No filme, em uma cena, a Keyla faz xixi em pé. Ok, ela é uma pessoa prática. Mas se fosse fazer hoje (a cena) eu argumentaria que não há mais necessidade disso.
Você se considera empoderada?
O meu empoderamento vem do fato de eu ser uma mulher independente. Sou fiel ao que quero fazer.
Qual balanço você faz de sua participação em “Deus salve o rei”?
Aprendi muito. Essa foi uma novela com uma linguagem e um figurino próprios. Quando fico dois dias sem gravar já me sinto fora daquele universo medieval. No texto da Lucrécia vinha: chora copiosamente, tem um acesso de fúria e ri descontroladamente. Tudo numa mesma cena!
Acha que suas personagens nas novelas são parecidas?
Elas estão num nicho das malucas, desequilibradas, ninfomaníacas. Dentro disso, tentei dar uma cor diferente a cada uma. Mas é difícil sair do rótulo. Nas novelas, minha demanda tem sido por papéis cômicos. Sou uma assalariada. Quem sou eu para negar trabalho?
A sua dicção acelerada nas novelas também já foi criticada...
Em “Deus salve o rei” não é assim. No “Lady night” eu falo rápido mesmo. As pessoas não entendem isso como recurso de humor. O Pedro Cardoso faz o mesmo.
Como foi contracenar com Cauã? Você brincou que não faria sentido fazer o filme com ele sem cena de beijo...
Cauã é brilhante, fez muitos dramas e não atuava em comédia há anos. Admiro a disponibilidade dele em se colocar num lugar diferente. Ser muito bonito é a última de suas qualidades. Mas não posso negar que ficava com uma certa cerimônia perto dele. E tive que tirar dois dentes de trás para me sentir segura em nossa cena de beijo.
"
O Globo terça, 17 de julho de 2018
MARIA FLOR: TODAS AS MULHERES DEVERIAM TER UM VIBRADOR
'Todas as mulheres deveriam ter um vibrador', diz Maria Flor
POR MARIA FORTUNA
Maria Flor aparece bem natural em ensaio nu na “Trip”, que chega às bancas nesta quarta (18). A atriz, que está no elenco da segunda temporada de “3%”, no Netflix, manda a real sobre sexo, desejo e casamento. "Ninguém fala sobre a masturbação feminina, é meio que um tabu. Se uma menina fica muito tempo no banheiro, ninguém diz: ‘Você tava se masturbando, né?’, como acontece com os meninos”, compara. “Todas as mulheres deveriam ter um vibrador, é libertador”. Flor conta, sem neura, que já beijou mulheres. "Sempre num clima de festa e carnaval. Mas nunca transei com uma mulher, talvez por falta de oportunidade.”
Aos 34 anos, a atriz encara de frente seus questionamentos sobre a maternidade e diz que, hoje, lida melhor com as cobranças internas. “Rejeito a ideia de que as mulheres são obrigadas a ser mães. Ao mesmo tempo, sinto medo de chegar aos 60 e me arrepender”, assume. “Parei de me cobrar para ser uma mulher perfeita, gata, sarada, bem-sucedida e em um casamento perfeito. Sei que nunca serei essa pessoa.”
O Globo segunda, 16 de julho de 2018
SEPÚLVEDA PERTENCE PEDE PARA DEIXAR DEFESA DE LULA
Com críticas a advogados, Sepúlveda Pertence pede para deixar defesa de Lula
Pedido foi feito por meio de carta entregue nesta sexta a Lula
POR BELA MEGALE
/ atualizado
BRASÍLIA - Ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e um dos principais advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Sepúlveda Pertence enviou uma carta ao petista, na sexta-feira passada, em que comunicou sua intenção de deixar a banca de defesa “com pesar”. Segundo dirigentes do PT, Pertence deixou claro que as divergências com outros advogados da causa motivaram a decisão. O manuscrito foi levado a Lula, preso em Curitiba desde 7 de abril, pelo filho de Pertence, Evandro.
Na quarta-feira, o advogado Sigmaringa Seixas se encontrou com Lula em Curitiba para falar que Pertence queria deixar a sua defesa. O ex-presidente foi reticente e disse que não aceitaria que o ex-ministro, seu amigo há 40 anos, saísse da causa.
Na sexta-feira, ao receber a carta de Evandro, Lula repetiu que era contra a renúncia de Pertence e não quis ler o documento, que ficou com ele. O petista e seu advogado devem conversar pessoalmente nos próximos dias para definirem se o medalhão permanecerá ou não na banca da defesa de Lula.
Na carta, Pertence afirma que fez tudo o que estava ao seu alcance pela defesa de Lula, mas que foi surpreendido por nota pública emitida por seus advogados, referindo-se, sem citar nomes, a Cristiano Zanin e Valeska Teixeira, que desautorizavam sua atuação no STF. Zanin e Valeska são casados. Ela é filha de Roberto Teixeira, amigo do ex-presidente e investigado em ações da Lava-Jato.
Pertence citou ainda a carta divulgada pelo PT, em 3 de julho, assinada pelo próprio ex-presidente Lula. Segundo ele, a manifestação contraria sua postura de advogado de jamais entrar em embates pessoais com qualquer julgador, ainda mais os do Supremo, Corte que integrou de 1989 a 2007. No comunicado assinado por Lula, o ex-presidente acusa o ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no STF, de fazer manobras na tramitação do pedido de habeas corpus impetrado por seus advogados.
Na carta, Pertence rememora sua história como defensor de Lula e relembra os tempos das greves sindicais do ABC Paulista, nos anos 1980. Naquela época, o petista, que era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, foi acusado pela ditadura de ter estimulado um comportamento agressivo dos trabalhadores durante uma das greves do sindicato, que acabou resultando na prisão de Lula. Pertence foi um dos advogados responsáveis pela defesa do petista, em 1982, no Superior Tribunal Militar (STM), que anulou o processo e o devolveu para a Justiça Federal, onde acabou prescrito.
Ação no TRF-4 desagradou
Por fim, o criminalista cita o episódio do domingo da semana passada em que três deputados federais do PT entraram com outro pedido de liberdade de Lula, dessa vez, junto ao Tribunal Federal da 4ª Região (TRF-4). A liminar chegou a ser concedida pelo desembargador Rogerio Favreto, mas, após idas e vindas — com direito à manifestação do juiz Sergio Moro, do relator da Lava-Jato no TRF-4, João Pedro Gebran Neto, e do presidente do tribunal, Thompson Flores, contra a concessão do benefício — Lula permaneceu preso. Na carta, Pertence diz que o habeas corpus impetrado pelos deputados Paulo Pimenta (PT-RS), Wadih Damous (PT-RJ) e Paulo Teixeira (PT-SP) confirmam que o partido assumirá a direção da defesa.
O Globo domingo, 15 de julho de 2018
O FAVORITISMO FRANCÊS E O PERIGO CROATA
O favoritismo francês, o perigo croata: o duelo tático da final
POR CARLOS EDUARDO MANSUR
É possível, talvez inevitável, olhar para este França x Croácia que decide a Copa do Mundo e pensar que a seleção brasileira, com os defeitos e as muitas virtudes que exibiu na Rússia, tinha condições de protagonizar a final. Basta notar que deixou o torneio num momento em que progredia e após jogar melhor do que a Bélgica no duelo fatal de Kazan.
Mas também é útil examinar o que os finalistas têm e a seleção brasileira, não. A resposta conduzirá aos meio-campistas, grande hiato do futebol nacional, responsável pelas dúvidas que Tite carregou até as vésperas da convocação. Na França, Kanté, Matuidi e Pogba são o coração do time, responsáveis pelo jogo de transições, pelo desarme e a aproximação com qualidade no ataque. Na Croácia, Modric e Rakitic ditam o ritmo. Pogba e Modric talvez sejam o protótipo do jogador que o Brasil vinha tendo dificuldade de produzir.
Comentarista para a "Russia Today", canal de TV transmitido em inglês no país da Copa, o português José Mourinho, treinador de Pogba no Manchester United, exaltou a "maturidade" com que o meia se desdobrou entre tarefas ofensivas e defensivas contra a Bélgica, na semifinal. Algo que vinha tentando tirar de seu jovem talento, nem sempre com sucesso. O Pogba da reta final do Mundial é destes meias totais, capazes de alinhar com os zagueiros para marcar um jogador de boa estatura, como o belga Fellaini, e ser o condutor dos contragolpes, com passes até as proximidades da área ofensiva.
Modric é o grande pensador croata, responsável por acertar 84% dos 443 passes que tentou no Mundial. Iniciou a Copa alguns metros mais atrás no campo, formando dupla com Rakitic. Mais adiante, com a entrada de Brozovic como um "camisa 5", adiantou-se. É influente em todos os setores, ainda que o time croata induza a distribuição das jogadas para os lados do campo. A jogada prioritária de um time que não chega a ter um repertório ofensivo vasto é a busca das laterais para os cruzamentos.
Mas o futebol brasileiro dá sinais de avançar na fabricação de meias. Arthur não é um Modric, tampouco um Pogba. É apenas o retrato de um esforço recente que parece haver nas divisões de base do Brasil. O surgimento dele, ou o de Lucas Paquetá no Flamengo, talvez sinalize uma preocupação em preencher uma lacuna: a dos organizadores de jogo, capazes de influenciar numa partida de uma intermediária à outra. Tite sentiu falta de jogadores assim, recorreu a Coutinho para melhorar a criação, mas criou desequilíbrios defensivos.
A final deste domingo oferece um interessante duelo no meio-campo, entre jogadores de estilos diversos: do vigor e senso de colocação de Kanté, ou da classe de Pogba; a um organizador como Modric ou um multitarefas como Rakitic. Mas o jogo não se resume a isso. Primeiro, quem assistir à decisão não deve se espantar caso veja a favorita ter menos a bola. A França descobriu sua melhor faceta no contragolpe, com a vitalidade de seus meias e a criação de espaços para Griezmann e Mbappé arrancarem. Ainda que Mbappé seja destes talentos capazes de driblar em pedaços mínimos de campo.
A Croácia deve manter seu 4-3-3, com um volante por trás dos meias Modric e Rakitic. Embora não seja um time de posse de bola massacrante, pressionou mais à frente contra a Inglaterra, na semifinal, trabalho que incluiu os dois meias de criação. Se repetir na decisão, haverá um risco: contra os ingleses, deixou vastos espaços entre meias e linha defensiva. Tudo o que a França adora.
No entanto, contra a Argentina, os croatas fizeram uma linha de cinco homens à frente da defesa - o volante Brozovic, os meias Rakitic e Modric, além dos pontas Rebic e Perisic -, marcando mais atrás e buscando acionar os pontas. A França tem dificuldade neste tipo de jogo, obrigada a construir. O resultado pode ser uma final muito estudada e de poucos riscos. Resta saber se os franceses, rotulados como favoritos, vestirão o personagem e abrirão mão do pragmatismo que os levou à final. Parece improvável.
Outra questão diz respeito a este "novo Pogba". Certamente, terá trabalho defensivo, especialmente com Rakitic. Mas pode ser o homem dos contra-ataques pelo centro do campo. Giroud, que ainda não fez gols, é ótimo receptor de bolas, esperando a chegada do time e combinando com Griezmann, atacante que tem atuado quase como um "camisa 10", participando da criação perto do gol com liberdade de movimentos. Darão muito trabalho a Brozovic, o volante croata, ótimo na semifinal.
Outro duelo terá lugar pelos lados do campo. A França parte de um modelo assimétrico. Seu 4-2-3-1 tem o meia Matuidi pela esquerda e Mbappé, atacante incisivo, de ofício, pela direita. Matuidi fecha bem seu setor na hora de defender, mas com a bola pode atacar o lado ou um corredor mais central. Na direita, Mbappe recompõe menos ao defender, preservado para usar sua habilidade e velocidade no contragolpe.
A França termina por ter uma linha de três meias ao defender: Kanté, Pogba e Matuidi. Assim, se Mbappé participar pouco defensivamente, o combate a Perisic, um dos pontas croatas, pode ser prejudicado. Mas o apoio do lateral Strinic também pode acabar reduzido. Ter Mbappé mais atrás pode dar segurança, mas exigir dele um esforço que o limite na hora de atacar. Uma decisão a tomar diante de uma Croácia que faz Modric e Rakitic ditarem o ritmo e tentarem acionar os pontas nos dois lados do campo.
Pela esquerda, a França é mais sólida, com Matuidi e o lateral Lucas Hernández. A Croácia pode sobrecarregar seu jogo no lado direito francês, com Rakitic juntando-se a Perisic e o lateral Strinic. Obrigaria um dos meias franceses a cobrir, criando desequilíbrios e abrindo espaço apara Modric. Contra a Inglaterra, os dois meias buscaram o lado do campo e seguidas inversões do lado da bola criaram perigo.
Embora tenha jogado poucos minutos empolgantes, não é razoável menosprezar um finalista de Copa com a competitividade croata e com um jogador como Modric. Mas as armas de uma França com mais reserva de talento parecem capazes de provar mais dano.
O Globo sexta, 13 de julho de 2018
GUERRERO É PARADO EM BLITZ E SE RECUSA A SOPRAR O BAFÔMETRO
Craque do Flamengo se recusa a soprar bafômetro da Lei Seca e ficará sem dirigir
POR ANCELMO GOIS
Bola fora do craque
Se Paolo Guerrero, em fim de contrato com o Flamengo, continuará no Brasil ou não, ainda não se sabe. Mas uma coisa é certa: pelos próximos 12 meses, o atacante peruano não poderá... dirigir por aqui.
É que o camisa 9 foi parado numa blitz da Lei Seca, terça, às 23h50m, na Rua Mário Ribeiro, na Gávea. Além de se negar a soprar o bafômetro, o peruano estava com a CNH vencida.
O Globo quinta, 12 de julho de 2018
PRESIDENTE DO STJ NEGA 143 HABEAS CORPUS EM NOME DE LULA E CRITICA PEDIDOS
Presidente do STJ nega 143 habeas corpus em nome de Lula e critica pedidos
Petições seguiam texto padrão e, segundo ministra, tinham natureza política
POR ANDRÉ DE SOUZA
/ atualizado
BRASÍLIA — A presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministra Laurita Vaz, negou 143 habeas corpus apresentados por cidadãos comuns em nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Todos os pedidos seguiam um texto padrão de teor político. Laurita destacou que esse não era o meio adequado para "atos populares" sem embasamento jurídico e lembrou que o Judiciário já está sobrecarregado de trabalho.
"O Poder Judiciário não pode ser utilizado como balcão de reivindicações ou manifestações de natureza política ou ideológico-partidárias. Não é essa sua missão constitucional”, escreveu Laurita.
Ela lembrou que as petições, todas entregues em papel e não eletronicamente, ocuparam trabalho de vários servidores do STJ, “sobrecarregando a rotina de trabalho, já suficientemente pesada”. Lembrou ainda que nenhum dos autores dos habeas corpus atua na defesa de Lula, que já tem seus advogados nomeados especificamente para fazer esse trabalho.
“Assim, não merece seguimento o insubsistente pedido de habeas corpus, valendo mencionar que a questão envolvendo a determinação de cumprimento provisório da pena em tela já foi oportunamente decidida por este Superior Tribunal de Justiça e pelo Supremo Tribunal Federal”, decidiu a presidente do STJ, numa referência a decisões que autorizam a prisão de condenados em segunda instância, caso de Lula.
Na terça-feira, Laurita Vaz já havia negado um dos pedidos apresentados em nome do petista. Na decisão, ela afirmou que o desembargador Rogério Favreto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que mandou soltá-lo no domingo, não poderia ter tomado essa decisão. A ministra disse ainda que o juiz Sergio Moro, responsável pelo primeiro despacho que evitou que Lula fosse solto, agiu corretamente.
O ex-presidente cumpre pena de 12 anos e um mês por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP).
O Globo quarta, 11 de julho de 2018
UMA FINALISTA E A ETERNA SENSAÇÃO DE QUE HÁ ALGO MAIS A OFERECER
Análise: Uma finalista e a eterna sensação de que há mais a oferecer
A Copa de 2018 não é um torneio de fartura de jogo encantador e desempenhos
vistosos
POR CARLOS EDUARDO MANSUR, ENVIADO ESPECIAL
/ atualizado
SÃO PETERSBURGO — Como numa Copa do Mundo retratada em 90 minutos, estavam no gramado de São Petersburgo dois times separados por diferenças mínimas e, no fim, um gol de bola parada como o lance crucial. Nada mais coerente com o roteiro de um torneio marcado pelo equilíbrio que advém da globalização, pela falta de espaços e pela inexistência de um time verdadeiramente dominador através do controle da bola e das ações.
É uma Copa de decisão em poucos lances, de momentos. Hazard teve os seus, Mbappé também, Griezmann também. Grandes jogadores dos grandes lados, mas a sensação de que continuamos à espera da definitiva exibição de um time para ser lembrado. Ou mesmo da atuação individual que nos convença, de forma definitiva, de que estamos diante do novo melhor do mundo. Não é um torneio de fartura de jogo encantador, de desempenhos coletivos vistosos, do time que submete o rival até derrotá-lo.
Não quer dizer que não houve um ótimo jogo, duelo tático, lances de brilho dos craques. E, no fim, vai à final a França por resolver melhor uma das mais duras equações do Mundial. Se não é possível dar aos grandes craques o contexto dos clubes de ponta da Europa, com elencos fartos, bom tempo de treinamento e uma superestrutura ao redor, o desafio é deixar as estrelas cômodas. Criar formas de jogar que ativem suas qualidades. Aí reside outra diferença entre a Bélgica e a França na semifinal.
Após surpreender o Brasil, Roberto Martínez apresentou um novo plano. Voltou a ter um sistema para defender, outro para atacar. Um com quatro defensores, outro com três. Kevin de Bruyne não foi o "falso 9", mas um dos meias por trás de Lukaku. Este, deixou a ponta e voltou a ser o centroavante. Os dois saíram do jogo. Lukaku porque, com mais posse de bola, sem os espaços para o contragolpe que o Brasil permitiu por 30 a 35 minutos, a Bélgica criou muito menos. Sempre teve tal problema. E De Bruyne porque, encaixotado entre as linhas de marcação francesas, só entrou no jogo nos 25 minutos finais, quando voltou a ser um volante, iniciador de jogadas. O que se viu de brilho belga veio de Hazard, um grande nome que se despede da briga pelo título.
A França é o oposto. Talvez o elenco mais dotado tecnicamente da Copa, chegou à Rússia com uma coleção de estrelas desconfortáveis em suas funções. Parecia desafiador montar um time em torno de jogadores tão especiais. Vestia o traje de favorita e tentava atacar, dominar. Nunca funcionou. Até trocar o protagonismo pelo pragmatismo.
Ao fazer Matuidi marcar pela esquerda e, no momento ofensivo, sustentar o meio-campo, os franceses têm um Pogba mais frequentemente liberado para conduzir a bola na ligação de contragolpes. Griezmann, pouco à vontade num trio ofensivo, virou um segundo atacante por trás de Giroud, algo mais próximo do que faz no Atlético de Madrid. E Mbappé... Bem, este tem só 19 anos e parece sempre à vontade. Desde que, em passagens dos jogos que podem ser longas, saiba esperar seu tempo de ter a bola.
A França, e talvez o futebol de seleções fabrique cada vez mais equipes assim, é destes times de enorme potencial, que deixa o mundo na expectativa de ver aflorar um jogo tão encantador quanto seus intérpretes: mas oferece ao espetáculo apenas o indispensável para ganhar. Deschamps criou uma estrutura conveniente para seus astros, para que tenham momentos e, neles, produzam impacto no resultado do jogo. Mas ainda não houve exibições de 90 minutos de um jogo fluido. São ações decisivas, por vezes esparsas.
Impossível ignorar méritos num futebol francês que fará sua terceira final de Copa em 20 anos. Nunca se produziu tantos talentos. E veio à Rússia um elenco jovem, de imensa técnica, mas que trocou a exuberância pela capacidade de se adaptar. A tentativa de mandar nos jogos na primeira fase resultou em atuações ruins, desequilibradas contra Austrália e Peru, por exemplo.
Nas oitavas, o caos argentino ofereceu todos os espaços de que tanto gosta esta França: imbatível ao poder correr e contragolpear, levou três gols, mas fez quatro. Já o Uruguai se fechou, os franceses controlaram a bola mas, fora de sua zona de conforto, dependeram de uma falta lateral à área para chegar ao gol. Contra a Bélgica, talvez escaldados pela derrota brasileira, os franceses não fizeram qualquer questão da bola. E novamente acharam o gol na bola parada.
O Globo terça, 10 de julho de 2018
MAIORES FORÇAS OFENSIVAS RESTANTES DECIDEM VAGA NA COPA
Maiores forças ofensivas restantes decidem vaga na final da Copa
Partida entre França e Bélgica acontece nesta terça-feira, às 15h, em São Petersburgo
POR O GLOBO
/ atualizado
SÃO PETERSBURGO — Apontada por boa parte do público como a final antecipada da Copa do Mundo, França e Bélgica entram campo para a primeira semifinal, às 15h, em São Petersburgo, num duelo que opõe os dois elencos de mais talento entre as seleções sobreviventes. Os franceses já constavam na maioria das listas de favoritos ao título desde antes de o torneio começar — previsão confirmada pela liderança do grupo na primeira fase, e pelas vitórias com sobras contras times tradicionais como Argentina e Uruguai. Do outro lado, a Bélgica sempre foi vista com potencial para chegar longe, e suas credenciais se fortaleceram enormemente com a vitória sobre o Brasil.
São as duas principais forças ofensivas desse Mundial, ainda que de estilos diversos como os dos jogadores que devem atuar no comando do ataque: o francês Giroud, típico centroavante, de perfil discreto na comparação com o frisson causado pelos astros Mbappé e Griezmann; e o belga Kevin de Bruyne, um meio-campista completo, podendo atuar como volante e pelas pontas, e que contra o Brasil se revelou capaz também de jogar como centroavante, um “falso nove”.
Uma semi com raízes africanas
Mbappé e Griezmann. Jogador de área, ainda não fez gol nesta Copa, mas tem sido elogiado por conseguir abrir espaço na marcação para as infiltrações de seus velozes companheiros de ataque.
Já De Bruyne é o nome do momento. Melhor jogador do Manchester City campeão inglês, nunca fora uma estrela e não tem o apelo de marketing de outros ídolos, mas seu futebol fez despertar a curiosidade por sua vida e estilo. Fluente em holandês, francês e inglês, fala também alemão. Sua mãe, Anna, uma engenheira na área de petróleo, nasceu no Burundi, o que tornaria o meia elegível para defender o país africano. Mas a opção foi pela Bélgica, país de nascimento.
Fora de campo, também é um jovem de iniciativa. Em coautoria com um jornalista belga, lançou sua biografia, “Keep it simple”, algo como “Mantenha simples”. De fato, não é dado a extravagâncias e, em campo, executa seu jogo com elegância, eficiência, mas sem teatralidades.
Ficha de Jogo
França: Lloris, Pavard, Varane, Umtiti e Hernández; Kanté, Pogba e Matuidi; Mbappé, Giroud e Griezmann.
Bélgica: Courtois, Alderweireld, Vermaelen, Kompany e Vertonghen; Witsel, Fellaini e Chadli;De Bruyne, Lukaku e Hazard.
Juiz: Andrés Cunha (Uruguai).
Local: Estádio de São Petersburgo.
Horário: 15h.
O Globo segunda, 09 de julho de 2018
PSG PREPARA OFERTA RECORDE POR PHILIPPE COUTINHO
PSG prepara oferta recorde por Philippe Coutinho, Barça cobra multa rescisória
Catalães querem compensação de 400 milhões de euros
POR O GLOBO
/ atualizado
O bom desempenho de Philippe Coutinho na Copa do Mundo, na qual chegou a ser eleito o craque da partida nos jogos contra Suíça e Costa Rica, já começa a render frutos ao astro do Barcelona. O jogador de 26 anos é alvo de uma proposta do Paris Saint-Germain (PSG). O clube da capital francesa estaria disposto a desembolsar até 270 milhões de euros (cerca de R$ 1,250 bilhão) pelo jogador revelado nas divisões de base do Vasco.
Esse teria sido o valor de uma proposta feita diretamente aos representantes do jogador, e não ao Barcelona, de acordo com o diário espanhol "Mundo Deportivo". A transferência seria recorde: maior que os 222 milhões de euros (R$ 814 milhões, em câmbio da época) pagos para contratar Neymar.
Philippe Coutinho esteve na marca do PSG antes: em janeiro, antes de fechar com o Barcelona, o jogador brasileiro foi assediado por vários clubes no momento de indefinições que vivia no Liverpool.
Além da qualidade técnica de Coutinho, os analistas esportivos da Espanha apostam que a contratação do meia tem outro papel estratégico: pode ajudar a convencer Neymar a permenecer no clube. Caso a estratégia não dê certo, o jogador, que pode atuar no ataque, ajudaria a repor a perda.
O Barcelona já se manifestou sobre o assunto. O clube sinaliza que o jogador não está à venda e que quem quiser levá-lo deverá pagar os 400 milhões de euros (R$ 1,520 bilhão) que estão em sua cláusula rescisória.
Caso se confirme a saída de Coutinho, essa seria a segunda baixa de brasileiro do Barcelona após a Copa do Mundo. Neste domingo, o clube anunciou a ida do volante Paulinho para o Guangzhou Evergrande, da China, por empréstimo.
O Globo domingo, 08 de julho de 2018
SELEÇÃO BRASILEIRA É APLAUDIDA NA CHEGADA AO RIO DE JANEIRO
Seleção é aplaudida por passageiros na chegada ao aeroporto do Rio
Tite e Coutinho foram os mais assediados por torcedores que madrugaram no Galeão
POR LUCAS ALTINO
/ atualizado
A seleção brasileira foi aplaudida por passageiros no aeroporto do Galeão na chegada ao Rio de Janeiro. Após a eliminação precoce na Copa, os jogadores não quiseram falar com a imprensa. Somente Casemiro e Tite disseram algumas palavras. Poucos torcedores estavam presentes para recepcionar o time, que chegou por volta das 6h deste domingo. O voo fretado pela CBF fez escala em Madri, onde desembarcou a maioria dos atletas. Casemiro, Neymar, Coutinho, Gabriel Jesus, Taison, Geromel, Douglas Costa e Tite seguiram até o Rio.
Os jogadores se dividiram entre dois portões de saída, numa tentativa de driblar a imprensa. Todos se dirigiram rapidamente aos carros e deram pouca atenção aos pedidos de foto e de entrevista. Neymar foi o único a não ser visto no saguão. Segundo seguranças, saiu diretamente da pista para um helicóptero, com destino à casa que tem em Mangaratiba (Costa Verde do Rio).
O técnico Tite foi um dos mais assediados, posou para fotos e deu autógrafos. Evitando entrevistas, falou rapidamente.
— Tenho orgulho em poder transmitir alguma coisa boa. Só retribuir o carinho que eles estão nos proporcionando. Quero, de coração, agradecer a eles. Obrigado — afirmou.
Coutinho foi outro bastante procurado pelos torcedores. Quando apareceu, uma pequena multidão se formou na frente dele, e o cordão de saída foi derrubado.
O volante Casemiro, suspenso no jogo contra a Bélgica por ter recebido dois cartões amarelos anteriormente, pediu que a seleção seja valorizada, apesar de não ter passado para a semifinal.
— Há dois anos o Brasil corria o risco de nem se classificar e, agora, estávamos como favoritos. Há muitas coisas boas. Não é o fim de uma era. Tem que valorizar — disse.
A torcedora Manuella Lopes , de 14 anos, foi uma das torcedoras que conseguiram autógrafos de Tite, Coutinho e Douglas Costa.
— Saí de Guapimirim, onde moro, às 3h para vir aqui. Sou fã do Neymar, queria falar com ele. Mas fiquei feliz com os autógrafos.
O próximo jogo da seleção brasileira é um amistoso em 8 de setembro, contra os Estados Unidos, em Nova York.
O Globo domingo, 08 de julho de 2018
DESABAFO DE NEYMAR: MOMENTO MAIS TRISTE DA CARREIRA
'Momento mais triste da carreira', desabafa Neymar após eliminação
Astro brasileiro se disse sem forças para voltar a jogar futebol
POR O GLOBO
/ atualizado
O craque Neymar desabafou nas redes sociais após a eliminação do Brasil na Copa da Rússia. O astro da seleção de Tite reconheceu que este é "o momento mais triste" de sua carreira e que "a dor é muito grande", já que os jogadores "sabiam onde poderiam chegar". O craque ressaltou que é "difícil encontrar forças" para voltar ao futebol, mas que tira de Deus o apoio para "enfrentar qualquer coisa"
O Globo sábado, 07 de julho de 2018
COUTINHO: A GENTE SABE QUE VAI LEVAR PORRADA
Coutinho: ‘A gente sabe que agora vai levar muita porrada’
Meia lamentou eliminação do Brasil para a Bélgica, nas quartas de final
POR O GLOBO
/ atualizado
Um dos destaques da seleção brasileira na Copa do Mundo, o meia Philippe Coutinho falou com a imprensa após a eliminação nas quartas de final para a Bélgica, diferentemente do amigo e companheiro Neymar. Abatido, Coutinho sabe que as críticas não serão poucas.
- Quando se perde, muita é coisa é falada no brasil. Sabemos como são as coisas...A gente sai um pouco frustrado, queríamos muito ter chegado à final. Mas a vida segue, o futebol é assim. A gente sabe que agora vai levar muita porrada - disse Coutinho, na zona mista.
O Globo sexta, 06 de julho de 2018
BRASIL X BÉLGICA: PERSPECTIVA DE GRANDE FUTEBOL
Com dois times técnicos e ofensivos, Brasil x Bélgica é perspectiva de grande futebol
POR CARLOS EDUARDO MANSUR
KAZAN - Nos meses anteriores à Copa do Mundo, quase todas as tentativas de projetar o desempenho brasileiro, alimentadas por uma manifesta preocupação do técnico Tite, passavam pelo desafio de vencer defesas muito congestionadas. A expectativa era a do Mundial da negação do espaço. E, a rigor, o torneio não contrariou a tese, longe disso. Mas a seleção brasileira escapou das grandes retrancas até aqui.
A Suíça, talvez por ter sofrido o gol de Coutinho muito cedo, passou boa parte do jogo no campo brasileiro. A Sérvia adiantou sua linha defensiva, enquanto o México foi para o embate franco. Apenas a Costa Rica foi, de fato, um time dedicado a defender perto de seu gol. E pouca coisa indica que a Bélgica vá fugir às suas características para se plantar à frente de sua meta. Entre outras coisas, porque defende mal. E, fundamentalmente, porque tem o time mais técnico que o Brasil de Tite já enfrentou nos quase dois anos sob as ordens do treinador. Será fascinante o jogo em Kazan.
Ao não deparar com tantas retrancas, algo ficou claro na caminhada da seleção brasileira, sempre associada à busca da bola, à iniciativa dos jogos. A forma como os jogadores do Brasil punem qualquer espaço concedido por rivais reforça um traço de nossa escola atual: produzir, em série, jogadores que amam o contragolpe.
O que é revelador de uma virtude e de um defeito do futebol brasileiro atual. Nossos jogadores rendem melhor quando podem acelerar, correr para o duelo pessoal contra o marcador, ter o espaço para o drible. São os melhores do mundo nesta tarefa. E nem sempre jogar campo rival adentro possibilita tal cenário. Em especial para uma escola que passou longo tempo sem produzir meias organizadores, bons passadores.
Tite, que recentemente adaptou Coutinho à função de meia articulador, fez o Brasil evoluir na capacidade de construir desde a defesa, furar bloqueios. Como mostra o primeiro gol sobre o México. E ter diferentes formas para resolver partidas é um mérito do Brasil.
Modelo de troca de passes segue vivo
Mas o que chama a atenção é como a seleção atual, por vezes, não precisa de longos períodos de domínio da bola, de posses longas. Pode viver de momentos, decidir num espasmo, uma estocada, mesmo quando o rival, atraído a sair de trás, parece controlar o jogo. O Brasil teve apenas 47% da bola contra o México. Contra a Suíça, ficou em 52%. A média da equipe no Mundial é de 55%, número impulsionado pelo jogo com a Costa Rica. Mesmo assim, está dentre os que mais criaram oportunidades de gol.
— A característica dos atletas dá ao time repertório. Podemos fazer jogadas construídas, mas temos contra-ataque muito forte, transição rápida, velocidade. Temos muito drible na frente com Douglas Costa, Neymar, Gabriel Jesus... — destacou Tite antes do jogo com a Bélgica.
É um erro achar que o Mundial representa o fim do jogo de posse de bola por causa das eliminações de Espanha e Alemanha. Estes times tinham problemas de execução. A culpa não é do modelo, da troca de passes, do jogo coletivo, algo que o futebol jamais vai tornar ultrapassado. E a escola brasileira precisa crescer na tarefa de elaborar com a bola. O fato é que o futebol, hoje, premia quem domina várias facetas: o controle da bola e as transições em velocidade.
E aí está a chave do Brasil x Bélgica de hoje. A seleção brasileira tem números defensivos impressionantes. Os belgas, um recorde de gols até aqui. Parecem opostos, mas na verdade há similaridades: são times ofensivos, que buscam construir jogadas, mas que se tornam realmente mortais se ganham a chance de jogar em velocidade. Punem uma perda de bola com contragolpes fatais. Na verdade, é um jogo de xadrez.
Parece difícil acreditar que a formação atual, que vem deixando a Bélgica tão desequilibrada defensivamente, será mantida. Mas se for, Tite tem uma decisão a tomar: contra Hazard e Mertens, dois pontas que não jogam abertos, mas buscam a entrada da área por trás de Lukaku, ter só um volante centralizado pode criar problemas de marcação no setor. Contra o México, o Brasil cresceu ao passar ao 4-4-2, com Paulinho junto a Casemiro. Este último, suspenso, dará lugar a Fernandinho.
Roberto Martínez, técnico da Bélgica, fugiu da pergunta sobre a possível entrada de Fellaini ou uma mudança de sistema para ganhar solidez. Tite evitou responder sobre transformar o Plano B do jogo com o México em Plano A.
— Não dá para ter só uma forma de jogar. Temos as duas dominadas e vamos aperfeiçoando conforme a necessidade.
O jogo será um permanente exercício de equilíbrio, algo que o Brasil teve mais do que a Bélgica até aqui. Mas será um encontro de jogadores especialistas nos duelos pessoais, o um contra um, a busca do drible. A tradição brasileira e o poderio de Neymar, Coutinho, Willian e Jesus podem induzir os belgas a reduzirem riscos e esperarem a seleção atacar; mas trata-se de um time leve, ofensivo e fraco ao defender, o que podem empurrá-lo ao ataque.
Por outro lado a seleção de Tite enfrenta seu rival mais técnico, cheio de astros em clubes de elite. Precisará de cuidados, porque há desacertos defensivos constantemente cobertos pela enorme capacidade de Thiago Silva, Miranda e do hoje ausente Casemiro. Mas também terá que ativar seus homens decisivos na frente. O melhor de tudo é que o duelo tático será travado por homens de alta dose de talento, sempre a postos para desequilibrar. Promete ser fascinante a noite de Kazan.
O Globo quinta, 05 de julho de 2018
SELEÇÃO É RECEBIDA COM FESTA EM KAZAN, ONDE JOGA CONTRA A BÉLGICA
Seleção é recebida com festa em Kazan, onde joga contra a Bélgica
Torcedores levaram samba e gritos de guerra na chegada dos jogadores
POR BRUNO MARINHO / ENVIADO ESPECIAL
/ atualizado
KAZAN — Cerca de 300 torcedores brasileiros fizeram festa no começo da tarde desta quinta-feira, horário de Moscou, quando a seleção desembarcou em Kazan. O grupo chegou à cidade onde o time enfrentará a Bélgica na sexta-feira, pelas quartas de final da Copa do Mundo.
A concentração da torcida em frente ao hotel começou na parte da manhã. Quando o ônibus que trazia a delegação do aeroporto de Kazan chegou, a festa explodiu. Muitos jogadores e membros da comissão técnica filmavam a torcida de dentro do ônibus.
No lado de fora, muitos seguiram registrando a recepção calorosa oferecida pelos torecedores. Neymar foi um dos mais ovacionados pela torcida. Renato Augusto também se mostrou bem feliz com a recepção dos brasileiros.
A programação da seleção em Kazan segue na parte da tarde. O técnico Tite e o capitão Miranda darão coletiva na Arena Kazan, local da partida, seguindo o protocolo da Fifa às vésperas dos jogos. Em seguida, partirá para o treino, que deve acontecer no estádio do Rubin Kazan, no centro da cidade.
Brasil e Bélgica se enfrentarão na sexta-feira, às 15h (de Brasília), disputando uma vaga na semifinal da Copa do Mundo. Quem passar terá pela frente o vencedor do confronto entre França e Uruguai.
O Globo quarta, 04 de julho de 2018
COMO TITE LAPIDOU O SISTEMA DEFENSIVO DA SELEÇÃO
Como Tite lapidou o sistema defensivo da seleção
Entenda o que faz do Brasil a equipe menos vazada da Copa do Mundo, ao lado do Uruguai
POR BRUNO MARINHO E IGOR SIQUEIRA, ENVIADOS ESPECIAIS
/ atualizado
KAZAN E SOCHI - Neymar estampou a capa de todos os jornais e sites depois da vitória sobre o México. Entretanto, se justiça fizessse parte do dicionário do futebol, talvez um representante do sistema defensivo do Brasil estivesse dividindo o holofote com o camisa 10. Tão importante quanto o craque, a capacidade da seleção de não sofrer gols abriu caminho para a classificação para as quartas-de-final da Copa do Mundo. Entender como a equipe chegou a esse ponto, de ser a menos vazada do Mundial, ao lado do Uruguai, com apenas um gol sofrido, é decifrar o próprio estilo de trabalho de Tite.
Tudo começa no ataque e na permanência de Gabriel Jesus no time titular, mesmo sem ter chegado nem perto de marcar um gol nessa Copa. O camisa 9 oferece ao treinador um primeiro combate que há muito tempo a seleção não tinha. Antes de ser convocado, jogadores veteranos, como Jonas e Ricardo Oliveira, vinham ocupando a função, longe de terem a mesma pegada. Mesmo Firmino, aos 26 anos, não possui a capacidade de marcação que o atacante do Manchester City. Contra o México, terminou o jogo no meio de campo, marcando o lateral-direito adversário. O atributo, menor aos olhos da torcida, pelo menos é valorizado pelos companheiros de equipe.
- Você vê o Coutinho, o Neymar correndo bastante, brigando pela bola. O que o Gabriel Jesus rouba de bolas é um absurdo. Uma defesa sólida começa desde o primeiro atacante - destacou Fagner.
Uma equipe toda empenhada na marcação faz com que as jogadas adversárias, ainda que se aproximem da grande área brasileira, não tenham tanta fluidez. O abafa segue forte com a presença de Casemiro à frente dos zagueiros, outra intervenção de Tite na seleção. O jogador virou titular assim que o técnico assumiu a equipe, enquanto que acumulava poucos minutos em campo com Dunga. Com o ex-treinador do Brasil, era preterido a favor de Fernandinho e Luiz Gustavo.
É muito por conta da presença de Casemiro na equipe que o Brasil possui um número expressivo na Copa: apenas quatro finalizações adversárias chegaram efetivamente ao gol da seleção em todo Mundial, média de uma por jogo. Até agora, 12 bloqueios já ocorreram. Em 17 vezes, as finalizações, realizadas sob a pressão da marcação, foram para fora.
- Casemiro está suspenso, não vai jogar contra a Bélgica, mas ele dá um suporte incrível na marcação - reconheceu Thiago Silva.
O zagueiro, candidato à capitão do Brasil numa eventual final de Copa do Mundo, é outro ponto claro que ajuda a explicar o bom momento da defesa da seleção. De volta às convocações com Tite, o jogador tem sido o mais regular da equipe na competição. Foram quatro partidas, quatro boas atuações e a autocrítica de que essa fase positiva acaba contagiando os outros jogadores. Alisson só foi obrigado a fazer três defesas no Mundial até agora, mas quando a bola chegou, o goleiro da Roma foi bem. Miranda, mesmo um pouco abaixo de Thiago, também tem brilhado na Rússia.
- Eu pouco me importo com a possibilidade de ser considerado o melhor zagueiro da Copa do Mundo. Prefiro o título do que ser eu o melhor zagueiro da Copa. Mas é bom estar jogando assim, venho tendo grandes performances e isso dá tranquilidade para o restante do grupo - frisou.
SELEÇÃO COM TITE
6 gols, 25 jogos
Seleção na Copa
1 gol, 4 jogos
As cinco melhores defesas da Copa
1º Brasil: 1 gol/4 jogos
2º Uruguai: 1 gol/4 jogos
3º Croácia: 2 gols/4 jogos
4º Suécia: 2 gols/4 jogos
5º Colômbia*: 2 gols/3 jogos
Os cinco goleiros com menos defesas (somente os que jogaram quatro partidas):
1º De Gea (ESP): 1 defesa/6 gols sofridos
2º Alisson (BRA): 3 defesas/1 gol sofrido
3º Rui Patrício (POR): 8 defesas/6 gols sofridos
4º Courtois (BEL): 9 defesas/4 gols sofridos
5º Muslera (URU): 11 defesas/1 gol sofrido
O Globo terça, 03 de julho de 2018
SUÉCIA X SUÍÇA: O JOGO MAIS POLÊMICO DO MATA-MATA
Suíça x Suécia: o jogo mais polêmico do mata-mata da Copa
Subestimadas, seleções tentam esvaziar repercussões contra atletas naturalizados
POR DIOGO DANTAS, ENVIADO ESPECIAL
/ atualizado
SÃO PETERSBURGO — Duas das seleções que foram mais assunto na Copa do Mundo não exatamente pela bola que jogaram, Suíça e Suécia fazem a partida mais tensa das oitavas de final, nesta terça-feira, 11h de Brasília. Embora classificadas em grupos fortes, com Brasil e Alemanha, ambas conviveram com polêmicas relacionadas a seus atletas naturalizados que chamaram mais atenção que o futebol.
De um lado, os suíços Xhaka e Shaqiri acabaram multados por comemorarem os gols sobre a Sérvia imitando a águia símbolo dos povos albaneses e kosovares dos quais são descendentes. Na trincheira sueca, o zagueiro de origem turca Jimmy Durmaz sofreu insultos racistas da própria torcida após cometer a falta que ocasionou a virada da Alemanha, também na primeira fase.
Nas coletivas das duas equipes, os treinadores evitaram o tema, mas Xhaka, camisa 10 da Suíça, ao menos concedeu entrevista. Mesmo que tenha fingido não entender a pergunta sobre a sua comemoração, ele respondeu a um jogador sueco que defendeu a sua expulsão pelo gesto.
— Provocação faz parte. Já ouvi muitas coisas — disse Xhaka, sem se estender no assunto.
Já o técnico da Suécia, Janne Andersson, foi questionado se Jimmy estaria pronto para jogar depois do episódio, que levou a uma declaração formal do atleta e ao apoio institucional da federação do país. Classificando toda pergunta do gênero como não relacionada ao jogo em si, o treinador deu respostas vazias e não repudiou o ato contra seu jogador.
— Tem que perguntar para ele como está se sentindo. Mas o meu papel é colocar ele em condições de colaborar para o grupo e fazer um grande jogo - avisou.
Em campo, a expectativa é que a Suíça tenha algo mais a mostrar. Sextos colocados no ranking da Fifa, os suíços venceram apenas a Sérvia, no jogo da polêmica comemoração, e empataram com Brasil e Costa Rica. A Suécia fez uma primeira fase melhor, embora sua colocação no ranking seja de número 24. Venceu o México e a Coréia do Sul e perdeu para a Alemanha nos acréscimos. Foi o que motivou o verbo subestimar a aparecer nas perguntas aos treinadores.
— Podemos ser uma surpresa para os que estão nos subestimando - disse o suíço Vladimir Petkovíc.
— Se outros estão nos subestimando, eles têm que falar. Não perco tempo com esses pensamentos - emendou o sueco, questionado se este seria o lado mais fraco da chave no mata-mata da Copa.
Até agora, sim. E o lado de onde saíram surpresas como a Rússia, sacramentando a eliminação da Espanha. Além, claro, da queda alemã. Suécia e Suíça, até mais a primeira, representam a zebra daqui em diante. E é por isso que querem ser lembradas, não por declarações ou gestos políticos que interfiram no futebol que, por mais que não tenham conseguido, pretendem mostrar.
De volta a uma Copa do Mundo depois de 12 anos, a Suécia quer fazer história novamente e relembrar os áureos tempos, dos times que perderam a final contra o Brasil de Pelé em 1958, e o que parou na seleção de Romário em 1994, na Copa dos Estados Unidos. Com presença constante no Mundial, a Suíça não vai às quartas de final desde 1954. Todos querem ir mais longe, seja em um imaginário barco viking ou nas asas de uma águia.
Suécia x Suíça
Suécia: Olsen, Lustig, Lindelof, Granqvist e Augustinsson; Claesson (Durmaz), Svensson, Ekdal e Forsberg; Berg e Toivonen. Técnico: Janne Andersson.
Suíça: Sommer, Lang, Djourou, Akanji e Ricardo Rodríguez; Behrami, Xhaka, Shaqiri, Dzemaili e Zuber; Drmic. Técnico: Vladimir Petkovic.
Local: São Petersburgo.
Horário: 11h de Brasília.
Árbitro: Damir Skomina (Eslovênia).
Transmissão: Rede Globo, Sportv e Fox Sports transmitem a partida ao vivo.
O Globo segunda, 02 de julho de 2018
DEPOIS DE CAVANI E MBAPPPÉ, CHEGOU A HORA DE MEYMAR BRILHAR
Depois de Mbappé e Cavani, chegou a vez de Neymar brilhar na Copa
Com eliminação de Messi e de Cristiano Ronaldo, caminho está aberto para o brasileiro
POR BRUNO MARINHO / IGOR SIQUEIRA / ENVIADOS ESPECIAIS
/ atualizado
SAMARA — Neymar terá, nesta segunda-feira, contra o México, a chance de chamar para si o protagonismo que tanto se espera dele na Copa do Mundo. Nas oitavas de final contra o time de Juan Carlos Osorio, o craque brasileiro precisará decidir que caminho seguir no Mundial.
ra ele chegar ao topo. Do trio de jogadores considerados os melhores do planeta, Neymar é quem ainda sobrevive nesta Copa do Mundo. Cristiano Ronaldo e Messi foram eliminados no sábado, o que proporciona ao craque brasileiro uma possibilidade de "resposta". Enquanto eles foram tão mal, o camisa 10 tem a oportunidade de, enfim, ter uma atuação robusta na Rússia.
Instigado pela oportunidade de um lado, Neymar é provocado por outro. Os dois companheiros de ataque no Paris Saint-Germain podem servir de incentivo para o brasileiro brilhar. Ambos, inclusive, estão diretamente relacionados às despedidas de Messi e Cristiano Ronaldo nas oitavas. Mbappé brilhou e teve uma das melhores atuações individuais da Copa ao fazer dois dos quatro gols da França sobre a Argentina. A dobradinha também veio para Cavani, que mandou os portugueses para casa.
— Por incrível que pareça, fiquei com esse pensamento na cabeça, que no nosso jogo será a vez de o Neymar brilhar, depois de Mbappé e Cavani. Nossa seleção é muito equilibrada, no momento certo, damos essa liberdade para os atacantes resolverem. Esperamos que Neymar esteja inspirado como os outros — afirmou o capitão Thiago Silva, companheiro dos três no PSG.
Até agora, Neymar está no meio do caminho entre os dois extremos. Na média das notas apuradas pelo GLOBO, está atrás de Mbappé e Cavani, mas melhor do que Cristiano Ronaldo e Messi. Até agora, está à sombra de Philippe Coutinho em termos de desempenho. Nos outros quesitos, continua sendo o centro das atenções, seja pelo cabelo, pelas faltas que recebe (ou simula), pelo choro ou pelo temor que ele volte a se machucar.
Depois de três jogos, Neymar fez um gol, o segundo contra a Costa Rica, já aos 52 minutos do segundo tempo. Contra a Sérvia, viu-se um camisa 10 em evolução. Menos egoísta, mais voltado para o avanço das jogadas, em vez de dar uma lambreta no adversário em desvantagem ou chamar uma falta no meio-campo. Cobrando escanteio, deu a assistência para o gol de Thiago Silva.
Nos treinos, passada a fase de rancor pelos questionamentos ao choro pós-Costa Rica, já se vê um Neymar mais leve (assim como todo o grupo). O limiar entre a descontração e a displicência é próximo, mas, a essa altura, nem o preparador físico reclama quando o craque dá "migué" nos alongamentos.
Neymar evolui também porque há um aprimoramento físico. E Tite já ressaltou isso. Ele passou três meses de molho por causa da fratura no quinto metatarso do pé direito. Depois de boas participações em 129 dos 180 minutos dos amistosos contra Croácia e Áustria, Neymar só fez o primeiro jogo completo dele na Rússia, no empate com a Suíça. Do técnico, veio o segundo chamado: ele está no auge para brilhar.
— Ele retomou o nível máximo dele. Nós sabemos o preço que ele pagou para chegar aqui e retomar esse nível. Contra a Sérvia, jogou muito. Baixou para ajudar a marcar o lateral, fez a transição precisa, teve finta em lance individual. Agora, sim, ele retomou o alto nível.
O Globo domingo, 01 de julho de 2018
DANILO É CONFIRMADO NO GRUPO QUE ENFRENTA O MÉXICO EM SAMARA
Danilo é confirmado no grupo que enfrenta o México em Samara
Lateral-direito deve ficar no banco; médico evita confirmar volta de Marcelo
POR BRUNO MARINHO, ENVIADO ESPECIAL
/ atualizado
SOCHI - A seleção brasileira terá o reforço do lateral-direito Danilo na partida de segunda-feira, contra o México, pelas oitavas-de-final da Copa do Mundo. O jogador do Manchester City se recuperou completamente do problema muscular na região glútea e deverá ficar no banco de reservas em Samara.
Neste sábado, a seleção realizou o último treino em Sochi antes da viagem para a cidade russa. Pelas imagens da CBF TV, foi realizado um treino leve. Casemiro disse na sexta-feira que a seleção deve fazer treinamentos apenas de ajustes a partir de agora, até uma possível ida para a final.
Marcelo fez uma atividade à parte neste sábado e também deve ser relacionado para o jogo. O médico Rodrigo Lasmar, em entrevista à CBF TV, evitou confirmar o retorno do camisa 12, substituído na partida passada por causa de dores nas costas.
- Vamos esperar um pouco mais. Ele está evoluindo bem, mas precisamos ver as próximas 24 horas e sua reação no período.
Douglas Costa, que teve lesão muscular na coxa direita, seguiu para Samara com o restante dos jogadores, mas não será relacionado. O jogador seguirá a rotina de tratamento com a fisioterapia da seleção.
O Globo sábado, 30 de junho de 2018
TITE AINDA TEM CARTAS NA MANGA PARA O MATA-MATA DA COPA
Tite ainda tem cartas na manga para o mata-mata da Copa; saiba quais são
Seis dos 23 convocados para o Mundial não entraram em campo na Rússia
POR BRUNO MARINHO / IGOR SIQUEIRA, ENVIADOS ESPECIAIS
/ atualizado
SOCHI — Seja por lesão ou pela necessidade de mudar a cara de um jogo, o técnico Tite colocou 17 peças em ação na Copa do Mundo da Rússia, até agora. Na findada primeira fase, quatro jogadores de linha não participaram das partidas: os zagueiros Geromel e Marquinhos, o meio-campista Fred e o meia-atacante Taison. Além deles, os dois goleiros reservas, Ederson e Cássio, também seguem sem minutos no Mundial. Se não acontecer algum problema fora da curva a partir das oitavas de final, contra o México, é reduzida a chance de o quarteto entrar em campo.
Tite manteve a média da seleção brasileira nas últimas duas Copas. O último treinador a usar menos jogadores do que ele foi Zagallo, em 1998, até porque não fez uma alteração sequer no último jogo da fase inicial, contra a Noruega. Postura completamente oposta à adotada por Felipão em 2002: na primeira fase, 20 jogadores foram utilizados. Com Tite, a impressão é que, não fossem as lesões, a “economia” teria sido maior. As entradas de Fagner e Filipe Luís, por exemplo, só ocorreram pelos problemas de Danilo e Marcelo, respectivamente.
Marquinhos é a peça que Tite mais lamenta não ter conseguido usar. O defensor é constantemente citado nas coletivas do treinador. Só que a dupla de zaga titular, Miranda e Thiago Silva, está jogando em alto nível. Ambos, inclusive, já fizeram parte do rodízio de capitães na Copa, e Thiago fez um dos gols contra a Sérvia. Tanto ele quanto Miranda seguem sem levar cartões amarelos e, portanto, nem pendurados estão.
Taison é o nome da convocação que gerou mais discórdia, mas ele pode tanto fazer o papel de meia atrás do centroavante quanto jogar pelas pontas. Assim, encaixa-se em um leque maior de possibilidades. Enquanto Douglas Costa estiver fora de combate, vira a alternativa imediata para uma eventual ausência de Willian e até mesmo do pendurado Neymar — desde que o também amarelado Coutinho siga no meio e não seja deslocado para a ponta.
No meio, Fred chegou a participar do amistoso do Brasil contra a Croácia, o primeiro da fase de preparação. Mas uma pancada de Casemiro em um coletivo em Londres o fez perder treinos e ritmo de jogo. No setor em que briga para entrar, a fila também é significativa. A polivalência de Fernandinho, que tem muito moral com Tite, deixa as coisas mais difíceis. O camisa 17 pode atuar em qualquer uma das três posições do meio-campo, substituindo Casemiro, Paulinho ou até mesmo Coutinho. Outro concorrente é Renato Augusto, que foi titular durante toda a eliminatória e só perdeu espaço ao se machucar pouco antes do amistoso contra a Croácia.
No treino desta sexta-feira, o destaque foi o retorno de Danilo aos trabalhos com bola. O lateral-direito tem grandes chances de voltar a ser relacionado por Tite, mas Fagner deve ser o titular. Já Marcelo, que foi substituído contra a Sérvia por causa de dores nas costas, apareceu no treino de chinelos, conversou com o grupo e saiu. Apesar disso, ele provavelmente será escalado contra o México, na segunda.
O Globo sexta, 29 de junho de 2018
MÉXICO PODE DEFINIR FUTURO DE TITE NA SELEÇÃO
México pode definir futuro de Tite na seleção brasileira
Rival foi determinante para queda de Mano Menezes em 2012
POR BRUNO MARINHO / IGOR SIQUEIRA; ENVIADOS ESPECIAIS
SOCHI- Assim como ocorreu seis anos atrás, o futuro do técnico na seleção brasileira passa muito por uma vitória sobre o México. Mano Menezes, em agosto de 2012, foi surpreendido com uma derrota na final dos Jogos Olímpicos que determinou sua saída, confirmada em dezembro daquele ano. Contra o mesmo adversário daquela fatídica tarde ensolarada em Londres, Tite poderá garantir ou não a vaga nas quartas de final da Copa do Mundo e, indiretamente, sua continuidade na CBF.
A vontade da entidade é pela renovação do contrato por mais quatro anos, até a Copa do Qatar. Mas o desempenho da equipe na Rússia tem sua parcela de interferência nas conversas em estágio inicial - Gilmar Veloz, representante do técnico, está hospedado no hotel onde familiares e amigos de jogadores e comissão técnica montaram acampamento em Sochi.
Um confronto contra os mexicanos, sempre considerados azarões contra o Brasil, aumenta a cobrança por resultados, atribui ao jogo um favoritismo que a seleção não teria se estivesse enfrentando a Alemanha. É aí que mora o perigo para Tite. Ser eliminado contra o adversário que terá pela frente em Samara, na segunda-feira, poderá estigmatizar todo um trabalho realizado desde junho de 2016.
Foi em boa parte o que aconteceu com Mano Menezes. Quatro jogadores da atual seleção viram como o técnico foi fritado pela perda do então inédito ouro olímpico - Thiago Silva, Danilo, Marcelo e Neymar faziam parte daquela seleção. O desempenho da equipe principal vinha melhorando, a equipe começava a ganhar corpo no segundo ano de trabalho do treinador, mas a decepção diante do México selou seu destino. Não é à toa que o discurso de Thiago Silva é de respeito ao adversário.
- É sempre muito difícil enfrentar o México. É uma equipe muito motivada, que corre muito e se dedica ao máximo. Eles tiveram um grande resultado contra a Alemanha. Nesse jogo, especificamente, o México mereceu vencer por um placar mais elástico, até. Precisamos tomar cuidado, errar o menos possível e aproveitar as chances - frisou o zagueiro.
Do outro lado, há seis remanescentes do ouro olímpico mexicano, a segunda maior conquista do futebol do país. Corona, Herrera, Fabián, Peralta, Giovani dos Santos e Aquino reforçam o sentimento de que eles não precisam temer os pentacampeões do mundo. Coincidência ou não, o maior título do futebol mexicano também foi contra a seleção brasileira - a Copa das Confederações de 1999, disputada em casa.
Da equipe que ficou lugar mais alto do pódio em 2012, somente Hector Herrera, volante do Porto, de Portugal, é titular na Rússia. Ele era também em 2014, quando México e Brasil ficaram empatados em 0 a 0. Este foi o último dos 17 jogos que as seleções já protagonizaram em competições da Fifa - vale lembrar que os Jogos Olímpicos não entram nessa contagem. A seleção brasileira tem a vantagem no retrospecto, mas sem ter folga - são nove vitórias, um empate e sete derrotas.
O Globo quinta, 28 de junho de 2018
BRASIL X MÉXICO É O DUELO ENTRE QUEM MAIS CHUTA E QUEM MAIS DEFENDE
Brasil x México é o duelo entre quem mais chuta e quem faz mais defesas
O atacante Neymar e o goleiro Guillermo Ochoa lideram os quesitos na Copa do Mundo
Apesar de ser quem mais chuta, Neymar fez apenas um gol na primeira fase - Alexandre Cassiano / O Globo
POR EDUARDO ZOBARAN
/ atualizado
O confronto das oitavas de final entre Brasil e México colocará frente a frente dois líderes de estatísticas importantes. De acordo com os números oficiais da Fifa na Copa do Mundo, nenhum goleiro foi tão acionado quanto Guillermo Ochoa e ninguém foi mais incisivo na primeira fase do que o craque brasileiro Neymar. Eles se enfrentarão na segunda-feira, às 11h (de Brasília), em Samara.
Os números de Ochoa impressionam. Ele foi obrigado a fazer 17 defesas nas três partidas em que esteve em campo. Isso não impediu, no entanto, que o México sofresse cinco gols na primeira fase, três contra a Suécia. O segundo mais acionado foi o dinamarquês Kasper Schmeichel, com 14 defesas. Entre os goleiros com três partidas, o brasileiro Alisson é o segundo com menos defesa: duas. Com apenas uma defesa, só o espanhol David de Gea tem menos.
Por outro lado, o México vai enfrentar o jogador que mais arrisca neste Mundial. Nos três primeiros jogos, Neymar tentou 17 finalizações, duas a mais do que o vice-líder Cristiano Ronaldo. Ele lidera também o número de chutes que acertaram o alvo. Foram oito finalizações a gol, uma a mais do que o craque português. Com 11 chutes, Philippe Coutinho é o 10º que mais finalizou.
Neymar é alvo principal de faltas
Apesar das tentativas, o camisa 10 do Brasil tem apenas um gol - o artilheiro da competição é o inglês Harry Kane, com cinco marcados e que enfrentará a Bélgica nesta quinta-feira, na última rodada do Grupo G. Pelo México, quem mais chuta é Miguel Layun, lateral que atua como volante. Ele arriscou oito vezes nos três primeiros jogos, cinco no alvo. Em todo o Mundial, ele é o 21º que mais arrisca.
Neymar lidera em outro quesito na Copa. Ele é o jogador mais derrubado por adversários. A liderança é com folga. Foram 17 assinaladas contra o atacante brasileiro. Apenas outros três jogadores receberam dez ou mais faltas na Rússia: Cristiano Ronaldo (13), o espanhol Sergio Busquets (11) e o argentino Lionel Messi (10).
O Globo quarta, 27 de junho de 2018
A HORA DA CALMA: CONTRA A SÉRVIA, BRASIL TENTA EVITAR ELIMINAÇÃO PRECOCE
A hora da calma: contra a Sérvia, Brasil tenta evitar eliminação precoce
Com tradição da seleção em jogo, Tite busca respaldar conceitos na berlinda
POR BRUNO MARINHO E IGOR SIQUEIRA, ENVIADOS ESPECIAIS
MOSCOU - Passado e futuro da seleção brasileira de Tite estarão sob risco às 15h de Brasília, na capital russa. Na partida contra a Sérvia, a equipe verde-amarelo enfrentará, além de um adversário forte (com a mais alta média de altura), os percalços que fizeram deste o momento de maior questionamento na gestão do comandante gaúcho.
O empate no Estádio Spartak garante a classificação para as oitavas ao menos em segundo lugar. Os três pontos seguidos de uma boa atuação, porém, serão fundamentais para fortalecer novamente o treinador e devolver à equipe a confiança que acompanha dos favoritos. Nos dois primeiros jogos, pontos fortes da sua seleção, como o força do conjunto e o equilíbrio emocional, ratearam contra Suíça e Costa Rica e trouxeram questionamentos.
Tite tem lidado bem com o aumento de indagações a respeito de sua equipe, de pilares do time em baixa (como Paulinho e Gabriel Jesus), e aspectos de sua gestão de pessoas, como o hoje questionado rodízio de capitães. Tudo isso consequência da atuação irregular da seleção no empate com a Suíça e da perda de Douglas Costa, que mudou o panorama e guiou a vitória contra a Costa Rica. Tamanha serenidade não abafa o barulho que uma eliminação ainda na primeira fase de uma Copa do Mundo produzirá. A última vez em que isso aconteceu com a seleção foi na Copa de 1966, na Inglaterra, quando a equipe bicampeã mundial chegou à competição cercada das mais altas expectativas. Naquele ano, o Brasil ficou em terceiro, num grupo em que Portugal e Hungria se classificaram — a Bulgária ficou em quarto lugar.
Desde então, o Brasil flertou com maiores perigos de eliminação na terceira rodada em 1978 e até em 2014, mas sempre avançou. Só em 1974 e 1978 a seleção saiu da fase de grupos em segundo, atrás de Iugoslávia e Áustria, respectivamente. De 1982 em diante, foi sempre primeiro de sua chave.
Mesmo admitindo não estar tranquilo, Tite distribuiu bom humor antes do jogo mais importante de sua carreira. Na ausência de um psicólogo para ensinar ao grupo como lidar com a pressão, Tite se torna modelo de serenidade, mesmo reconhecendo riscos.
— Todas as situações são possíveis. Não descarto uma eliminação como contra o Tolima (em 2011, o Corinthians foi eliminado na pré-Libertadores pelo desconhecido time colombiano). Com uma diferença: eu já estou há dois anos com essa equipe. Quando acabou o segundo tempo contra a Costa Rica, ela me orgulhou. Porque normalmente chegamos aos 30 minutos do segundo tempo e bate o desespero, quebra-se o padrão, quer se apressar a situação. Quando tudo se manteve, pensei "nós vamos fazer, não é possível". Aquilo que eu não tinha contra o Tolima, hoje tenho com a seleção. Mas pode ser. É da vida.
Nome que Tite lançou na seleção principal, Jesus ainda não rendeu no Mundial o que o consagrou nas Eliminatórias. Por isso, o treinador testou Fernandinho em seu lugar nos últimos treinos. No fim das contas, o gaúcho manterá a escalação que iniciou a última partida, dando mais chance ao atacante do Manchester City.
O Globo terça, 26 de junho de 2018
TIME MISTO DA FRANÇA ESPERA DECOLAR NA RÚSSIA
Com Griezmann, time misto da França espera decolar na Rússia
Seleção enfrenta a Dinamarca às 11h desta terça-feira
POR CARLOS EDUARDO MANSUR, ENVIADO ESPECIAL
/ atualizado
MOSCOU — Na era das redes sociais, em que cada jogador virou um veículo de comunicação de massa, manter elencos estelares concentrados numa Copa não é tarefa simples. A França, que chegou à Rússia com um elenco badalado, entre astros emergentes e jogadores estabelecidos, terá um time misto hoje, às 11h (de Brasília), contra a Dinamarca. E uma das poucas estrelas em campo, o atacante Antoine Griezmann, do Atlético de Madrid, é um retrato fiel da atual geração francesa: técnico, cobiçado, valorizado e, de tão midiático, capaz de um sobressalto que abalou o início da caminhada francesa na Rússia.
Sua transferência para o Barcelona era considerada certa. O suspense foi ganhando corpo, em especial após Griezmann decidir que seu futuro seria anunciado em um programa da TV fechada espanhola, realizado pela produtora que tem o zagueiro Piqué, do Barcelona, como sócio. Em suas redes, Griezmann divulgou que a resposta viria no documentário “La decisión”, na noite do dia 14 de junho, a 48 horas da estreia francesa.
E então foi ao ar o programa que revelava que ele ficaria no Atlético. O jogador aparecia fazendo uma tatuagem, depois de uma dissertação sobre a dificuldade da decisão. Até que chegava ao clímax.
— O que você decidiu? — pergunta o entrevistador.
— Decidi ficar.
De imediato, a imagem vai para uma cena noturna do jogador sozinho, na frente de um vazio estádio Wanda Metropolitano, vestindo roupa preta e com a cabeça coberta por capuz. A câmera gira até mostrar o letreiro da casa do Atlético de Madrid. Como num final feliz.
Na França, o corpo técnico teve que negar qualquer alteração da rotina, embora as atenções tenham se voltado para Griezmann. Jogadores como o goleiro Lloris brincaram quando perguntados sobre como reagiram ao ver o filme:
— Rimos muito.
A polêmica chegou a Piqué. Em suas extremamente ativas redes sociais, ele divulgou o programa feito por sua produtora sobre o destino do atacante francês que, a rigor, decidira dizer não ao Barcelona, o clube do defensor. Em entrevista após a estreia espanhola contra Portugal, um grande jogo que terminou 3 a 3, o zagueiro teve que responder sobre o documentário.
— Não traí o Barcelona. Não entendo a reação das pessoas. Conversei com Griezmann e ele me disse que havia uma chance de ir. Disse que iria filmar a decisão, porque seria interessante para as pessoas entenderem o que se passa na cabeça do jogador — afirmou o defensor.
Griezmann chegou ao Atlético de Madrid em 2014, logo após disputar a Copa do Mundo no Brasil. Seus 24 gols logo na primeira temporada no clube já o transformavam numa estrela internacional. Movimentação por todo o ataque, drible, capacidade de dar o último passe e, claro, os gols. Um atacante completo.
A distância da família talvez já não fosse um problema, mas em novembro de 2015 o jogador viveu momentos de angústia: estava em campo no amistoso da França contra a Alemanha, suspenso após a explosão de uma bomba nas proximidades do Stade de France. O incidente foi apenas um episódio da série de atentados que abalou Paris. Um deles, na casa de shows Bataclan, onde morreram 89 pessoas. A irmã de Griezmann estava no local e conseguiu escapar.
COBRANÇAS NA SELEÇÃO
Em campo, clube e seleção sempre foram diferentes para Griezmann. Ele funciona à perfeição no 4-4-2 de Diego Simeone, o que contribuiu para a renovação contratual até 2023, possivelmente levando a cláusula de rescisão para mais de € 100 milhões. Na seleção, muitas vezes em um ataque com três homens, parece ter dificuldade para se acomodar. Agora, sofre com cobranças na França para que seu rendimento se iguale ao do Atlético.
— Ele libertou sua mente para a Copa. É uma boa notícia — disse Didier Deschamps, técnico francês. — (Hoje) Ele pode jogar, como muitos outros. Está em boas condições.
— Na Eurocopa, a primeira fase foi assim. Aos poucos, meu nível subiu — disse o jogador.
Hoje, ele tem nova chance de deslanchar. Um empate leva a França ao primeiro lugar do grupo C. A Dinamarca precisa também de um ponto para seguir na Copa.
O Globo segunda, 25 de junho de 2018
SELEÇÃO DA 2ª RODADA TEM DOIS BRASILEIROS
Com dois brasileiros e liderada por Harry Kane, a seleção da 2ª rodada da Copa
Coutinho, James, Hazard, Modric, Kroos, Quintero e Shaqiri disputam posição entre os melhores no meio
POR THALES MACHADO, ENVIADO ESPECIAL
/ atualizado
MOSCOU - Depois de uma primeira rodada com grande destaque para os atacantes, a segunda rodada viu uma legião de bons meias se destacarem. Você consegue dizer, entre Coutinho, James, Hazard, Modric, Kroos, Quintero e Shaqiri, quem foi melhor? Foi esse o maior desafio da montagem da seleção do GLOBO da segunda rodada da Copa. Com dois representantes da seleção, que não apareceram na primeira rodada, ela foi escalada no 4-4-2 desta vez.
Goleiro: Navas (Costa Rica)
Foi no quase. Grande e solitário destaque do time que enfrentou o Brasil, o goleiro Navas, do Real Madrid, voltou a brilhar na Copa. Salvou a Costa Rica da derrota por 90 minutos, o problema foram os acréscimos: dois gols sofridos e a volta mais cedo para casa.
Lateral-direito: Wagué (Senegal)
Perigoso pelo lado direito, incomodou a defesa japonesa o jogo todo. E ainda fez o gol de desempate que quase deixa Senegal muito próximo das oitavas
Quem poderia estar no banco? Brunn (Tunísia)
Zagueiros: Stones (Inglaterra) e Lovren (Croácia)
Tá certo que a defesa que o inglês Stones faz parte conseguiu a proeza de tomar um gol do Panamá. Mas não foi muito problema: a Inglaterra fez seis e o zaguueiro fez dois. Já Lovren, da Croácia, não fez nenhum, mas foi o xerife croata no quase perfeito esquema defensivo que impediu a Argentina, e Messi de jogar.
Quem poderia estar no banco? Thiago Silva (Brasil), Milligan (Austrália)
Lateral-esquerdo: Marcelo (Brasil)
Entre os onze selecionados, a nota mais baixa é a de Marcelo. Entra porque nenhum colega da posição se destacou. Foi ele que iniciou a jogada do gol salvador de Coutinho para o Brasil.
Quem poderia estar no banco? Sabaly (Senegal)
Meias: Xakha (Suíça), Modric (Croácia), Coutinho (Brasil) e James Rodríguez (Colômbia)
O meio campo começa com o suíço Xakha, que não só polemizou na comemoração de seu gol, mas desequilibrou o jogo contra a Sérvia a favor da sua seleção. Modric, o maestro e melhor em campo da Croácia contra a Argentina, entra não só pelo belíssimo gol.
Quem poderia estar no banco? Mooy (Austrália), Kroos (Alemanha), Quintero (Colômbia), Shaqiri (Suíça)
Atacantes: Hazard (Bélgica) e Harry Kane (Inglaterra)
Melhor time da rodada, a Bélgica, que goleou a Tunísia por 5 a 2, teve Hazard jogando mais perto de Lukaku. Deu tão certo que o meia do Chelsea roubou o lugar do colega goleador. E o ataque só não é composto pelos dois belgas porque não teve ninguém melhor que Harry Kane, o craque e capitão do time na segunda rodada. Foi contra o Panamá? Sim, mas na história ficará que o inglês fez um hat trick e chegou, na segunda rodada, a incrível marca de 5 gols, se isolando na artilharia e ultrapassando Cristiano Ronaldo e Lukaku.
Quem poderia estar no banco? Musa (Nigéria) e Lukaku (Bélgica)
COMO É FEITO?
Em todos os jogos da Copa, baseado na observação do jogo e em estatísticas de desempenho, notas são atribuídas a cada jogador de acordo com o que ele fez em campo. As notas são somadas a cada rodada, para que no final se tenha uma seleção da Copa do Mundo da Rússia.
Por enquanto, a seleção da Copa, contando as duas rodadas é: Ochoa (México), Mario Fernandes (Rússia), Lovren (Croácia), Stones (Inglaterra) e Kolarov (Sérvia); Modric (Croácia) Coutinho (Brasil) e Hazard (Bélgica); Cristiano Ronaldo (Portugal), Lukaku (Bélgica) e Harry Kane (Inglaterra)
O Globo domingo, 24 de junho de 2018
ALEMANHA TEM PROBLEMAS, MAS UMA FÉ INABALÁVEL NO SUE JEITO DE JOGAR
Análise: A Alemanha tem problemas, mas tem uma fé inabalável no seu jeito de jogar
Kroos também acreditava: no jeito de jogar do time e nele próprio
O meia alemão Toni Kroos comemora o gol da virada histórica - NELSON ALMEIDA / AFP
POR CARLOS EDUARDO MANSUR/ENVIADO ESPECIAL
SOCHI - Acreditar até o fim. O futebol se encarregou de tornar esta expressão um tanto gasta, de tanto ser usada sem que se soubesse, ao certo, em que se estava acreditando. Definitivamente, não foi o caso da Alemanha e de Toni Kroos em Sochi. Foi, sim, uma vitória alemã que tudo a ver com acreditar. No caso, sabia-se exatamente em que: no modelo, no plano, na forma de fazer futebol que a Alemanha decidiu abraçar e faz tão bem.
Kroos também acreditava: no jeito de jogar do time e nele próprio. Porque, ao intervalo, estava a 45 minutos de se tornar o vilão da eliminação mais precoce do futebol alemão desde que a Copa do Mundo ganhou uma fase de grupos, em 1950. E foi um dos condutores do time, da forma que se habituou a fazer: iniciando jogadas, passando, organizando. Até ser o mentor do lance que decidiu o jogo. Quando se aproximou da bola para cobrar a falta ao lado da área, e antes fez um gesto para Reus, estava claro que tinha um plano. E acreditava no seu chute, fundamento que ajuda a fazer dele um dos grandes meio-campistas do jogo moderno.
Mas voltemos à Alemanha. É notável que um time, sob a enorme pressão de protagonizar o pior resultado da história de um gigante do futebol, mantenha a crença de que o caminho mais curto para evitar o desastre é fazer o jogo em que acredita. Do minuto 1 ao 90, a Alemanha jogou futebol da forma que sua escola atual prega, como se cada jogador tivesse um manual de instruções embaixo do braço. Mesmo quando passou a ter um homem a menos em campo.
É possível argumentar que, no segundo tempo, havia dois homens de boa estatura na área, Muller e Mario Gomez. A formação, além de estar longe de ser inédita, não impediu que a forma de produzir jogadas ofensivas seguisse à risca o modelo de jogo. Acúmulo de jogadores no campo ofensivo, opções à frente da linha da bola, troca de passes pelo centro, sobrecarregando a defesa até a infiltração ou a virada da bola para um dos lados, aproveitando homens abertos nas pontas. Com paciência e, claro, coragem para ocupar todo o campo rival. E, diga-se, coragem até em excesso em alguns momentos. Sobre isso falaremos adiante.
Pode-se dizer, ainda, que o gol decisivo saiu de falta, nos acréscimos. Trata-se de uma grande confusão entre elaboração e finalização. Foi a fé em suas armas, naquilo que faz de melhor, que permitiu aos alemães manterem a bola nos metros finais de campo. A falta é uma consequência do volume de jogo. Mas, também, do enorme conservadorismo da Suécia.
Rudy sangrou nariz após choque com jogador da SuéciaFoto: HANNAH MCKAY / REUTERS
O momento em que Rudy levou um chute no rostoFoto: JONATHAN NACKSTRAND / AFP
Rudy foi atingido pelo sueco Toivonen Foto: JONATHAN NACKSTRAND / AFP
Rudy, com o nariz sangrando, tenta se levantarFoto: DYLAN MARTINEZ / REUTERS
O camisa 19 caiu no gramado após o chute no rostoFoto: JEWEL SAMAD / AFP
O desespero do sueco Granqvist para pedir socorro a RudyFoto: ODD ANDERSEN / AFP
Rudy usa a camisa para estancar o sangue no narizFoto: JONATHAN NACKSTRAND / AFP
A Copa do Mundo se encarrega de mostrar, de uma vez por todas, o quanto é mais difícil construir do que destruir. Ainda mais no jogo atual, físico, de linhas compactas e sistemas defensivos tão disciplinados. Mas poucos times no mundo enfrentam tão bem uma retranca quanto a Alemanha. Permitir que sua defesa seja empurrada contra o próprio gol pelos campeões do mundo custa caro. O México quase pagou na estreia, após um primeiro tempo corajoso e primoroso. A Suécia sofreu da forma mais cruel. O fato é que, em cada um dos jogos, a Alemanha jogou 45 minutos excelentes.
Mas é importante falar de seus problemas. Porque eles existem e tornam a caminhada alemã na Rússia cheia de sobressaltos. Em 2014, apesar do título mundial, houve jogos em que o sistema de jogo baseado na ocupação total do campo adversário impôs riscos sérios. O time de 2018 parece conviver pior com o problema.
Primeiro, porque a estratégia exige que se cuide muito bem da bola. Algo que a Alemanha não fez. Ontem, um erro de passe de Rudiger e outro de Kroos no primeiro tempo deram bolas preciosas à Suécia. Numa delas, saiu o gol. Qualquer time sentiria, numa transição de gerações, a falta de Lahm ou Schweinsteiger. No caso do lateral-direito, Kimmich tem sido excelente. Mas a construção precisa ser muito cuidadosa no meio-campo.
Setor que, também, precisa da difícil combinação entre técnica e vigor. Técnica para sustentar o jogo baseado em construção ofensiva e troca de passes, que exige meio-campistas de certa classe. Vigor para que, assim que a bola seja perdida e o movimento ofensivo não seja concluído, haja uma pressão sufocante pela bola. Quando não ocorre, há espaços demais atrás.
Contra a Suécia, Joachim Löw tentou amenizar o caos gerado na estreia, quando o meio-campo formado por Kroos, Khedira e Özil foi amplamente superado. Tirou os dois últimos e colocou Reus e Rudy, este último volante do Bayern de Munique. Mas Rudy saiu machucado e entrou Gündogan, outro jogador de mais dinâmica. O time ainda sofria, mas acabou penalizado mesmo por erros de passe em saídas de bola. O que não esconde um certo desequilíbrio: a quantidade de jogadores à frente da linha da bola durante a construção ofensiva da Alemanha é muito grande. Uma ousadia, com benefícios pelas opções de passe que gera; riscos pela exposição ao contragolpe.
E a Suécia, com 11 contra 10 em campo, jamais insinuou que tiraria proveito dos espaços. Nunca reteve a bola, nunca foi agressiva na marcação, limitou-se a rebater bolas e torcer pelo fim do jogo.
O fato é que a virada mantém os campeões do mundo vivos. Há um certo clichê sobre força mental alemã. Parece claro que não é folclore. Mas quando se tem um porto seguro ao qual recorrer na dificuldade, parece mais fácil acreditar. A Alemanha tem: chama-se modelo de jogo.
O Globo sexta, 22 de junho de 2018
PHILIPPE COUTINHO: O CAMISA 11 CALADO QUE SE EXPRESSA COM OS PÉS
Philippe Coutinho: O camisa 11 calado que se expressa com os pés
Meia é uma das armas do Brasil para o jogo contra a Costa Rica, nesta se
POR BRUGO MARINHO E IGOR SIQUEIRA
/ atualizado
SÃO PETERSBURGO - Philippe Coutinho está na Rússia acompanhado dos pais, dos irmãos e de Aine, sua mulher. Tem sido assim há 11 anos, desde que iniciou o namoro com a menina que viria a se transformar em esposa e mãe de sua filha. No casulo onde vivem, só há espaço para eles e meia dúzia de amigos. É com eles que verbaliza algo que dificilmente será dito diante das câmeras ou de um gravador — Neymar que o perdoe, mas ele também chegou à Copa do Mundo disposto a ser protagonista. Nesta sexta-feira, às 9h, enfrenta a Costa Rica na Arena Zenit, em São Petersburgo, em busca do segundo passo nesta direção. O golaço contra a Suíça, na estreia, foi o primeiro. Coutinho é daqueles jogadores que falam com os pés.
Aos 26 anos, Coutinho disputa seu primeiro Mundial — ficou fora da Copa de 2014, e seu estilo retraído talvez tenha colaborado para ser preterido por Luiz Felipe Scolari. De tão tímido, não possui assessoria de imprensa há tempos. Prefere vender seu peixe em campo. Impossibilitado de atuar pela esquerda, lugar cativo de Neymar, não se fez de rogado ao surgir a oportunidade de trocar o lado direito do ataque da seleção de Tite pelo meio de campo. Aceitou e passou a ser ainda mais importante para a equipe. Contra a Suíça, recebeu passes em 11 dos 18 quadrantes do campo, de acordo com as estatísticas da Fifa. Ninguém se movimentou mais do que ele.
É dentro das quatro linhas que o jogador revelado no Vasco sai da toca e hipnotiza. Nas comemorações dos gols, um traço recorrente, tanto na seleção quanto nos clubes que defende: o tímido Coutinho celebra sempre com raiva, os punhos cerrados, as veias do pescoço dilatadas, é como se extravasasse de uma só vez tudo aquilo que não se permite dizer quando não está calçando as chuteiras. Dancinhas ou homenagens não são com ele.
— Com certeza, fico bem mais à vontade jogando do que quando estou conversando com vocês — afirmou o jogador do Barcelona na entrevista coletiva da última terça-feira. — Todo gol é um momento de alegria muito grande para mim, acabo comemorando assim.
O CHUTE CERTEIRO
Outra maneira que Coutinho encontrou para se expressar foi nas tatuagens pelo corpo. Além do Mickey Mouse no abdômen, quatro delas chamam a atenção: cada naipe do baralho pintado em um dedo da mão esquerda. Sua cartada em campo, porém, é sempre a mesma. Philippe Coutinho lembra Robben, o veterano craque holandês do Bayern de Munique.
Todo mundo sabe que ele vai pegar a bola no lado esquerdo, carregá-la para o meio e chutar com o pé direito. Mesmo assim, evitar o chute certeiro é tarefa árdua para qualquer goleiro. Foram quatro finalizações contra a Suíça. Somente Neymar buscou tanto o gol na estreia quanto ele.
Esse protagonismo do jogador do Barcelona faz jus ao número que carrega nas costas na Rússia. Coutinho veste a 11, um dos números mais importantes da história da seleção brasileira e que, ironicamente, carrega muita irreverência. Foi com ele que Romário brilhou mais do que todos na conquista do tetracampeonato, em 1994, nos Estados Unidos, e que Ronaldinho Gaúcho levantou o penta, em 2002, na Ásia. Robinho também dava suas pedaladas com a 11 em 2010. Todos eles jogadores, em termos de personalidade, completamente opostos a Philippe.
A timidez vem de casa — no hotel que concentra todas as famílias dos jogadores da seleção brasileira em Sochi, seus familiares estão entre os mais discretos no saguão — e não revela nem mesmo a história já escrita.
Apesar de idolatrado pelo Vasco — é considerado o último craque revelado em São Januário —, ele se deixa levar pela timidez e tem vergonha de visitar sozinho o clube onde surgiu para o futebol.
Mas de vez em quando o clã Coutinho se permite sonhar. No jogo inaugural da Copa da Rússia, a câmera deu um close na Taça Fifa e gerou um pensamento em voz alta:
— Imagina ele segurando essa taça no final...
O Globo quinta, 21 de junho de 2018
ARGENTINA DECIDE NESTA QUINTA SUA VIDA SOB A CRUZ DE MESSI
Argentina decide nesta quinta sua vida sob a cruz de Messi
Craque é ao mesmo tempo visto como salvador e cobrado por não salvar
POR CARLOS EDUARDO MANSUR/ENVIADO ESPECIAL
/ atualizado
Níjni Novgorod - A Argentina se preocupa com o aparente abatimento de Messi após o pênalti perdido contra a Islândia e tenta protegê-lo. Enquanto os números escancaram o tamanho de sua influência, o rendimento do time amplia a sensação de que ele é tudo o que a seleção tem. No entorno da equipe, convivem a crença cega de que Messi será capaz de decidir, ainda que sozinho, e a cobrança recorrente sempre que suas intervenções não resultam salvadoras. Chega o jogo com a Croácia, nesta quinta, quase uma decisão para os argentinos, sem que a seleção tenha encontrado razões diferentes de Messi para acreditar que vá seguir adiante. Seu nome está em toda parte.
O técnico Jorge Sampaoli teve que responder sobre o craque. Rakitic, companheiro no Barcelona, também. O treinador croata, Zlato Dalic, foi outro que ouviu perguntas como se estivéssemos diante de um Croácia x Messi. Deve jogar uma Argentina com até três modificações, medidas de urgência diante da falta de jogo. Uma nova escalação que talvez coloque ainda mais peso sobre Messi.
Tão caótica foi a preparação que um dado raro em seleções de elite pode ocorrer contra a Croácia: num jogo decisivo de Copa do Mundo, haverá seis titulares argentinos com, no máximo, dez partidas na carreira com a camisa do país: o goleiro Caballero (quatro), os laterais Tagliafico (cinco) e Salvio (dez) e o meia Meza (três). Confirmadas as mudanças especuladas, entram o meia Acuña (nove jogos pela seleção) e o atacante Pavón (seis).
Isso amplia o peso sobre os mais experientes, Messi entre eles. O craque, que já jogou 121 vezes pela Argentina, soma nove jogos a mais do que oito titulares juntos. Excluídos os experientes Mascherano e Aguero, todos os demais que entrarão em campo hoje somam só 112 aparições pela seleção.
O jogo com a Islândia foi a imagem de Messi assumindo todo tipo de funções. Dos 718 passes que a Argentina trocou, ele foi a origem ou o destino de 141. Ou seja, quase 20%, uma participação inferior apenas à de Mascherano, que iniciava as jogadas ao receber a bola da defesa, e do zagueiro Rojo. Um gráfico que divide o campo em 18 quadrantes mostra que Messi recebeu passes em 12 deles na estreia. Só não foi buscar a bola nos 30 metros mais próximos do gol defendido por Caballero. E foi Messi o responsável por 11 das 26 finalizações do time no jogo.
A impressão, por vezes, é de que Messi carrega uma cruz ao longo da Copa. Tudo é muito delicado. Sampaoli se move no tema Messi como se manuseasse um cristal. Ao assumir, chegou a falar a construir “um time que será muito mais de Messi do que meu”. Agora, para proteger seu craque, ataca as críticas que responsabilizam de Messi pela jejum de 25 anos sem títulos da seleção.
— Quando Messi faz gol com a camisa argentina, gritamos todos e nos sentimos parte. Quando não faz, não ganhamos, a culpa é dele. É muito cômodo para todos que apenas um jogador tenha responsabilidade. Ele é o melhor do mundo, pode mudar um jogo, mas não pode ser responsável por um fracasso — disse Sampaoli. — Messi é um prócer, como foi Maradona em sua época.
As mudanças na escalação são uma cartada ousada. Sampaoli tenta implantar o jogo em que acredita, de ocupação do campo adversário e muito ataque. Logo na partida mais difícil, com uma formação inédita e pouco tempo de trabalho. Sampaoli assumiu o cargo para os quatro últimos jogos das eliminatórias, com a seleção no desespero para se classificar. Apostou em seu modelo, depois recuou e iniciou a Copa com uma formação mais conservadora. Agora, o time terá uma linha de três defensores, alas avançados e tentativa de pressão total num time técnico, com Rakitic e Modric no meio-campo.
— Você precisa se adaptar à realidade e, aos poucos, implantar sua forma de jogar. Mais do que o sistema tático, o importante é o estilo: ficar o máximo com a bola e pressionar para recuperá-la rapidamente — disse Sampaoli.
O Globo quarta, 20 de junho de 2018
CONTRA MARROCOS, PORTUGAL A POSTA EM CR-7 PARA MONTAR NO BODE
Contra Marrocos, Portugal aposta em CR-7 para montar no ‘bode’
Após três gols na estreia, atacante volta a campo para manter boa fase – e provocar Messi
POR BERNARDO MELLO, ENVIADO ESPECIAL
/ atualizado
MOSCOU — Se quisesse (inexplicavelmente) pegar um avião agora e deixar a Rússia para trás, Cristiano Ronaldo o faria com a certeza de que sua Copa do Mundo de 2018, em apenas um jogo, já foi melhor do que as outras três que disputou. Aos 33 anos, ele tem sido mais eficiente do que nunca na seleção: a enxurrada da estreia fez com que igualasse números de três Copas. Cristiano ganhou novas qualidades ao amadurecer, tal qual se passa com um bom vinho do Douro. Mais relaxado em relação ao próprio desempenho, o craque Cristiano agora batalhará pela glória coletiva de Portugal, que busca contra Marrocos, às 9h, sua primeira vitória.
Contra a Espanha, o empate virou detalhe diante da exuberância individual do camisa 7. Três gols deixaram a torcida de queixo caído enquanto Cristiano coçava o seu, na terceira comemoração, como se imitasse um bode. Interpretar o gesto desta forma já traz embutida a vontade de enxergar uma provocação a Messi — bode, em inglês, se escreve “goat”, mesmo som do acrônimo para “melhor jogador de todos os tempos” (“greatest player of all time”, “G.O.A.T.”). Teorias à parte, as trajetórias de ambos, embora se cruzem em vários pontos, seguem tendências distintas. Messi, que começou como um “especialista” pelo lado direito, ampliou sua faixa de atuação para toda a metade ofensiva do campo, adaptando-se às necessidades do Barcelona e da seleção argentina.
Cristiano era um ponta esquerda no início da carreira, migrou gradativamente para perto do gol. Seu estilo passou a envolver atribuições mais típicas às de um centroavante, como o cabeceio, o pivô e o último toque dentro da área. Fernando Santos, técnico do craque em Portugal e também em seu início profissional no Sporting, avoca autoria do feito.
— Cristiano começou a jogar numa zona diferente comigo, não em Madri. Lembro que criou-se uma polêmica há alguns anos, quando eu disse que ele não poderia mais ser um ponta, e que deveria jogar mais centralizado — disse o treinador, na segunda-feira.
As mudanças têm feito melhor à autoestima do português em comparação ao rival argentino. Nos últimos três anos, Cristiano Ronaldo vem mantendo média de pelo menos um gol por jogo pela seleção. O time leva a bola até Cristiano, enquanto Messi tem também a responsabilidade de construir as jogadas para seus colegas.
Desde a última Copa, que representou fracasso para o português — eliminado na primeira fase — e quase glória para o argentino, derrotado só na final, a diferença entre os números é significativa. Cristiano marcou 29 gols por sua seleção desde 2015 e ajudou na conquista da Eurocopa. Messi balançou a rede 18 vezes pela Argentina e amargou três vices, um na Copa do Mundo e dois na Copa América.
Coadjuvante em sua primeira Copa, em 2010, e eliminado antes do mata-mata em 2014, ele vive seu esplendor. Depois de três gols contra a Espanha, tem o Irã, hoje, e ainda o Marrocos na primeira fase, o que o torna o principal favorito para deixar a Rússia como artilheiro do Mundial.
O Globo segunda, 18 de junho de 2018
O QUE FAZER DEPOIS DO EMPATE DA ESTREIA?
O essencial da manhã: O que fazer depois do empate na estreia
Empate mostrou problemas do Brasil, mas não é hora de mudança radical
POR O GLOBO
/ atualizado
RIO — O Brasil não teve boas atuações de seus jogadores no empate de 1 a 1 com a Suíça, mas não é hora de fazer mudanças drásticas, analisa Carlos Eduardo Mansur. Ainda mais porque, lembra ele, nenhum dos principais candidatos ao título teve estreias muito melhores que a da seleção brasileira. A campeã Alemanha perdeu de 1 a 0 do México, a Espanha só empatou, a Argentina, também, e a França, mesmo ganhando, não jogou bem contra a fraca Austrália.
O editor de Esportes, Márvio dos Anjos, escreve que houve falta, sim, no gol de Zuber, mas a verdade é que a defesa também falhou feio no lance.
Hoje tem Suécia e Coreia do Sul, às 9h, Bélgica e Panamá, ao meio-dia, e Inglaterra e Tunísia, às 15h. O próximo jogo do Brasil é contra a Costa Rica, na sexta-feira, às 9h.
O Globo terça, 12 de junho de 2018
BRUNA MARQUEZINE: ME SINTO PERSEGUIDA
Bruna Marquezine: “Me sinto perseguida”
POR MARINA CARUSO
São 18h35m. Com o cabelo preso num coque alto, batom vermelho impecável e uma hora e cinco minutos de atraso, Bruna Marquezine chega ao local da entrevista, um restaurante em Ipanema. “Precisei passar em casa para tirar a cara de quem acabou de arrancar as tranças medievais”, diz, sobre as madeixas da vilã que interpreta em “Deus salve o rei”.
Pontualidade, definitivamente, não é o forte da atriz de 22 anos. Soma-se a isso o fato de ela namorar o jogador de futebol mais caro da história e, pronto, está criado o enredo: “Era uma vez uma atriz mimada que chegava atrasada às gravações porque só pensava naquilo”. “Não importa o que eu faça, tudo é associado ao Neymar”, queixa-se Bruna. “É cruel. Disseram que eu teria de escolher entre a carreira e o namoro”. O artilheiro da seleção discorda: “Quem tem de escolher um lado sou eu. E eu escolho o seu”, escreveu ele por mensagem, à namorada. Enquanto esse dia não chega, Bruna vai driblando a saudade pelo WhatsApp e assistindo aos jogos pela TV, como fez ontem, no amistoso contra a Áustria: “Vi com minha família, em casa. Sempre fico nervosa, mas muito feliz por ele”.
O que acredita ter sido fundamental na sua formação para você ser o que é hoje?
A simplicidade do meu pai — que é marceneiro, como o pai dele — e o pulso firme da minha mãe. Sempre fui muito sonhadora e ela me trazia para o chão. Me teve cedo, aos 21 anos. Temos uma relação de amizade, mas conflituosa também. Ela cuidou muito de mim e do meu trabalho. Trabalhar em família é complicado.
Você estreou como atriz aos 5 anos. Não sente que teve a infância roubada?
Não, eu adorava o que fazia. Sinto mais falta da minha juventude do que da infância. O fato de eu esquecer diariamente que tenho só 22 anos me faz mal. Sou cobrada, vigiada e me esqueço que sou uma menina. A pressão começou aos 18, quando fiz a Lurdinha de “Salve Jorge”. Foi a primeira vez que me viram com corpo de mulher. Foi um período muito sofrido. Ainda é. Sinto falta de algo que deveria estar vivendo e não estou.
Na semana passada, você publicou uma carta resposta a um jornalista que disse que era hora de escolher se seria atriz ou namorada do Neymar. Foi você mesmo que escreveu?
Fui e me orgulho disso. Por que ninguém pergunta pro Neymar se ele vai largar a carreira? Por machismo! Peço para minha assessora de imprensa não me mandar coisas negativas ou mentirosas para que eu não queira responder e ponha mais lenha na fogueira dos outros. Mas por causa de um tweet de uma fã me defendendo acabei pegando a matéria para ler. E, como estou chegando no meu limite, decidi me posicionar. Uma matéria por mês te detonando, você aguenta. Três, quatro por semana, não dá. Me sinto perseguida.
O que sua assessora achou da resposta?
Ela disse, brincando: “Bruna, acho que uma revolução começa agora”. E é isso, comecei minha revolução. Sou uma pessoa pública. Preciso usar minha voz. No dia seguinte à carta, recebi uma mensagem do meu namorado que começava com a tal manchete: “Para que lado vai Bruna Marquezine: carreira ou namorada do Neymar?”. E seguia: “Você vai para onde houver luz, porque é uma pessoa iluminada. Não deixe que essas coisas te abalem. Quem tem que escolher um lado, sou eu e eu escolho o seu (chora)”. O texto teve uma função no meu relacionamento. Não vim de um lar feminista, nem ele. Mas o fiz enxergar algo importante, e isso me tocou.
As críticas começaram por conta dos seus atrasos às gravações da novela...
Me atrasei durante um período em que estava passando por mil coisas: problemas pessoais, campanhas publicitárias. Nem tudo é relacionado ao Neymar. Estava cansada, não me comprometi como deveria. Errei. Pedi desculpas ao meu diretor e ele entendeu. Meu vacilo era com o horário, não com o trabalho. Chegava lá com o texto decorado, as cenas na cabeça. Atrasar é horrível, cafona, deselegante. Também não queria ter me atrasado para esta entrevista, mas aconteceu. Agora, relacionar isso com o Neymar é cruel. Tudo é culpa dele? Sou mais do que isso. Minha existência nesse mundo não se resume ao meu namorado.
Como ele reage a essa pressão?
Quando ele diz que a escolha não está na minha mão, mas na dele, e garante estar do meu lado, me respeitando e respeitando meu trabalho, ele está se posicionando, me apoiando. A carreira dele tem curta duração. A minha, não. Se tiver papel para mim com 90 e poucos anos, vou fazer.
Vocês falam em casamento?
Não quero botar o carro na frente dos bois. Nosso próximo passo é morarmos juntos porque, depois de seis anos, entre idas e vindas, queremos ficar grudados. Só vai rolar quando for possível pra mim e pra ele. Todas as vezes em que terminamos e voltamos saíram as mesmas matérias: 1) “teve traição”, 2) “voltaram” 3) “noivaram” 4) “Bruna está grávida”. Já engravidei umas quatro vezes. Também já marquei vários casamentos. Me ofereceram até vestido.
É verdade que vocês rompiam porque ele queria se casar e você não?
Sou muito independente, dona da minha vida. Não suporto a ideia de precisar de autorização ou depender de alguém… Não que eu ache que o casamento significa isso. Mas é uma coisa muito doida. Evito até pensar (risos).
Pensa em carreira internacional?
O mundo está conectado. Não preciso parar o que faço aqui, para tocar um filme lá fora. O que eu quero é estudar. Aprendi tudo na prática, sem faculdade. Me sinto muito despreparada quando sento para conversar com outros atores. Sou crua demais.
Como é ser atriz brasileira com mais seguidores no Instagram (28,2 milhões)?
Faço tudo sozinha. Se algo me acontecer, não sei o que vou fazer porque ninguém tem a minha senha. Ninguém mesmo. Sou louca pelo Instagram, viciadona.
Acabou de fechar com a Puma, e o Neymar é embaixador da Nike. Isso é um problema?
Não. Eu me identifico com a Puma, e ele é patrocinado pela Nike. Somos seres individuais. Posso fechar com a marca que eu quiser.
Mas fizeram uma megacampanha de Dia dos Namorados com a C&A. Não é contraditório se são “seres individuais”?
Estamos num relacionamento mais maduro, resisti por anos, mas não tinha muito como fugir. Somos um casal, estamos sempre juntos. Por que não ganhar dinheiro juntos?
Para, depois, não dizerem que tiveram a privacidade de vocês invadida.
O fato de sermos duas pessoas públicas não dá direito de me perguntarem quantos filhos eu quero ter. Nem meus amigos perguntam isso. A gente morria de vontade de ter um ensaio lindo juntos. Neymar é supervaidoso e eu sou leonina.
Como é a Bruna madrasta?
Adoro o Davi (filho de Neymar com Carol Dantas) e, hoje, me dou bem com a mãe dele. Quando ele pede um irmão, a gente diz: “Fala com a sua mãe”. Amo criança, mas falo firme quando precisa.
E com Marina Ruy Barbosa, como é a relação?
Que bom que você tocou nisso. Gostam de dizer que somos inimigas. Mas não é verdade. A gente se conheceu muito menina e, aos 15, estudou na mesma sala. Éramos grudadas, melhores amigas. Com o trabalho e a correria da vida, nos afastamos. Quando a gente fez a preparação para “Deus salve o rei”, foi mágico. Esclarecemos questões que nem existiam mas estavam ali. Somos da mesma idade, bem-sucedidas, com carreiras parecidas. As pessoas comparam mesmo.
Por falar em “Deus salve o Rei”, é verdade que o Neymar não gosta de José Fidalgo, ator que faz seu par romântico?
Ele não gosta de ver as cenas românticas. Não é específico com o Zé. Quando a novela começou, me mandava prints, baixava na Globoplay. Aí, na primeira cena de beijo, falou: “Vou parar de assistir. Não tenho a capacidade de diferenciar. Você faz as mesmas caras de apaixonada que faz para mim”. Se é para ficar chateado, melhor não ver mesmo.
Vocês falam bastante de trabalho?
Não muito, são universos muito diferentes. Até ele entrar na minha vida, eu não sabia nada de futebol. Não sei ainda. Quando acerto impedimento ou escanteio, me sinto em Harvard, uma gênia. Já disse que só entendo se o Neymar cai ou faz gol (risos). Outro dia desses, ele falou: “Amor, vou jantar na casa do Fulaninho…”
Fulaninho?
É, não vou dar o nome, para não ser indelicada. Aí, eu falei: “Legal, bom jantar, mas eu não faço ideia de quem seja o Fulaninho”. E ele: “Amor, joga comigo na seleção”. E eu: “Mas eu não sei quem é”. E ele: “Bruna, você fez o álbum da seleção, ele tá lá no seu álbum”. E eu: “Ai, meu Deus, não decorei a cara dele!” Vou ter que decorar os nomes e as caras com o álbum. Só decorando mesmo.
Afinal, você vai para os jogos?
Não vou conseguir ir no primeiro jogo. Recebi o roteiro da novela e tenho muitas cenas. Talvez consiga ir no segundo, dia 22. Mas, se conseguir, terei que ficar dois dias e voltar. Já fiz pior. Quando Neymar jogava no Barcelona, fui até lá para ficar só 24 horas e voltei. Se isso não é amor...
O Globo domingo, 29 de abril de 2018
AGILDO RIBEIRO - AOS 86 ANOS, MORRE O HUMORISTA AGILDO RIBEIRO
AOS 86 ANOS, MORRE O HUMORISTA AGILDO RIBEIRO
Ator estava afastado da TV desde 2016, quando fez "Zorra total"
O comediante Agildo Ribeiro, que vai ser homenageado por prêmio de humor criado por Fábio Porchat - Ana Branco / Agência O Globo
RIO - O humorista Agildo Ribeiro morreu em sua casa, no Rio de Janeiro, neste sábado, informa o colunista Ancelmo Gois, em razão de problemas cardíacos. Nascido em 26 de abril de 1932 (havia completado 86 anos na última quinta-feira), o ator foi um dos comediantes de maior sucesso no país.
Filho de um tenente comunista que se desesperou ao vê-lo trocar o Colégio Militar pelo humorismo, Agildo Ribeiro não podia fugir à sua vocação. Para um artista que dizia “carregar uma claque ambulante” consigo mesmo, fazer rir é um compromisso para a vida toda. Que o ator e comediante cumpriu até o fim, mesmo afastado dos palcos e da televisão desde 2016.
— Nas ruas, me chamam de rei da comédia, de gênio, andam atrás de mim pedindo que eu conte piada, faça imitações do Maluf, faça caretas, riem de tudo o que eu falo. É sempre assim — disse o humorista, em entrevista ao GLOBO em março deste ano, quando foi o grande homenageado pelo Prêmio do Humor, promovido por Fábio Porchat.
Rei dos bordões e dos personagens marcantes, Agildo ingressou no elenco de programas pioneiros da TV Globo em 1965 e logo se tornou um dos comediantes mais populares do país a partir dos anos 1970, ganhando a alcunha, merecida, de “capitão do riso".
O humorista Agildo Ribeiro conquistou o público como o professor de mitologia apaixonado por Bruna Lombardi, em um dos quadros do programa "Planeta dos Homens", na TV GloboFoto: Reprodução
Em dos primeiros papeis, ainda na TV TupiFoto: Reprodução
Programa Satiricon, com Jô Soares, Agildo Ribeiro, Zé Vasconcelos e Renato Corte Real, em agosto de 1973Foto: Divulgação/ TV Globo/ Antônio Nery
Programa "A Festa é Nossa", com Agildo Ribeiro e Lúcio Mauro, em fevereiro de 1983Foto: Arquivo O Globo
Agildo Ribeiro em um dos seus papeis femininosFoto: Divulgação
Cena de Agildo Ribeiro, Arlete Salles, Maria Gladys e Luís Salém em "A lua me disse", novela de 2005. Foto: Renato Rocha Miranda / Divulgação / TV Globo/ Renato Rocha Miranda
Agildo na gravação do filme "Casa da Mãe Joana", com José Wilker e Agildo Ribeiro, em abril de 2006Foto: Salvador Scofano / Salvador Scofano
Participação especial de Agildo Ribeiro no último 'Casseta e Planeta, urgente!', em dezembro de 2010Foto: Divulgação TV Globo / Blenda Gomes / Divulgação / TV Globo / Blenda Gomes
Agildo Ribeiro e Elizabeth Savalla, contracenando na novela "De Quina pra Lua", em outubro de 1985Foto: Adir Mera / Adir Mera / Agência O Globo
Há 45 anos, Agildo Ribeiro contracenava com o ratinho Topo GiggioFoto: Gustavo Stephan / Gustavo Stephan/ 28.08.2010
Agildo Ribeiro vestido como Chacrinha, em fevereiro de 1983Foto: C. Leonan / C. Leonan
Encontro de humoristas Agildo Ribeiro e Chico Anysio Foto: Carlos Ivan / Carlos Ivan
Fábio Porchat e Agildo Ribeiro na homenagem do Prêmio do Humor, em março de 2018Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
O sucesso com o público, porém, começara muito antes. Ainda no Colégio Militar, Agildo juntava os alunos para assistir a suas imitações dos professores. Aconselhado a sair da escola, foi parar no teatro. Depois que fez as primeiras peças como bailarino de teatro de revista, uma dúzia de bons papéis no cinema, teatro e televisão. Era, como ele mesmo dizia, “magrinho, arrumadinho, bem bonitinho”.
— Sou muito observador, tenho um ouvido incrível. Tenho mania de imitar os outros e a imitação é o caminho inicial para fazer um tipo — observou ele, sobre o seu talento natural para o site Memória Globo.
A estreia na TV Globo foi no seriado “TNT”, em 1965, no qual interpretava um repórter que narrava a história de três jovens modelos, Tânia (Vera Barreto Leite), Nara (Márcia de Windsor) e Tetê (Thais Muiniz Portinho). Nos anos 1960 e 1970, fez grande sucesso contracenando com o ratinho Topo Gigio e, logo em seguida, pegou o auge dos programas humorísticos de TV. Sua presença era sempre um diferencial em atrações como “Planeta dos Homens”, “Chico City” e “A Escolinha do Professor Raimundo”.
‘Agildo era uma metralhadora também no palco, as pessoas na plateia literalmente passavam mal de tanto rir.’
- FÁBIO PORCHATComediante
Nos esquetes, Agildo dava um toque todo pessoal a personagens escritos por nomes como Max Nunes, Jô Soares, Gugu Olimecha. E era mestre em popularizar bordões. Difícil encontrar quem não conhecesse, na época, o “para com isso, sua múmia paralítica” do professor de Mitologia Aquiles Arquelau (um acadêmico obcecado pela atriz Bruna Lombardi, que sempre descambava para alguma descrição erótica ao explicar um conceito). Outros de seus bordões que caíram na boca do povo foram “Coisa horrorosa!” e “Posso esclarecer?”.
Casado três vezes (com a comediante Consuelo Leandro, a atriz Marília Pera e a bailarina Didi Ribeiro), fez parte de uma geração de ouro do humorismo na TV, junto com Costinha, Golias, Dercy Gonçalves, José Vasconcelos, Chacrinha, Paulo Silvino, Chico Anysio, Lúcio Mauro e Jô Soares. Os que sobreviveram estavam, assim como Agildo, longe das telinhas.
O comediante estava sem papel fixo na TV desde a sua última passagem pelo humorístico “Zorra Total”, em 2016. Mas, no último dia 17, fez uma participação especial no “Tá no ar”. Um mês antes, ele comentou sobre o seu afastamento na entrevista ao GLOBO:
— Sabe o que eu queria? Queria que alguém, algum desses novos humoristas, me imitasse num programa da TV. Pelo menos seria uma chance de me ver na TV outra vez.
— Quando eu era garoto, via tudo que ele fazia — comentou Hélio de La Peña, do Casseta & Planeta.
— Fico feliz de ter conseguido homenageá-lo no Prêmio do Humor — disse Porchat. — Eu brincava que ele era muito “versátil” porque contracenou com a Rogéria e com o Topo Gigio. Ele era uma metralhadora também no palco, as pessoas na plateia literalmente passavam mal de tanto rir.
Além da televisão, Agildo também atuou no teatro. Foi João Grilo, um dos principais personagens da dramaturgia brasileira, na montagem de “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna.
No cinema, teve como últimos trabalhos os filmes “O homem do ano” (2003) e “Casa da Mãe Joana” (2008).
O corpo do ator está sendo velado neste domingo na capela 1 do Memorial do Carmo, no Caju, das 10h às 14h. A cremação está prevista para 15h.
O Globo domingo, 22 de abril de 2018
MORRE AOS 80 ANOS O CINEASTA NELSON PEREIRA DOS SANTOS
Morre aos 89 anos o cineasta Nelson Pereira dos Santos
Diretor estava com câncer no fígado, descoberto após internação devido a pneumonia
O cineasta Nelson Pereira dos Santos - Camilla Maia / Infoglobo
RIO — Morreu aos 89 anos o diretor de cinema Nelson Pereira dos Santos, um dos precursores do Cinema Novo. O cineasta estava internado desde a quarta-feira, dia 12, com uma pneumonia, no hospital Samaritano. Na internação foi constatado um tumor no fígado, já em estágio avançado, que causou a morte do diretor.
O corpo será velado na Academia Brasileira de Letras (ABL). Nelson faria 90 anos em outubro. Ele deixa a mulher Ivelise Ferreira, quatro filhos e cinco netos.
TRAJETÓRIA
Em 1955, Nelson levou as telas em "Rio 40 graus" a canção-denúncia de Zé Ketti “O morro não tem vez". E, até então, o morro realmente não tinha vez no cinema brasileiro — ao menos não com aquela crueza poética (ou poesia crua), num olhar influenciado pelo neorrealismo italiano.
Por trás da obra que fundou muitas das bases do que viria nos anos (e décadas) seguintes, sobretudo o Cinema Novo, estava o diretor estreante Nelson Pereira dos Santos, aos 27 anos — antes, ele havia feito apenas o curta-metragem “Juventude” e a assistência de direção em “O saci”.
Em entrevista dada ao GLOBO em 1998, Nelson Pereira dos Santos comentou seus clássicos mais marcantes. O cineasta morreu neste sábado, de câncer no fígado, descoberto tardiamente após internação devido a pneumonia. Veja o que ele falou sobre sua obra.
Era só o começo da trajetória daquele que se tornaria um dos maiores cineastas do país, um diretor que buscou ler e desenhar o Brasil em cada um de seus trabalhos — até o último, o documentário “A luz de Tom” (2012), sobre o maestro Tom Jobim.
— O Nelson era tudo. Inventou um cinema que só poderia ser feito no Brasil — definiu Cacá Diegues. — É uma perda irreparável. Ele morreu, mas a obra está aí, e deve ser vista.
Em entrevista ao GLOBO em 1998, Nelson falou de seu desejo, herdado dos modernistas, de tentar lançar luz sobre o Brasil — e de como bebeu em outros criadores e intérpretes do país para fazer isso. Ele se referia a nomes como Graciliano Ramos (ele levou às telas “Vidas secas” e “Memórias do cárcere”), Machado de Assis (“Azylo muito louco”), Jorge Amado (“Tenda dos milagres” e “Jubiabá”), Guimarães Rosa (“A terceira margem do rio”), Nelson Rodrigues (“Boca de ouro”), Gilberto Freyre (a série “Casa grande & senzala”) e Castro Alves (“Guerra e liberdade”).
— Sou de uma geração formada por esses escritores e outros artistas do modernismo. Uma geração que cresceu com Oswald, Graciliano, Di Cavalcanti, Villa-Lobos. Para construir um país só faltava o cinema — disse Nelson.
PRIMEIRO CINEASTA A ENTRAR NA ABL
A relação com cinema vem da infância. A mãe o levava às matinês do Cine Teatro Colombo, em São Paulo (onde nasceu, em 22 de outubro de 1928). Ali, ele passava a tarde vendo longas-metragens, seriados e desenhos animados.
Nos anos 1940, na escola, aproximou-se do comunismo e tomou contato com o neorrealismo italiano, que chegava ao Brasil em filmes de cineastas como Roberto Rossellini e Luchino Visconti.
Nelson chegou a se formar em Direito na USP, em 1953 — mas já saiu da universidade sabendo que seria cineasta. Foi nessa época que decidiu mudar-se para o Rio. Ainda em São Paulo, atuou também como jornalista, profissão que manteve no Rio em veículos como “Jornal do Brasil”.
A estreia com “Rio 40 graus” — filme feito com câmera emprestada pelo pioneiro do cinema brasileiro Humberto Mauro — foi celebrada, mas também gerou reações do governo, e a obra chegou a ser proibida. Ele seguiria, porém, a trilha que abrira. Dois anos depois, em 1957, fez “Rio, Zona Norte”.
Filmando documentários sobre a seca do Nordeste, Nelson pensou em fazer um filme sobre aquela realidade. Percebeu que a história que queria estava pronta, no livro “Vidas secas”, que lançaria em 1963. Antes de conseguir realizar o filme, já dentro das propostas do Cinema Novo, mergulhou no universo rodriguiano de “Boca de ouro” (1962).
Nos anos seguintes, Nelson embarcaria nas viagens alegóricas da contracultura (“Fome de amor”, “Quem é Beta?”), na comédia carioca (“El justicero”), nos cinemas históricos (“Como era gostoso meu francês”) e urbano (“Amuleto de Ogum”). Com “A terceira margem do Rio”, de 1994, ele se fez presente na chamada “retomada”. O universo de escândalos políticos do período pós-redemocratização não escapou de seu olhar — ele os retratou, em 2006, em “Brasília 18%”, que faz no título uma referência à baixa umidade da cidade.
— Não que seja uma relação determinista, de que Brasília é daquele jeito por causa das condições geográficas. Mas o clima seco e a poeira combinam bem com o que acontece por lá — disse Nelson ao GLOBO na época do lançamento.
O cineasta foi professor fundador do curso de cinema da Universidade de Brasília (o primeiro do Brasil) e também lecionou na UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles) e na Universidade de Columbia, em Nova York. Desde 2006, era membro da Academia Brasileira de Letras — o primeiro cineasta a ocupar a posição.
O Globo terça, 17 de abril de 2018
MORRE, AOS 97 ANOS, DONA IVONE LARA, ÍCONE DO SAMBA
RIO - Baluarte do samba, cantora e compositora, Dona Ivone Lara morreu na noite desta segunda-feira, na Coordenação de Emergência Regional (CER) Leblon, Zona Sul do Rio. Ela sofreu uma parada cardiorrespiratória. A sambista estava internada desde a última sexta-feira — dia em que completou 97 anos — quando deu entrada com quadro de anemia, e estava no Centro de Terapia Intensiva (CTI). Na tarde desta segunda-feira, o quadro de saúde piorou. Em agosto de 2017, a sambista esteve internada no mesmo hospital, com crise de hipoglicemia.
A sambista será velada nesta terça-feira na quadra do Império Serrano, em Madureira, na Zona Norte do Rio. O sepultamento será no cemitério de Inhaúma, na tarde desta terça.
Filho de Dona Ivone Lara, Alfredo Lara, na porta de unidade hospitalar na madrugada desta terça-feira.
- Marcio Alves / Agência O Globo
No início da madrugada desta terça-feira, parentes da sambista ainda estavam no hospital. Um deles era o filho de Dona Ivone Lara, Alfredo Lara da Costa, de 67 anos. Abalado com a partida da mãe, ele fez questão de ressaltar o legado deixado por ela.
— Minha mãe foi uma mulher valente e corajosa. Nos passou muita coisa boa e, graças a Deus, deixou uma obra maravilhosa. Todos gostavam dela - disse Alfredo, que, emocionado, acrescentou: - Ela viveu muito bem. No princípio, a vida da minha mãe foi sacrifício. Mas tinha a música, era o que mais gostava. Ela foi muito feliz. Eu tenho muito orgulho. A família está sofrendo muito. Mas ela ela foi com uma certa idade. Faz muita falta. Mas só fez o bem. O legado dela fica para sempre.
'ENSINOU MUITO A TODOS NÓS'
A nora de Dona Ivone Lara também estava no local. Eliana Lara Martins da Costa, de 67 anos, contou que conhece dona Ivone Lara desde sua juventude e que a considerava uma mãe.
— Eu tive não uma sogra, mas uma outra mãe, junto com a minha biológica. Sempre foi muito minha amiga. Estou muito triste. Era o doce da família. Uma pessoa gentil, não tinha defeitos. Ensinou muito a todos nós, principalmente as crianças, que hoje já estão crescidas. São apaixonados por ela. Não sei como vai ser, porque os netos eram a coisa mais querida para ela — lamentou a nora da sambista.
Nascida em Botafogo no dia 13 de abril de 1921, Ivonne Lara da Costa demonstrava um talento excepcional desde a infância, a facilidade na composição. Filha de mãe cantora, pai violonista e com um tio cavaquinista — era na casa dele onde assistia às rodas de samba e choro.
Aos 12 anos, ela compôs sua primeira canção, o samba de partido-alto "Tié, Tiê". A inspiração veio a partir de um presente dado pelos rimos e futuros parceiros, Hélio e Fuleiro, um pássaro "Tiê-sangue". Durante a adolescência, teve como professores de música erudita Zaíra de Oliveira, esposa do compositor Donga, e Lucília Villa-Lobos, casada com o maestro Heitor Villa-Lobos.
Aos 17, Ivonne começou a estudar na Escola de Enfermagem Alfredo Pinto e passou a trabalhar como plantonista de emergência. Embora tenha dedicado sua vida adulta à área da saúde, reservava as horas vagas para participar das típicas rodas de choro organizadas na casa do tio, Dionísio Bento da Silva, que tocava violão de sete cordas e fazia parte de grupo de chorões que reunia nomes como Pixinguinha, Donga e Jacob do Bandolim.
Aos 25, foi contratada pelo Instituto de Psiquiatria do Engenho de Dentro, onde permanece por 37 anos até se aposentar. Especializada em terapia ocupacional, Ivonne trabalhou no Serviço Nacional de Doenças Mentais com a doutora Nise da Silveira, médica que revolucionou o tratamento psiquiátrico no Brasil.
PRIMEIRA MULHER NA ALA DE COMPOSITORES
Ainda aos 25, casou-se com Oscar Costa, filho do fundador da escola de samba Prazer da Serrinha. Sempre priorizando o trabalho de enfermeira, mas com um pé na música, programava suas férias em fevereiro para participar dos desfiles de Carnaval.
Com o fim da escola Prazer da Serrinha, começa a frequentar a escola de samba Império Serrano. Compõs alguns sambas e partidos-altos para a agremiação — que eram mostrados aos outros sambistas pelo primo Fuleiro, como se fossem dele — já que o preconceito não abria espaço para mulheres compositoras.
Apesar das desavenças, Dona Ivone foi a primeira mulher a integrar a ala dos compositores de uma escola de samba. Em 1965, a mais nova integrante da Ala dos Compositores do Império Serrano compôs, com Silas de Oliveira e Bacalhau, o clássico samba-enredo "Os Cinco Bailes Tradicionais da História do Rio".
O envolvimento cada vez maior com a agremiação rendeu-lhe, entre outras alegrias, a convivência com Mestre Aniceto do Império, Mano Décio da Viola e Silas de Oliveira, que mais tarde seriam seus parceiros em algumas canções.
PRIMEIRO DISCO EM 1978
Somente aos 56 anos de idade, Ivone passou a dedicar-se exclusivamente à música, lançando em 1978 seu primeiro disco, "Samba Minha Verdade, Samba Minha Raiz", produzido por Sargenteli e Adelson Alves.
Mesmo tendo assumido a carreira musical tardiamente, nas décadas seguintes consagrou-se como grande compositora com músicas gravadas por Clara Nunes, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Beth Carvalho e Marisa Monte. Entre seus maiores sucessos estão “Sonho meu”, "Acreditar" e "Alguém me avisou".
Em 2002, Dona Ivone Lara foi a grande homenageada do prêmio Shell e, em 2012, escolhida como tema do enredo do Império Serrano. Ao longo da carreira, compôs mais de 300 canções e gravou cerca de 20 discos.
Dona Ivone Lara deixa três netos, nora e o filho caçula. Seu primogênito, Odir, morreu na década de 70. Em 1975, o marido da sambista não resistiu após um acidente de carro.
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Para recordar, Sonho Meu, amba de Dona Ivone Lara, que o interpreta com Clementina de Jesus:
O Globo segunda, 16 de abril de 2018
YAGO PIKACHU GARANTIU A VITÓRIA DO VASCO SOBRE O ATLÉTICO
Yago Pikachu, o lateral artilheiro que garantiu a vitória do Vasco
Jogador já balançou as redes oito vezes nesta temporada
POR O GLOBO
/ atualizado
Nos tempos de Paysandu, clube que o revelou, era comum Yago Pikachu aparecer em listas de principais goleadores. A atual temporada, porém, é a primeira em que o lateral-direito curte uma de artilheiro desde que chegou ao Vasco, em 2016.
Com o pênalti convertido neste domingo, que garantiu a vitória de 2 a 1 sobre o Atlético-MG, já são oito gols marcados no ano — Andrés Rios, o segundo na estatística, tem cinco, enquanto os jovens Evander e Paulinho somam quatro tentos cada. Logo após garantir a virada, contudo, Pikachu preferiu a humildade e exaltou o trabalho coletivo do time.
— Merecemos a vitória pelo que fizemos em campo. Acho que é o quinto jogo que conseguimos ganhar nos acréscimos. E contra a gente o Victor sempre vai bem — disse ele, referindo-se ao goleiro rival.
O desempenho da equipe também foi motivo de elogios de Zé Ricardo. Feliz com a virada, o técnico explicou parte das mudanças táticas que adotou para buscar o resultado:
— No segundo tempo, tentamos adiantar o Wellington. Depois usamos o Thiago Galhardo, que tem jogo interessante para fazer algumas combinações. Deu certo — disse ele, que aprovou a entrada de Rildo: — Sua característica é fundamental para o futebol.
O Vasco volta a campo pelo Campeonato Brasileiro no domingo, contra a Chapecoense, em Santa Catarina. Antes, porém, o time viaja a Argentina para enfrentar o Racing, quinta-feira, pela Libertadores
O Globo segunda, 16 de abril de 2018
MTST OCUPA TRIPLEX NO GUARUJÁ QUE LEVOU LULA À PRISÃO
MTST ocupa tríplex no Guarujá que levou Lula à prisão
Grupo estendeu faixas na fachada do imóvel na Praia das Astúrias
POR DIMITRIUS DANTAS
/ atualizado
SÃO PAULO — O tríplex no Guarujá que causou a condenação e prisão do ex-presidente Lula foi ocupado na manhã desta segunda-feira por um grupo de manifestantes da Frente Povo Sem Medo, da qual faz parte o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto(MTST).
O grupo estendeu faixas com os dizeres "Povo Sem Medo", "Se é do Lula, é nosso" e "Se não é, por que prendeu?".
A ocupação foi anunciada no twitter pelo presidenciável Guilherme Boulos, líder do MTST e pré-candidato pelo Psol.
— MTST e a Povo Sem Medo acabam de ocupar o triplex do Guarujá, atribuído a Lula por Moro. Se é do Lula, o povo poderá ficar. Se não é, por que então ele está preso? — escreveu.
O Globo quinta, 05 de abril de 2018
ENTENDA O QUE PODE ACONTECER COM LULA APÓS STF NEGAR HABEAS CORPUS
E agora, Lula? Entenda o que pode acontecer com o ex-presidente após STF negar habeas corpus
Determinação do início do cumprimento da pena cabe ao juiz Sergio Moro
POR O GLOBO
/ atualizado
RIO — O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou mais perto da prisão depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) negou, por 6 votos a 5, o habeas corpus preventivoapresentado por sua defesa. Em janeiro, Lula foi condenado a 12 anos e um mês de prisão por desembargadores do Tribunal Regional da 4ª Região (TRF-4) pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex no Guarujá (SP). Terminado o julgamento no STF, Lula ainda terá uma última possibilidade de recurso no TRF-4, chamado de embargo do embargo. A defesa do petista tem até a próxima segunda-feira para recorrer, mas este tipo de medida raramente é aceita pelos desembargadores. Antes disso, no entanto, o juiz Sérgio Moro pode decretar a prisão.
Com o habeas corpus negado, Lula pode ser preso imediatamente?
Sim. Essa decisão caberá ao juiz Sergio Moro, responsável pela Lava-Jato em Curitiba. Ele, que condenou o petista no caso do tríplex do Guarujá, tem a prerrogativa de decretar a prisão. O magistrado terá que decidir se expede o mandado de prisão imediatamente ou se aguarda o julgamento do embargo do embargo. Esse é o último recurso à segunda instância, no caso o Tribunal Regional Federal da 4ª Região(TRF-4), e geralmente é considerado apenas protelatório.
Por que Lula ainda não foi preso se ele já foi condenado em segunda instância?
Faltava concluir o julgamento do habeas corpus pelo Supremo Tribunal Federal. Ele tinha sido suspenso, no último dia 22, a pedido dos ministros Marco Aurélio Mello e Ricardo Lewandowski. Eles tiveram que se retirar antes do final da sessão, devido a compromissos pessoais. O STF então concedeu uma liminar para que o ex-presidente não fosse obrigado a cumprir a pena antes da decisão do tribunal. Como o Supremo emendou o feriado de Páscoa, o julgamento só foi retomado na quarta-feira.
O petista ainda pode recorrer a outras instâncias do Judiciário?
Pode, mas não para evitar a prisão neste momento. A defesa pode apresentar um recurso especial ao Superior Tribunal de Justiça, para apontar decisões ou atos do processo que violariam princípios como o da ampla defesa. No STJ, o ministro Félix Fischer, relator da Operação Lava-Jato, examinaria o eventual recurso, caso fosse protocolado. Se eventual pedido for negado, a defesa poderia voltar a apelar para o Supremo Tribunal Federal, em busca de um novo recurso.
O Supremo ainda pode rever a prisão após decisão em segunda instância?
Sim. Além do habeas corpus de Lula, há duas ações declaratórias de constitucionalidade (ADCs) que tratam do tema de forma genérica, sem abordar um caso específico. A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, tem resistido a marcar a data de julgamento dessas ações. Se isso ocorrer, é possível que haja mudança no entendimento da Corte, seja para permitir a execução da pena somente após o trânsito em julgado (quando esgotados todos os recursos), seja para autorizá-la somente depois de análise do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que funcionaria como uma terceira instância.
Lula ainda poderá concorrer à Presidência da República?
Em tese sim, mas provavelmente não. Pela Lei da Ficha Limpa, uma condenação de um órgão colegiado, como o TRF-4, torna o candidato inelegível. Mas ainda há recursos que podem permitir uma candidatura. Mesmo que a condenação seja mantida pelo TRF-4, o ex-presidente pode recorrer ao STJ e ao STF para tentar obter uma liminar e manter a candidatura. Nesse caso, o desfecho vai depender do juiz que analisar o caso. O prazo final para registro de candidaturas é 15 de agosto.
Lula pode registrar a candidatura enquanto couber recurso?
Sim. Mesmo que Lula esteja inelegível pela Lei da Ficha Limpa, por ter sido condenado por órgão colegiado, no caso o TRF-4, isso não o impede de solicitar o registro de candidatura em agosto. A Lei Eleitoral diz que, com a solicitação feita, o candidato está autorizado a realizar atos de campanha até a decisão definitiva sobre o pedido de registro pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Caso seja preso, Lula também poderá registrar a sua candidatura e aguardar o TSE.
Podemos, então, ter uma campanha de Lula mesmo com ele preso?
Sim, mas é bastante improvável. Nessa hipótese, Lula estaria discutindo sua elegibilidade na Justiça Eleitoral. A Lei Eleitoral estabelece, porém, que os partidos políticos têm até 20 dias antes das eleições para substituir as suas candidaturas. Caso o TSE negue o registro da candidatura, o PT teria que substituí-lo até o dia 17 de setembro. Caso a eventual impugnação saísse depois das eleições, e Lula fosse eleito, haveria um debate jurídico se ele poderia ou não assumir a Presidência da República.
O Globo domingo, 01 de abril de 2018
AMIGOS DE TEMER SÃO SOLTOS, APÓS DECISÃO DE BARROSO
Amigos de Temer são soltos em São Paulo após decisão de Barroso
Os nove presos alvos da Operação Skala deixaram a sede da PF
POR GUSTAVO SCHIMITT
/ atualizado
SÃO PAULO - Poucas horas depois de o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso revogar as prisões temporárias da Operação Skala, os presos deixaram a carceragem da Polícia Federal de São Paulo no final da noite deste sábado. Entre os que foram soltos estavam dois amigos do presidente Michel Temer — o advogado José Yunes, ex-assessor especial da Presidência da República, e João Baptista Lima Filho, ex-coronel da Polícia Militar de São Paulo, além do ex-ministro Wagner Rossi.
Temer é investigado neste caso, cujo inquérito apura se o presidente, por meio de decreto, beneficiou empresas do setor portuário de Santos em troca de suposto recebimento de propina. Nove presos estavam na sede da PF em São Paulo desde quinta-feira, quando foi deflagrada a operação.
Dentre os acusados, o ex-ministro Wagner Rossi foi o único que falou rapidamente com a imprensa. Como já havia feito ao ser preso, Rossi voltou a negar qualquer relação com as irregularidades apontadas pela PF.
— Eu só queria falar o que já havia dito na entrada, que não tenho nada a ver com esse caso — disse Rossi. Ex-deputado federal, Rossi foi diretor-presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo, estatal administradora do porto de Santos, entre 1999 e 2000. Ele é pai de Baleia Rossi, líder do MDB na Câmara.
Entre os presos, Yunes foi o primeiro a sair. Ao ser indagado pelos jornalistas se gostaria de comentar as acusações, Yunes apenas deu um sorriso de canto de boca. Um dos principais aliados de Temer, Yunes é apontado pelo operador Lúcio Funaro, delator na Lava Jato, como um dos responsáveis por administrar propinas supostamente pagas ao presidente.
Para agilizar a volta para casa, os presos abriram mão de fazer o exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). As prisões dos alvos da operação eram temporárias (de apenas cinco dias) e terminariam na segunda-feira. No entanto, a Procuradora Geral da República, Raquel Dodge, enviou a Barroso, ainda neste sábado, um pedido para que os mandados de prisão fossem revogados. Dodge pediu a revogação das prisões com o argumento de que as medidas já haviam cumprido o seu objetivo legal: ouvir os investigados e fazer buscas em endereços ligados a eles.
O Globo quinta, 29 de março de 2018
POLÍCIA FEDERAL PRENDE AMIGOS DE TEMER
Ex-assessor de Temer, José Yunes é preso pela Polícia Federal
Barroso também determina prisão de Wagner Rossi, Antonio Celso Grecco e coronel Lima
POR AGUIRRE TALENTO / MATEUS COUTINHO
/ atualizado
BRASÍLIA — O advogado José Yunes, amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer, foi preso nesta quinta-feira, em São Paulo, pela Polícia Federal. Também foram presos o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi, o dono da empresa Rodrimar, Antonio Celso Grecco, e o coronel reformado da Polícia Militar João Baptista Lima Filho. As prisões foram determinadas pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), em decorrência do inquérito que apura irregularidades no decreto presidencial sobre o setor portuário. Os pedidos de prisão foram feitos pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
As prisões são temporárias, ou seja, com prazo de cinco dias. Por volta das 8h, Yunes seguia para a sede da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, no bairro da Lapa. Wagner Rossi foi detido em Ribeirão Preto, e Antonio Celso Grecco, em Monte Alegre do Sul, no interior de São Paulo. O empresário está a caminho da capital paulista, onde ficará detido na carceragem da PF.
Por meio de nota, o advogado José Luis de Oliveira Lima, que defende Yunes afirmou que a prisão de do advogado é “inaceitável” e que seu cliente compareceu espontaneamente para depor nas investigações. “Essa prisão ilegal é uma violência contra José Yunes e contra a cidadania”, diz o texto.
No começo do mês, Barroso já havia determinado a quebra dos sigilos bancários de Temer e Yunes no âmbito da investigação do decreto dos portos. Além dos dois, também foram alvo da medida o ex-assessor especial da Presidência Rodrigo Rocha Loures, flagrado com uma mala de dinheiro dada pelo grupo J&F. A decisão também quebrou os sigilios do coronel João Baptista Lima Filho, amigo de Temer, de Antônio Celso Grecco e de Ricardo Mesquita, diretor do grupo Rodrimar.
AMIGO DE TEMER DESDE 1960
O último encontro de Yunes e Temer ocorreu na última segunda-feira. Fora da agenda, o presidente jantou com o amigo em São Paulo, como revelou o colunista Lauro Jardim.
Amigo de Temer desde a época da faculdade, nos anos 1960, Yunes foi assessor especial da Presidência até dezembro de 2016, quando pediu demissão do cargo após ter sido citado na delação do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho. O delator disse aos investigadores que Yunes recebeu dinheiro em espécie em seu escritório em São Paulo.
Em sua delação premiada, o doleiro Lúcio Bolonha Funaro, operador financeiro do PMDB, afirmou ter buscado uma caixa com R$ 1 milhão no escritório de Yunes. O dinheiro pertenceria a Temer a partir de um acordo de caixa 2 feito com a Odebrecht. A quantia teria sido remetida a Salvador, mais especificamente para o ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), outro amigo íntimo do presidente da República, preso em setembro do ano passado.
O Globo domingo, 25 de março de 2018
STF CONTRA STF
TF contra STF
POR MERVAL PEREIRA
O julgamento do habeas corpus em favor do ex-presidente Lula no dia 4 de abril colocará o Supremo Tribunal Federal (STF) diante de um dilema que obrigará a eventual nova maioria contra a prisão em segunda instância a se pronunciar sobre o mérito do processo, antecipando uma disputa jurídica com o Supremo Tribunal de Justiça (STJ).
Ficará claro, caso o habeas corpus seja concedido, o que todo mundo já comenta: o STF está tomando uma decisão contrária à sua própria jurisprudência. O Ministro Edson Fachin, relator dos processos da Lava Jato no STF, indeferiu todos os pedidos da defesa do Lula ao apreciar a primeira liminar, assim como o aditamento, após a Turma do STJ ter negado por 5 a 0 o habeas corpus.
Estranhamente, Facchin enviou para o plenário o processo que havia recusado, em vez de simplesmente negá-lo liminarmente, e deu margem a toda essa confusão jurídica. Encaminhou na sessão de quinta-feira um voto de não admissibilidade, e foi derrotado em plenário. Na próxima sessão, o Ministro Facchin vai encaminhar a votação do mérito do habeas corpus, e pretende apresentar uma premissa a seus colegas de STF que vai colocá-los em situação delicada. Se é que isso é possível.
Como tem dito, para ele o mérito a ser julgado consiste em saber se a decisão da Turma do STJ representa abuso de poder, ou contém alguma ilegalidade. Só nesse caso, na opinião de Facchin, é possível acatar o habeas corpus. A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou a concessão de um habeas corpus preventivo pedido pela defesa nos mesmos termos em que foi apresentado ao STF, isto é, para evitar a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o julgamento dos embargos declaratórios contra a condenação no TRF-4.
Os votos dos ministros do STJ foram na mesma direção: somente o Supremo Tribunal Federal (STF) pode mudar sua própria jurisprudência. Disse o ministro Reynaldo Soares da Fonseca."Na seara constitucional. a última palavra é do Supremo Tribunal Federal. Não cabe às instâncias ordinárias nem ao STJ alterar o entendimento da Suprema Corte. Somente os membros da Suprema Corte podem alterar, mitigar o efeito vinculante”. Já o ministro Marcelo Navarro foi objetivo: “Em todos os casos em que se discutiu a pena privativa de liberdade, salvo quando havia ilegalidades, esta corte superior entendeu que a execução deveria ter início”.
Essa é a questão central, segundo Facchin. Se o plenário do STF considerar que o STJ cometeu ilegalidade ao negar o habeas corpus a Lula, terá que assumir essa tese, colocando-se contra o STJ, que tomou a decisão com base na jurisprudência do STF.
Se a maioria assim entender, o mérito da ação acabará sendo julgado, mesmo não sendo o objeto do habeas corpus. Ficará claro que a maioria quer que a prisão aconteça depois do julgamento das Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs), que não têm data para entrarem na pauta, ou após julgamento recurso especial no STJ, ou somente após o trânsito em julgado, como querem alguns.
Na verdade, não há nenhuma razão para dar um habeas corpus ao ex-presidente, já que ele não está exposto a nenhuma ilegalidade, mas sim ao que determina uma decisão do próprio Supremo.
A hipotética mudança da maioria, em direção à definição de que a prisão poderá ser feita após decisão da chamada terceira instância, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), que parece ser a tendência predominante hoje na corte, não pode se transformar em uma presunção de ilegalidade para permitir a concessão do habeas corpus.
O Globo terça, 20 de março de 2018
MINISTROS DO STF FAZEM PRESSÃO PARA DEBATEREM PRISÃO APÓS CONDENAÇÃO EM 2ª INSTÂNCIA
Decano do STF pede reunião de emergência para debater com ministros prisão em 2ª instância
Cármen Lúcia resiste em pautar as duas ações que tratam do tema
POR ANDRÉ DE SOUZA E DIMITRIUS DANTAS
BRASÍLIA E SÃO PAULO — A iminência de um decreto de prisão contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos próximos dias levou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a reforçarem a pressão na Corte para que a execução de penas em segunda instância volte a ser debatida pelo plenário. O ministro mais antigo, Celso de Mello, convocou os colegas para uma reunião de emergência ainda nesta terça-feira, na qual o tema deve ser o principal assunto. Apesar da investida dos colegas, a presidente da Corte, Cármen Lúcia, reafirmou na segunda-feira que não vai pautar a matéria.
Cármen Lúcia resiste em pautar as duas ações que tratam do tema, já liberadas desde dezembro para julgamento pelo relator, ministro Marco Aurélio Mello. Ela é favorável à manutenção da regra atual. Celso de Mello, por outro lado, é favorável à prisão somente após esgotados todos os recursos, conforme orientação vigente antes de 2016. Na semana passada, ele disse a Cármen que alguns colegas gostariam de conversar com ela. A reunião será no gabinete da Presidência do tribunal.
O Globo quarta, 14 de março de 2018
MINISTRA CÁRMEN LÚCIA DIZ QUE NÃO SE SUBMETE A PRESSÃO
'Eu não me submeto à pressão', diz Cármen Lúcia sobre prisão após condenação em segunda instância
Ministra voltou a falar contra a volta da discussão na pauta do STF
POR DIMITRIUS DANTAS
/ atualizado
SÃO PAULO - A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia voltou a se posicionar contra a discussão da prisão após condenação em segunda instância na pauta da Corte. Segundo a ministra, ela não se submeterá a pressão de politicos.
— Eu não lido. Eu simplesmente não me submeto à pressão — disse a presidente do STF após participar de um debate sobre a presença de mulheres no poder promovido pelo jornal "Folha de S. Paulo.
A resposta de Cármen Lúcia foi recebida com aplausos, mas a ministra ficou incomodada após uma das presentes comemorar a resposta gritando "Mostra sua garra, ministra! Lula na cadeia".
O ex-presidente é um dos políticos que querem que o STF volte a discutir a execução provisória da pena. Após o julgamento de seu recurso no Tribunal Regional Federal da 4a. Região, o petista poderá começar a cumprir sua pena de 12 anos e um mês de prisão. Amanhã, Cármen Lúcia irá receber um dos advogados do petista, o ex-ministro do Supremo Sepúlveda Pertence, para tratar do assunto.
A defesa de Lula e de outros interessados no tema indicam que alguns ministros mudaram de posição em relação ao julgamento que permitiu o início do cumprimento da pena após a condenação em segunda instância, como é o caso do ministro Gilmar Mendes.
A ministra Cármen Lúcia vem se negando a colocar o tema da execução provisória de pena em pauta. Ela deixará a presidência do Supremo Tribunal Federal em setembro, dando lugar ao ministro Dias Toffoli, cujo posicionamento é contrário à execução da pena após a segunda instância. O ministro defende que a pena só seja cumprida após a decisão no Superior Tribunal de Justiça, entendimento que pode ser seguido pelo restante do tribunal.
A ministra foi perguntada também sobre a crítica da senadora Gleisi Hoffman, do PT, sobre uma possível inércia do tribunal. Para a ministra, a crítica da petista faz parte da democracia.
— Lutei minha vida inteira pela liberdade de expressão. As críticas são resultado da luta por todas as liberdades — disse.
O Globo terça, 13 de março de 2018
MINISTRO BARROSO AUTORIZA INDULTO DE NATAL, MAS DEIXA CORRUPTOS DE FORA
Barroso autoriza indulto de Natal a presos por crimes não violentos
Condenados por corrupção, no entanto, ficam fora do benefício
POR CAROLINA BRÍGIDO
/ atualizado
BRASÍLIA — Em decisão sobre o indulto de Natal decretado pelo presidente Michel Temer no ano passado, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que condenados por crimes do “colarinho branco”, como corrupção e peculato, não podem ser beneficiados pelo indulto de Natal. No despacho, o ministro autorizou a libertação de presos que não tenham cometido crimes de forma violenta, desde que sentenciados a até oito anos de prisão e que tenham cumprido ao menos um terço da pena. Até ontem, o indulto estava integralmente suspenso por decisão da presidente do STF, Cármen Lúcia, que já havia considerado inconstitucional a concessão do indulto aos corruptos.
O Globo quarta, 07 de março de 2018
LULA: APÓS TER HABEAS CORPUS NEGADO, STF PASSA A SER A ÚLTIMA ALTERNATIVA PARA EVITAR PRISÃO
Lula: Após ter habeas corpus negado, STF passa a ser última alternativa para evitar prisão
Ex-presidente pode cumprir pena de 12 anos e um mês pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro
POR ANDRÉ DE SOUZA / CAROLINA BRÍGIDO / GUSTAVO SCHMITD
/ atualizado
BRASÍLIA e SÃO PAULO — Depois de ver um habeas corpus ser negado por unanimidade pela Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a última esperança da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a prisão reside no Supremo Tribunal Federal (STF). O petista poderá ser obrigado a cumprir, em breve, a pena de 12 anos e um mês, a que foi condenado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do tríplex. A expectativa é que o TRF-4, que condenou Lula em segunda instância, julgue a apelação da defesa ainda este mês, logo após o fim das férias do desembargador Victor Laus, que volta ao trabalho no próximo dia 23.
Se no TRF-4 o panorama é desfavorável ao petista, no Supremo a situação não é muito diferente. Não há qualquer previsão de que a mais alta corte do país discuta nos próximos dias o tema das prisões após a condenação em segunda instância. Em outra frente, a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, não definiu nem quando, nem se vai pautar em plenário o julgamento do pedido de habeas corpus da defesa de Lula. Há um mês, o relator da Lava-Jato, ministro Edson Fachin, remeteu o caso ao pleno.
Pelo regimento interno do STF, Fachin poderia forçar a sessão de plenário para o julgamento do habeas corpus, sem depender de decisão da presidente. Ele não fez isso porque quer que Cármen Lúcia agende primeiro o julgamento de duas ações que debatem a prisão de condenados em segunda instância — e que não tratam de nenhum caso específico. Este é o mesmo entendimento da maioria dos ministros da Corte.
A pressão de ministros do STF para que Cármen Lúcia paute logo essas ações – e, na sequência, o habeas corpus de Lula – cresce a cada dia. O mais antigo integrante do tribunal, ministro Celso de Mello, com quem a presidente costuma se aconselhar, tem feito apelos para que a colega inclua o assunto em pauta. Parte da resistência de Cármen Lúcia em agendar o novo julgamento é que a posição dela, de que réus condenados em segunda instância podem ser presos, seja derrotada.
Após o julgamento de ontem, quando os cinco ministros da Quinta Turma do STJ negaram o habeas corpus de Lula, o próprio advogado do ex-presidente, Sepúlveda Pertence, defendeu uma rediscussão do tema no Supremo e disse que o STJ se manteve na “posição punitivista em grande voga no país”.
— A situação hoje no Supremo não pode permanecer com essa divisão, em que o habeas corpus, a concessão ou não de habeas corpus depende do sorteio do relator, na medida em que pelo menos quatro, se não cinco ministros dissentem do precedente que alterou a jurisprudência. Então, a presunção de inocência está expressamente posta na Constituição como pressuposto da execução da pena seja reafirmado — disse Sepúlveda.
RELATOR: PRESEUNÇÃO DE INOCÊNCIA MANTIDA
No julgamento de ontem no STJ, o relator do habeas corpus de Lula, o ministro Felix Fischer, afirmou que a execução da pena neste momento não compromete o princípio constitucional da presunção de inocência. Para o ministro, como a fase de exame das provas é encerrada na segunda instância, as chances de reverter a condenação em tribunais superiores seriam pequenas.
— O que se denota é que, em diversas oportunidades, as turmas do STF afirmaram e reafirmaram que o principio da presunção de inocência não inibiria a execução imediata da pena — disse Fischer.
Os demais ministros da Quinta Turma — Jorge Mussi, Reynaldo Soares Fonseca, Ribeiro Dantas e Joel Ilan Paciornik — acompanharam o relator. Eles destacaram ainda que o TRF-4 não terminou de analisar um recurso de Lula, não sendo portanto o momento para o STJ intervir na questão. Além disso, a decisão de permitir a execução da pena após segunda instância foi do STF, a mais alta corte do país. Assim, somente o STF pode mudar esse entendimento.
Além da de tentar evitar a prisão, a defesa de Lula também queria que a corte afastasse a sua “inelegibilidade”, ou seja, o enquadramento do ex-presidente na Lei da Ficha Limpa por ter sido condenado por decisão colegiada do TRF3. A defesa argumentou que Lula lidera as pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial de outubro, mas não conseguiu sensibilizar os ministros.
No TRF-4, o relator, Gebran Neto, não tem prazo para julgar. No entanto, assim que concluir seu voto levará à apreciação dos outros dois magistrados da 8ª Turma. Caso os três magistrados decidam negar os embargos do ex-presidente, os efeitos da condenação de Lula passam a ser válidos. Nessa hipótese, cabe ao TRF-4 oficiar o juiz Sergio Moro para que determine a execução da pena.
Segundo levantamento feito pelo GLOBO com base em decisões anteriores, os desembargadores costumam levar 37 dias para analisar um embargo de declaração, o que levaria a uma decisão no fim deste mês. De acordo com uma súmula do TRF-4, após a análise do recurso, o réu deve começar a cumprir pena.
Quando Lula pode ser preso?
O presidente da 8ª Turma do TRF-4, desembargador Leandro Paulsen, explicou que o cumprimento da pena acontece após o julgamento de todos os recursos pela corte. No caso de Lula, o recurso deve ser analisado após as férias do desembargador Victor Laus, que retorna no próximo dia 23. De acordo com o STF, a prisão depois da condenação em segunda instância deve ser decidida caso a caso. O TRF-4 adota como regra a execução imediata da pena.
Quais recursos o ex-presidente tem à disposição no TRF-4?
Na segunda instância, Lula ainda tem o embargo declaratório (que serve para esclarecer pontos da sentença proferida pelos desembargadores) contra a decisão no próprio TRF-4. A defesa do ex-presidente já ingressou com esta apelação. Na segunda-feira, o Ministério Público Federal apresentou parecer contra o recurso, recomendando a prisão de Lula. O relator João Pedro Gebran Neto será o primeiro a votar sobre o recurso.
Quais são os recursos nos tribunais superiores?
Se a apelação for negada no TRF-4, a defesa encaminha recurso especial ao STJ, que serve para apontar decisões ou atos do processo que violem princípios como os da ampla defesa. O relator do caso será o ministro Felix Fischer, da Lava-Jato. No STJ, se Lula vencer, ele reverte a condenação penal e afasta o risco de prisão. Caso o pedido seja negado, a defesa ainda poderá apelar para o Supremo Tribunal Federal (STF).
O que mais Lula pode fazer para evitar a prisão?
Outra estratégia foi apresentar um habeas corpus preventivo ao STJ. Esse pedido foi negado em janeiro, em liminar, pelo ministro Humberto Martins. Ontem, a Quinta Turma do STJ negou o mérito. A defesa também já tinha apresentado um habeas corpus ao STF. O relator, Edson Fachin, negou o pedido e enviou o processo para o plenário. Cabe à presidente do STF, Cármen Lúcia, marcar uma data para o julgamento.
Condenado, Lula ainda pode disputar a Presidência?
Pela Lei da Ficha Limpa, a condenação pelo TRF-4 o torna inelegível. Mas ainda há mecanismos que podem permitir a candidatura. A sentença do TRF-4 só entra em vigor após o esgotamento dos recursos. Com a condenação mantida, o ex-presidente ainda pode recorrer ao STJ e ao STF para tentar obter uma liminar, em decisão individual de um ministro, para manter a candidatura.
Até quando o ex-presidente pode manter a candidatura?
Mesmo que Lula esteja inelegível, isso não o impede de solicitar o registro de candidatura. E a Lei Eleitoral diz que, com a solicitação do pedido, o candidato está autorizado a realizar atos de campanha até a decisão definitiva sobre o registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Esta decisão dependerá do julgamento de apelações no próprio TSE e, ainda, de recursos contra a inelegibilidade no âmbito do Supremo Tribunal Federal.
O Globo domingo, 04 de março de 2018
MORRE, AOS 95 ANOS, A ATRIZ TÔNIA CARRERO
Morre aos 95 anos a atriz Tônia Carrero
Artista, que estava internada para uma cirurgia, não resistiu e teve parada cardíaca
POR O GLOBO
Atriz Tônia Carrero - Ana Branco/21-08-2000 / O Globo
RIO - Aos 95 anos, a atriz Tônia Carrero morreu na noite deste sábado, por volta das 22h15, vítima de uma parada cardíaca. Ela havia sido internada na sexta-feira, na Clínica São Vicente, na Gávea, para a realização de um um procedimento cirúrgico simples, mas não resistiu. A clínica confirmou a morte, mas sem dar detalhes. O local e informações do velório ainda não foram definidos pela família.
Em entrevista à GloboNews, a neta da atriz, Luísa Thiré, informou que Tônia estava com uma úlcera no sacro e morreu durante procedimento médico. Segundo Luísa, o velório deve ocorrer neste domingo, e a avó deve ser cremada na segunda-feira.
Consagrada no teatro, cinema e televisão, a atriz, nascida Maria Antonietta de Farias Portocarrero, no Rio de Janeiro, filha do general Hermenegildo Portocarrero e de Zilda de Farias, é mãe do ator Cecil Thiré, e avó dos atores Miguel Thiré, Luísa Thiré e Carlos Thiré.
Apesar de graduada em Educação Física, a formação de Tônia como atriz aconteceu em cursos em Paris, quando já era casada com o artista plástico Carlos Arthur Thiré. Antes de partir para a França, fez um pequeno papel no filme "Querida Susana". Foi a estrela da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, tendo atuado em diversos filmes.
A estreia no palco foi no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), em São Paulo, com a peça "Um Deus dormiu lá em casa", em parceria com o ator Paulo Autran. Em São Paulo, filiou-se ao TBC. Após a passagem pelo TBC, formou com seu marido à época, o italiano Adolfo Celi, e com o amigo Paulo Autran, a Companhia Tônia-Celi-Autran (CTCA), que nos anos 1950 e 1960 revolucionou a cena do teatro brasileiro ao constituir um repertório com peças de autores clássicos, como Shakespeare e Carlo Goldoni, e de vanguarda, como Sartre.
Na TV, um dos seus personagens mais marcantes foi a sofisticada e encantadora Stella Fraga Simpson em "Água viva" (1980), de Gilberto Braga. Tônia viria a trabalhar novamente com o autor, em 1983, na novela "Louco amor", dessa vez interpretando a não menos charmosa e chique Mouriel. Em ambas as novelas, Tônia perdeu o papel de vilã para Beatriz Segall e Tereza Rachel, respectivamente. Mesmo assim os dois personagens que interpretou foram um sucesso.
Em entrevista ao EXTRA, em 2015, Cécil Thiré declarou, pela primeira vez, sobre o real estado de saúde da mãe. Segundo ele, na ocasião, a atriz sofria de uma doença chamada de hidrocefalia oculta. Sem dar mais detalhes, Cécil contou que o quadro de Tônia era estável mas que, devido a doença, ela não se comunicava mais e nem conseguia andar normalmente. Tônia vivia em seu apartamento no Leblon, cercada de familiares e sempre recebia visitas de amigos próximos.
O Globo sexta, 02 de março de 2018
STF MANTÉM APLICAÇÃO DO ALCANCE DA FICHA LIMPA
STF mantém ampliação do alcance da Ficha Limpa
Para maioria dos ministros do Supremo, condenados por crimes anteriores a 2010 devem sofer as penalidades; eleitos na última eleição, que são ficha suja, devem perder os cargo
POR CAROLINA BRÍGIDO
Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) - Jorge William / Agência O Globo
BRASÍLIA – O Supremo Tribunal Federal (STF) manteve, nesta quinta-feira, a decisão que ampliou o alcance da Lei da Ficha Limpa, que impede a candidatura de políticos condenados em segunda instância. Para a maioria dos ministros da corte, o prazo de oito anos de inelegibilidade deve ser aplicado a quem foi condenado por abuso de poder político e econômico antes mesmo de a norma entrar em vigor, em 2010. Por esse entendimento, deve ser anulada a eleição de prefeitos, vereadores e deputados estaduais de todo o país que concorreram em disputas passadas, mas não poderiam.
Os políticos nessa situação terão que deixar o cargo, e a Justiça Eleitoral vai realizar novas eleições nos municípios ainda neste ano. Segundo o ministro Luiz Fux, existem 11 casos desse tipo em todo o país. Já o ministro Ricardo Lewandowski disse que há 24 prefeitos nessa situação, além de inúmeros vereadores e deputados. Esses políticos concorreram com liminar. No entanto, pelo entendimento do STF de que a inelegibilidade pode ser contabilizada para fatos anteriores a 2010, essas liminares não teriam mais efeito prático.
O assunto voltou a ser discutido em plenário hoje, com a proposta de Lewandowski de modular os efeitos da decisão – o que, na prática, deixaria no cargo políticos eleitos com as liminares. A ideia era que a interpretação do STF tivesse validade apenas para o futuro. Lewandowski argumentou que a Justiça Eleitoral já tem poucos recursos e não seria viável realizar eleições complementares neste ano, em que o país já vai às urnas para escolher o presidente da República, senadores, governadores, deputados federais e deputados estaduais.
— A modulação que proponho é em respeito ao princípio da legítima confiança, porque os candidatos concorreram com liminar e foram eleitos. Estamos resolvendo uma questão de soberania popular. Não é razoável, a essa altura, que façamos novas eleições em um ano com eleições gerais, gastando uma verba que sabidamente a Justiça Eleitoral não tem — disse Lewandowski.
Seis dos onze ministros votaram pela modulação. No entanto, pelo regimento interno do STF, seriam necessários oito votos para que a decisão fosse tomada. Fux, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi o principal defensor da manutenção do entendimento anterior, fixado pela corte em outubro do ano passado.
— Candidato que não era ficha limpa efetivamente não tinha o direito adquirido e nem expectativa legítima _ declarou, completando: — Nós já fizemos eleições complementares maiores que essas. Apesar das várias dificuldades do TSE, vamos enfrentar mais uma.
— O impacto anti-isonômico da decisão será maior se permitimos que alguns conservem o mandato, quando a grande maioria não pode nem se registrar — concordou Barroso.
A Lei da Ficha Limpa foi sancionada em 4 de junho de 2010 e foi aplicada pela primeira vez em 2012. Antes, o prazo de inelegibilidade por abuso de poder político e econômico era de três anos. Quem foi condenado depois já era abrangido pela lei. Para quem foi condenado até 2009, o prazo de oito anos termina antes da campanha deste ano. Assim, na prática, os afetados pela decisão do STF na eleição de 2018 serão os que tiveram condenação no primeiro semestre de 2010.
No caso hipotético de um prefeito ou vereador eleito em 2016 e condenado por abuso de poder econômico ou político em 2008 ou 2009, o prazo de três anos já teria se esgotado no momento em que registrou a candidatura. Com a decisão tomada pelo STF no ano passado de elevar o tempo para oito anos, esse político poderia ficar sob seu alcance. O mesmo pode ocorrer com parlamentares e governadores eleitos em 2014.
Nos casos de condenações por outros crimes listados na Ficha Limpa, como corrupção, o julgamento do STF não tem efeitos na prática. Isso porque o prazo de inelegibilidade antes da Lei da Ficha Limpa já era de oito anos.
O Globo domingo, 25 de fevereiro de 2018
STF VAI DECIDIR SOBRE O FIM DO FORO PRIVILEGIADO ATÉ O FINAL DE MARÇO
STF vai decidir sobre fim do foro privilegiado até o final de março
Dias Toffoli, que pediu vista com maioria formada, liberará seu voto
POR DIMITRIUS DANTAS
/ atualizado
SÃO PAULO — O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou ontem que apresentará até o fim do próximo mês seu voto sobre a limitação do foro privilegiado para autoridades. O julgamento está parado desde novembro do ano passado, quando ele pediu vista. Na ocasião, já se havia atingido maioria entre os ministros a favor da limitação do foro — segundo o entendimento proposto pelo ministro relator Luís Roberto Barroso, os processos respondidos por autoridades como deputados e senadores tramitarão na primeira instância, salvo quando tratarem de crimes relacionados aos mandatos e cometidos durante o exercício da função.
O Globo sexta, 23 de fevereiro de 2018
ADVOGADO E COMPADRE DE LULA ENCRENCADO COM OPERAÇÃO DE HOJE
Advogado e cumpadre de Lula encrencado com operação de hoje
POR LAURO JARDIM
Além da prisão do presidente afastado da Fecomércio, Orlando Diniz, o maior foco da operação Jabuti, mais uma fase da Lava-Jato, que está nas ruas do Rio de Janeiro, são cerca de R$ 180 milhões pagos pela entidade a alguns escritórios de advocacia nos últimos cinco anos.
O MPF suspeita que esses escritório receberiam honorários para distribuir propinas.
O principal deles, é Roberto Teixeira, advogado e cumpadre de Lula.
Na lista do cinco maiores beneficiados, há ainda o Ancelmo Advogados (de Adriana Ancelmo); o Basilio di Marino e Faria Advogados; o Hargreaves & Advogados; e Ferreira Leão Advogados
Apesar disso, não há na decisão de hoje de Marcelo Bretas quaisquer medidas decretadas contra esses escritórios.
O Globo domingo, 11 de fevereiro de 2018
APÓS INTIMAÇÃO, DIRETOR-GERAL DA PF LIGA PARA MINISTRO DO SUPREMO
Após intimação, diretor-geral da PF liga para ministro do Supremo
Segovia e Barroso marcaram uma reunião para o dia 19 para falar sobre declarações de Segovia sobre inquérito contra Temer
POR MANOEL VENTURA
Diretor-Geral da Polícia Federal, Fernando Queiroz Segovia - Jorge William / Agência O Globo
Os dois marcaram um encontro no dia 19, no Supremo Tribunal Federal. Na reunião, Segovia deve explicar ao ministro, que é relator do inquérito, as falas feitas em entrevista à agência internacional de notícias "Reuters", publicada na última sexta-feira. Assessores de Segovia preparam a transcrição da gravação para que o conteúdo seja entregue ao ministro.
Na entrevista, o diretor-geral da PF disse que era possível "concluir que não havia crime" da parte de Temer. Além desse comentário, Segovia fez ressalvas ao trabalho do delegado Cleyber Malta Lopes, responsável pelas 50 perguntas feitas ao presidente.
Numa carta enviada aos servidores da instituição, o diretor-geral da Polícia Federal negou que tenha anunciado o arquivamento do inquérito sobre supostas irregularidades cometidas pelo presidente Michel Temer na edição do decreto dos portos.
No despacho em que intima Segovia, Baroso afirmou que ele pode ter cometido "infração administrativa e até mesmo penal” por conta das declarações. Também pede que o Ministério Público Federal (MPF) tome ciência do caso "para que — na condição de órgão de controle externo da atividade Policial Federal —, tome as providências que entender cabíveis".
O Globo sábado, 10 de fevereiro de 2018
STJ NEGA HABEAS CORPUS PEDIDO POR DEFESA DE LULA PARA EVITAR PRISÃO
STJ nega habeas corpus pedido por defesa de Lula para evitar prisão
Ministro Humberto Martins argumenta que liminar só em caso de risco de prisão ilegal
POR CAROLINA BRÍGIDO
BRASÍLIA — O ministro Humberto Martins, vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou nesta terça-feira habeas corpus ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para evitar que ele seja preso depois que se esgotarem os recursos no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) contra a condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A orientação do Supremo Tribunal Federal (STF) é de que as penas comecem a ser cumpridas depois de confirmada a condenação por um tribunal de segunda instância, como o TRF-4.
O Globo domingo, 04 de fevereiro de 2018
SABRINA SATO E JULIANA PAES: DUPLA QUE LEVANTA A AVENIDA
Juliana paes usa Lethicia Bronstein com joias Sara Joias; e Sabrina Sato veste Martu com joias H.SternFoto: Fotos: Jacques Dequeker / Styling: Felipe Veloso. Beleza: Ale de Souza. Produção de moda: Rafael Ourives. Assistente de fotografia: Pedro Henrique. Tratamento de imagem: Victor Wagner.
O Globo terça, 30 de janeiro de 2018
REVISAR A PRISÃO EM 2ª INSTÂNCIA POR LULA SERIA APEQUENAR O SUPREMO, DIZ CÁRMEN LÚCIA
Revisar a prisão em 2ª instância por Lula seria 'apequenar o Supremo', diz Cármen Lúcia
Presidente do STF afirma que assunto não estará na pauta da Corte em fevereiro e março
Cármen Lúcia é presidente do Supremo Tribunal Federal - Ailton de Freitas / Agência O Globo
RIO — A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, defendeu que revisar o início da execução penal após condenação em 2ª instância por causa do processo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é "apequenar muito o Supremo". Durante um jantar em Brasília, promovido pelo site "Poder360" nesta segunda-feira, a magistrada ressaltou que não conversou com os outros ministros sobre o assunto e frisou que não há previsão para o julgamento do caso.
O jantar reuniu empresários e jornalistas no tradicional restaurante Piantella. Há uma semana, os três desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) mantiveram a condenação do ex-presidente Lula no caso do triplex do Guarujá e ainda aumentaram a pena para 12 anos e um mês de prisão. Como a decisão se deu por unanimidae, restou à defesa do petista o recuso dos embargos de declaração — um pedido de esclarecimentos sobre a sentença, sem poder de revertê-la.
O STF já havia decidido que, após a análise dos embargos de declaração no TRF-4, o condenado inicia o cumprimento da sentença. Em diversas ocasiões no ano passado, o tema voltou a ser discutido, informalmente, por ministros da Corte, indicando que poderia haver uma mudança no entendimento do colegiado. Depois do julgamento do petista, cogitou-se que o caso do ex-presidente poderia servir para uma nova avaliação da Corte sobre o momento de início da execução da pena. No entanto, segundo Cármen Lúcia, o tema não estará em pauta em fevereiro e tampouco há previsão da chegada de ações do tipo ao plenário em março.
— Votei igual duas vezes (em favor da prisão em segunda instância). Em 2009 fui voto vencido. Em 2016, fui voto vencedor — afirmou a presidente do STF.
O Globo sábado, 27 de janeiro de 2018
LULA ENFRENTARÁ NOVA SENTENÇA DE MORO EM MARÇO
Lula enfrentará nova sentença de Sergio Moro em março
No mesmo mês, deve ser julgado o recurso final do ex-presidente no TRF-4
POR CLEIDE CARVALHO E GUSTAVO SCHMITT
SÃO PAULO — O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não terá muito tempo para se refazer da derrota imposta na última quarta-feira pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região. O juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, julgará no final de março a segunda ação apresentada pela força-tarefa da Lava-Jato contra o petista. No processo, ele é acusado de receber vantagens ilícitas da empreiteira Odebrecht.
O Globo domingo, 10 de dezembro de 2017
MORRE A ATRIZ EVA TODOR, AOS 98 ANOS DE IDADE
Morre a atriz Eva Todor, aos 98 anos
Ela sofria de Mal de Parkinson e estava longe da TV desde a novela 'Salve Jorge'
POR MARTA SZPACENKOPF
A atriz Eva Todor em 1995 - Monique Cabral
RIO — Morreu em casa por volta das 8h50 da manhã deste domingo a atriz Eva Todor, aos 98 anos. A informação foi confirmada por amigos da artista. A causa da sua morte foi pneumonia. Ela estava com os enfermeiros, empregados e o amigo Marcelo Delcima, que frisou que ela vinha sendo bem cuidada, recebendo toda a assistência, com visitas frequentes dos amigos e esteve doente ao longo de todo o ano. Ainda não há informações sobre o velório.
— A Eva vinha sendo muito bem cuidada pelos enfermeiros e recebia visita de amigos com frequência. Ela esteve doente todo o ano e morreu de pneumonia. Eu estava aqui na hora com alguns enfermeiros e empregados. A Eva toda a assistência — disse Marcelo.
Eva Todor sofria de Mal de Parkinson e estava longe da TV desde a novela “Salve Jorge”, exibida em 2012. A última aparição pública da atriz foi em novembro de 2014, quando recebeu uma homenagem feita por amigos artistas no Teatro Leblon. Nascida na Hungria, Eva tem mais de 80 anos de profissão, com trabalhos no teatro e na televisão. A veterana começou a carreira nos palcos ainda criança, como bailarina.
O Globo sexta, 10 de novembro de 2017
MORRE A ATRIZ MÁRCIA CABRITA, AOS 53 ANOS DE IDADE
POR CÉLIA COSTA
RIO – O mundo ficou um pouco mais sem-graça nesta sexta-feira, quando morreu, durante a madrugada, a atriz carioca Márcia Cabrita, aos 53 anos. Comediante de grande talento, que conquistou o amor do público com a personagem Neide Aparecida, de "Sai de baixo", Márcia vinha lutando contra um câncer no ovário, diagnosticado em 2010. Ela estava internada há dez dias, no hospital Quinta D'Or, na Zona Norte do Rio, em decorrência do agravamento da doença.
A atriz deixa uma filha, Manoela, de 16 anos. De acordo com o ex-marido, o psicanalista Ricardo Parente, com quem foi casada por quatro anos, a atriz morreu "em paz" e sem sofrer.
Mesmo após o diagnóstico da doença, a comediante continuou trabalhando. Ela atuou na novela "Morde & Assopra", em 2011, e fez várias participações em séries como "Vai que cola", do Multishow, e "Pé na cova", da Globo. Há três meses, ela precisou se afastar das gravações da novela "Novo Mundo" para cuidar da saúde. Este mês, Márcia começaria a gravar um filme baseado em "Sai de baixo".
A atriz Cacau Protasio publicou uma foto ao lado da artista para se despedir.
"Amiga Vai com Deus, eu tive o prazer, à alegria, a sorte de trabalhar, conviver, contracenar com você, eu amo você, o céu está em festa, pois está recebendo o anjo mais lindo, você fará muita falta, nos encontramos no céu", escreveu Cacau, com uma foto bem-humorada com a amiga.
Filha de imigrantes portugueses, Márcia Martins Alves nasceu em Niterói, no estado do Rio, em 20 de janeiro de 1964. Ao estudar artes cênicas, conheceu Luís Salem, seu parceiro durante toda a carreira. Com ele, fez uma peça infantil produzida por Aloísio Abreu, outro com quem sempre trabalhou.
Juntos, os três montaram o espetáculo "Subversões", encenado no antigo Crepúsculo de Cubatão, em Copacabana. Na trilha sonora, paródias de hits como "Meu nome é Creuza", versão de "Como uma deusa", de Rosana, que acabou fazendo sucesso.
A atriz Márcia Cabrita em um clique de 1991Foto: Paula Johas
Márcia Cabrita e Miguel Falabella em 'Sai de Baixo'. Atriz se despediu do programa no ano 2000Foto: Márcio Sillane
Gravação do programa 'Sai de Baixo' em 1997Foto: Márcio Sillane
O último trabalho de Márcia Cabrita na TV foi na novela 'Novo Mundo' (2017). Na foto, ela posa ao lado do ator Cesar CardadeiroFoto: Paulo Belote
Márcia Cabrita, Luís Salém e Aloísio de Abreu em clique de 1998. Os três eram companheiros no espetáculo "Subversões", encenado no antigo Crepúsculo de Cubatão, em CopacabanaFoto: Cristina Granato / Divulgação
Marcia Cabrita, Marco Nanini e Mauro Faria em foto de janeiro de 2006Foto: Cristina Granato / Divulgação
Márcia Cabrita ao lado de sua parceira de 'Sai de Baixo', Marisa Orth em agosto de 1997Foto: Camilla Maia
Márcia Cabrita e Cláudia Jimenez no Copacabana Palace em 1997Foto: Cristina Granato / Divulgação
Márcia Cabrita posa com os comediantes Marcelo Adnet, Fernando Caruso, Rafael Queiroga em novembro de 2004Foto: Divulgação
Márcia Cabrita posa ao lado do elenco de 'Trair e Coçar é só Começar'Foto: Divulgação
Márcia Cabrita e Tadeu Mello participam do Video Game, comandado por Angélica, em janeiro de 2002Foto: Gianne Carvalho / Divulgação
Márcia Cabrita posa de sutiã e casaco de pele em 1997Foto: Divulgação
Fotos dos 30 anos do Grupo Navegando. Peça 'Ponto e vírgula', de 1998, com Fábio Pilar e Márcia Cabrita.Foto: Guga Melgar / Guga Melgar
Márcia Cabrita e Luís Salém caracterizados como Cosme e DamiãoFoto: Ricardo Gomes
Foto da peça 'Toalete', de 2007, com Márcia Cabrita, Catarina Abdalla e Suzana Pires Foto: Divulgação
Márcia Cabrita e Rita Lee fazem bico nesta foto de outubro de 1998Foto: Divulgação
Sua primeira aparição da TV foi em 1992, na minissérie "As noivas de Copacabana", de Dias Gomes. Fez ainda "Sete pecados" (2007), "Beleza pura" (2008) e "Morde & assopra" (2011).
Irreverente, a atriz publicava posts cômicos em suas redes sociais. Em 2015, escreveu: "Cada vez que um famosão da TV diz que ‘o bichinho do teatro me mordeu’, nasce uma espinha interna no nariz de algum diretor de teatro mundo afora."
Em texto como colunista convidada para Revista O GLOBO, publicado em 2011 - época em que alimentava o blog "Força na peruca", sobre sua relação com o câncer, Márcia criticou a cobrança sofrida por pessoas com a doença. "Ao contrário do que muitos fantasiam, não tirei de letra. Não sei o porquê, mas existe uma ideia estapafúrdia de que quem está com câncer tem que, pelo menos, parecer herói. Nãnãninã não! Quem recebe uma notícia dessas não consegue ter pensamentos belos. Bem... eu não conseguia. A cobrança de positividade acabou se tornando um problema. Me olhava no espelho branca, magrela e de cabelos curtinhos (antes de caírem) e me achava pronta para fazer figuração na Lista de Schindler".
O Globo sexta, 06 de outubro de 2017
JUSTIÇA DECRETA PRISÃO PREVENTIVA DE CESARE BATTISTI
Justiça decreta prisão preventiva de Cesare Battisti
Juiz federal de Mato Grosso do Sul considerou que italiano tentava fugir do Brasil
POR RENATA MARIZ
/ atualizado
BRASÍLIA — O ex-ativista italiano Cesare Battisti teve prisão preventiva decretada nesta quinta-feira pela Justiça Federal de Mato Grosso do Sul por suspeita de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. O juiz federal Odilon de Oliveira considerou que há indícios "robustos" de que Battisti iria fugir para a Bolívia, sem declarar a quantia que portava (6 mil dólares e 1.300 euros) às autoridades brasileiras, temendo ser extraditado. (LEIA MAIS: Relembre o caso Battisti)
Battisti chegou algemado para a audiência de custódia, realizada na tarde desta quinta-feira por videoconferência. O juiz afirmou na sentença que, apesar de a audiência não se tratar de exame de provas nem julgamento de mérito, é reprovável que o italiano, acolhido no Brasil com todos os direitos dos brasileiros, tente burlar a legislação do país.
O histórico de Battisti também pesou na decisão. O juiz Odilon ressaltou que o italiano sofreu quatro condenações penais em seu país de origem relacionados a fatos gravíssimos. E lembrou que há um pedido de extradição da Itália, onde foi sentenciado à prisão perpétua na Itália.
— Seus antecedentes, gravíssimos, impõem a decretação da prisão preventiva — afirmou o magistrado.
O ex-ativista italiano foi preso ontem em Corumbá (MS) enquanto tentava deixar o país. Segundo a Polícia Federal (PF), ele portava uma “quantia significativa em moeda estrangeira”, o que levou os agentes a detê-lo no momento em que saía do Brasil a bordo de um táxi boliviano.
Ameaçado por um novo pedido de extradição feito pela Itália, Battisti havia sido parado por uma blitz da Polícia Rodoviária Federal (PRF) pouco antes. Os policiais identificaram o italiano, que estava acompanhado por duas pessoas, e acionaram integrantes da PF. Eles, então, seguiram o veículo até a fronteira com a Bolívia, quando Battisti teria cometido o crime de evasão de divisas, caracterizado pela remessa de valores ao exterior sem declarar às autoridades.
SENTENCIADO À PRISÃO PERPÉTUA NA ITÁLIA
Integrante do grupo guerrilheiro Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), na Itália, Cesare Battisti foi acusado de participar de quatro assassinatos no país — de um joalheiro, um policial, um carcereiro e um militante. Os crimes, que são negados pelo ativista, teriam ocorrido entre 1977 e 1979. Após dois anos preso, Battisti escapou da prisão em Roma em 1981 e fugiu para a França, onde viveu clandestinamente, e, no ano seguinte, para o México. Em 1987, ele foi condenado à revelia na Itália, sentenciado à prisão perpétua.
A volta para a França ocorreu em 1990, quando ex-ativistas italianos foram acolhidos pelo presidente François Mitterand. Porém, em 2004, sua condição de refugiado foi revogada pelo governo francês, e Battisti veio para o Brasil.
Depois de três anos no país, o italiano foi preso, no Rio. Sua situação no Brasil mudou em janeiro de 2009, quando o então ministro da Justiça Tarso Genro concedeu ao italiano status de refugiado político. A decisão provocou uma crise diplomática com a Itália, que chegou a chamar de volta seu embaixador no Brasil. Em novembro daquele ano, o STF decidi extraditar o ativista. Porém, no último dia de seu mandato, em dezembro de 2010, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um parecer para manter Battisti no Brasil. Somente em junho de 2011, o italiano deixou a prisão.
O ativista italiano voltou a ser preso pelas autoridades brasileiras em 2015, depois que a Justiça Federal do Distrito Federal determinou a deportação de Battisti. Porém, o italiano ficou apenas um dia na prisão, já que um desembargador concedeu habeas corpus. Na última quarta-feira, Battisti foi preso no Brasil pela terceira vez.
O Globo segunda, 02 de outubro de 2017
ATIRADOR DE LAS VEGAS TINHA DEZ ARMAS E FOI ACHADO MORTO EM QUARTO DE HOTEL
Atirador de Las Vegas tinha dez armas e foi achado morto em quarto de hotel
Aos 64 anos, Stephen Paddock feriu 406 pessoas e matou 50 em festival coun
POR O GLOBO / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
/ atualizado
LAS VEGAS — O Departamento de Polícia Metropolitana de Las Vegas informou que os agentes encontraram Stephen Craig Paddock, de 64 anos, morto no quarto do hotel em que abriu fogo contra mais de 22 mil pessoas no festival Route 91 Harvest. Ele se matou antes da entrada dos policiais. Havia dez rifles no cômodo, disse o xerife. O homem, de cor branca e morador de Mesquite, no estado americano de Nevada, disparou do 32º andar do Hotel Mandala Bay por volta de 22h20m deste domingo e deixou ao menos 50 mortos — o maior ataque armado da História moderna dos Estados Unidos.
Segundo a polícia, agentes foram deslocados para atender ao chamado de emergência e, ao explodir a porta do quarto de hotel, encontraram o suspeito já morto. O Departamento de Bombeiros do Condado de Clark afirmou que 406 pessoas foram levadas a hospitais da região, sem detalhar o estado de saúde delas.
Entre os mortos, há um policial que não estava em serviço. Outros dois agentes que patrulhavam o local ficaram feridos e têm condição de saúde estável. A polícia destacou que a investigação e o processo de identificação das vítimas está em curso. O FBI solicitou o envio de fotos e vídeos que possam ajudar na apuração do ataque, cuja motivação ainda não foi esclarecida.
O autor do massacre atirou do 32º andar do hotel Mandalay Bay, localizado na avenida central Strip, onde acontecia a terceira e última noite do evento musical. A polícia confirmou a identidade dele e informou que a suposta namorada de Stephen, Marilou Danley, também estava na mira. Mais tarde, a "CNN" destacou que os policiais eximiram a mulher de culpa pelo massacre após interrogatório.
Pessoas procuram por abrigo durante o ataque armado em um festival de música country em Las Vegas, nos EUAFoto: David Becker / AFP
O atirador chamava-se Steven Paddock, e tinha 64 anos. Morador local, foi morto pela polícia de Las VegasFoto: David Becker / AFP
O autor do massacre atirou do 32º andar do hotel Mandalay Bay, localizado na Avenida Central StripFoto: David Becker / AFP
A polícia encontrou diversas armas no quarto do hotel que estava sendo ocupado pelo atiradorFoto: David Becker / AFP
A polícia disse que acreditava ter encontrado uma mulher chamada Marilou Danley, que seria companheira do atiradorFoto: Ethan Miller / AFP
Dentre os feridos, estão dois policiais. Um deles encontra-se em estado crítico, e outro tem ferimentos leves, segundo agentes de segurança. Outro agente de segurança, que estava de folga assistindo ao show, morreu vítima dos disparosFoto: Ethan Miller / AFP
Uma mulher ferida é socorrida. Diversas vítimas foram encaminhadas para hospitais após o ataqueFoto: Chase Stevens / AP
Um par de botas de cowboy é largado no meio da calçada Foto: Steve Marcus / Reuters
, que conseguiu escapar, estava no palco quando os espectadores ouviram os primeiros tiros. Em poucos segundos, a música parou de tocar, segundo um vídeo divulgado nas redes sociais. Na gravação, é possível ver a confusão e o pânico tomando conta do festival sob o som de diversos tiros em sequência. Muitas pessoas pensaram, inicialmente, que o barulho era provocado por fogos de artifício.
"Esta noite vai além do horrível. Ainda não sei o que dizer, mas gostaria de informar a todos que minha equipe e eu estamos seguros. Meus pensamentos e orações vão para todos os afetados esta noite. Meu coração está partido que isto tenha acontecido com qualquer pessoa que estava aqui para ter uma noite divertida", escreveu Aldean no Instagram.
A polícia fechou grande parte da Las Vegas Strip, a avenida onde ficam os principais hotéis-cassinos da cidade, e as autoridades pediram às pessoas que não transmitissem ao vivo ou compartilhassem (nas redes sociais) a posição dos agentes no local. O aeroporto de Las Vegas desviou vários voos após o incidente, mas começou a retomar suas atividades pela manhã.
O Globo quinta, 28 de setembro de 2017
EMPRESÁRIO DIZ QUE ASSINOU RECIBOS DE LULA EM UM MESMO DIA
Empresário diz que assinou recibos de Lula em um mesmo dia
Segundo Costamarques, documentos foram levados pelo advogado do ex-president
POR GUSTAVO SCHMITT, ENVIADO ESPECIAL
/ atualizado
CURITIBA — Dono do apartamento alugado para o ex-presidente Lula em São Bernardo do Campo, o empresário Glaucos da Costamarques diz ter assinado, de uma vez só, todos os recibos de aluguel referentes ao ano de 2015. Os documentos foram assinados pelo empresário quando ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, em novembro daquele ano. A defesa de Lula apresentou, na segunda-feira, 26 comprovantes de aluguel entre agosto de 2011 e novembro de 2015. Todos com a letra de Costamarques. Segundo a defesa do empresário, os recibos foram levados ao hospital pelo contador financeiro João Muniz Leite, a pedido de Roberto Teixeira, advogado e compadre de Lula
A defesa de Costamarques avalia ajuizar hoje uma petição na 13ª Vara da justiça Federal de Curitiba, onde despacha o juiz Sergio Moro, apresentando justamente a informação de que os recibos foram entregues pelo contador e ainda que parte dos comprovantes foi assinado um seguido do outro. Os advogados pretendem, com isso, provar que os documentos foram confeccionados pela defesa de Lula. Os recibos foram entregues por Costamarques ao contador logo após as assinaturas, ainda no Sírio-Libanês. O empresário ficou hospitalizado entre 22 e 28 de novembro para colocação de um stent.
Na petição, os advogados devem solicitar imagens do circuito interno do hospital. O objetivo é comprovar as visitas feitas a Costamarques pelo compadre de Lula e o contador.
Investigadores da Lava-Jato avaliam o episódio como uma possível tentativa de obstrução à Justiça por parte de Lula, uma vez que a defesa procurou um dos réus ainda com as investigações em curso. No início da Operação Lava-Jato, durante a sétima fase, Moro considerou obstrução à Justiça o fato de empreiteiras apresentaram recibos de pagamento a empresas de fachada do doleiro Alberto Youssef. Na ocasião, a Justiça considerou esse fato para pedir prisões de alguns empreiteiros.
Costamarques sustenta que, apesar de ter firmado o contrato com a ex-primeira-dama Marisa Letícia em 2011, só passou a receber os valores referentes ao aluguel em novembro de 2015, após a prisão do seu primo e pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula. Ainda assim, o empresário disse que alguns pagamentos foram feitos em espécie, por meio de depósitos não identificados, entre novembro de 2015 e fevereiro deste ano, quando a ex-primeira-dama Marisa Letícia morreu em decorrência de um aneurisma.
DEFESA DE LULA FALA EM 'ESPECULAÇÕES'
Desde então, Costamarques passou a receber os pagamentos por meio de transferência eletrônica disponível (TED).
A defesa do ex-presidente Lula informou que “não comenta especulações”. Já o advogado de Teixeira, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira — que foi responsável pela defesa do presidente Michel Temer até a semana passada —, disse que deve conversar com seu cliente hoje.
Assinatura de Glaucos Costamarques - Reprodução
Em depoimento ao juiz Sergio Moro, no último dia 13, Glaucos da Costamarques admitiu ter declarado os valores dos pagamentos à Receita Federal, apesar de, segundo ele, “não ter visto a cor do dinheiro até novembro de 2015”.
O aluguel em questão refere-se à cobertura vizinha ao apartamento onde mora Lula, em São Bernardo do Campo (SP). Nos dois mandatos do petista, a Presidência da República alugou o imóvel para garantir a segurança do então presidente. Quando ele deixou o cargo, em 2011, continuou a ocupar o imóvel. A Lava-Jato revelou que, no fim de 2010, o apartamento foi comprado por Costamarques. Para a Lava-Jato, o empresário é intermediário de uma negociação suspeita.
O apartamento teria sido comprado pela Odebrecht e entregue ao ex-presidente Lula como forma de pagar propina pelos benefícios obtidos pela empreiteira no governo federal.
Em interrogatório ao juiz Sergio Moro no processo que apura o uso do apartamento, no último dia 13, Lula disse desconhecer a inadimplência nos pagamentos após ser questionado pelo juiz e prometeu procurar os recibos. Na ocasião, o ex-presidente disse que procuraria pelos recibos para entregá-los à Justiça.
— Tem recibo, deve ter, posso procurar com os contadores para saber se tem — disse o ex-presidente a Sergio Moro.
No mesmo dia, também em depoimento a Moro, Costamarques disse que “levou calote” durante quase cinco anos da família Lula, mas que teria passado a receber os valores devidos apenas depois da prisão de Bumlai, justamente em novembro de 2015.
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O Globo sexta, 22 de setembro de 2017
FUNARO DIZ QUE TEMER, CUNHA E ALVES LEVARAM 250 MILHÕES DA CAIXA
Funaro diz que Temer, Cunha e Alves levaram R$ 250 milhões da Caixa
Segundo delator, propina era repassada por vice-presidências controladas pelo PMDB
POR CLEIDE CARVALHO E GUSTAVO SCHMITT
/ atualizado
SÃO PAULO — Em delação premiada, o doleiro Lúcio Bolonha Funaro afirmou que o grupo político formado pelo presidente Michel Temer e pelos ex-deputados Eduardo Cunha e Henrique Alves recebeu cerca de R$ 250 milhões em propinas decorrentes de créditos da Caixa Econômica Federal, repassados pelas vice-presidências de Pessoa Jurídica e Fundos de Governo e Loterias. As duas áreas foram controladas pelo PMDB e comandadas por Geddel Vieira Lima e Fábio Cleto. Operador financeiro do partido, Funaro disse que Cunha funcionava como um “banco de propina” para deputados e, depois, virava o “dono” dos mandatos de quem era beneficiado.
O doleiro afirmou não saber exatamente o valor da propina repassada a Cunha, “mas sabe que este sempre distribuía parte da propina recebida com Henrique Eduardo Alves e Michel Temer, fora outros deputados aliados”.
O ex-ministro Geddel Vieira Lima ocupou o cargo na Caixa entre 2011 e 2014. Segundo Funaro, apenas na área de Geddel o grupo liberou entre R$ 5 bilhões e R$ 8 bilhões para empresas em troca de vantagens. Um valor igual ou superior a este teria sido liberado pelo setor comandado por Cleto. Funaro disse que Geddel recebeu, sozinho, no mínimo R$ 20 milhões e continuou a operar mesmo depois de deixar o cargo, até fevereiro de 2015.
A assessoria do Planalto afirmou, por e-mail, que “o valor da delação e das palavras do doleiro Lúcio Funaro é zero, como já registrou a própria Procuradoria-Geral da República”.
Para o Grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, relatou Funaro, foram liberados cerca de R$ 3,04 bilhões em troca de propinas. Foram R$ 1,35 bilhão para a holding J&F e o restante para empresas do grupo — R$ 200 milhões para a Vigor, R$ 250 milhões para a Flora e R$ 300 milhões em crédito para exportação para a Eldorado, além de R$ 940 milhões de debêntures adquiridas. Os irmãos Batista só não pagaram o pedágio dos políticos, segundo o delator, para o empréstimo de R$ 2,7 bilhões feito para a compra da Alpargatas e outro R$ 1 bilhão tomado pela Seara — os dois feitos após Geddel deixar o cargo. Em uma única operação, de R$ 300 milhões para a holding J&F, o grupo político de Temer teria recebido R$ 9,75 milhões. O percentual das propinas, segundo o delator, variava de 2,7% a 3,4% da operação.
PAGAMENTOS ENTRE 2013 E 2015
O grupo também recebeu propina de operações do FI-FGTS. Segundo Funaro, a indicação de Fábio Cleto para a área de fundos e loterias da Caixa foi feita por Eduardo Cunha e Henrique Alves a Antonio Palloci, que encaminhou o pleito ao ex-ministro Guido Mantega. Funaro disse que soube por Cunha que Temer “avalizou a indicação”.
A primeira operação ilícita do FI-FGTS, segundo ele, foi a liberação de valores para a Cibe, empresa do Grupo Bertin. A propina alcançou R$ 12 milhões — 4% do total da operação. Bertin também teria pagado propina por um crédito de R$ 2 bilhões dado à SPMar, concessionária do Rodoanel em São Paulo, outra empresa do grupo. A propina teria igualmente beneficiado Cunha, Henrique Alves e Geddel e, segundo Funaro, os pagamentos foram feitos pela empresa Contern entre março de 2013 e fevereiro de 2015 por meio de notas fiscais fictícias.
Para entregar dinheiro em espécie, contou Funaro, Bertin teria usado a empresa Alambari Construções. Funaro disse que Silmar Bertin lhe contou que em 2010 saíram do caixa da empresa R$ 50 milhões para doações eleitorais por caixa 2. A SPMar afirmou, em nota, que os financiamentos ao Rodoanel e para empresas da família Bertin sempre seguiram o trâmite normal e as doações eleitorais se limitaram a recursos devidamente declarados.
OUTROS LADOS
A defesa de Eduardo Cunha nega as acusações do reincidente em delações Lúcio Funaro e afirma que sua atuação parlamentar sempre se deu dentro dos limites legais.
A defesa do ex-ministro Geddel afirmou que não se manifesta sobre documento ao qual não teve acesso.
A J&F informou que os colaboradores apresentaram documentos que complementam os esclarecimentos prestados à Procuradoria-Geral da República e segue à disposição da Justiça.
A defesa de Henrique Alves afirmou que não é verdade que ele tenha recebido qualquer propina de operações da Caixa e “desafia o delator, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, ou qualquer outro órgão persecutório, a provarem o contrário.”
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O Globo quinta, 21 de setembro de 2017
CUNHA DISTRIBUÍA PROPINA A TEMER, DIZ FUNARO
‘Cunha distribuía propina a Temer, com 110% de certeza’, diz Funaro
Segundo delator, Yunes lavava dinheiro para o presidente com imóvei
POR ANDRÉ DE SOUZA
BRASÍLIA — “Eduardo Cunha redistribuía propina a Temer, com ‘110%’ de certeza”. A frase, que liga o presidente Michel Temer ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, está em um dos depoimentos prestados em 23 de agosto pelo delator Lúcio Bolonha Funaro, apontado como operador de políticos do PMDB em esquemas de desvio de dinheiro público. Nos depoimentos, há várias citações a casos em que Temer, Cunha e outros integrantes do partido teriam levado propina. Mas também há menções a episódios em que houve divergências internas, como na definição de quem indicaria um cargo na Caixa Econômica Federal (CEF) que renderia vantagens indevidas. Funaro disse ainda que José Yunes, amigo e ex-assessor de Temer, lavava dinheiro para o presidente e que a maneira mais fácil para isso era por meio da compra de imóveis.
Segundo Funaro, durante os governos do PT, os então deputados Michel Temer (PMDB-SP), Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Henrique Alves (PMDB-RN) disputavam cargos, mas de formas diferentes. Cunha atuava no “varejo”, ou seja, focava em alguns cargos. Os outros dois agiam no “atacado”. Na semana passada, Janot denunciou Temer e outros seis peemedebistas, acusando-os de integrarem uma organização criminosa que desviou dinheiro de diversos órgãos públicos e empresas estatais, como Petrobras, Furnas, Caixa, Ministério da Integração Nacional e Câmara dos Deputados.
Segundo o delator, Cunha lhe contou que o ex-sindicalista André Luiz de Souza explicou a Temer como funcionava o FI-FGTS, o fundo de investimento alimentado com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. Souza fazia parte do conselho do fundo e é acusado de desviar dinheiro de lá. Segundo o termo de depoimento de Funaro, “Cunha disse que André de Souza explicou para Temer como funcionava o FI-FGTS, que aquilo seria como um ‘mini BNDES’”. É uma referência ao banco de desenvolvimento que, assim como o FI-FGTS, libera recursos para as empresas investirem em projetos de infraestrutura.
Ainda de acordo com a delação, “Moreira Franco falou para o Temer que isso seria uma ‘oportunidade para fazer dinheiro’”. Assim, “inicia uma briga” entre o grupo formado por Cunha, Funaro e Henrique Alves, contra Moreira Franco. Ele queria manter um indicado seu numa das vice-presidência da Caixa. Moreira conseguiu isso por algum tempo, mas depois o cargo foi preenchido por alguém ligado aos adversários internos. Funaro é claro: o objetivo de seu grupo político “era conseguir o FI-FGTS, pois era uma fonte de renda”.
‘Moreira Franco falou para o Temer que isso (FI-FGTS) seria uma oportunidade para fazer dinheiro’
- LÚCIO FUNARO, OPERADOR DO PMDBEm delação premiada
O delator deu detalhes sobre como Yunes lavaria dinheiro para Temer. Segundo ele, o amigo do presidente, “além de administrar, investia os valores ilícitos em sua incorporadora imobiliária”. Mais adiante disse que “não sabe se tais imóveis adquiridos por Michel Temer estão em nome de Michel, familiares ou fundos”, mas “sabe, por meio de Eduardo Cunha, que Michel Temer tem um andar inteiro na Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo/SP, num prédio que tinha sido recém-inaugurado”.
Funaro disse ainda que Yunes sabia que havia dinheiro em uma caixa entregue a ele no escritório do amigo de Temer. Nessa caixa, afirmou o operador do PMDB, haveria R$ 1 milhão de propina endereçada a Temer. Os recursos viriam do caixa dois da Odebrecht.
Em relação a Moreira, além das irregularidades na Caixa, Funaro citou uma informação que, segundo ele, lhe foi repassada pelo empresário Henrique Constantino, da família proprietária da Gol. Moreira, que já foi ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC), teria atuado na Infraero para transferir sem licitação um hangar da falida Varig para a empresa.
Em nota, Moreira Franco atacou Funaro: “Veja a que ponto chegamos: um sujeito com extensa folha corrida com crédito para mentir. Não conheço essa figura, nunca o vi. Bandidos constroem versões 'por ouvir dizer' a lhes assegurar a impunidade ou alcançar um perdão por seus inúmeros crimes”.
O GLOBO procurou o Planalto, mas a orientação foi falar com a defesa do presidente. O GLOBO não conseguiu contato com a o advogado de Temer, nem com José Yunes e Henrique Constantino.
O Globo quarta, 20 de setembro de 2017
LULA E GILBERTO CARVALHO SE TORNAM RÉUS POR VENDA DE MEDIDAS PROVISÓRIAS
Lula e Gilberto Carvalho se tornam réus por venda de MPs investigada na Zelotes
Juiz federal do DF aceitou denúncia contra o ex-presidente, que se torna réu pela sétima vez
POR ANDRÉ DE SOUZA
/ atualizado
BRASÍLIA — O juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal, aceitou nesta terça-feira denúncia feito pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro Gilberto Carvalho e mais cinco pessoas. Com isso, é a sétima vez que Lula se torna réu: são quatro casos na Justiça Federal do Distrito Federal e três na do Paraná. Na denúncia aceita agora, ele é acusado de, em conjunto com Carvalho, ter aceitado promessa de R$ 6 milhões de um grupo de lobistas. Em troca, teria favorecido algumas montadoras com a edição de uma medida provisória.
Lula e Carvalho foram denunciados por corrupção passiva. Três lobistas - José Ricardo da Silva, Alexandre Paes dos Santos e Mauro Marcondes Machado - e dois empresários - Paulo Arantes Ferraz (da MMC, que monta veículos da Mitsubishi) e Carlos Alberto de Oliveira Andrade (do Grupo Caoa, que monta veículos da Hyunday) - foram denunciados por corrupção ativa.
O caso teve início na Operação Zelotes, que investigou inicialmente irregularidades no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), ligado ao Ministério da Fazenda, mas depois ampliou seu leque de atuação. Lula já era réu numa ação penal da Zelotes, suspeito de ter recebido dinheiro para ajudar a empresa sueca Saab numa licitação de caças da Força Aérea Brasileira (FAB).
Vallisney também deu dez dias para os réus se manifestarem, "oportunidade em que poderão arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas". Com a ação penal aberta, o caso terá prosseguimento podendo, ao final, levar à condenação ou absolvição dos acusados.
"Está demonstrada até agora a plausibilidade das alegações contidas na denúncia em face da circunstanciada exposição dos fatos tidos por criminosos e as descrições das condutas em correspondência aos documentos constantes do inquérito policial nº 0001/2016-GINQ/DICOR/DF, havendo prova da materialidade e indícios da autoria delitiva", anotou Vallisney em sua decisão.Segundo ele, o MPG descreve "de modo claro e objetivo os fatos imputados aos denunciados, não se tratando de hipótese de indeferimento liminar da peça acusatória", Assim Vallisney conlui não vislumbar neste momento "qualquer elemento probatório cabal capaz de infirmar a acusação".
Dos sete processos em que ele é réu, Lula já foi condenado uma vez. O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato, aplicou-lhe uma pena de nove anos e meio de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso da aquisição do tríplex do Guarujá (SP). A execução da pena ainda não começou, porque não houve até o momento confirmação na segunda instância.
A defesa do ex-presidente Lula afirmou em nota que a inocência dele deverá ser reconhecida neste novo processo, pois ele não praticou qualquer ilícito.
“A denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal não tem materialidade e deve ser compreendida no contexto de lawfare que vem sendo praticado contra Lula, usando de processos e procedimentos jurídicos para fins de perseguição política. O ex-presidente jamais solicitou, aceitou ou recebeu qualquer valor em contrapartida a atos de ofício que ele praticou ou deixou de praticar no cargo de Presidente da Republica", disse o advogado Cristiano Zanin Martins, em nota.
Também em nota, o advogado Daniel Gerber, que defende Alexandre Paes dos Santos, afirmou que seu cliente é inocente.
"Lamentável que a cultura punitivista que temos, atualmente, transforme qualquer atividade lícita em suspeita. Ressalta que seu cliente é um empresário respeitado no país e irá demonstrar, nos autos, a inexistência de qualquer ilícito no desenvolver de suas atividades", diz a nota.
O Globo quarta, 06 de setembro de 2017
JANOT DENUNCIA LULA, DILMA E MAIS SEIS POR ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
Janot denuncia Lula, Dilma e mais seis por organização criminosa
Inquérito tem origem na Operação Lava-Jato
POR ANDRÉ DE SOUZA
/ atualizado
BRASÍLIA — O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou nesta terça-feira os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff pelo crime de organização criminosa. Trata-se de um dos inquéritos abertos no Supremo Tribunal Federal (STF) em decorrência da Operação Lava-Jato. O valor da propina recebida por eles e outros seis políticos do PT, segundo Janot, chegou a R$ 1,485 bilhão. O procurador-geral apontou Lula como líder e "grande idealizador" da organização criminosa, devendo inclusive ser condenado a uma pena maior por isso.
Somente Lula teria recebido R$ 230,8 milhões de propina entre 2004 e 2012 paga pelas empresas Odebrecht, OAS e Schahin com recursos desviados de contratos firmados com a Petrobras. O grupo teria atuado de 2002, quando Lula venceu a eleição presidencial, a maio de 2016, quando Dilma deixou interinamente o cargo de presidente em razão do processo de impeachment no Congresso. O crime de formação de quadrilha prevê pena de três a oito anos, podendo ser aumentada em até dois terços dependendo da situação.
A propina de Dilma chegaria a R$ 170,4 milhões, mas, segundo Janot, os valores não ficaram apenas com ela e serviram também aos "interesses do seu grupo político amplamente beneficiado com a sua permanência no poder".
Também foram denunciados: a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT; os ex-ministros Antonio Palocci, Guido Mantega e Paulo Bernardo, além de Edinho Silva, atual prefeito de Araraquara (SP); e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. De acordo com Janot, a organização criminosa praticou ações não só na Petrobras, mas também em outros órgãos públicos, como o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Ministério do Planejamento. Janot pede ainda que eles paguem ao todo R$ 6,8 bilhões, o que inclui devolução de dinheiro desviado e reparações por danos morais e materiais.
"Pelo menos desde meados de 2002 até 12 de maio de 2016, os denunciados, integraram e estruturaram uma organização criminosa com atuação durante o período em que Lula e Dilma Rousseff sucessivamente titularizaram a Presidência da República, para cometimento de uma miríade de delitos, em especial contra a administração pública em geral", escreveu Janot.
INQUÉRITO FOI DIVIDIDO EM QUATRO
Este é um dos quatro inquéritos abertos no STF para investigar quadrilhas que supostamente se beneficiaram do esquema de corrupção montado na Petrobras. Além dos políticos do PT, há uma investigação voltada a integrantes do PP, uma focada no PMDB da Câmara e outra no PMDB do Senado. A propina nesses outros três casos, segundo Janot, chegou a 1,605 bilhão pelo menos. Somando aos valores do PT, a cifra ultrapassa os R$ 3 bilhões. Ao todo, o prejuízo à Petrobras foi de pelo menos R$ 29 bilhões, segundo dado do Tribunal de Contas da União (TCU) citado por Janot.
Na avaliação de Janot, o papel do PT foi mais preponderante, em razão de ter ocupado a presidência da República entre 2003 e 2016, com Lula e Dilma. No cargo, eles tinham a prerrogativa de fazer as nomeações mais importantes para ocupação de cargos públicos.
"Lula foi o grande idealizador da constituição da presente organização criminosa, na medida em que negociou diretamente com empresas privadas o recebimento de valores para viabilizar sua campanha eleitoral à presidência da República em 2002 mediante o compromisso de usar a máquina pública, caso eleito (como o foi), em favor dos interesses privados deste grupo de empresários. Durante sua gestão, não apenas cumpriu com os compromissos assumidos junto a estes, como atuou diretamente e por intermédio de Palocci, para que novas negociações ilícitas fossem entabuladas como forma de gerar maior arrecadação de propina", escreveu Janot.
O procurador-geral disse ainda que ele foi o responsável pela indicação de Dilma para ser candidata do PT em 2010, o que lhe permitiu continuar influenciando o governo e "a fazer disso mais um balcão de negócios para recebimento de vantagens ilícitas".
Ainda segundo Janot, Lula, "na qualidade de Presidente da República por 8 anos, atuou diretamente na negociação espúria em torno da nomeação de cargos públicos com o fito de obter, de forma indevida, o apoio político necessário junto ao PP e ao PMDB para que seus interesses e do seu grupo político fossem acolhidos no âmbito do Congresso Nacional".
Em relação a Dilma, Janot disse que ela passou a integrara a organização em criminosa em 2003, quando se tornou ministra de Minas e Energia no governo Lula. "Desde ali contribuiu decisivamente para que os interesses privados negociados em troca de propina pudessem ser atendidos, especialmente no âmbito da Petrobras, da qual foi Presidente do Conselho de Administração entre 2003 e 2010. Cumpre ressaltar que compete ao Conselho a nomeação dos diretores da Companhia", anotou Janot.
Em seguida, acrescentou: "Durante sua gestão junto à Presidência da República deu seguimento a todas as tratativas ilícitas iniciadas no governo Lula, com destaque para a atuação direta que teve nas negociações junto ao grupo Odebrecht. Outras vezes atuou de forma indireta, por intermédio de Mantega e Edinho Silva, na cobrança de valores ilícitos junto a empresários".
PROTAGONISMO PASSOU PARA PMDB DA CÂMARA
A partir do impeachment de Dilma, Janot afirmou que o protagonismo passou do PT para o grupo do PMDB na Câmara. Segundo ele, "com a reformulação do núcleo político da organização criminosa, a partir de maio de 2016, os integrantes do PMDB da Câmara passaram a ocupar esse papel de destaque dentro da organização". O grupo reúne políticos próximo ao atual presidente Michel Temer, que é do PMDB e era vice de Dilma antes de assumir o cargo no lugar dela.
O procurador-geral destacou que houve transferências bancárias internacionais para mascarar os valores das propinas e até mesmo a aquisição, por parte da empreiteira Odebrecht, de uma instituição financeira no exterior para facilitar isso.Para que os oito investigados se tornem réus e passem a responder ação penal, é preciso que a Segunda Turma do STF, composta por cinco ministros, aceite a denúncia. Ainda não há data para isso ocorrer. Somente depois é que haverá o julgamento que levará à condenação ou absolvição. O relator é o ministro Edson Fachin, que cuida dos procesos da Lava-Jato no STF.
Além da condenação, Janot quer que, ao fim do mandato, seja declarada a perda de cargo público dos denunciados que possuam algum. Quer também que devolvam R$ 6,5 bilhões à Petrobras, além de pagarem danos materiais no valor de R$ 150 milhões e danos morais também no valor de R$ 150 milhões.
Janot também solicitou que as investigações de outros petistas e pessoas associdadas vá para o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos da Lava-Jato na primeira instância. São eles: os ex-ministros Ricardo Berzoini e Erenice Guerra; o ex-governador da Bahia Jaques Wagner; o ex-senador Delcídio Amaral; Giles de Azevedo, ex-chefe de gabinete de Dilma; o pecuarista José Carlos Bumlai; Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula; e o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli.
No caso de Wagner, o mais provável é que o caso não vá para Moro, mas para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), em função do cargo que ele ocupa atualmente: secretário de Desenvolvimento Econômico da Bahia. Janot também pediu que as investigações ligadas a Lula, Paulo Bernardo e Vaccari que tratem de organização criminosa em tramitação na Justiça Federal de São Paulo e do Distrito Federal sejam remetidas ao STF.
JANOT UTILIZOU DIVERSAS DELAÇÕES
Janot apontou ação de Lula em 2004 para que José Eduardo Dutra, então presidente da Petrobras, nomeasse Paulo Roberto Costa para a diretoria de Abastecimento da estatal. Caso contrário, todos os integrantes do Conselho da Petrobras seriam demitidos. A indicação de Costa, que se tornou o primeiro delator da Lava-Jato, era para atender o PP, partido cujo apoio era cobiçado por Lula. Uma vez no cargo, ele atuou para desviar dinheiro da Petrobras.
Outros cargos teriam sido negociados com políticos do PP e do PMDB, como a presidência da Transpetro, empresa subsidiária da Petrobras, e a diretoria internacional da estatal. Nesses dois postos, passaram respectivamente Sérgio Machado e Nestor Cerveró, que também firmaram acordos de delação e admitiram ter desviado dinheiro.
Em nota, a defesa de Lula negou irregularidades envolvendo ex-presidente. "Essa denúncia, cujo teor ainda não conhecemos, é mais um exemplo de mau uso das leis para perseguir o ex-presidente Lula, que não praticou qualquer crime e muito menos participou de uma organização criminosa. É mais um ataque ao Estado de Direito e à democracia. O protocolo dessa denúncia na data de hoje sugere ainda uma tentativa do MPF de mudar o foco da discussão em torno da ilegalidade e ilegitimidade das delações premidas no país", escreveu o advogado Cristiano Zanin Martins, fazendo referência a possíveis irregularidades na delação de executivos da JBS.
Para embasar a denúncia, Janot usou elementos obtidos a partir de várias delações premiadas. Entre os colaboradores estão Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, os marqueteiros João Santana e Mônica Moura e executivos da Odebrecht e da JBS. Além da Petrobras, Janot sustentou que houve desvios em outras obras, como a da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Também fez algumas considerações sobre desvios cometidos por integrantes do PMDB, em especial na Caixa Econômica Federal, embora o inquérito para tratar desse assunto seja outro.
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O Globo quarta, 12 de julho de 2017
MORO PROÍBE LULA DE OCUPAR CARGOS PÚBLICOS POR 19 ANOS
Moro proíbe Lula de ocupar cargos públicos por 19 anos
Proibição precisa ser ratificada por instâncias superiores
POR DIMITRIUS DANTAS* E GUSTAVO SCHMITT
/ atualizado
Lula foi condenado a nove anos e meio de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. Lula está neste momento na sede do Instituto Lula, onde recebeu a notícia. O Instituto Lula e a defesa do ex-presidente ainda não se manifestaram sobre a condenação.
O ex-presidente recorrerá da sentença em liberdade, segundo o juiz Sérgio Moro. Entretanto, o juiz chegou a afirmar que caberia cogitar a decretação da prisão preventiva do ex-presidente em razão de suas declarações recentes sobre o processo e os depoimentos de Léo Pinheiro e Renato Duque de que Lula teria ordenado a destruição de provas.
"Aliando esse comportamento com os episódios de orientação a terceiros para destruição de provas, até caberia cogitar a decretação da prisão preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entretanto, considerando que a prisão cautelar de um ex-presidente da República não deixa de envolver certos traumas, a prudência recomenda que se aguarde o julgamento pela Corte de Apelação antes de se extrair as consequências próprias da condenação. Assim, poderá o ex-presidente Luiz apresentar a sua apelação em liberdade", decidiu Moro.
SENTENÇA
Moro deu a sentença, no começo da tarde desta quarta-feira. Na ação, o Ministério Público Federal (MPF) acusa Lula de ter recebido o tríplex da OAS como propina por contratos obtidos pela OAS na Petrobras.
Apesar da condenação por ter sido o beneficiário da propriedade e reformas de um apartamento tríplex no Guarujá, Lula foi absolvido da acusação feita pelo Ministério Público Federal pelos pagamentos feitos pela empreiteira OAS para o armazenamento de parte do acervo presidencial.
O juiz Sergio Moro considerou que existiram irregularidades no custeio, mas que não há prova de que ela tenha envolvido crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Para determinar a pena de nove anos, Moro considerou que Lula agiu com "culpabilidade extremada" uma vez que os crimes teriam ocorrido em razão de sua posição como presidente da República.
"O condenado recebeu vantagem indevida em decorrência do cargo de presidente da República, ou seja, de mandatário maior. A responsabilidade de um presidente da República é enorme e, por conseguinte, também a sua culpabilidade quando pratica crime", escreveu Moro.
Essa é a primeira vez que um ex-presidente da República é condenado por corrupção no Brasil.
O Globo quarta, 28 de junho de 2017
RENAN DEIXA A LIDERANÇA DO PMDB DO SENADO
Renan anuncia saída da liderança do PMDB no Senado
Senador diz que não tem 'vocação para ser marionete'
POR CRISTIANE JUNGBLUT
/ atualizado
BRASÍLIA — O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) anunciou na tarde desta quarta-feira sua saída da liderança do partido no Senado. Ao discursar, Renan disse que deixa uma "âncora pesada" e que não tem "vocação para ser marionete ou líder de papel". E voltou a dizer que o governo do presidente Michel Temer é "desacreditado".
— Deixo a liderança do PMDB. Não tenho vocação para ser marionete. Não serei líder de papel e deixo uma âncora pesada — disse Renan, que discursa neste momento.
Segundo peemedebistas, o clima "azedou" de uma forma dentro da bancada, conforme adiantou a coluna Poder em Jogo do GLOBO.
O presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), se irritou efetivamente com as últimas manobras e declarações de Renan, que tem adotado esse comportamento, porque está em dificuldades sobre o seu futuro eleitoral em Alagoas, onde a rejeição ao presidente Michel Temer é enorme.
O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) foi sondado para assumir o cargo de líder, mas recusou. Outro nome apontado é do senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), de perfil conciliador e ex-presidente da Casa.
O Globo terça, 20 de junho de 2017
POLÍCIA FEDERAL ENCONTRA INDÍCIOS DE CRIME DE CORRUPÇÃO CONTRA TEMER
PF encontra indícios de crime de corrupção contra Temer
Supremo Tribunal Federal recebeu relatório parcial das investigações
POR SERGIO FADUL E CAROLINA BRÍGIDO
/ atualizado
BRASÍLIA — O Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu relatório parcial das investigações da Polícia Federal no inquérito do qual o presidente Michel Temer faz parte. Para os investigadores, houve crime de corrupção. A conclusão leva em consideração, além dos indícios e de outras provas, duas conversas entre o diretor da JBS Ricardo Saud e o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures que já foram periciadas e ajudam a reforçar os indícios de crime.
Procurada, a Polícia Federal não comentou o relatório e nem quis se manifestar. Foi pedido ainda um prazo adicional de cinco dias para apresentar uma conclusão sobre o crime de obstrução de Justiça. Esse tempo será usado para concluir a perícia no audio da gravação do dono da JBS Joesley Batista com o presidente Temer. A PF teria optado por ser mais cautelosa nesse ponto.
O prazo inicial dado pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato, foi de dez dias. Depois, a pedido da PF, foram concedidos mais cinco dias. Agora, o ministro vai decidir se estende ainda mais o prazo.
JANOT OPINA CONTRA ARQUIVAMENTO
Michel Temer é investigado pela Procuradoria-Geral da República, que deve oferecer denúncia contra eles nos próximos dias com base na delação dos donos e executivos da JBS. Na semana passada, a defesa de Temer pediu o arquivamento do inquérito, argumentando que não havia elementos probatórios mínimos na investigação para justificar a apresentação de denúncia.
Nesta segunda-feira, o procurador-geral, Rodrigo Janot, enviou ao STF parecer contrário ao pedido de arquivamento do inquérito. Janot argumentou, no entanto, que só vai analisar o pedido mais a fundo quando receber a conclusão das investigações da Polícia Federal. Com o material em mãos, o procurador-geral vai decidir se arquiva ou se apresenta denúncia contra Temer perante o STF.
“Assim, considerando que os autos do inquérito ainda não aportaram a esse Tribunal — já que ainda não foi finalizado o prazo assinalado, a Procuradoria-Geral da República aguardará o recebimento das peças de informação para analisá-las, juntamente com os argumentos aqui expendidos”, escreveu o procurador.
AÇÃO CONTRA JOESLEY
A defesa de Temer entrou hoje com uma ação por calúnia, injúria e difamação contra o dono da JBS, Joesley Batista, na 12ª Vara Federal de Brasília. O motivo é a entrevista concedida pelo empresário à revista “Época”, na qual acusa Temer de chefiar “a maior e mais perigosa organização criminosa do Brasil”. Segundo Joesley, Temer não fazia cerimônia para pedir-lhe dinheiro em nome do PMDB e que o presidente articulava uma campanha para estancar a operação Lava-Jato.
Michel Temer também divulgou, nesta segunda-feira, um vídeo nas redes sociais no qual diz que "criminosos não sairão impunes". Ele não citou o empresário Joesley Batista.
O Globo sábado, 17 de junho de 2017
TEMER LIDERA MAIOR E MAIS PERIGOSA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA DO PAÍS, DIZ JOESLEY BATISTA
Temer lidera maior e mais perigosa organização criminosa do país, diz Joesley Batista
Em entrevista à "Época", dono da JBS relata pedidos de propina feitos pelo presidente e seu grupo político
POR O GLOBO
/ atualizado
RIO - O empresário Joesley Batista, dono da JBS e delator na Operação Lava-Jato, afirmou que o presidente Michel Temer lidera “a maior e mais perigosa organização criminosa” do Brasil. A declaração foi dada em entrevista à revista "Época", na qual descreve a relação que mantinha com Temer, os pedidos de propina que teriam sido feitos pelo presidente e seu grupo político e as negociações para os pagamentos ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha depois de preso.
Joesley descreveu Temer como o líder do grupo político do PMDB que comanda a Câmara dos Deputados. Fariam parte desse grupo os ministros Eliseu Padilha (Casa-Civil) e Moreira Franco (Secretaria de Governo), os ex-ministros Henrique Eduardo Alves, que está preso, Geddel Vieira Lima e Cunha.
“Essa é a maior e mais perigosa organização criminosa desse país. Liderada pelo presidente”, declarou Joesley. “O Temer é o chefe da Orcrim da Câmara. Temer, Eduardo, Geddel, Henrique, Padilha e Moreira. É o grupo deles. Quem não está preso está hoje no Planalto”.
À revista, o dono da JBS disse que se aproximou de Temer “em 2009, 2010”, por meio do ex-ministro Wagner Rossi, e desde então manteve uma “relação institucional” com o presidente, a quem via como uma “condição de resolver problemas” de seus negócios.
“Acho que ele me via como um empresário que poderia financiar as campanhas dele — e fazer esquemas que renderiam propina. Toda vida tive total acesso a ele. Ele por vezes me ligava para conversar, me chamava, eu ia lá”, disse o delator.
O primeiro pedido de dinheiro teria sido feito em 2010. Um deles diz respeito ao pagamento de aluguel de escritório na Praça Pan-Americana, em São Paulo; outro pedido se refere à campanha de Gabriel Chalita à prefeitura paulista em 2012. Temer também teria pedido dinheiro para seu grupo político em 2014. O dono da JBS afirmou que o presidente pediu R$ 300 mil para fazer campanha na internet sobre sua imagem antes do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
“O Temer não tem muita cerimônia para tratar desse assunto. Não é um cara cerimonioso com dinheiro”, declarou.
O Globo sexta, 16 de junho de 2017
TRUMP CANCELA ACORDO DE REAPROXIMAÇÃO COM CUBA
Trump cancela acordo de reaproximação com Cuba de Obama
Presidente restringe comércio e diz que manterá sanções, mas sem romper relações
POR O GLOBO / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
/ atualizado
MIAMI — O presidente americano, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira em Miami que cancelou o acordo de seu antecessor, Barack Obama, com Cuba, recuando a aproximação feita pelo seu antecessor. O presidente anunciou restrições a viagens de americanos à ilha, a negociações com empresas militares do país e a manutenção de sanções econômicas, denunciando o que chamou de "caráter brutal" do regime de Raúl Castro. A decisão, no entanto, não acarreta numa nova ruptura diplomática como a que durou até recentemente.
Trump condicionou uma possível nova aproximação com a ilha à ampliação das liberdades do povo cubano. Ele afirmou que não vai suspender sanções contra Cuba até que o governo da ilha liberte todos os presos políticos, legalize todos os partidos e organize eleições livres:
— Imediatamente, eu estou cancelando inteiramente o acordo completamente unilateral da última gestão feito com Cuba — anunciou Trump em encontro com a comunidade cubana em Miami. — O alívio da gestão anterior sobre restrições a respeito de viagens e comércio não ajuda o povo cubano, apenas enriquecem o regime cubano.
Ele disse que a embaixada dos Estados Unidos permanecerá aberta na ilha "na esperança de que nossos países possam moldar um caminho muito melhor e mais forte:
— Então iremos respeitar a soberania cubana, mas nunca viraremos as costas ao povo cubano — defendeu.
Trump disse que, agora como presidente, os EUA denunciarão os crimes do regime de Castro, que causou sofrimento ao povo cubano por mais de seis décadas, segundo ele. Antes de começar seu discurso, Trump elogiou três dissidentes do regime cubano presentes no local:
— Pessoas muito corajosas — afirmou. — Os exilados e dissidentes hoje aqui testemunharam o comunismo destruir uma nação, como o comunismo destruiu cada nação onde já foi testado. Mas nós não silenciaremos mais frente à opressão comunista.
Antes de Barack Obama se reaproximar de Cuba em 2014, a maioria dos americanos sem família no país viajava para a ilha em visitas guiadas caras, dedicadas à interação em tempo integral com os cubanos. Atividades que poderiam ser consideradas turismo, que era ilegal, eram evitadas. As empresas precisavam de licenças especiais do governo.
GOVERNO REGULAMENTARÁ MEDIDAS
Trump anunciou medidas administrativas como a proibição de qualquer transação financeira com uma empresa estatal cubana que, de acordo com Washington, beneficia diretamente os chefes das forças armadas do país. Além disso, o governo americano restabelecerá o grupo de 12 categorias de americanos que podem receber o visto para viajar para Cuba.
Nenhuma das novas regulamentações entram em vigor imediatamente, disse uma fonte da Casa Branca. As agências governamentais ainda vão emitir emendas regulatórias nos próximos meses.
Mais de 250 mil americanos visitaram Cuba nos primeiros cinco meses de 2017, o que representa o crescimento de 145% em comparação com o mesmo período de 2016, segundo o portal governista Cubadebate, citando fontes oficiais.
Companhias aéreas e de cruzeiros até Cuba fizeram investimentos milionários nos últimos dois anos para se preparar ao novo cenário. Ainda não se sabe o impacto que as novas medidas de Trump podem provocar neste setor.
A decisão afeta um dos mais notáveis legados políticos do ex-presidente Obama, que junto ao líder cubano, anunciou em dezembro de 2014 o início de uma nova fase nas relações bilaterais, depois de mais de 50 anos de ruptura. Desde o histórico anúncio, os dois países restabeleceram suas relações diplomáticas, e Washington avançou com o progressivo desmonte de normas administrativas para permitir o início de um fluxo de intercâmbio comercial, abrindo as portas para que americanos pudessem viajar para Cuba.
Prevendo um impacto negativo, o setor hoteleiro mostrou sua preocupação.
"Pedimos ao governo de Trump que utilize o turismo como uma ferramenta estratégica para melhorar as relações com Cuba, ao invés de retroceder a políticas do passado", expressou em uma nota Arne Sorenson, presidente do grupo Marriott.
Durante um ano e meio, Barack Obama e Raúl Castro se aproximaram em conversas secretas, debatendo etapas que seriam possíveis para restaurar os laços diplomáticos rompidos no início da década de 1960. No dia anterior ao histórico anúncio do degelo, Obama foi fotografado na Casa Branca conversando ao telefone com o par cubano.
O Globo sexta, 16 de junho de 2017
CHEFE DE GABINETE EM SÃO PAULO COORDENOU REFORMA NA CASA DA SOGRA DE TEMER
Chefe de gabinete em SP coordenou reforma na casa da sogra de Temer
Arlon Vianna admitiu à TV Globo ter selecionado profissionais para obra em 2014
POR O GLOBO
/ atualizado
RIO — Chefe de gabinete da Presidência em São Paulo e tesoureiro do PMDB de São Paulo, Arlon Vianna foi escalado pelo presidente Michel Temer em 2014 para selecionar profissionais para trabalhar em uma reforma na casa de Norma Tedesco, sogra do presidente, de acordo com reportagem do "Jornal Nacional", da TV Globo. À época, Arlon Vianna era assessor da Vice-presidência
Temer se reuniu nesta quarta-feira em seu escritório em São Paulo com Arlon Vianna, o ministro Moreira Franco e sua filha, Maristela Temer. Arlon foi o responsável pela indicação de profissionais para a pintura, limpeza e reparos no imóvel alugado. O Planalto confirmou que ele somente indicou profissionais para "pequenos reparos".
Ao Jornal Nacional, Arlon disse, inicialmente, que "nunca se envolveu" na reforma. "Estou te dizendo, de coração, que não me envolvo nessas coisas. De jeito nenhum. Eu trabalho com doutor Michel há 17 anos, tenho relação muito legal". Informado, então, de que o próprio Planalto havia confirmado que ele indicara profissionais para a reforma, Arlon Vianna atualizou a resposta:
"Não indiquei empresa. Indiquei, se não me falha a memória, um pintor. Que nem sei aonde está. Estou até procurando ele para ele esclarecer. Um pintor, um pedreiro, uma coisa assim. Parou aí. Nem me recordo direito. Pintor ou pedreiro. É a mesma pessoa. Se você vai fazer uma reforminha, tapar buraco, uma pessoa só. Foi até junto com o pai dele. Me parece", disse.
A assessoria presidencial disse que está fazendo um levantamento sobre quanto custou a reforma. Auxiliares do presidente afirmam que Temer pagou a reforma. Perguntado se Arlon fez pagamentos pelos serviços a pedido de Temer, o Planalto afirma que foi realizada com o dinheiro do presidente. Arlon alega que não fez pagamentos.
"Deve ter sido ele [Temer]. Eu não me envolvi, não entreguei dinheiro. Se foi feito foi feito por lá. Não paguei nada. Estou tranquilo, deito e durmo. Toda essa movimentação que estou vendo me choca".
A reforma foi feita em uma casa alugada para que a mãe de Marcela Temer, que morava no interior, pudesse se mudar para São Paulo e ficar perto da filha e do neto. O presidente tem uma casa no mesmo bairro. Arlon Vianna é amigo do ex-coronel João Baptista Lima, responsável pela reforma na casa de outro familiar de Temer, Maristela.
O Globo sexta, 16 de junho de 2017
QUEM É O AMÉRICO PISCA-PISCA CITADO POR GILMAR MENDES
Quem é o Américo Pisca-pisca citado por Gilmar Mendes
Ministro usou personagem criado por Monteiro Lobato para justificar seu voto contra a cassação da chapa Dilma-Temer no TSE
POR O GLOBO
/ atualizado
Jabuticabas, abóboras e um personagem que nem todos conhecem: Américo Pisca-pisca. Na argumentação usada para justificar seu voto contra a cassação da chapa Dilma-Temer, no julgamento realizado na noite desta sexta (9) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Gilmar Mendes usou e abusou das referências à literatura nacional. Em específico, à fábula sobre o "reformador do mundo", contada pela personagem Dona Benta no livro "A reforma da natureza", de Monteiro Lobato.
Américo Pisca-pisca, em ilustração de LeBlanc - Reprodução
Na história de Lobato, Américo discorre sobre o que ele considera uma imperfeição da natureza. Diz que as colossais abóboras, por seu tamanho, deveriam ser sustentadas pelas árvores maiores no lugar das jabuticabas. E dorme com esta certeza até a queda de uma jabuticaba em sua cabeça, quando vê que, sendo a jabuticaba uma abóbora, ele poderia estar morto. Na conclusão da fábula, Américo se vê convencido a "deixar as coisas como estão", perdendo a "cisma" de corrigir a natureza.
No paralelo criado por Gilmar Mendes, ele opina que a corte eleitoral não seja o espaço de solução para a crise política do país e vota pela manutenção da chapa com Temer. Em seu discurso, Gilmar conclui: "Não sejamos Américos Pisca-pisca".
A conclusão do discurso não é exatamente a conclusão da história criada por Monteiro Lobato. Se Américo Pisca-pisca se conforma com a perfeição da natureza e quase todos os personagens do sítio o acompanham na reflexão, a teimosa Emília insiste em aperfeiçoar a natureza: "Sempre achei a Natureza errada – disse ela – e depois de ouvir a história do Américo Pisca-Pisca, acho-a mais errada ainda. Pois não é um erro fazer um sujeito pisca-piscar? Para que tanto “pisco”? Tudo que é demais está errado. E quanto mais eu “estudo a natureza” mais vejo erros. (...) Por que dois chifres na frente das vacas e nenhum atrás? Os inimigos atacam mais por trás do que pela frente. E é tudo assim. Erradíssimo. Eu, se fosse reformar o mundo, deixava tudo um encanto, e começava reformando essa fábula e esse Américo Pisca-Pisca."
"
O Globo quinta, 15 de junho de 2017
MORENO, REPÓRTER: VIDA DEDICADA AO JORNALISMO
MORENO, REPÓRTER: Vida dedicada ao jornalismo
Aos 63 anos, colunista, mestre da leitura dos fatos políticos, deixa órfã legião de amigos e admiradores
POR MARIA LIMA / CRISTIANE JUNGBLUT / ANDRÉ DE SOUZA /
Em meados da década de 1970, o menino cuiabano recém saído da UnB, magrelo, preto, pobre, de cabelo escovinha e figurino mal ajambrado, atrevido e de inteligência muito acima da média, iniciava, no “Jornal de Brasília", uma trajetória que o pôs no topo do jornalismo político nacional, passando por diversos veículos de comunicação. Datilografando com apenas dois dedos, como estagiário, repórter de jornal, rádio, TV, blog e plataformas digitais, Jorge Bastos Moreno, ou apenas Moreno, foi espectador privilegiado e protagonista dos principais fatos históricos dos últimos 40 anos. Por 35 anos, escreveu para O GLOBO, como repórter e depois colunista.
Obcecado pela notícia, repórter de corpo e alma, como descreveu um dos companheiros do início de carreira, Moreno tinha um faro apurado e logo pulou da cobertura de cidades para a editoria de política. Numa tarde de 1978, ao cruzar com o fotógrafo do GLOBO Orlando Brito, na saída do trabalho, perguntou por que ele estava carregando tanto equipamento. Brito confidenciou que no dia seguinte iria fazer uma campana no Regimento de Cavalaria da Presidência da República para fotografar o general João Batista Figueiredo, porque estava desconfiado que ele seria o escolhido do presidente Ernesto Geisel para sucedê-lo.
No dia seguinte, enquanto Brito fotografava o general, Moreno apareceu. Depois de desencilhar o cavalo, Figueiredo passou pelos dois. Chamou para tomar um café. Moreno perguntou:
— Tão dizendo que o senhor vai ser, que o senhor pode ser, o futuro presidente da República...
— Quem te falou?
— As fontes, general, as fontes que falam as coisas aí, e tal.
— Não, eu sou o futuro presidente. Eu fui escolhido para ser o futuro presidente da República.
— Nisso, o Orlando Brito, do GLOBO, passa por mim e diz 'você tá com um furo, você tá com um furo'. Eu comecei a ficar nervoso — contou o próprio Moreno, em depoimento ao Memória Globo.
O furambaço no “Jornal de Brasília” catapultou Moreno para O GLOBO. Era o rei do bastidor, um contador de estórias de humor e ironia finos. Sedutor e agregador, Moreno tinha fontes de todos os matizes políticos nos banquetes preparados pela chef e companheira Carlúcia, na casa do Lago Norte, reunia jornalistas da casa e concorrentes, os presidentes da República, artistas e personalidades de todas as áreas.
Capaz de interpretar excepcionalmente os movimentos políticos, e com um senso de humor refinado e afiado, Jorge Bastos Moreno acabou se aproximando do maior expoente da política brasileira na década de 80, o Dr. Ulysses Guimarães. Políticos que conviveram com ambos lembram que Moreno tornou-se um confidente para Ulysses Guimarães. A amizade foi tamanha que Moreno pediu uma breve licença do jornal e se tornou assessor de Ulysses na campanha presidencial de 1989. Anos depois, Moreno lançou em 2013 o livro “A História de Mora. A saga de Ulysses Guimarães”, pela editora Rocco, onde ele conta episódios da trajetória de Ulysses tendo Dona Mora como o fio condutor da narrativa.
Moreno acompanhava os passos de Ulysses em especial quando o parlamentar se tornou presidente da Assembleia Nacional Constituinte, que elaborou a Constituição de 1988. Foi neste ambiente que o repórter se tornou figura presente no gabinete do peemedebista, em conversas longas. O relator da Constituinte, então deputado Nelson Jobim (PMDB-RS), lembra que o trabalho era frenético, mas que à noite o Dr. Ulysses, Moreno, Heráclito Fortes e, às vezes, ele próprio iam para o restaurante Piantela. O restaurante ganhou fama de ser o local dos políticos — e, claro, dos jornalistas. O ‘point’ permaneceu por gerações seguintes.
— Conheci o Moreno via Dr. Ulysses. Ele estava sempre ao lado do Dr. Ulysses. Moreno também adorava o Severo Gomes (que morreu juntamente com Ulysses em acidente de helicóptero). Terminavam as sessões da Constituinte e iam jantar no Piantela. Moreno se tornou confidente do Dr. Ulysses, mas era um confidente curioso, porque Dr. Ulysses também se tornou ouvinte, era bilateral. Moreno fazia confidência a ele, mas ele nunca contava. Era fiel ao silêncio — disse Jobim ao GLOBO.
Já eram 22h56 no dia 7 de dezembro de 2015, quando o blog do jornalista Jorge Bastos Moreno no site do GLOBO anunciava “Exclusivo: Carta de Temer a Dilma". O furo de reportagem, mais um entre os vários na carreira de Moreno, tornava pública uma queixa que ficaria famosa quase que imediatamente: o hoje presidente Michel Temer reclamava à ex-presidente Dilma Rousseff que era apenas um “vice decorativo", sem participação efetiva no governo. Foi também mais um passo em direção ao impeachment de Dilma, que viria a ocorrer meses depois.
Como bom repórter, Moreno contou também com a sorte. Em 22 de julho de 1992, ele passou pela tabacaria da barbearia do Senado para comprar um cigarro e encontrou um amigo que trabalhava no Banco Central (BC). Na conversa, esse amigo, sem se dar conta de que estava revelando uma informação a que nenhum jornalista ainda tivera acesso, lhe disse: “Agora que todos sabem que o Fiat Elba do Collor foi pago com o cheque do fantasma José Carlos Bonfim, não há como mais negar que o presidente estava fora do esquema do PC".
Moreno ficou surpreso. Até então não se sabia o nome que aparecia no cheque. Mas ele teve sangue frio para fingir que aquilo não era nada de mais. O motivo? Ele próprio explicou no texto publicado em 2012: “Se você se mostra interessado, o interlocutor percebe o que fez e vai te implorar de joelhos para você não publicar".
Repórter político experiente, ele também foi responsável por um grande furo do jornalismo econômico. Em 12 de janeiro de 1999, por volta das 19h, começou a circular em Brasília um forte rumor de que o então presidente do Banco Central (BC) Gustavo Franco sairia do cargo. O atual chefe da sucursal do GLOBO em Brasília, Sérgio Fadul, coordenava em 1999 a equipe de economia do jornal na cidade. Ele conta que o horário de fechamento da edição que circularia no dia seguinte se aproximava sem confirmação da notícia. Os primeiros exemplares impressos naquela noite continham uma reportagem apenas mencionando a possibilidade de troca de comando no BC. Fadul pegou então o telefone e ligou para Moreno.
— Perguntei: você pode nos ajudar? Ele respondeu: pode deixar. Em menos de uma hora, ele ligou: pode cravar (a demissão) — conta Fadul.
Veio então a ordem para parar as máquinas do novo parque gráfico do GLOBO, inaugurado apenas horas antes. Seria rodada uma nova edição, com a informação recém-confirmada.
O jornalista Jorge Bastos Moreno morreu no início da madrugada de ontem, no Rio, aos 63 anos. Moreno morreu de edema agudo de pulmão decorrente de complicações cardiovasculares. O corpo do jornalista será sepultado hoje em Cuiabá, onde ele nasceu.
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N. E. - A Coluna do Moreno foi publicada aqui no Almanaque Raimundo Floriano desde quando assinamos o Globo.com. Que ele segure na mão de Deus e vá!
O Globo quarta, 14 de junho de 2017
MORRE O JORNALISTA JORGE BASTOS MORENO, COLUNISTA DO GLOBO
Morre o jornalista Jorge Bastos Moreno, colunista do GLOBO
Um dos mais respeitados repórteres de política do país sofreu edema agudo de pulmão, decorrente de complicações cardiovasculares
POR O GLOBO
/ atualizado
RIO - O jornalista Jorge Bastos Moreno, colunista do GLOBO, morreu à 1h desta quarta-feira, no Rio, aos 63 anos, de edema agudo de pulmão decorrente de complicações cardiovasculares. Um dos mais respeitados repórteres políticos do Brasil, Moreno nasceu em Cuiabá e viveu em Brasília desde a década de 1970. Há 10 anos morava no Rio.
Com mais de 40 anos de carreira, Moreno era dono de uma invejável agenda de fontes, que inclui os principais políticos e os grandes nomes do mundo artístico do país.
Trabalhou no jornal O GLOBO por cerca de 35 anos, onde chegou a dirigir a sucursal de Brasília. Seu primeiro grande furo de reportagem foi no "Jornal de Brasília": a nomeação do general João Figueiredo como sucessor do general Ernesto Geisel. Foi apenas o primeiro de grandes furos, conseguidos graças à sua imensa capacidade de conquistar fontes. Sua importância era tamanha que, nos corredores do Congresso, enquanto repórteres costumavam chamar "Senador, Senador" ou "Deputado, Deputado", em busca de uma informação, com Moreno era o contrário: ao entrar no Congresso, eram os políticos que o chamavam, "Moreno, Moreno".
Entre tantos furos, dois se destacam. Durante o impeachment do presidente Fernando Collor, em 1992, quando a própria CPI do PC procurava uma prova cabal que ligasse o presidente aos cheques de "fantasmas" que vinham do esquema PC, foi Moreno que revelou que um Fiat Elba de propriedade do presidente tinha sido comprado pelo "fantasma" José Carlos Bonfim. Uma informação que ainda não era do conhecimento nem do relator da CPI, deputado Benito Gama, nem de seu presidente Amir Lando. A manchete do GLOBO selava o destino do presidente.
Venceu também o Prêmio Esso de Informação Econômica de 1999 com a notícia da queda do então presidente do Banco Central Gustavo Franco e a consequente desvalorização do real. Moreno teve acesso à noticia no início da madrugada, avisou aos diretores e conseguiu um feito com que todos os jornalistas sonham: parou as máquinas do jornal para que seus leitores tivessem ao acordar a notícia explosiva.
No fim da década de 1990, estreou sua coluna de sábado. O primeiro título - "Nhenhenhém" - era inspirado num desabafo do então presidente Fernando Henrique Cardoso para que os jornais "parassem de nhenhenhém" e tratassem do que ele considerava temas mais importantes. Apesar do título, a coluna nada tinha de superficial: no seu estilo irônico, publicava as notícias mais relevantes do bastidor político brasileiro. A coluna, publicada até o último sábado, passou há alguns anos a levar o nome do próprio Moreno. Mais recentemente, passou a escrever o "Cantinho do Moreno", na coluna "Poder em jogo", de Lydia Medeiros.
Era um apaixonado por todas as plataformas de notícia. A todo instante, abastecia também o Blog do Moreno. Desde 10 de março, comandava o talk show "Moreno no Rádio", na CBN, às sextas-feiras à tarde. Era também o âncora do programa "Preto no Branco", do Canal Brasil. E fazia imenso sucesso com suas participacões frequentes na GloboNews.
Também em março, Moreno lançou o livro “Ascensão e queda de Dilma Rousseff”, transformando em relato histórico aquela que talvez seja a forma mais efêmera de comunicação dos tempos digitais: as mensagens de Twitter. Em centenas de microtextos de até 140 caracteres, Moreno teceu comentários que remontam a meados de 2010, quando Dilma se preparava para sua primeira eleição à Presidência da República, e vão até agosto de 2016, mês em que a petista teve seu mandato cassado no Senado.
Moreno era também autor de "A história de Mora - a saga de Ulysses Guimarães", lançado em 2013, após ser publicado em forma de série pelo GLOBO. O livro, que mistura realidade e ficção, traz episódios em torno da figura de Ulysses contados por um narrador especial: dona Ida Maiani de Almeida, carinhosamente apelidada de Mora.
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N.E. Moreno é també uma grande perda para o Almanaque Raimundo Floriano, que vinha publicando sua coluna desde quando passamos a assinar o Globo.com. Que ele segure na mão de Deus e vá!
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O Globo domingo, 11 de junho de 2017
PERFIL DE HERMAN BENJAMIN: FIRME COM A TOGA E AFÁVEL PARA OS AMIGOS
Herman Benjamin: Firme com a toga e afável para os amigos
Relator do processo contra a chapa Dilma-Temer mostrou habilidades lapidadas há muito tempo
POR RENATA MARIZ
/ atualizado
BRASÍLIA - Raciocínio rápido e capacidade de entremear fundamentos jurídicos a expressões de efeito são habilidades lapidadas há muito pelo ministro Antonio Herman de Vasconcellos e Benjamin. Aos 59 anos, o paraibano nascido em Catolé do Rocha, cidade de 30 mil habitantes na Paraíba, exercitou os dotes ao longo do julgamento da ação que poderia ter cassado o mandato do presidente Michel Temer.
Falou em “muralha da China” ou “chinese wall” para enfatizar o quanto o caso Odebrecht, no início da ação, era blindado e pouco conhecido. Explicou o caixa dois do tipo “barriga de aluguel” e classificou a investigação da chapa presidencial vencedora em 2014 como um “milagre” com prova “oceânica”. Discreto, mas vaidoso intelectualmente, Herman estendeu expediente e varou fins de semana a para montar seu extenso voto na ação mais importante da história do TSE.
Os últimos dez anos como ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), não lhe tiraram a verve de promotor. No MP de São Paulo, onde atuou entre 1982 e 2006, é apontado como juiz duro. No trato pessoal, afável e bem-humorado.
Mesmo diante da pressão do julgamento combinada com uma gripe forte, Herman encontrou tempo para achar graça de uma espécie de meme sobre o Dia dos Namorados, segundo uma pessoa próxima. A mensagem sugeria algo como ter, na data comemorativa, uma companhia como Herman, que valoriza as “preliminares” — numa brincadeira com as nove questões de ordem discutidas exaustivamente pelo TSE antes de iniciar o julgamento do mérito.
Avesso a badalações, o círculo de amigos íntimos não é extenso. O adversário contumaz de plenário, ministro Gilmar Mendes, quis se colocar, em certo momento do julgamento, numa situação de proximidade com Herman, ao dizer que voaram juntos de monomotor para Águas de São Pedro (SP). Era a lembrança de mais de 30 anos de um voo para a capital paulista que teve muita turbulência.
GOSTO PELA REALIDADE
Histórias de sufocos em aviões pequenos durante viagens de trabalho, Herman gosta de contar. Chefe do hoje ministro durante os quatro anos como procurador-geral de Justiça de São Paulo, Luiz Antonio Marrey conta que, certa vez, o então promotor voara ao Monte Roraima a serviço quando problemas na aeronave levaram o piloto a ligar para a própria mãe meio que se despedindo. Passado o pânico, o avião pousou a salvo.
—É um episódio engraçado mas que demonstra uma característica forte do Herman Benjamin, de não ficar somente nos tapetes vermelhos. Ele sempre foi de sair do gabinete, de ver a realidade — diz Marrey.
Herman deixou Catolé do Rocha entre o fim da infância e início da adolescência. Não seguiu a carreira do pai, médico. Formou-se em direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fez mestrado em Illinois (EUA), onde também foi professor visitante, assim como em instituições do Texas e na Bélgica. Tornou-se uma referência no direito do consumidor e principalmente no direito ambiental, hoje reconhecido internacionalmente na área. Tem nove livros publicados e convites frequentes para palestras.
Uma coleção extensa de gravatas na cor verde, uma referência ao meio ambiente, é motivo de comentários de colegas de STJ. Gosta de colecionar tapetes e artesanatos trazidos das muitas viagens internacionais , mas apesar do passaporte abarrotado de carimbos, Herman costuma seguir, de carro, para locais próximos recomendados por amigos.
Gosta da companhia dos sobrinhos nas aventuras a quatro rodas. O ministro tem duas irmãs, que cuidam mais de perto da mãe, de idade avançada. O pai morreu em 2011. O velório contou com a presença de pessoas próximas a família Benjamin, como o cantor e compositor Chico César, também de Catolé do Rocha.
Benjamin tem hábitos naturebas. Não come carne vermelha, prioriza os orgânicos, prefere chá a café e flerta com a homeopatia. Toma vinho moderadamente. É vigilante em relação à balança e preza por cabelos bem pintados e cortados e cuida da pele.
Disciplinado e detalhista, o ministro preparou minuciosamente os capítulos finais da atuação no TSE. Projetou trechos de leis e da ação em telão no plenário da Corte e escancarou contradições do ministro Gilmar Mendes usando o voto do próprio colega, que defendeu a necessidade de ir fundo nas investigações quando a inquilina do Palácio do Planalto era Dilma Rousseff.
Advogados veem o ministro com reservas e queixas. Reclamam de atendê-los em pé e somente se o processo em questão já tiver sido pautado para julgamento. Critério que adotou para repelir a romaria de advogados à porta do gabinete. Desde que assumiu a ação de cassação da chapa Dilma-Temer, especula-se que almeja chegar ao Supremo Tribunal Federal.
O Globo sábado, 10 de junho de 2017
MICHEL TEMER NÃO RESPONDE QUESTÕES DA POLÍCIA FEDERAL E CRITICA CONTEÚDO DAS PERGUNTAS
Michel Temer não responde questões da PF e critica conteúdo das perguntas
Defesa do presidente enviou ao STF 48 razões para ele não prestar esclarecimentos ao órgão
POR RAYANDERSON GUERRA
/ atualizado
RIO — A defesa do presidente Michel Temer enviou uma petição ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira criticando as 82 perguntas enviadas pela Polícia Federal sobre a delação de Joesley Batista, dono do frigorífico JBS, e de outros executivos da empresa. A defesa pede ainda o arquivamento do inquérito que, aberto após a Operação Patmos, investiga Temer por suspeita de corrupção passiva, obstrução da Justiça e organização criminosa.
Em 14 páginas dirigidas ao ministro do Supremo Luiz Edson Fachin, relator da Lava-Jato, os advogados do presidente apresentam 48 razões para Temer não responder às questões da PF. De acordo com a defesa, o presidente foi "coadjuvante de uma comédia bufa, encenada por um empresário e criminoso confesso e agora está sendo objeto de uma inquirição invasiva, arrogante, desprovida de respeito e do mínimo de civilidade."
"O questionário é um acinte à sua dignidade pessoal e ao cargo que ocupa, além de atentar contra vários dispositivos legais, bem como contra direitos individuais, inseridos no texto constitucional."
A Polícia Federal enviou o questionário ao presidente com autorização de Fachin. As perguntas foram remetida com um prazo inicial de 24 horas para Temer responder, mas a janela foi prolongada para até esta sexta-feira. As 82 perguntas se referem, principalmente, à conversa entre o presidente e Joesley Batista que foi gravada pelo empresário durante um encontro fora da agenda oficial. Entre outras questões, a PF pediu a Temer para esclarecer o que ele quis dizer com a frase "Tem que manter isso", após o dono da JBS dizer que estava bem com ex-deputado federal Eduardo Cunha.
O documento enviado pela defesa ao STF nesta sexta, porém, alega que as autoridades estão mais preocupadas em comprometer o presidente do que mostrar a verdade dos fatos.
"Cumpre inicialmente ponderar que, houvesse Vossa Excelência sido o autor dos questionamentos feitos por escrito ou em colheita de depoimento oral, teria havido, com certeza, uma adequada limitação das perguntas ao objeto das investigações. Indagações de natureza pessoal e opinativa, assim como outras referentes aos relacionamentos entre terceiras pessoas ou aquelas que partem de hipóteses ou de suposições e dizem respeito a eventos futuros e incertos não teriam sido formuladas. No entanto, foram feitas e demonstram que a autoridade mais do que preocupada em esclarecer a verdade dos fatos desejou comprometer o Sr. Presidente da República com questionamentos por si só denotadores da falta de isenção e de imparcialidade por parte dos investigadores ", diz um dos trechos.
A defesa alega que, mesmo sem aguardar a perícia do áudio entre Temer e Joesley Batista, o ministro determinou a formulação das questões para serem respondidas pelo presidente. Segundo a defesa, várias perguntas não dizem respeito às funções presidenciais de Temer.
‘Há pergunta verdadeiramente invasivas, e portando inoportunas, que procuram simplesmente entrar na vida pessoal do Presidente, afrontando a sua intimidade, sem nenhuma conexão com as investigações’
- ADVOGADOS DO PRESIDENTE MICHEL TEMER em petição enviada ao STF
"Desde já, e antecipando alguma das razões que trazem dificuldade para o Sr. Presidente da República responder às perguntas da autoridade policial, deve ser salientado, como se fez acima, que diversos questionamentos dizem respeito a fatos estranhos às funções presidenciais; outros referem-se a períodos não cobertos pelo seu mandado; alguns ao relacionamento entre terceiras pessoas. Note-se, que muitos deles partem da premissa do cometimento induvidoso de delitos e não objetivam perquirir a verdade, mas sim revelar meras circunstâncias de crimes que já estariam provados. "
Um dos argumentos enviados por Temer ao STF é que o questionário demonstra falta de elementos incriminadores contra o presidente .
"O questionário demonstra que os trabalhos investigativos, diante da ausência de elementos incriminadores, perderam-se no caminho. Razões que escapam à nossa razão parecem estar conduzindo as investigações por caminhos e veredas que estão, ao que parece, sendo percorridos à revelia de Vossa Excelência. Buscam, sem nenhum critério, métodos ou limites, encontrar qualquer indício, o mais tênue e frágil que seja, para, com o auxílio da mídia, dar uma repercussão a fato que enganosamente possa parecer grave. Assim tem sido e assim será, até que barreiras éticas impeçam o avanço da incompreensão, da intolerância e da falta de respeito que nos vêm atingindo. "
Em outro ponto, a defesa alega que Michel Temer está sendo "alvo de um rol de abusos e de agressões aos seus direitos individuais e à sua condição de mandatário da Nação que colocam em risco a prevalência do ordenamento jurídico e do próprio Estado Democrático de Direito."
"O vulgo tem questionado “mas o que estão fazendo com o Presidente da República ?” e os seus amigos indagam “por que o Michael está sendo tratado desta forma ?”
O Globo terça, 06 de junho de 2017
POLÍCIA FEDERAL PRENDE HENRIQUE EDUARDO ALVES, EX-MINISTRO DE TEMER E DILMA
PF prende Henrique Eduardo Alves, ex-ministro de Temer e Dilma
Ele foi presidente da Câmara dos Deputados no biênio 2013 e 2014
POR O GLOBO
/ atualizado
RIO — A Polícia Federal prendeu, na manhã desta terça-feira, o ex-ministro e ex-presidente da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN). A ação é um desdobramento da operação Lava-Jato, com base nas delações premiadas de executivos da Odebrecht. A informação é da "GloboNews".
A PF também cumpre mandado de prisão contra o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que já está preso no Paraná. Nesta manhã, 80 policiais federais cumprem 33 mandados judiciais — cinco deles de prisão preventiva e seis de condução coercitiva.
Na Operação Catilinárias, a casa do ex-ministro já havia recebido policiais para o cumprimento de mandado de busca e apreensão. Os investigadores apuraram crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro no favorecimento de duas empreiteiras responsáveis por construir a Arena das Dunas, em Natal.
O mandado de prisão contra Alves foi expedido pela Justiça Federal do Rio Grande do Norte. Ele foi ministro do Turismo nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer, e pediu demissão em junho de 2016 após ser citado em delação de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobras.
Em 2014, Alves concorreu ao governo do Rio Grande do Norte, mas foi derrotado no segundo turno.