Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Imprensa Diária segunda, 14 de junho de 2021

MULTIDÃO EM MOTOCIATA - MAIS DE 1.300.000 PARTICIPANTES

 

MULTIDÃO EM MOTOCIATA

Alexande Garcia

O grande acontecimento desse final de semana foi a motociata a favor do governo federal em São Paulo. Aliás, foi o maior acontecimento do mundo. Nunca se viu no planeta terra uma tal concentração de motos.

O discurso que o presidente fez ao final do passeio foi uma prestação de contas. Finalmente eu entendi porque o general Rego Barros não durou como porta-voz do governo, porque Bolsonaro não precisa de um.

Não é do feitio e nem do temperamento de Bolsonaro ter alguém falando por ele. O presidente quer um contato direto com a população. Ele faz isso todos os dias ao conversar com quem está na frente do Palácio do Alvorada.

Portanto, ele não precisa de um intermediário e um secretário de imprensa. Não adianta. Ele precisa conversar diretamente com o público dele, como foi na campanha eleitoral. Durante o discurso ele não citou a eleição, ele só prestou contas para quem o apoia.

A gente nunca viu um presidente fazendo esse tipo de prestação de contas, porque todos faziam à distância. Nós já tivemos presidentes distantes e de biblioteca e que só fazia contato por televisão. Mas Bolsonaro faz contato todos os dias, inclusive, via rede social. Bolsonaro é atualizado e contemporâneo.

Eu vi pessoas que ficaram furiosas por conta da quantidade de motos durante a manifestação. Teve gente que reclamou porque a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo gastou R$ 1,2 milhão para fazer o policiamento. Mas também arrecadou bastante em imposto já que o combustível tem ICMS, os hotéis, as pousadas, os restaurantes e as padarias têm taxa de ISS.

* * *

Ministro do Turismo quer “vender” o Brasil

O turismo está ajudando e participando desse momento de tentar reerguer o país. O Brasil tem vocação turística – assim como para agropecuária – pelas belezas naturais.

O turismo sustenta a Espanha, a França e o Egito. Nós temos um número pequeno de movimento turístico, mas o atual ministro está tentando mudar essa situação.

No final de semana, o ministro Gilson Machado mostrou que tem o dom da ubiquidade. Ele foi ao Rio de Janeiro visitar três grandes parques. Um deles foi no Porto Maravilha que tem uma roda gigante maravilhosa, o outro foi o AquaRio que tem um aquário incrível, e terminou a visita no Zoológico Bioparque.

No dia seguinte já estava no Mirante das Galhetas no Guarujá (SP), crente de que o turismo vai ser talvez o número dois nesse movimento de reerguer a economia brasileira.

 

DEU JO FACEBOOK:


 


Imprensa Diária quinta, 17 de dezembro de 2020

A SÓRDIDA BRIGA POR CARGOS (ARTIGO DE JOSÉ ROBERTO GUZZO, COMENTARISTA POLÍTICO)

 

A SÓRDIDA BRIGA POR CARGOS

Normalmente o Congresso Nacional vive seus piores momentos durante o período de eleição das mesas diretoras – a turma que vai mandar de verdade em suas duas casas, para todos os efeitos práticos, pelos dois anos seguintes. Como sabem até as crianças com dez anos de idade, é a única coisa que realmente interessa aos nossos representantes do povo: com qual candidato a presidente, e a “chapa” que vem em volta dele, eu vou me dar melhor? A situação se reproduz, como num espelho, nas eleições para o comando das Assembleias Legislativas e das Câmaras de vereadores espalhadas pelos 27 Estados e 5.500 municípios do Brasil. Não é nem um pouco melhor; é apenas mais barato.

No caso da presente disputa pelas presidências do Senado Federal e da Câmara de Deputados, que elegerão em 1º. de fevereiro seus novos dirigentes, há um “plus a mais”, como se diz. Desta vez, não se observa apenas a sórdida briga por cargos na mesa – e o cacho de empregos que vem pendurado em cada um deles, mais a capacidade de conceder privilégios para parentes, amigos e a amigos dos amigos e autorizar furtos explícitos ao dinheiro público. Além da desgraça de sempre, agora há também uma campanha aberta para tornar a política brasileira mais suja do que já é.

Ninguém diz que é isso, é claro, mas é exatamente isso: o PT e o que se considera a “esquerda” na Câmara e no Senado querem vender seu apoio para o candidato, ou candidatos, que se comprometerem a desmanchar a Lei da Ficha Limpa – uma das pouquíssimas coisas que o Legislativo brasileiro fez nos últimos anos em favor da moralização da vida pública. A lei, como se sabe, proíbe que candidatos condenados na justiça, incluindo-se aí as condenações por corrupção, sejam candidatos a cargos de governo.

Este, tristemente, é o principal marco ideológico do PT de hoje. Por conta da situação penal do ex-presidente Lula e de tantos outros grandes nomes da política nacional, todos eles prontíssimos, no momento, a se tornarem aliados, a prioridade do partido passou a ser o combate sem tréguas a qualquer coisa que possa ser usada contra a corrupção e os corruptos.

Desmontar a Lei da ficha Limpa, obviamente, não beneficia só o PT. Num Congresso Nacional em que 30% (ou bem mais) dos deputados têm problemas com a justiça penal (sem contar a situação dos senadores), a militância pró-impunidade tornou-se praticamente uma religião. Mas chamar a si, na frente de todo mundo, o papel de liderança no movimento em favor da roubalheira é afundar ainda mais no abismo. É a isso que está reduzido o ex-maior partido político do Brasil.


Imprensa Diária quarta, 14 de outubro de 2020

NOTA DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROCURADORES DA REPÚBLICA SOBRE ATO DO MINSITRO MARCO AURÉLIO

 

Brasília, 12 de outubro de 2020

A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp) vem a público esclarecer informações equivocadas a respeito da atuação do Ministério Público em face de habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a um líder de facção criminosa.

O parágrafo único do artigo 316 do Código de Processo Penal, com a redação dada pela Lei 13.964/2019, passou a prever a revisão, de ofício, a cada 90 dias, por parte da autoridade judiciária, da prisão preventiva decretada.

No caso do traficante liberado, já condenado em duas instâncias, tanto o juízo federal e o membro do Ministério Público de primeiro grau quanto a Procuradoria Regional da República e o Tribunal Regional Federal da 3ª Região já haviam justificado a necessidade de manutenção de sua prisão preventiva.

De se ver que, no âmbito das 5ª e 6ª Turma do STJ, foi estabelecido que a obrigação de revisar a manutenção da prisão, a cada 90 dias, é imposta apenas ao juízo de primeiro grau ou tribunal que impôs a medida cautelar, de forma que, proferida sentença ou o acórdão, não mais existiria a obrigação de reavaliar, periodicamente, a renovação da segregação cautelar.

Importa registrar, ainda, que a inobservância do prazo de prisão preventiva não tem levado à sua automática revogação pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça. Ambos os tribunais vêm decidindo que devem ser analisados os requisitos do caso concreto, que podem justificar a exacerbação do prazo.

Em posição até agora isolada, o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, vem compreendendo que, configurado o excesso de prazo da prisão, deve ser determinada a soltura do preso. Quando do julgamento do mérito desses casos, a 1ª Turma do STF tem refutado o argumento e vem cassando as liminares deferidas. No caso do réu André do Rap, a soltura foi determinada, inclusive, antes de qualquer ouvida do MP.

Por fim, impende consignar que, no caso concreto, sequer a matéria havia sido apreciada pelo Superior Tribunal de Justiça, de forma a revelar que a decisão monocrática que determinou a soltura em discussão foi adotada com supressão de instância.

A decisão do ministro Marco Aurélio, pelos motivos já expostos, foi cassada pelo presidente do STF, ministro Luiz Fux, a partir de recurso apresentado pela Procuradoria-Geral da República.

Injustificáveis, portanto, alegações de que teria o Ministério Público concorrido para a soltura do réu.

Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR)

Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp)


Imprensa Diária quarta, 14 de outubro de 2020

JUSTIÇA ANULA TÍTULO DE DOUTOR HONORIS CAUSA DE LULA EM UNIVERSIDADE DE ALAGOAS

 

Justiça anula título de doutor honoris causa de Lula em universidade de AL

Título de doutor honoris causa da UNEAL foi concedido ao ex-presidente Lula em 2017 - Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Título de doutor honoris causa da UNEAL foi concedido ao ex-presidente Lula em 2017

 

Um juiz do TJ-AL (Tribunal de Justiça de Alagoas) determinou a anulação do ato administrativo que deu ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o título de doutor honoris causa da UNEAL (Universidade Estadual de Alagoas), em 23 de agosto de 2017. Lula acabaria preso oito meses depois, segundo determinação do ex-juiz Sergio Moro, pelo caso do tríplex do Guarujá (SP). "Não é razoável, nem atende à moralidade administrativa, conceder honraria a alguém condenado judicialmente e que ainda responde a outras ações penais", justifica um trecho da decisão, assinada pelo juiz Carlos Bruno de Oliveira Ramos, da 4ª Vara Cível de Arapiraca.

 


Imprensa Diária sexta, 09 de outubro de 2020

LULA E A MENTIRA


Imprensa Diária segunda, 28 de setembro de 2020

SÓ DA BOLSONARO

 

 

J.R. GUZZO

SÓ BOLSONARO

É um dos fenômenos mais curiosos que a vida pública brasileira tem para apresentar no presente momento. A vida passa, o mundo gira, o homem trabalha para montar uma colônia em Marte – e o Brasil, com seus 220 milhões de habitantes, 33 partidos diferentes e cerca de 65 mil cargos públicos preenchidos por meio de eleições livres, tem hoje um político só: o presidente Jair Bolsonaro. Não é que esteja isolado – é que não se fala de ninguém mais, e com isso ele acabou ficando sem concorrentes, ou sem concorrentes realmente capazes de concorrer a alguma coisa. Nenhum presidente da República, por mais importante que seja, e por mais pecados que cometa ou méritos que possa ter, merece tanta atenção desse jeito. Mas aí é que está: é o que temos no momento. Bolsonaro, mais Bolsonaro e só Bolsonaro.

O presidente deve a sua posição de Rei da Cocada Preta exclusivamente ao conjunto da obra de seus adversários políticos de todas as naturezas; foram eles, e ninguém mais, que o colocaram lá. É simples. Há mais de dois anos, antes mesmo de Bolsonaro entrar no Palácio do Planalto, concentram toda a sua energia, a sua atividade mental e o seu tempo em falar mal dele; não mudam de ideia e não mudam de assunto. É algo parecido ao que os clínicos de psiquiatria chamariam de “comportamento obsessivo”. Tudo bem, mas o resultado desse estilo de ação política é que não existe no momento ninguém dizendo à população o que, na prática, iria fazer de diferente do que o governo Bolsonaro tem feito desde a sua posse. E um candidato de verdade para substituí-lo nas próximas eleições presidenciais? Isso aí, então, nem pensar. Se os adversários colocam 100% dos seus esforços em dizer que o presidente é um horror, mas não têm nenhuma sugestão coerente sobre o que fazer a respeito, o que sobra, na vida política real, é Bolsonaro.

Não adianta nada, como a oposição faz o tempo todo, ficar dizendo: “Qualquer um, menos Bolsonaro”. É indispensável que esse “um” apareça; se não aparecer, ele continua jogando a partida sem a presença do outro time no campo. Também não se chega a lugar nenhum com a estratégia de colocar no presidente a culpa de tudo. Os 140 mil mortos da covid-19? Foi Bolsonaro quem matou. Incêndio no Pantanal? Desmatamento da Amazônia? Desemprego? Agrotóxicos? Culpa dele. É como nos tempos em que tudo, do ovo frito ao sistema solar, era “obra de Maluf” – quanto mais se fala, menos as pessoas realmente acreditam no que está sendo falado. O fato é que nunca o presidente apanhou tanto como hoje, e nunca a sua aprovação popular esteve tão alta – 40% dos brasileiros acham que o seu governo é ótimo ou bom, segundo a última pesquisa do Ibope. Pesquisas de opinião, como as salsichas, são coisas de conteúdo duvidoso; mas se são levadas a sério quando falam mal, a mesma regra deve valer quando falam bem.

Algo deve estar errado com o Brasil quando os grandes personagens do noticiário político são o senador Alcolumbre, o ministro Dias Toffoli e o apresentador de tevê Luciano Huck – ou quando a maior esperança dos adversários de Bolsonaro é que o STF invente uma gambiarra qualquer para resolver a sua vida. Não pode ser normal, ao mesmo tempo, que o nome mais citado como alternativa para o País seja um ex-presidente que foi condenado, e cumpriu pena de prisão, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro – em três instâncias e por nove magistrados diferentes, fora que tem outra condenação no lombo, já em segunda instância, e mais uma penca de processos pela frente. Quem quer um Brasil sem Bolsonaro tem de fazer melhor do que isso. Se não fizerem, as coisas vão continuar como estão.


Imprensa Diária domingo, 30 de agosto de 2020

SOBRE BUNDÕES

 

GUILHERME FIUZA

SOBRE BUNDÕES

Não é desejável uma relação hostil entre presidente da República e imprensa numa democracia. Bolsonaro formatou seu mandato para favorecer a proximidade com os jornalistas recebendo-os semanalmente — sem restrições — para cafés da manhã no palácio. Nem Lula nem FHC fizeram algo assim. Ao contrário, Lula não dava coletivas. Mas a estratégia foi desandando, com direito a provocações de parte a parte (Bolsonaro e imprensa) no cercadinho do Alvorada.

Após mais um episódio colocando em choque presidente e imprensa, Bolsonaro se referiu a parte dos jornalistas como “bundões”. Há algo errado aí, naturalmente, e não dá para topar essa descida ladeira abaixo no idioma em terreno que precisa de civilidade. E também é preciso verificar o contexto do qual provém o disparate presidencial.

Vamos à verificação de alguns elementos factuais desse contexto:

* Produção de reportagens insinuando que a eleição de Bolsonaro resultou de uma manipulação da votação por meio de um golpe no WhatsApp;

* Notícias associando o presidente da República com o assassinato de Marielle Franco a partir de falsos testemunhos;

* Reportagens no Brasil e no exterior insinuando em contrariedade com os fatos que o governo iniciado em 2019 bateu recordes de destruição da Amazônia seguindo diretrizes de crime ambiental;

* Especulações e pensatas na grande imprensa sobre um suposto golpe militar em articulação pelo presidente da República para o fechamento do regime, ignorando a reiteração pelo próprio presidente do seu compromisso incondicional com a democracia e a Constituição;

* Omissão deliberada da negociação democrática do governo com o Congresso em reformas cruciais como a da Previdência e produção de reportagens — inclusive em grandes veículos estrangeiros — sugerindo que o Brasil resiste ao domínio fascista graças a um “parlamentarismo branco”;

* Divulgação internacional de foto da primeira-dama fazendo tradução em libras com legenda transformando um dos gestos manuais dela em “continência militar”;

* Usar o vídeo de uma menina palmeirense acenando negativamente aos seus colegas de escola corintianos para dizer que ela estava se recusando a cumprimentar Bolsonaro;

* Tentar transformar o presidente numa pessoa insensível às vítimas da pandemia omitindo, inclusive, um ato oficial do governo em solidariedade aos mortos por covid-19;

* Plantar especulações e notas por mais de um ano e meio “noticiando” que Paulo Guedes, o principal ministro do governo, está deixando o cargo;

* Omitir o cumprimento de todas as metas no setor de infraestrutura para poder dizer que se trata de um governo inoperante;

* Transformar contingenciamento de verbas orçamentárias em corte fascista na educação (e silenciar quando essas mesmas verbas são liberadas);

* Espalhar fake news de que os Estados Unidos desistiram de indicar o Brasil para a OCDE para poder dizer que Bolsonaro é um capacho de Trump;

* Espalhar fake news de que o STF não retirou do governo federal o poder sobre as diretrizes de funcionamento da sociedade durante a pandemia;

* Escrever que manifestações de rua em apoio à agenda de reformas eram atos milicianos orquestrados pelo presidente contra a instituição do Congresso Nacional;

* Publicar que um remédio para tratamento da covid que divide a classe médica é curandeirismo, apenas porque o presidente encampou a recomendação dos médicos favoráveis a essa terapêutica;

* Silenciar sobre a violência de governadores e prefeitos contra cidadãos a pretexto de cumprir medidas sanitárias para fingir que o isolamento vertical com proteção dos vulneráveis é genocídio;

* Minimizar o Covidão e preservar vergonhosamente governadores e prefeitos que estão no centro da roubalheira porque eles são oposição ao governo federal;

* Silenciar sobre prisão arbitrária de jornalista em inquérito ilegal para fingir que isso é caçada a milícia fascista;

* Apoiar censura ditatorial do STF a plataformas de alcance internacional para se fingir de justiceiro contra o fascismo;

* Apoiar projeto de lei que finge combater fake news para instituir a mordaça nas redes sociais.

Vamos parar por aqui porque essa lista é interminável e você tem mais o que fazer. Vamos deixar só duas conclusões:

1. Nenhum presidente deve tratar a imprensa de forma rude;

2. Quem veiculou as fanfarras acima é bundão. No mínimo.

 


Imprensa Diária quarta, 26 de agosto de 2020


Imprensa Diária quarta, 26 de agosto de 2020

24 DE AGOSTO (REPÓRTER FALOU DA FILHA DO PRESIDENTE NA CADEIA)

 

BRASIL EM 24 DE AGOSTO (REPÓRTER FALOU DA FILHA DO PRESIDENTE NA CADEIA)

 


Imprensa Diária quarta, 26 de agosto de 2020

FALA, DOUTORA - UM MINUTO DE SILÊNCIO PELAS VÍTIMAS DA COVID-19

 

 

FALA, DOUTORA - UM MINUTO DE SILÊMCIO!

 


Imprensa Diária terça, 25 de agosto de 2020

A GROSSERIA DE BOLSONARO E A VERDADEIRA AMEAÇA À LIBERDADE DE EXPRESSÃO

 

 

A GROSSERIA DE BOLSONARO E A VERDADEIRA AMEAÇA À LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Leandro Ruschel

 


Imprensa Diária segunda, 24 de agosto de 2020

NO FUCINHO DO JORNALISTA GLOBENTO

 

 

NO FUCINHO DO JORNALISTEIRO GLOBENTO

 

 


Imprensa Diária domingo, 16 de agosto de 2020

UM RECADO PARA A ESQUERDA

 

UM RECADO PARA A ESQUERDA

Paulo Polzonoff Jr.

Os analistas políticos, os artistas e os intelectuais de esquerda ou da chamada “direita prudente e sofisticada” não tiveram uma boa sexta-feira (14). Isso porque, logo que acordaram, se depararam com a realidade esfregada em suas caras. A mesma realidade que eles insistem em negar, talvez porque estejam com os olhos fixos na tela do computador, à espera de likes.

Diante de uma recente pesquisa do Datafolha mostrando uma expressiva recuperação na popularidade do presidente Jair Bolsonaro, muitos deles correram para as redes sociais a fim de demonstrarem enfaticamente sua indignação, quando não desconfiança. Afinal, como é possível que um instituto de pesquisa sério divulgue números que, se não destroem, corroem a narrativa cuidadosamente construída dentro do diretório partidário ou sindicato?

Aliás, bastante curioso como a credibilidade questionável do instituto de pesquisa acaba por conferir aos números divulgados ainda mais peso. Desde as manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff, a metodologia do Datafolha é alvo de dúvidas que viraram até piada nas redes sociais. Mas se até um instituto de pesquisas com viés à esquerda está atestando o aumento de popularidade do presidente, como questionar os números?

Uma vez aceita a tese de que os números refletem mesmo a realidade, apesar da “sensação do internauta” de que Jair Bolsonaro estava prestes a ser apeado do poder, resta aos analistas políticos, intelectuais, artistas, YouTubers, esportistas e modelos que compõem esse estranho grupo chamado de “formadores de opinião” discorrer sobre a causa do fenômeno. Afinal, se o presidente genocida e fascista está sendo bem visto pelo povo, é porque há alguma coisa de muito errada com esse povo, não é mesmo?

É uma postura arrogante que recentemente contou com o endosso do ministro Alexandre de Moraes. Ao dizer que “toda tirania deve ser afastada, inclusive a tirania da maioria que elege o Executivo e o Congresso”, o ministro do STF deu uma banana para o princípio básico da democracia, associando a decisão soberana do povo, essa abstração que ele considera ser de pouco lustro e nenhum bom senso, a um atentado contra todos os valores da civilização.

Sem a ousadia autoritária do ministro, mas com o mesmo espírito iluminado, teve gente que, diante dos números positivos para o presidente, correu para usar todos os chavões que até ontem condenavam. Como a região Nordeste foi a que apresentou a maior redução na taxa de rejeição a Bolsonaro, sobraram manifestações de nordestinofobia e insinuações de que o sertanejo é antes de tudo um vendido.

Os analistas políticos que resistiram à tentação de usar o determinismo geográfico para explicar a melhora nos índices de popularidade de Jair Bolsonaro substituíram a visão benéfica, quase idílica, do Programa Bolsa Família, até ontem visto como uma medida de um altruísmo inquestionável, pela ojeriza ao óbvio assistencialismo populista da Ajuda Emergencial dada aos mais afetados pela pandemia de Covid-19.

“O populismo funciona”, espantou-se alguém na minha timeline. Outro comparou a Ajuda Emergencial a uma porção diária de lavagem (!) que se dá aos porcos a fim de torná-los submissos e obedientes. Houve ainda quem atribuísse a mudança na forma como as pessoas veem Bolsonaro ao fim das quarentenas impostas pelos governadores. Um escritor, provavelmente cansado de conviver com essa gente “tosca” que insiste em não ver Jair Bolsonaro como um Hitler ou Anticristo, anunciou estar à procura de uma residência literária na Cochinchina. E assim por diante.

Com raiva da realidade que contradiz suas narrativas, tanto a extrema-esquerda quando a direita-com-nota-de-rodapé são incapazes de calçar as proverbiais sandálias da humildade e reconhecer que a maioria não é tirânica e tampouco se vê como refém de três lobos-guarás. Que, talvez, o aumento na popularidade ou diminuição na rejeição a Jair Bolsonaro (copo meio cheio ou meio vazio, ao gosto do freguês) se deva justamente à hostilidade fomentada pelos formadores de opinião sempre tão indignados.

Ninguém aguenta mais lockdown, isolamento social, medidas restritivas ou o que quer que seja. Ninguém aguenta mais o populismo cheio de frufru dessa gente que diz que as pessoas deixarão de ler por causa de imposto sobre o livro, que defende a volta da contribuição sindical, que diz que entregador de comida tem que ter carteira assinada. Ninguém aguenta mais essa história de que a democracia está em risco, buá, buá. Ninguém aguenta mais ser cotidianamente xingado de racista, homofóbico, misógino e fascista.

Ninguém aguenta mais o vitimismo e a pretensão daqueles que estufam o peito para se autoiludir com essa história de “somos 70%”.


Imprensa Diária quinta, 13 de agosto de 2020

CEM MIL MORTOS

 

J.R.GUZZO

CEM MIL MORTOS

O número de 100.000 mortos pela covid-19 no Brasil chegou, já foi superado e, aparentemente, o público não ficou nem mais nem menos chocado do que já estava; talvez esteja chegando aos limites da sua capacidade de mostrar-se espantado com as notícias sobre a tragédia. Ao mesmo tempo, essa cifra calamitosa coincidiu com o que parece ser uma estabilização na quantidade de vítimas diárias – e, em resultado, as decisões de abrandar a quarentena que estão sendo tomadas por um número crescente de governadores e prefeitos pelo país afora. Seria uma tendência? Nos países que resolveram voltar por etapas à normalidade, não houve até agora nenhum recuo importante no rumo do confinamento extremo. Como a situação no Brasil tem acompanhado, mais ou menos, o que aconteceu lá fora, é de se supor que também aqui a retomada continue.

Não é possível minimizar o tamanho desse desastre, dizendo que, no fim das contas, não foi “tudo isso”; é tudo isso. Mas também não é mais do que isso. Tornou-se uma lei política, ideológica e moral, nos setores da sociedade brasileira que se imaginam capazes de pensar melhor do que todos os demais, defender o “distanciamento social”, como se diz, acima e além de qualquer outra necessidade do país.

É errado, segundo esse credo, fazer a mínima reflexão sobre realidades que considerem alternativas ao “fique em casa”. Mas as tentativas de se olhar as coisas como elas são, apenas isso, não podem ser tomadas como uma agressão à pátria – ou como um inventivo ao genocídio, ao fascismo e à “extrema direita”.

Em relação ao número de mortos de modo específico, não há, pela lógica mais elementar, nenhuma razão para o Brasil ter resultados melhores que os foram verificados em países muito mais desenvolvidos, com administração mais organizada e serviços públicos de saúde notoriamente superiores aos nossos. Por que a epidemia no Brasil deveria se comportar de um jeito diferente? Os Estados Unidos, que têm um PIB de 20 trilhões de dólares, ou dez vezes maior que o do Brasil, registram até o momento cerca de 165.000 mortos – 60% a mais.

O Reino Unido, a França e a Itália, com os seus tão festejados sistemas sociais de assistência médica, têm, somando os três, uma população menor que a brasileira; mas o total de mortos ali é praticamente o mesmo que aqui. Em todos esses casos, o número de óbitos por milhão de habitantes é superior ou equivalente ao que o Brasil teve até agora. Nenhum ministro do STF, nem qualquer figura de destaque do “campo progressista”, disse que há genocídio nos Estados Unidos, na Grã-Bretanha, na França ou na Itália; “genocídio”, pela nova religião, é coisa que só acontece no Brasil.

A covid-19 já é uma tragédia humana suficientemente horrível. Não há nenhuma necessidade de aumentar a desgraça real com exploração política oportunista, rasteira e irracional.


Imprensa Diária sábado, 01 de agosto de 2020

O QUE REALMENTE IMPORTA SABER SOBRE A VIAGEM DE BOLSONARO AO NORDESTE

 

J.R.GUZZO

O QUE REALMENTE IMPORTA SABER SOBRE A VIAGEM DE BOLSONARO AO NORDESTE

O público brasileiro, pelo noticiário que lhe foi servido nos meios de comunicação, ficou sabendo que o presidente Jair Bolsonaro foi ao interior do Piauí e da Bahia, na primeira viagem que fez após ter se recuperado da Covid, onde realizou uma série de atividades – ou, mais exatamente, foi acusado de praticar os seguintes atos:

1 – Causou aglomeração de gente com a sua presença em praça pública, onde compareceu para inaugurar novos serviços de fornecimento de água – que ficam, justamente, em praça pública e, em consequência disso, não podiam ser inaugurados num espaço fechado.
 
2 – Retirou a máscara na hora de falar ao público de cima de um palanque, presumivelmente para que as pessoas pudessem entender o que estava dizendo.
 
3 – Montou num cavalo e acenou para os “apoiadores”, como se diz hoje, que estavam presentes. Neste caso, não houve nenhuma denúncia específica, contra ele ou contra o cavalo, de que um dos dois estivesse ameaçando a saúde pública; o gesto foi apenas incluído no pacote geral.

Tudo isso pode ser interessante, mas nada foi publicado sobre a questão que realmente vem ao caso: como está neste momento a cotação política de Bolsonaro no Nordeste, onde os institutos de pesquisa acham que fica o seu ponto eleitoralmente mais fraco – e, ao contrário, o ponto mais forte do ex-presidente Lula e da “oposição”? Na verdade, pode ser a questão mais relevante no momento no território eleitoral.

Bolsonaro tem ido repetidamente ao Nordeste e, pelas imagens disponíveis, vem sendo recebido por muita gente e com aplausos. Os R$ 600 do auxílio de emergência em função da Covid, como indicam as realidades da vida política na região, podem estar tendo um efeito pró-governo; estão tendo mesmo? E se estiverem, qual é a sua potência? Equivalente à que o Bolsa Família teve para Lula? Mais, por que se trata de muito mais dinheiro? Menos?

Outra coisa: as visitas constantes da ministra Damares Alves ao Nordeste, onde ela cumpre regularmente o circuito evangélico-gente-pobre-mães de família, está influindo na posição eleitoral do presidente? Quem está mais presente na região: Bolsonaro e o governo ou o consórcio Fernando Haddad-Luciano Huck-Arminio Fraga-Sergio Moro-Rodrigo Maia-PT-empreiteiros de obras públicas-banqueiros progressistas-sociólogos-artistas de novela-etc. que forma hoje a oposição no Brasil? Não estaria na hora de aparecerem alguns números a respeito disso tudo? Não dá para saber.

Em compensação, o brasileiro será abastecido com o máximo de informação sobre as aglomerações que Bolsonaro está provocando no Nordeste.


Imprensa Diária sexta, 31 de julho de 2020

O GENOCÍDIO CULPOSO DO SUPREMO

 

J.R.GUZZO

O “GENOCÍDIO CULPOSO” DO SUPREMO

A palavra que mais encanta os ministros do Supremo Tribunal Federal hoje em dia é genocídio. Ainda outro dia foi o ministro Gilmar Mendes que espantou todo mundo – e ao que parece até ele próprio, pois logo depois achou melhor reformular o que tinha dito – ao anunciar que o Exército do Brasil era cúmplice de “genocídio”. Agora é a vez do ministro Luís Roberto Barroso. Ele chegou à conclusão que o governo do presidente Jair Bolsonaro ia cometer neste país um genocídio para ninguém botar defeito, mas o STF não deixou – e graças à sua sabedoria o Brasil foi salvo desta desgraça. Os dois estão falando, pelo que foi possível entender, da covid-19.

Em seu entendimento, o governo agiu em todo esse episódio como se estivesse tentando matar a população brasileira – uma espécie de “genocídio culposo”, digamos, porque o autor do crime não teria a intenção de matar, mas, como ocorre nos acidentes de trânsito, agiu com negligência, imprudência ou imperícia e, portanto, mereceria ser levado ao banco dos réus.

Em suma: os ministros Gilmar e Barroso (aguarda-se, agora, os pronunciamentos dos colegas) condenam o governo federal pelo que iria fazer, mas não conseguiu. Pode ser apenas mais um, dentro do processo de produção contínua de despropósitos que o STF colocou em funcionamento já há bom tempo. Mas, quando se pensa um pouco, talvez haja algum método nessa loucura. O fato é que os ministros estão diante de um problema sem solução.

No início da epidemia, proibiram o governo Bolsonaro de fazer qualquer ação contra a covid-19: tinha de liberar todo o dinheiro exigido para o tratamento da doença, mas tudo deveria ficar exclusivamente a cargo das “autoridades locais”, ou seja, dos governos estaduais e das Prefeituras. Cinco meses depois, temos 85.500 mortos, até a contagem desta última terça-feira, e uma massa de sofrimento que não é possível contabilizar.

A culpa, então, é dos governadores e prefeitos? Não se sabe; o Supremo ainda não baixou nenhuma bula em resposta específica a essa pergunta. Mas do governo federal com certeza não é – por atestado do próprio STF, que vetou a sua entrada na questão. Que fazer?

Os ministros não gostam da ideia de terem alguma responsabilidade pelo desastre. Vem, então, essa história do genocídio. Como o presidente disse, no começo da epidemia, que era tudo uma “gripezinha” de nada, e o seu governo pensou numa campanha do tipo “acelera Brasil”, o Supremo teve de impedir que esse tipo de postura viesse a turbinar o vírus; por isso proibiu o governo de entrar na questão e evitou que estragasse tudo, mas a culpa continua sendo dele, porque ia causar uma calamidade que acabou não causando.

E o que aconteceu depois da decisão do STF – o que seria? A tese de Barroso é que se não fosse pelos ministros, aí sim é que a coisa ia ficar preta. Com a sua intervenção, houve só 85.500 mortes – o que, tanto quanto se possa deduzir, Barroso está achando que foi um tremendo sucesso.

Para não perder a viagem, ele disse, na mesma ocasião, que o liberalismo está acabando com o Brasil. O Supremo brasileiro, hoje em dia, é isso.


Imprensa Diária sexta, 31 de julho de 2020

GUERRA DAS FARMACÊUTICAS CONTRA A CLOROQUINA

 

A FALA DE CLAUDIO LESSA

 


Imprensa Diária quarta, 29 de julho de 2020

A ESQUERDA BRASILEIRA SE SUPERA AO TRABALHAR CONTRA A CLOROQUINA

 

J.R.GUZZO

A ESQUERDA BRASILEIRA SE SUPERA AO TRABALHAR CONTRA A CLOROQUINA

A esquerda brasileira já defendeu as causas mais assombrosas ao longo de sua história, mas está empenhada neste ano de 2020 num esforço “de superação”, como dizem os manuais de autoajuda, para ir ainda mais adiante.

Sua atual bandeira deixou um pouco de lado a denúncia do capitalismo e passou a ser a luta contra uma substância química – sim, pois a química pode parecer uma coisa neutra para você, mas não para o chamado “campo popular”, onde se transformou no grande farol político do momento para as massas. Essa substância é a cloroquina. É curioso, porque até seis meses atrás, no máximo, os próprios esquerdistas não saberiam dizer se eram contra ou a favor da cloroquina – a maioria, na verdade, nunca tinha ouvido falar nela. Mas com a Covid-19 tudo mudou.

A esquerda brasileira, por razões que talvez um dia se tornem mais compreensíveis para o público em geral, tomou desde o início uma posição radical a favor do vírus. Como essa cloroquina, no entender dos milhares de médicos que estão fazendo uso dela para seus pacientes, pode ajudar na recuperação dos infectados nos estágios iniciais da doença, os militantes progressistas fecharam questão: qualquer medicamento que possa oferecer riscos de ter algum efeito positivo contra a Covid-19 precisa ser combatido.

O raciocínio, tanto quanto foi possível deduzir até o momento, é que a cloroquina pode reduzir o ritmo da contabilidade diária de mortos. Essa redução é considerada um perigo político claro e imediato – pois menos mortos significa mais possibilidades de fazer o Brasil funcionar de novo, e tudo o que de alguma maneira venha a colaborar com a volta da normalidade é considerado “inaceitável” pela esquerda nacional.

É o que se pode ouvir em qualquer mesa redonda mais cabeça, das tantas que há por aí: o “sistema produtivo” que existia no país até o início da epidemia não pode ser retomado, garantem os especialistas chamados a nos ensinar como tem de ser o mundo daqui para a frente. As mortes causadas pela Covid-19 não são resultado da ação de um vírus; foram causadas pelas “formas capitalistas de produção”. É preciso, portanto, mudar “tudo isso que está aí”, etc, etc, etc.

A palavra de ordem, na questão específica da cloroquina, é que não se provou até agora, cientificamente e além de qualquer dúvida, qual o seu grau de eficácia no combate à Covid-19. Conclusão: ela não deve ser aplicada até que a medicina, ao longo dos próximos anos, demonstre com exatidão os seus efeitos. Também não se pode garantir com 100% de certeza o efeito de antibióticos, corticóides, anti-inflamatórios e mais uma penca de medicamentos utilizados todos os dias nos hospitais do mundo inteiro. Pode haver variações de acordo com o organismo do paciente, seu histórico de saúde, o estágio da doença e outras particularidades; nem por isso há campanhas políticas para proibir a sua utilização.

Mas aí é uma questão de fatos, e fatos são o que menos interessa na presente cruzada contra a cloroquina. A única atitude permitida é: “fique em casa”, esperando que um dia seja descoberta uma vacina infalível, que também vai ter de enfrentar uma batalha morro acima até ser autorizada pelas nossas forças populares, democráticas e progressistas.


Imprensa Diária terça, 14 de julho de 2020

ESTELIONATO ELEITORAL: MENTIRAS NA CAMPANHA

 

 

SABE, SABE…

 


Imprensa Diária sábado, 11 de julho de 2020

DEU NA FOLHA: TORÇO PARA QUE BOLSONARO MORRA

 

DEU NA FOLHA: “TORÇO PARA QUE BOLSONARO MORRA”

 


Imprensa Diária quinta, 02 de julho de 2020

TRANSPOSIÇÃO - VALE A PENA VER DE NOVO

 

VALE A PENA VER DE NOVO

 


Imprensa Diária terça, 26 de maio de 2020

QUEM É O INIMIGO

 

J.R.GUZZO

QUEM É O INIMIGO

A única arma contra a peste é a honestidade. – Albert Camus, em A Peste

Eis aí o que mais está faltando ao Brasil destes tempos de epidemia, morte e miséria. Há gestores que não acabam mais – um em cada esquina, do Oiapoque ao Chuí. Há a multiplicação geométrica de palpites que se transformam em decisão de governo. Há autoridades que querem acabar com o vírus produzindo feriados, filas de ônibus ou congestionamentos de trânsito. Rodízios de carro são feitos, desfeitos e refeitos; a única certeza que deixam é de que as autoridades que decidem sobre eles não têm ideia do que estão fazendo. A cada meia hora aparece alguma nova facção obcecada em defender alguma coisa, ou em guerrear contra ela – da cloroquina à proibição da abertura dos armarinhos. Mas a coragem de assumir posições honestas está desaparecida há três meses no Brasil.

Nunca foi muito presente. Hoje em dia, sumiu de vez. Entra de tudo neste cozido. O público teve direto, inclusive, a uma declaração realmente extraordinária do ex-presidente Lula, que se juntou à multidão de celebridades com algum manifesto essencial a lançar sobre a covid-19. “Ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus”, disse Lula. O lado bom da tragédia, segundo ele, seria o efeito didático do vírus. “Esse monstro está permitindo que os cegos comecem a enxergar que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises”, disse Lula. Que solução? Se a covid está provando alguma coisa nesse país, é justamente a incapacidade terminal do Estado em lidar com o problema. Basta olhar para a lista de mortos que cresce desde março – ou o que acontece dentro dos hospitais públicos onde a epidemia é tratada.

E a roubalheira, então? A primeira consequência da majestade do “Estado” perante a covid foi a suspensão das licitações públicas para despesas relacionadas com o combate ao vírus; a partir daí, rouba-se com inédita ousadia em todos os Estados e 5.500 municípios, sem que o Ministério Público incomode realmente ninguém.

Mas é nisso mesmo que está a verdadeira alma do atual debate: a realidade que vá para o diabo. A única coisa que interessa é aproveitar o vírus para vender o seu peixe ideológico, político ou financeiro.

A população brasileira precisa, mais do que nunca, de uma trégua; só então se abriria mais espaço para a competência, a eficácia e a seriedade científica no trato da calamidade que está arruinando o País. Mas nenhuma trégua será possível sem honestidade – mesmo com todas as declarações de bons propósitos como as que foram feitas outro dia pelo presidente da República, os 27 governadores e os presidentes do Senado e da Câmara, em sua reunião virtual. O problema real é que os políticos – e milhões de cidadãos – acham que hoje só existe um tipo de fato: o que confirma as suas próprias opiniões, crenças ou convicções sobre a epidemia. Mas não é assim. Há fatos independentes entre si que convivem ao mesmo tempo; a existência de um não anula a existência de outro. O medo de morrer é um fato que está acima de dúvida. O medo de ficar sem dinheiro para sobreviver é outro, do mesmo tamanho.

Na maioria dos países do mundo há um inimigo comum – o vírus. No Brasil, o inimigo é quem defende um ponto de vista diferente do seu. O resultado é essa aberração que está aí, na qual o confinamento deixou de ser um meio para combater a epidemia e se transformou numa meta política que divide o poder público em dois campos opostos. É o ideal para fazer o que estão fazendo: matar cada vez mais gente e, ao mesmo tempo, destruir o País.

 


Imprensa Diária segunda, 25 de maio de 2020

CELSO DE MELLO: O AGENTE DA DESORDEM NACIONAL

 

J.R.GUZZO

CELSO DE MELLO: O AGENTE DA DESORDEM NACIONAL

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal está sendo hoje o principal agente da desordem no Brasil. Para sorte de todos nós, ele será obrigado a deixar o cargo em novembro, por chegar ao limite de idade da aposentadoria compulsória; vai ser, com certeza, o melhor momento de sua passagem pela suprema corte. Mas, até lá, será um barril de pólvora à espera de um fósforo: disposto a usar a sua função para impor ao país um projeto político pessoal, tornou-se uma ameaça direta à lei, à ordem e a democracia. Nas últimas 24 horas, levado cada vez mais pelo surto de onipotência mal resolvida que tem exibido nesse seu fim de linha, baixou as duas ordens mais destrutivas do ataque serial que vem fazendo contra a Constituição desde que deu a si próprio a missão ilegal de eliminar a autoridade do Poder Executivo e derrubar o presidente da República.

A conduta de Melo é uma aberração. Excitado, incompreensível nas razões que apresenta para seus despachos e dando sinais crescentes de estar fora de controle, mandou divulgar as imagens e as falas da reunião do ministério na qual, segundo o ex-ministro Sergio Moro, o presidente Jair Bolsonaro teria praticado o crime de pressão indevida sobre funcionário público (ele próprio, Moro), no exercício da função. Em seguida, tomou a decisão de manter vivo um pedido de “busca e apreensão” do telefone celular pessoal do presidente da República, apresentado por deputados da oposição.

A exibição pública da reunião ministerial é um disparate em estado puro: não há, em nenhum momento do vídeo e do áudio que Mello mandou divulgar, o mínimo sinal, e muito menos prova, de que ali tivesse sido cometido qualquer crime. O magistrado sabia perfeitamente disso, como todo mundo que viu as imagens e escutou as palavras ditas na reunião; sabendo que não havia crime nenhum, ordenou, assim mesmo a divulgação. Em que razão pode se basear um despropósito desses? A única coisa que de fato ocorreu, no fim das contas, foi a publicação de uma reunião que o Poder Executivo tem o direito legal de manter em sigilo. E “os crimes” que a população tinha “o direito de saber”? Não houve crime algum – a não ser a ordem ilegal de expor atos da presidência cuja confidencialidade é protegida pela Constituição.

A “busca e apreensão” do celular de Bolsonaro é outra demonstração de desequilíbrio do ministro Mello – os psiquiatras, possivelmente, chamam de “descompensação” esse tipo de estados mentais. Ele recebeu dos deputados um pedido abusivo, ilegal e apresentado abertamente como ato político, e não judicial – mas ao invés de simplesmente negar a petição, como fazem todos os juízes diante de solicitações desprovidas de base legal, “encaminhou” a coisa para a Procuradoria Geral da República. Está mantendo de pé, de caso pensado, uma pretensão extravagante, que agride os direitos do presidente da República à sua própria privacidade e tem como objetivo declarado a sua deposição.

Os repetidos esforços de Celso Mello para romper as instituições e derrubar o presidente sem o processo de impeachment previsto na lei trouxeram o Brasil para o ponto mais próximo de um “problema militar” desde o 31 de março de 1964. Uma nota pública do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, informou que a apreensão do telefone do presidente pode ter “consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional”. Pode mesmo – a ordem seria flagrantemente inconstitucional, e a lei estabelece que as Forças Armadas têm a obrigação de agir em defesa da lei, se o poder civil age contra ela ou não consegue defendê-la.

Celso Mello, que em nenhum momento de sua carreira deu ao público oportunidades de constatar algum ato de coragem sua parte, soltou depois da manifestação do general uma nota com excesso de explicações sobre o que não tinha feito. Vamos ver, daqui para frente, o que o ministro e quem se utiliza dele para criar baderna nas instituições vão fazer. Mello está encantado com a descoberta de que se tornou um herói da esquerda e dos editoriais da imprensa. Espera-se que o medo, sensação que sempre tem suas virtudes, possa deter a aventura que vai sendo construída ao seu redor.


Imprensa Diária quarta, 20 de maio de 2020

O ABISMO QUE SEPARA O MUNDO REAL DO FAZ DE CONTA DOS NOSSOS GOVERNANTES

J.R.GUZZO

O ABISMO QUE SEPARA O MUNDO REAL DO FAZ DE CONTA DOS NOSSOS GOVERNANTES

Governadores e prefeitos adotam atitude cada vez mais agressiva contra a população ao insistir na paralisia do país para combater a epidemia

A tragédia da Covid-19 está pondo de novo em evidência, talvez mais do que nunca, o abismo infinito que existe no Brasil entre o mundo dos cidadãos e o mundo dos que mandam nos diversos níveis de governo. Não se trata apenas de constatar a flagrante hipocrisia de autoridades que falam hoje em “defesa da saúde pública” sem nunca terem tido na vida, uma única vez que seja, se internado num hospital do SUS, aguentado horas de fila para serem atendidos num ambulatório ou esperado seis meses para fazerem um exame clínico. Esse é um escândalo permanente e sem cura.

A novidade, agora, é a atitude cada vez mais agressiva que adotam contra a população ao insistir na paralisia do país para combater a epidemia. Qual é o problema com esse “distanciamento social” tão virtuoso que estão impondo às pessoas? Será que ninguém entende que tudo o que os governantes estão pedindo é uma coisa facílima: ficar “em casa”, apenas isso?

De fato, para a maioria dos governadores de Estado, prefeitos de grandes ou médias cidades e membros do Senado e da Câmara dos Deputados, obedecer a “quarentena”, como todo bom patriota deve fazer, é muito fácil. No mundo em que habitam, e que nada tem a ver com a realidade dos que são governados, tudo é fácil. Não é preciso ir trabalhar todos os dias, porque no fim do mês seus vencimentos são depositados sem um tostão a menos – é você, por sinal, quem paga o sustento de todos eles.

Qual seria o problema com as barbearias fechadas? É só chamar o seu barbeiro em casa – assim como o “personal trêiner”, a manicure ou o alfaiate que trabalha sob medida. Qual a dificuldade com as filas para comprar comida nos supermercados? É só mandar o seu motorista ir fazer as compras em seu lugar, ou chamar o “delivery”. (Os motoristas das autoridades, por sinal, são associados aos animais e outros entes sem alma em relação ao “distanciamento social”. Não precisam cumprir quarentena nenhuma – ao contrário, continuam obrigados a ir trabalhar enquanto os chefes ficam “em casa”.)

Governadores, prefeitos e parlamentares estão convencidos de que não existe problema nenhum com o seu emprego; basta fazer teletrabalho. Sua loja está há dois meses fechada? Fácil: é só vender “online”. Você está sofrendo com a proibição de obedecer aos rodízios de veículos? Muito simples: tenha dois carros, um para os dias pares, outro para os dias ímpares. Por que esse nervosismo todo? Por que essa gente que reclama não faz como a maioria dos 12 milhões de funcionários públicos, os ricos ou os que vivem de renda, que não precisam comparecer ao local de trabalho todos os dias? Por que o povo não se inspira no exemplo de 80% os professores da rede pública de São Paulo, que segundo uma pesquisa recém-publicada “não se sentem preparados” para voltar ao trabalho”? É isso: tudo o que o cidadão tem de fazer é declarar-se “não preparado” para o trabalho.

É uma agressão aberta ao público que governadores, políticos e burocratas continuem sem entender que há milhões de brasileiros que estão ficando desesperados ao ver, a cada dia, que têm menos dinheiro no bolso para o seu sustento e o de suas famílias. Como não precisam encarar essa dificuldade, acham que o resto das pessoas também não. É em momentos como os de agora que o Brasil pode constatar, para além de qualquer dúvida, o quanto o público pagante é desprezado pelos que elege.


Imprensa Diária sábado, 16 de maio de 2020

QUEM VAI PAGAR O PREÇO?

 

J.R.GUZZO

QUEM VAI PAGAR O PREÇO?

População mais pobre é quem mais vai sofrer com as consequências das medidas de isolamento que estão arruinando a economia

Um dia, no futuro, vão ser feitas as contas exatas e finais do custo que a Covid-19 trouxe para o Brasil, mas aí já vai ser tarde demais – o mal estará feito, e nenhum esforço, seja dos governos ou de quem for, vai ser capaz de devolver mais adiante o que foi perdido hoje. Vidas humanas “não têm preço”, como dizem desde o começo disso tudo a maioria dos políticos, homens considerados como “de ideias” e aproveitadores diversos; por conta disso, todos os atos de destruição que vêm sendo praticados no país em nome do combate ao vírus têm de ser apoiados. “Salvar vidas”, nesta visão de mundo, é mais importante que salvar “empregos”, “empresas”, etc. Desde o começo, sempre foi um argumento falso. Não vai deixar de ser só porque passa mais tempo e aumenta o número de mortos.

Não é aceitável, obviamente, que para cuidar de vidas seja necessário arruinar o Brasil ao mesmo tempo. Mas é exatamente isso que está sendo proposto pela maior parte da gente que manda. As pessoas que não estão doentes também têm vidas a serem preservadas — a obrigação mais básica dos governos e demais responsáveis pela gestão da sociedade é tratar com o mesmo empenho das duas coisas, a saúde pública e a sobrevivência de todos os cidadãos.

Pode ser muito difícil, mas em nenhum lugar está escrito que os governos tenham direito a lidar apenas com coisas fáceis. Não se trata de uma opção em aberto. Não se trata de sobrevivência “econômica”. Manter a produção, o trabalho e as demais atividades essenciais a uma sociedade não é uma questão de aumento do PIB. É, simplesmente, a vida das pessoas. Ela tem de ser defendida tanto quanto a vida das vítimas da epidemia.

O Brasil, até o momento, tem cerca de 13 mil mortos em consequência da Covid-19 – algo como 0,006% dos 220 milhões de brasileiros. O número total de infectados, nestes últimos dois meses, está por volta de 180 mil. Em 2018, segundo os últimos números oficialmente computados pelo IBGE, morreram no Brasil, por todos os tipos de causa, 1,3 milhão de pessoas – 100 vezes mais que o total de mortos na presente epidemia.

É claro que uma vida humana vale mais que um conjunto de porcentagens. Os que sofrem com a tragédia das perdas individuais não podem ser consolados com um cálculo aritmético, nem com a informação de que são uma minoria no total da população. Mas ninguém perde por ter em mente as dimensões exatas do problema.

O preço que a população brasileira vai pagar pelos desastres que estão sendo praticados hoje em nome da “vida” — sobretudo a imensa maioria de pobres cuja única esperança de um mínimo de bem estar é o trabalho — será um horror. Como sempre, os responsáveis pelas decisões não vão pagar nada pelo desastre que causaram — a conta jamais irá para qualquer autoridade que está aí. Faz parte da nossa calamidade permanente.

 


Imprensa Diária quarta, 13 de maio de 2020

NO BRASIL, VEM EM DUPLICATA

 

J.R.GUZZO

NO BRASIL, VEM EM DUPLICATA

A calamidade da Covid-19 terá duplicata no Brasil

É uma desgraça, para o Brasil, que uma grande parte das autoridades públicas tenham decidido dobrar o custo que a pior epidemia da história recente está trazendo para as pessoas. Não basta a morte de 11.000 cidadãos em dois meses pela Covid-19, nem o sofrimento sem limites imposto às famílias que sofreram perdas de gente querida, nem as vidas arruinadas por este flagelo. Governadores, prefeitos e burocratas, cedendo ao pânico, à estupidez e ao interesse político mais grosseiro, estão castigando os cidadãos com atos de franca e aberta demência.

Sem qualquer restrição por parte da justiça, investem todo o seu tempo e energia na invenção de novas proibições, obrigações e castigos para atormentar cada vez mais os milhões de cidadãos que continuam vivos. A desculpa é que tudo o que estão fazendo é para o “próprio bem” da população. Mentira. É apenas o fruto da sua incapacidade para lidar com problemas graves e do seu oportunismo.

As demonstrações dessa corrida em busca da insensatez estão presentes no Brasil inteiro – da mesma maneira como ninguém está livre do vírus, ninguém está livre da presença de governos. Mas é provável que nenhum outro lugar do país esteja sofrendo tanto com essa infecção quanto São Paulo – por ser a maior cidade do Brasil, é naturalmente a que paga mais caro por se ver entregue a políticos que não estão à altura dos seus cargos, suas responsabilidades e seus deveres. São os piores porque, na prática, são os que causam dano ao maior número de pessoas: doze milhões de habitantes na capital, cerca de vinte na área metropolitana.

O que dizer de um lugar em que o prefeito municipal foi capaz de vir a público para anunciar com orgulho, e como uma das maiores obras da sua gestão na presente crise, a compra de 15.000 sacos para cadáveres e 38.000 urnas funerárias – sem contar a abertura de 13.000 covas para enterro e a contratação de 220 coveiros?

Não se discute, é obvio, a necessidade de enterrar os mortos; o prefeito e seus auxiliares não precisam explicar isso a ninguém. Trata-se, apenas, de notar a confusão mental de gente que tem a obrigação de administrar a principal cidade do Brasil. Não sabem o que fazer, mas querem fingir que sabem; o resultado são declarações deste tipo,

Um dos aspectos mais insanos deste passeio ao acaso são as exigências numéricas da prefeitura e do governo de São Paulo quanto ao nível de “isolamento social” que consideram o ideal para a cidade: querem “70%”, e como só estaria havendo “50%”, socam mais e mais proibições, penalidades e multas em cima de uma população que nada fez de errado além de estar viva e precisar viver.

Sua última novidade é um rodízio radical na circulação de veículos. Porque 70%? Como se faz a conta do “isolamento” – ou seja, o que realmente significa esse número? Também não é compreensível que São Paulo esteja, no momento, com 50% do seu movimento normal nas ruas.

A cidade, em novembro de 2019, tinha mais de 6.300.000 automóveis em circulação, além de cerca de 200.000 caminhões e ônibus e 1.200.000 outros veículos de quatro rodas. Segundo as contas das autoridades, uns 4 milhões desses veículos todos – metade da frota – estaria andando todos os dias na rua. Como assim? Onde estariam – espalhados na cidade inteira? A que horas do dia? Porque ninguém consegue ver 4 milhões de veículos circulando por aí? A conta incluiria também as pessoas?

Para bater com os números do governo, teria de haver 6 milhões de paulistanos pela rua, à vista de todo mundo. Onde estão? E o comércio, restaurantes, bares, cinemas, teatros – por acaso 50% disso tudo está aberto? A radicalização do rodízio só obriga as pessoas a deixarem o isolamento dos seus carros, onde não podem contaminar ninguém, e virem se amontoar no transporte público. É o contrário do que o governo quer.

A calamidade da Covid-19 atinge o mundo inteiro. No Brasil ela vem em duplicata.


Imprensa Diária segunda, 04 de maio de 2020

OS PORÕES DA EPIDEMIA

 

OS PORÕES DA EPIDEMIA

Guilherme Fiuza

O governador de São Paulo, João Dória, deu um telefonema particular para o ministro da Economia, Paulo Guedes, logo após o pedido de demissão do ministro Sergio Moro. Segundo relatos não desmentidos pelo governador, Dória recomendou a Guedes que pedisse demissão também – retirando a última sustentação do governo Bolsonaro, segundo ele.

Paulo Guedes é o principal condutor da agenda de reconstrução do país, o homem que regeu reformas vitais como a da Previdência e cujas ações afetam diretamente a vida de toda a população. No meio de uma crise grave e inusitada provocada por uma pandemia, o governador do maior estado da Federação pede que o comandante do navio largue o leme – o que, pelos cálculos de Dória, deixaria o país à deriva.

Paulo Guedes respondeu que a sustentação do governo não vem dele, mas do apoio do povo. E que seu plano não é deixar o barco afundar, pois acredita que após a superação da crise o apoio popular que sustenta o governo se multiplicará.

Você acaba de testemunhar a conversa entre um homem e um rato.

Assim como João Dória tinha uma mensagem para Paulo Guedes (será que algum outro ministro recebeu a mesma sugestão?), também temos uma mensagem para João Dória. Mas não vamos telefonar escondido para ele, porque só trabalhamos à luz do dia.

Prezado governador, como vai o Lula? O enlace entre vocês continua progredindo, ou ele já teve uma crise de ciúmes diante do seu talento para a destruição? É bem verdade que as obras completas do ex-presidente continuam imbatíveis, mas também é certo que ele nunca conseguiu a sua eficácia destrutiva no intervalo de um mês.

Lula deve estar encantado com você. Segundo Leonel Brizola, o “sapo barbudo” era um maníaco pelo poder e, para chegar aonde queria, era capaz de “pisar no pescoço da mãe”. E você, Dória, que não é um sapo barbudo e não tem um fio de cabelo fora do gel, veio derrubar os velhos modelos de ambição porca. O novo maníaco é limpinho, não se descabela, não se altera, não se perturba, não se envergonha e é, portanto, à prova de remorso e comiseração. Tudo isso graças a um dom muito simples e discreto: não ter coração. E os tolos aí tentando criticar você com códigos humanos…

Os mais atentos jamais vão se esquecer do brilho nos seus olhos quando você disse que não ia deixar nada funcionar. E quando você constrangeu todos os empreendedores insinuando que eles estavam pensando em lucros, enquanto você estava pensando em vidas. Logo você…

Aí recentemente a Organização Mundial da Saúde, que é a madrinha da quarentena burra, admitiu que o lockdown horizontal não é necessariamente a medida certa contra a epidemia, dependendo da região. E o diretor-geral Tedros Adhanom, porta-voz planetário do “fique em casa” (e cale a boca), recomendou com todas as letras que regiões onde há vulnerabilidade social (gente que cava a subsistência todo dia) devem relativizar o confinamento, protegendo os grupos de risco. Aí você e aquela sua junta médica do apocalipse, até então devotos fervorosos da OMS, ficaram surdos. Quem é Tedros para desafiar a ciência da destruição?

Vieram mais e mais dados, também da OMS, sobre o avanço do contágio por coronavírus dentro das casas. A entidade já chegou a considerar que a pandemia pode estar sendo estendida pela pouca circulação do vírus entre os saudáveis – o que levaria à imunização natural das populações. E você e suas cassandras ficaram firmes, continuando a apavorar todo mundo com equações inventadas relacionando rigorosamente percentual de confinados com demanda por leitos. E com aquele show de óbitos “presumidos” por covid-19 – um escândalo estatístico que, para a sorte de vocês, ninguém questiona.

Prezado João Dória, este bilhete é só para lhe dizer que, a partir do seu telefonema sórdido para Paulo Guedes, ninguém tem mais o direito de negar a sua ciência da ruína. Não vamos pedir a você o que você pediu ao ministro da Economia, porque androides não desistem. Mas saiba que o surto de catatonia geral vai passar, e ninguém no porão ficará imune. Nem os ratos.

 

 


Imprensa Diária sábado, 02 de maio de 2020

ALEXANDRE DE MORAES AGIU COM UM JURISTA DE DITADURA AFRICANA

 

J.R.GUZZO

ALEXANDRE DE MORAES AGIU COMO UM JURISTA DE DITADURA AFRICANA

Há muita gente no Brasil que não gosta da Constituição, gostaria que ela fosse abolida e até faz passeatas e carreatas pedindo o fechamento do Congresso, a eliminação do Supremo Tribunal Federal (STF) e a “intervenção militar já”. Há, imaginem, até mesmo um “inquérito” em nosso mais alto tribunal de justiça para descobrir quem está querendo o fim do estado de direito neste país.

Mas quem trabalha neste momento contra a Constituição, as instituições e a democracia – na vida real, de forma objetiva, através de atos e não de palavras – são ministros do próprio STF. Deveria ser o contrário, é claro; eles mesmos, aliás, passam a vida dizendo que estão lá como “guardiões da lei”. Mas no momento são os que mais agridem a lei, ameaçam a estabilidade nacional e tentam transformar o país numa republiqueta de bananas, onde o que vale são as pessoas que mandam, e não o que está escrito nas leis.

Guardiães das instituições? Que piada. Como é possível alguém levar a sério, aliás, que um ministro como esse Alexandre de Moraes, hoje em seus momentos de maior fama, possa ser guardião de alguma coisa? Moraes, cujas credenciais jurídicas mais notáveis para ocupar seu cargo no STF foram o fato de ter sido chefe de Polícia em São Paulo e militante de um partido político que apoiava o governo Michel Temer, patrono de sua indicação, já preside um inquérito secreto, com policiais em seu serviço direto, para apurar “ataques contra o Supremo”.

Colocou sob censura a revista digital Crusoé e indiciou em inquérito penal o jornalista Mario Sabino. Suas ações são de jurista de ditadura africana – aquele que ao mesmo tempo investiga, julga e condena, ele próprio, os crimes dos quais se diz vítima. Agora, cometeu um ato de guerra contra o presidente da República e o Poder Executivo.

O ministro, atendendo ao pedido de um partido político, o PDT, proibiu o presidente Jair Bolsonaro de nomear o delegado Alexandre Ramagem para o cargo de diretor geral da Polícia Federal. O PDT pediu? Está operando para derrubar o presidente? Então levou.

Não é preciso mais nada, nesse STF que está aí. Não há nenhuma razão legal para a sua decisão; o nível dos argumentos apresentados é de centro acadêmico de uma faculdade de direito de segunda linha. Moraes desrespeitou a lei que garante ao presidente a prerrogativa de nomear o diretor da PF. Violou o direito legal do delegado Ramagem de ocupar um cargo publico para cujo exercício tem 100% de condições; seu único crime é ser uma pessoa da confiança pessoal do presidente da República. Invadiu de forma grosseira a área do Executivo e praticou ato contra a independência entre os Três Poderes.

O ministro Moraes agiu por conta própria; ele não representa, no caso, o plenário do STF, e não se sabe qual o apoio efetivo que tem para essa sua última decisão. Mas a desmoralização atinge a todos.

Se quer derrubar Bolsonaro e ajudar os seus amigos e chefes do PSDB na briga para chegar ao governo, deveria esperar as eleições, e não utilizar a principal corte de justiça do país para fazer política. Deste jeito o que ele realmente consegue é produzir insegurança jurídica – o pior veneno que ameaça uma sociedade democrática. Moraes, e parte dos seus colegas, constroem todos os dias um Brasil em que ninguém sabe o que vai acontecer, porque ninguém sabe o que a justiça vai decidir. Conseguem, com isso, fazer com o cidadão brasileiro não saiba mais o que está certo e o que está errado.


Imprensa Diária quarta, 29 de abril de 2020

A QUEDA DE MORO

 

 


Imprensa Diária terça, 28 de abril de 2020

ANDRÉ MENDONÇA É O NOVO MINISTRO DA JUSTIÇA

André Mendonça é o novo ministro da Justiça.

Alexandre Ramagem assume a PF


Por Gazeta do Povo

André Mendonça, escolhido para Bolsonaro para o Ministério da Justiça.

André Mendonça, escolhido para Bolsonaro para o Ministério da Justiça.

| Foto: Marcos Correa/PR

 


André Luiz Mendonça, que era advogado-geral da União, é o novo ministro da Justiça e Segurança Pública, em substituição a Sergio Moro, que deixou o cargo na sexta-feira (24). A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (28).

Até segunda (27), o mais cotado para comandar o Ministério da Justiça era Jorge Oliveira, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, que tem laços com a família Bolsonaro. O nome de Mendonça ganhou força depois que ele se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro.

Mendonça fazia parte dos quadros da Advocacia-Geral da União (AGU) desde 2000. Antes, por três anos, foi advogado concursado da Petrobras. Evangélico, ele é pastor da Igreja Presbiteriana Esperança de Brasília. Passou a ser elencado como um dos favoritos para assumir uma cadeira de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) depois que Bolsonaro disse querer alguém "terrivelmente evangélico" na Corte.

Para o lugar de Mendonça na AGU foi nomeado José Levi do Amaral, até então procurador-geral da Fazenda Nacional.

Delegado da PF desde 2005, ele vai ocupar o lugar de Maurício Valeixo, exonerado na sexta. Foi a demissão de Valeixo, uma decisão de Bolsonaro, que provocou o pedido de demissão de Moro, que deixou o governo acusando o presidente de tentar interferir na Polícia Federal.

Ramagem conta com o apoio dos filhos do presidente Jair Bolsonaro – tem relações próximas com o vereador Carlos Bolsonaro. Ele chefiou a equipe de segurança pessoal do então candidato a presidente durante a campanha eleitoral de 2018, após o atentado em Juiz de Fora (MG)."

 


Imprensa Diária domingo, 26 de abril de 2020

12 OBRAS ENTREGUES DURANTE A PANDEMIA DO CORONAVÍRUS

 

CABABOM

Incluindo mais de 40 km de rodovias, ponte na BR 367 e a sala de embarque do Aeroporto de Navegantes (SC).

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Vídeo incorporado
 
  

Imprensa Diária domingo, 26 de abril de 2020

QUANDO NÃO É QUEDA... É COICE

 

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

QUANDO NÁO É QUEDA …. É COICE

Provavelmente a saída de Sérgio Moro será, por alguns dias, o assunto mais comentado nas redes sociais. No meu entender pode até a nos levar esquecer a pandemia do covid-19 e isso é extremamente preocupantes porque só no dia 17 passado morreram 217 pessoas no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, por covid-19. Não vou nem entrar no mérito de que os dados estão inflados ou não. Sei que estamos, desde 16.03, presos em casa com a economia parada e sem sabermos quantos, quem são e onde estão os eventuais de contaminações assintomáticas. Saiu o Ministro da Saúde, mas o Brasil continuou e saiu o Ministro da Justiça e vamos continuar a vida, pois como diz o ditado “o cemitério está cheio de insubstituíveis”.

Temos que reconhecer que há uma grande diferença nessas demissões. Mandetta, como político, buscou capitalizar o papel pensando em 2022. Foi duro nas colocações – como uma resposta dada a um jornalista durante a coletiva -, incluindo as reuniões que teve com Bolsonaro na qual chegou a dizer que “os caminhões do exército estavam capacitados a carregar os mortos”. Depois de uma entrevista no Fantástico sentiu que tinha avançado demais e logo na segunda feira avisou aos seus auxiliares que seria demitido. A demissão de Mandetta só teve protesto por parte da esquerda.

O caso de Moro é mais emblemático. Como juiz da Lava Jato, Moro trouxe a crença para a população de que era possível colocar poderosos na cadeia. Era a constatação de que a corrupção dos governos anteriores tinha encontrado um combatente. Sua ação correu o mundo e seu convite para o Ministério da Justiça trouxe, para Bolsonaro, um apoio maciço de parte da população que não compactua com falcatruas. Inúmeros foram os movimentos em defesa de Moro e da Lava Jato de modo que, naturalmente, ele se transformou num pilar fundamental na continuidade do governo. Sua saída terá implicações sérias.

O primeiro impacto vem, quem diria?, da economia. Com o anúncio da entrevista de Moro, o dólar abriu o mercado a R$ 5,65 e num minuto chegou a R$ 5,72. Parece pouco, mas o mercado cambial vem sofrendo desde o final do ano passado. Embora o Banco Central faça leilão para reduzir a cotação, o efeito tem sido muito pouco e isso, pra mim, tem um significado muito forte: o mercado deixou de acreditar no governo. Em adição, a credibilidade conseguida no mercado externo vai ser duramente abalada. Por diversos motivos. O primeiro deles é que Moro alegou intromissão de Bolsonaro nas ações da Polícia Federal e fez isso publicamente, devidamente registrado por todos os canais de televisão. Não foi um desabafo. Foi uma acusação. Em segundo lugar, o papel do substituto será menosprezado porque quem aceitar o cargo passará a ideia de que vai atender as demandas particulares de Bolsonaro e vai frear a investigação da PF sobre acusações sobre Eduardo Bolsonaro com a propagação de fake news. O país volta para assumir o tal “jeitinho brasileiro”.

O cenário é caótico porque Bolsonaro não cumpriu metade do mandato e, salvo engano, sua saída do cargo implica novas eleições. Aí, vem o discurso da esquerda pra mostrar que seus adeptos são melhores. Há uma segunda implicação que vai fragilizar ainda mais Bolsonaro: a reação dos agentes da Policia Federal. Insatisfeitos com a saída do diretor e do ministro, eles podem começar a vazar informações que possam comprometer, ainda, mais os filhos do presidente.

No Brasil, o candidato a presidente perfeito deve ser filho único, com pais também filhos únicos ou já falecidos. Não deve ter tios, nem primos. Sem qualquer ascendente. Não deve ter filho, noiva ou namorada. Só poderá namorar, casar e ter filhos após cumprir o mandato. Deve ser auditada a ponto de ter cursado o ensino fundamental em casa, sem professor presencial. Deve ter cursado a graduação por EAD. Não ter amigos de infância. Qualquer violação desses princípios é uma brecha para corrupção.

Em linhas gerais, a conclusão lamentável que chego é que faltou sensibilidade ao presidente para perceber a dimensão do feito de ter derrotado a esquerda. Lógico, que não tenho bola de cristal para saber o que vai acontecer amanhã, mas tudo leva a crer que a decisão de impeachment fica mais forte agora ou vai crescer a pressão para renúncia. De qualquer modo, um fato importante que devemos lembrar é que os corruptos irão se aproveitar disso para voltar ao poder. Observemos se o STF vai apressar o julgamento de suspeição de Moro, já sinalizado por Gilmar que pautaria após o fim do isolamento, porque isso é a chave para anular a condenação de Lula e torná-lo capaz de concorrer novamente à presidência.

 


Imprensa Diária domingo, 26 de abril de 2020

SAIU E TRAIU

 

SAIU E TRAIU

Laerte A. Ferraz

Acredito que nenhum eleitor de Bolsonaro ficou feliz com a saída de Moro do Ministério da Justiça. Para mim está sendo razão de tristeza e de decepção. Estou triste porque Moro vinha fazendo um indiscutível bom trabalho na pasta. E fiquei decepcionado pela forma que ele escolheu para comunicar sua renúncia ao cargo para a população, especialmente aos eleitores de Bolsonaro.

Imagino que essa forma deselegante e bem pouco ética de notificação tenha sido uma espécie de prospecção de eleitores para uma possível candidatura em 2022, lançada na manhã deste dia 24 de Abril de 2019. Se não foi isso, foi uma demonstração cabal de um ego de insuspeitadas proporções. Lastimável.

Na minha forma de ver, apesar do respeito que tenho pela carreira e trabalho como Juiz e Ministro, o gigante Moro se apequenou, pois com seu discurso eivado de ressentimentos – reais ou não, não temos como saber – ele deu amplo estoque de munição para os verdadeiros inimigos do Brasil, nessa guerra suja e golpista que travam nas coxias do Congresso e dos gabinetes de togados. Com um único discurso, Moro desfez o enorme trabalho realizado no combate a corrupção, pois com ele abriu novas portas de acesso dos corruptos ao poder, facilitando a esses a consumação dos objetivos de derrubar o atual governo e trazer de volta tudo aquilo que tanto lutamos para mudar. Sim, fiquei decepcionado. Muito decepcionado.

Não quero entrar no mérito das razões dele para agir dessa forma, não tenho como avaliar o desgaste que sofreu a relação dele com o Presidente. Tudo parece indicar que o ato administrativo presidencial de exonerar o Diretor Geral da Polícia Federal, após este haver expressamente declarado que desde há muito estava cansado e desejoso de deixar a função, foi apenas o final de um drama que se desenrolava nos bastidores do primeiro escalão governamental. Deve ter sido a gota d’água que fez transbordar o cálice das divergências entre as expectativas pessoais e a realidade funcional.

Há quem diga que Maurício Valeixo desfrutava da total confiança de Moro. Mas também se diz que Bolsonaro não partilhava, com razão, desse sentimento. É evidente, óbvio mesmo, que para um cargo dessa importância, é requisito essencial que o escolhido seja, além de qualificado, merecedor da estrita confiança de seus superiores, especialmente do Presidente. Trocar o comando deveria ser algo normal, nessas circunstâncias. Só que disso Moro não quis arredar pé sinalizando que deixaria o cargo, caso Valeixo fosse exonerado, ainda que este estivesse cansado e insatisfeito. Muito estranha tal atitude.

Sem dúvida, a exoneração de Valeixo foi apenas uma espécie de “ponto de honra”, um pretexto, para Moro deixar o cargo e poder sair esfaqueando Bolsonaro que, em posterior pronunciamento, afirmou que o Moro havia condicionado a troca de Valeixo a um cargo de Ministro no STF. Chantagem, eu diria. E, talvez por ter sido um compromisso negado, já que anti-ético, tanto ressentimento.

Ainda assim, se Moro estivesse alinhado com o espírito de patriotismo que o mote de campanha de Bolsonaro revela, teria sido comedido em seu discurso de despedida que mais gerou dúvidas e ansiedade do que esclareceu razões. E isso, numa hora em que o país atravessa uma grave crise na saúde, com severos reflexos na economia, sem esquecer os conchavos golpistas dos opositores. Os reflexos serão terríveis, especialmente para o país.

O agora ex-ministro é um homem preparado e certamente não é ingênuo. Ele sabia perfeitamente os estragos que sua açodada fala iria causar na imagem do governo e na do Presidente. Sem dúvida ele sabe do prestígio que desfruta, assim como sabe do peso de suas insinuações e explícitas acusações. Foi o que bastou para que o PGR Aras pedisse ao STF investigações.

Enfim, caros leitores, Moro agiu com premeditação, sabendo exatamente quais seriam as graves consequências. Por lamentável que seja a saída de um dos nomes fortes do governo, mais lastimável ainda foi o ato de traição.


Imprensa Diária quinta, 23 de abril de 2020

GOVERNADORES ABRIRAM AS PERNAS

 

GOVERNADORES ABRIRAM AS PERNAS

Jair Bolsonaro ainda paga o preço pela defesa da flexibilização das medidas de isolamento ou distanciamento social.

Mas alguns dos governadores que jogam para a plateia criticando o presidente, a quem chegaram a chamar de “irresponsável”, foram os primeiros a liberar o funcionamento de atividades, na tentativa de minimizar os efeitos catastróficos na economia.

No Maranhão, o governador Flávio Dino (PCdoB), que usou e abusou de oportunismo, também flexibilizou.

A “cereja do bolo” na onda da flexibilização é São Paulo, cujo governador João Doria (PSDB) chegou a provocar bate-boca virtual com o presidente.

Foram os casos dos governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), que até “rompeu” com o presidente “em defesa da ciência”.

O catarinense Carlos Moisés (PSL), um dos defensores mais radicais do “isolacionismo”, acabou cedendo e flexibilizando mais que outros.

Apesar da menor incidência da doença no País, Tocantins era dos mais fechados. Mas o governador Mauro Carlesse (DEM) flexibilizou.


Imprensa Diária segunda, 20 de abril de 2020

POLITICAGEM VIROU CIÊNCIA

 

POLITICAGEM VIROU CIÊNCIA

Guilherme Fiuza

Os elogios comovidos de Fernando Haddad a Henrique Mandetta e os afagos entre João Dória e Lula mostram que a ciência virou só discurso político mesmo

Se você acha que os elogios comovidos de Fernando Haddad a Henrique Mandetta têm alguma coisa a ver com enfrentamento de epidemia, você está aprovado como figurante no show de simulação e confinamento. Você com certeza também viu no súbito enlace de João Dória com Lula uma conjunção de forças democráticas pelo bem da saúde pública. Governador, ex-ministro, ex-presidiário e ex-suplente de presidiário certamente estão juntos nesse enredo para ajudar você.

Todos sabem que o mais importante numa emergência sanitária é ter autoridades falando sobre a tragédia 24 horas por dia, de forma que o público não se distraia com besteira. Foi assim que o país assistiu durante pelo menos um mês ao ex-ministro Mandetta falando um pouco de tudo – das informações gerais sobre o combate ao coronavírus a reflexões, projeções, correção de projeções, expectativas, desabafos, teorizações sobre o enclave entre o SUS e a democracia, digressões sobre a importância do diálogo com os traficantes de drogas e exaltações à ciência.

Nessa parte da elegia científica faltou só um detalhe que, por coincidência, foi abordado pelo seu substituto, Nelson Teich, logo na primeira entrevista: a paralisação da sociedade armou uma bomba mortífera na saúde da população.

O novo ministro não usou essas palavras e evitou o tom de alarme, mas foi muito claro ao reportar uma perspectiva que era óbvia, e mesmo assim tinha sumido das preocupações oficiais: a suspensão de exames, tratamentos e diagnósticos de todos os males que não fossem coronavírus vai fazer explodir no curto prazo um quadro geral de doenças agravadas em estágio avançado. Para muita gente será tarde demais. Exames, tratamentos e diagnósticos são recursos científicos. A história vai dizer se a ciência foi atropelada pela retórica.

A devoção científica também estava nos elogios dirigidos ao ex-ministro pelo professor Haddad – membro da quadrilha que revolucionou a ciência da corrupção – e na troca de afagos entre o governador Dória e Lula, PhD em subtração. Todos unidos pelo teorema da paralisia geral, com propósitos que, considerando seus currículos e prontuários, só podem ser humanitários.

Se considerarmos, com certa boa vontade, que ficção científica também não deixa de ser ciência, Dória deu sua contribuição com as equações ornamentais do lockdown de São Paulo. Um homem à frente do seu tempo (2022), o governador esteve entre as primeiras autoridades a anunciar o fechamento geral. Depois recuou um pouco – sobre fábricas, por exemplo – para não parecer que desejava paralisar por paralisar. Mas não deixou de ameaçar na primeira hora os agentes econômicos, constrangendo-os com a advertência de que não era hora de empresário pensar em lucro. Depois ameaçou prender na rua o cidadão que desrespeitasse a quarentena.

Nenhum cientista no mundo ousou estabelecer um modelo matemático relacionando de forma exata percentual de confinamento, progressão da epidemia entre vulneráveis e consequente expansão de demanda por leitos de UTI. Mas as autoridades de São Paulo dizem que têm esse modelo – e que se a quarentena não chegasse aos níveis determinados por elas o sistema hospitalar iria colapsar em exatos 15 dias. Ciência é tudo – e chute é para os fortes.

Há países com isolamento total – a maioria – e há outros com isolamento parcial, focado nos grupos de risco e nas atividades que provocam aglomeração. No balanço entre resultados melhores e piores contra a epidemia nenhuma fórmula de combate está consagrada – é tudo hipótese e tentativa. Mas em alguns lugares o fechamento geral virou dogma.

Se não é ciência e não é religião, só pode ser política.


Imprensa Diária quarta, 18 de março de 2020

RESPEITEM O VOTO, PORRA!!!

 

RESPEITEM O VOTO, PORRA!!!

 

Imprensa Diária segunda, 16 de março de 2020

OS SÓCIOS DA EPIDEMIA

 

 

OS SÓCIOS DA EPIDEMIA

Guilherme Fiuza

Tradicionais veículos de comunicação noticiaram que o presidente Bolsonaro tinha coronavírus. Algum tempo depois o próprio presidente divulgou boletim atestando resultado negativo para o seu exame. Isso é muito grave.

Os veículos que deram a notícia foram diretos: o presidente da República tinha testado positivo para coronavírus. Essa foi a manchete que circulou para milhões de pessoas. Algumas matérias atribuíam a informação a um filho do presidente. Outras atribuíam a informação aos outros veículos que deram a notícia. O nome disso é vexame.

Responda com calma: se você pretende que a sua marca de mídia tenha credibilidade – ou seja, que as informações que ela divulga sejam consideradas verdadeiras por quem as recebe – você vai noticiar que o presidente de um país está infectado pelo vírus de uma pandemia que está paralisando o mundo a partir do que alguém te falou?

Ah, mas esse alguém é filho do presidente… E daí? Meia hora depois o filho do presidente estava negando que tivesse declarado que o pai testou positivo. Ele se enganou? Foi mal interpretado? Foi caluniado? É claro que nada disso interessa a quem queira fazer jornalismo minimamente sério. É assim que vocês apuram fatos? De acordo com a moderna técnica do disse me disse?

Nem se fossem todos os filhos do presidente. Nem se fosse o médico do presidente. Nem se fosse o Papa. Qual o problema de dar a notícia com o atestado do exame nas mãos?

Para imprensa séria, nenhum. O problema é para quem não quer oferecer informação, mas estardalhaço. Aí não dá mesmo para esperar. Pega qualquer porcaria que te contarem no salão de cabeleireiro e joga no ventilador – embalada na sua marca de compromisso com a verdade, que assim vai virando aos poucos sinônimo de fake news de grife.

E se Bolsonaro tiver coronavírus? Aí a notícia muda, mas o vexame fica intacto. Se você se propõe a informar e não checa devidamente a informação que distribui, você está especulando. E se você vende especulação fantasiada de notícia, você é um delinquente.

Existe um estado de beligerância entre governo e imprensa, nos Estados Unidos e no Brasil? Existe. E como os supostos arautos da liberdade de expressão pretendem, em sua missão de bem informar, pregar o respeito à imprensa? Inventando notícia? Publicando chute? Mentindo?

Assim fica difícil, companheiros. O público já identificou a manobra patética de vários veículos de comunicação, outrora respeitáveis, tentando melar o resultado das eleições no grito – tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Agora, no meio de um pandemônio que é a reação desesperada da humanidade a uma epidemia de gripe, onde tudo que se precisa é serenidade e bom senso, aparecem vocês tentando vender espetáculo mórbido – e falso.

A democracia esperava mais, muito mais de vocês.


Imprensa Diária quarta, 11 de março de 2020

DRÁUZIO VARELLA E A ARROGÂNCIA DOS BEM-INTENCIONADOS

 

DRAUZIO VARELLA E A ARROGÂNCIA DOS BEM-INTENCIONADOS

Carlos Graieb

Há uma semana, o médico-celebridade Drauzio Varella teve sua candidatura à presidência lançada informalmente por gente que se emocionou com a entrevista que ele fez com uma transsexual em uma penitenciária. A reportagem falava da situação dessa minoria nas carceragens. A compaixão e a empatia demonstradas por Varella diante de Suzy, que além de amargar o isolamento na prisão por ser trans, há muito não recebe visitas de familiares, foram vistas como sentimentos de estadista.

Agora veio à tona que Suzy está na cadeia por ter estrangulado um menino de 9 anos. Aparentemente, ela já havia estuprado outras crianças antes do assassinato. Varella passou a ser questionado — e atacado, mesmo — por não ter mencionado o crime de Suzy na reportagem. E por não ter demonstrado a mesma compaixão em relação ao menino morto e seus parentes.

Varella divulgou uma nota para se justificar, dizendo que é médico, não juiz: “Há mais de 30 anos, frequento presídios, onde trato da saúde de detentos e detentas. Em todos os lugares em que pratico a Medicina, seja no meu consultório ou nas penitenciárias, não pergunto sobre o que meus pacientes possam ter feito de errado. Sigo essa conduta para que meu julgamento pessoal não me impeça de cumprir o juramento que fiz ao me tornar médico. No meu trabalho na televisão, sigo os mesmos princípios.”

Não tenho nada a objetar quanto à primeira parte do raciocínio de Varella. O trabalho como médico o obriga a tratar quem quer que seja, e ele acha mais fácil realizar esse trabalho sem saber muito a respeito de seus pacientes. Diria, aliás, que esse é o comportamento padrão entre os médicos. Todos adotam uma certa distância a respeito daqueles que atendem, sejam boas ou más pessoas. Envolver-se profundamente com o drama de cada doente provavelmente tornaria o exercício da profissão impossível a longo prazo.

Já quanto ao trabalho de Varella como jornalista e comunicador, não poderia estar mais em desacordo. A história do entrevistado é absolutamente relevante, ainda mais em uma reportagem que pretende defender uma tese sobre as agruras dos transsexuais na prisão. Ainda mais em uma reportagem em que tudo, da iluminação dramática ao abraço final entre Suzy e Varella, procura despertar a simpatia do espectador. Se quisermos ser contundentes: onde tudo colabora para manipular quem assiste.

O resultado da reportagem não teria sido igual se ela ao menos sugerisse que a família deixou de visitar a presidiária não porque ela mudou de sexo, mas porque ela matou uma criança e estuprou outras. Seria impossível de conquistar a simpatia do espectador. Mesmo os transsexuais não podem considerar positivo ver sua condição simbolizada por alguém cuja história é marcada por um infanticídio. Poucos porta-vozes seriam piores.

Do ponto de vista jornalístico, a reportagem foi um erro grotesco. Mas creio que ela representa algo mais: a arrogância de uma certa casta de “progessistas”, que os leva à cegueira e à auto-complacência.

A displicência com que o médico-comunicador escolheu a personagem da sua entrevista é tipica de quem não tem dúvida que está do lado certo da história. Minhas intenções são puras, eu quero o bem dos desvalidos. O que pode dar errado?

Deu errado, e a resposta esperada não tardou. As redes sociais estão cheias de mensagens dizendo que, mais uma vez, o pessoal do politicamente correto mostrou o seu desprezo pelas pessoas comuns para ficar do lado do criminoso.

Na semana passada, enquanto as redes lançavam Drauzio Varella à presidência, ele mesmo disse que isso nunca lhe passou, nem passa pela cabeça. Faz bem. Não teria a menor chance de dar certo.


Imprensa Diária segunda, 09 de março de 2020

O CASSANDRA VÍRUS

 

 

O CASSANDRA VÍRUS

Guilherme Fiuza

Cassandra em frente à cidade de Troia em chamas, em pintura de Evelyn De Morgan

Já pensou se todo o espaço dado no noticiário ao PIB de 1,1% tivesse sido dado também à menor taxa de juros da história? Não dá pra imaginar, né? Então vamos ser mais modestos: já pensou se a menor taxa de juros da história merecesse metade do espaço dado ao PIB de 1,1%? Continua difícil de imaginar, né? Mas sonhar é de graça, então vamos passear um pouco mais no mundo da imaginação.

Como seria se a repercussão da alta do dólar fosse a mesma que a da queda do desemprego? Ia ter gente sem nem saber onde anda a cotação da moeda americana…

Imagina se a infinidade de manchetes sobre a subida do preço da carne se repetisse um mês depois, quando o preço da mesma carne caiu… Ok, vamos fazer por menos: se a queda do preço tivesse merecido um terço das manchetes de quando a carne cara virou sinônimo de crise nacional. Parece delírio? Então vamos continuar delirando, que a carne é fraca.

Solte sua mente e tente pensar como seria se a carne – ainda ela, a vilã temporária de uma disparada inflacionária que não existiu – reaparecesse dominando o noticiário quando os Estados Unidos decidiram, depois de quase três anos, voltar a comprar carne brasileira. Como seria se essa decisão tão importante para a economia nacional fosse para o topo do debate sobre a… economia nacional – a exemplo do surto catastrófico de dois meses antes com a subida do preço da mesma carne?

Aí você vai interromper este delírio para advertir: deixa de ser burro! Quer comparar a monotonia de uma boa notícia com o charme da catástrofe?! Você tem toda razão, não dá nem pra saída.

Mas vai dar uma voltinha aí no jardim das cassandras em flor que nós vamos dar mais uma delirada aqui.

Imagina se a barulheira com a queda da bolsa tivesse acontecido durante um ano inteiro de recordes sucessivos na mesma bolsa? Aí você interrompe o passeio para explicar: só a queda faz barulho. Subida é silêncio – a não ser que bata no teto. Alguém poderia argumentar que a bolsa furou o teto em 2019, o que você rebateria com facilidade: teto é metáfora, chão é realidade.

Claro que 100 mil pontos na bolsa não é nem nunca será chão – mas ninguém aqui vai querer estressar a sua jardinagem fúnebre. Continuemos nosso devaneio sem querer ofender ninguém.

Lembra a mobilização do debate nacional em torno da notícia (falsa, mas isso é problema dela) de que a Amazônia estava desaparecendo numa progressão sem precedentes e escandalizando o mundo? Então tenta imaginar uma fração desse interesse para difundir que o mundo está voltando a confiar no Brasil, como mostra o menor risco país da década. Difícil imaginar, né? Ok, nessa nós fomos longe demais.

Então vamos para de imaginar e falar das coisas como elas são. O PIB tão comemorado pelos fracassomaníacos não revoga a realidade que eles deploram: todos os setores da economia aumentaram suas previsões de investimento e voltaram a contratar. As reformas fiscais, a queda dos juros e a desburocratização (Liberdade Econômica) estão favorecendo o empreendimento – o que já aparece no próprio PIB, com o aumento do crescimento do setor privado em relação ao setor público.

Tem muita gente trabalhando duro contra os parasitas e as epidemias. A pior delas é a do cassandra vírus.


Imprensa Diária sábado, 07 de março de 2020

PÉROLAS DE DILMA

 

 

 


Imprensa Diária quarta, 04 de março de 2020

BENEFICIÁRIOS DE LULA: É CADA POBRE DA PORRA

 

É CADA POBRE DA PORRA


Imprensa Diária quarta, 26 de fevereiro de 2020

O PALHAÇO E O DIABO

 

O PALHAÇO E O DIABO

Gustavo Tiné

O palhaço queria fornecer carteiras estudantis de graça…

O diabo não gostou…

O palhaço diminuiu o valor do DPVAT….

O diabo não tolerou….

O palhaço indicou ministros por critérios técnicos…

O diabo esperneou….

O palhaço tirou impostos de medicamentos contra câncer, HIV….

O diabo detestou….

O palhaço autorizou 13° para carentes do bolsa família….

O diabo quase endoidou….

O palhaço descobriu defuntos e ricos recebendo bolsa família…..

O diabo protestou…

O palhaço diminuiu taxa de juros SELIC…

O diabo colerizou….

O palhaço polemiza nas palavras….

O diabo metia as patas nos cofres….

O palhaço disse “FURO”….

O diabo esbravejou “GRELO DURO”….

O palhaço deu nova vida a PETROBRAS…

O diabo quase a leva a falência….

O palhaço inaugurou a BR 163 depois de 40 anos parada….

O diabo se enfezou…..

O palhaço vai concretizar a transposição do Rio São Francisco.…

O diabo tá puto da vida….

O palhaço tem base, quartel, esquadra de apoio…

O diabo só militância….

O palhaço critica e é contra o FUNDÃO….

O diabo não vive sem ele….

O palhaço vive FELIZ, DIZ BESTEIRAS, TÁ NA LUTA, TENTA FAZER O MELHOR, PULA, SORRI, TIRA 1.000 SELFIES POR DIA, CHAMA O AMIGO DE NEGÃO, É TURRÃO, DESTRAMBELHADO, IMPACIENTE, É SOLDADO, CAPITÃO, RELIGIOSO, DANADO, tá na avenida LIVRE, LEVE E SOLTO….

O diabo…….bem o DIABO É O DIABO, é VERMELHO, EXALA ENXOFRE, BEBE QUE NEM UM GAMBÁ, PENSA QUE É DEUS, TEM SEGUIDORES, ÓDIOS ENTALADOS E AGUARDA CONDENAÇÃO….


Imprensa Diária domingo, 23 de fevereiro de 2020

PRESIDENTE CAFÉ FILHO, O ESQUECIDO

 

JOSÉ NARCELIO - AO PÉ DA LETRA

CAFÉ FILHO, O ESQUECIDO

O Rio Grande do Norte também colocou na Presidência da República um de seus filhos. Trata-se de João Fernandes Campos Café Filho – mais conhecido por João Café ou Café Filho -, nascido em Extremoz, na Região Metropolitana Natal.

Foi um mandato curto, apenas 1 ano e 76 dias, entre 25 de agosto de 1954 e 8 de novembro de 1955, em decorrência do suicídio de Getúlio Vargas, do qual era o vice-presidente, na Quarta República – república populista iniciada em 1946 e finalizada em 1964 com o Golpe Civil-Militar.

Café Filho foi o primeiro presbítero a assumir a presidência da República. Filiado ao Partido Social Progressista, do qual foi também um dos fundadores, se elegeu deputado federal por duas legislaturas representando o Rio Grande do Norte.

Na primeira, em 1934, não concluiu o mandato porque, para não ser preso, exilou-se na Argentina entre 1937 e 1938, por críticas feitas ao Golpe de 1937. Eleito novamente em 1945, ao concluir o mandato, foi o escolhido do partido para ser o vice-presidente de Getúlio Vargas, na sua terceira passagem pelo Catete, numa indicação de Ademar de Barros, governador de São Paulo, em troca de apoio ao candidato gaúcho.

– Eu saía da adolescência, quando avistei o vice-presidente Café Filho caminhando pelo centro de Natal. Aproximei-me dele e o abordei. Expus-lhe meu projeto de realizar um filme sobre crianças desassistidas intitulado Filhos da Rua. O vice-presidente gostou da ideia e, semanas depois, para minha surpresa, recebi uma passagem aérea para tratar do assunto no Rio de Janeiro.

Esse testemunho é do jornalista Felinto Rodrigues, que ainda hoje nutre verdadeira admiração por Café Filho. Ele complementa seu depoimento, dizendo: Quando residi no Rio de Janeira, na década de 60, era comum encontrar Café Filho numa parada de ônibus, esperando condução para Copacabana, onde morava no Posto 6.

Ao se afastar da Presidência da República, em novembro de 1955, por questão de saúde, Café Filho ficou desempregado. O então governador Carlos Lacerda o amparou com o cargo de ministro do Tribunal de Contas da Guanabara, onde ele permaneceu até a aposentadoria, em 1969. Café Filho faleceu em fevereiro de 1970, no Rio de Janeiro, aos 71 anos de idade.

Epitácio Pessoa (Paraíba), Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto (Alagoas), José Linhares e Castelo Branco (Ceará), citando apenas alguns ex-presidentes nordestinos do Brasil, ao deixarem os mandatos foram homenageados, nos seus estados, com os nomes em cidades, pontes, rodovias, aeroportos, avenidas, ou com bustos em praças ou edificações públicas, merecidamente.

Ao passo que a Café Filho, coube apenas a homenagem de ter o nome atrelado a uma avenida à beira-mar, em Natal. Porém, poucos conhecem a dita artéria pelo nome do ex-presidente. Batizaram-na de Avenida Praia do Meio. Opiniões diferem quanto à concessão de homenagens a certos ex-presidentes do Brasil, porém, nada lhes tira a honraria de poderem afixar as suas fotografias no mural do Palácio do Planalto.

Felinto Rodrigues encabeça uma campanha para erguer uma estátua de Café Filho, na Praça 7 de Setembro, no centro de Natal, entre as sedes dos três poderes do Estado. Segundo o jornalista, existe destaque na Câmara Municipal de Natal, propositura do vereador Ney Lopes, para a confecção do monumento. Menos ruim.

O 18º presidente do Brasil é, hoje, um esquecido no seu próprio Estado. Haja ingratidão para com o nosso João Café.


Imprensa Diária sexta, 21 de fevereiro de 2020

MINISTRO GUEDES: NAS ASAS DA GOL

 

NAS ASAS DA GOL

Enquanto o voo 2062 da Gol taxiava no aeroporto Santos Dumont para a viagem Rio-Brasília, às 8h55 desta segunda (17), os passageiros constatavam como se respeita e como se desrespeita dinheiro público: na pista, dois jatos da FAB aguardavam autoridades tipo Rodrigo Maia, presidente da Câmara.

No voo de carreira, seguia o mais importante ministro de Bolsonaro, Paulo Guedes (Economia), mostrando a deputados folgados como é fácil respeitar quem paga impostos.

Paulo Guedes embarcou sozinho no voo da Gol, sem seguranças ou assessores.

Viajou sem ouvir piadinhas, lorotas, nada.

Em paz.


Imprensa Diária domingo, 16 de fevereiro de 2020

IGREJA CATÓLICA DÁ TIRO NO PÉ COM ENCONTRO ENTRE O PAPA E LULA

 

IGREJA CATÓLICA DÁ TIRO NO PÉ COM ENCONTRO ENTRE O PAPA E LULA

Rodrigo Constantino

A Igreja Católica vem perdendo fiéis em termos relativos aos evangélicos no Brasil. Em parte isso se deve à mensagem mais otimista e, convenhamos, materialista das denominações evangélicas, que em alguns casos se assimilam a um culto de autoajuda e prosperidade individual. Os católicos tendem a enaltecer mais a pobreza, o que dificulta o trabalho de “marketing”.

Além disso, a ligação entre a Igreja Católica brasileira e a esquerda vem de longa data, e a CNBB mais parece a Conferência Nacional dos Bispos Bolivarianos. Isso para não falar da Teologia da Libertação, um casamento forçado entre Cristo e Marx, sendo que este ofusca totalmente aquele.

Nesse ambiente, os católicos precisam se adaptar, mudar. Alguns querem uma “modernização” da Igreja, como aceitar ordenamento de padre casado ou uma mensagem mais “progressista”. Rogo para que a Igreja resista a tais tentações e não se torne “descolada”, uma vez que seu grande valor, creio, está justamente no peso da tradição. Nesse sentido, só posso aplaudir o Papa Francisco por resistir à pressão no Sínodo e não aceitar “padres” casados, e também por ter criticado a ideologia de gênero em seu novo livro.

Mas acho que o Papa errou feio ao dar esse palco todo ao condenado Lula. É verdade que, como Papa, Francisco deve receber seus fiéis, não importa seus pecados. O perdão, aliás, é um dos grandes ensinamentos do cristianismo. Mas para haver perdão é preciso haver, antes, arrependimento. O Padre Brown, de Chesterton, sempre batia nessa tecla, e suas histórias eram belas pelo poder de recuperação do indivíduo.

Lula, porém, não demonstra qualquer sinal de arrependimento. Ao contrário: disse, esses dias mesmo, que não tinha que fazer autocrítica coisa alguma. Segue um psicopata, incapaz de ter consciência pesada. E foi se encontrar com o Papa para montar um circo político, para alimentar sua narrativa tosca, e de olho no eleitorado. Ele mesmo confessou recentemente que o PT tinha de atrair novamente os crentes.

Ou seja, o Papa Francisco aceitou participar de um teatro asqueroso, e fez isso sorridente! “Memes” circulam pelas redes sociais mostrando um Papa bem mais sério e até sisudo em encontros com governantes mais à direita, como Trump e Macri, e cheio de amor para dar a esquerdistas radicais como Kirchner, Maduro e até o falecido tirano Fidel Castro. O Papa é pop, e também “progressista”. O argentino Bergoglio parece predominar nessas horas, o que é uma lástima.

Se Lula fosse em busca de perdão, portanto, eu seria o primeiro a reconhecer o direito ou mesmo o dever de Papa Francisco recebê-lo. Mas Lula foi atrás de holofotes e votos, foi blindar sua imagem podre usando a santidade do Papa, e demonstrou asqueroso cinismo ao receber a bênção, ele que usou até o enterro da própria esposa como palanque político!

O que Lula tem a dizer sobre “justiça social” ou sobre juventude? Não é possível passar pano aqui, nem mesmo o mais católico de todos: o Papa Francisco errou, e o Vaticano deu um tiro no pé. Se a ideia era atrair novos fiéis, resgatar parte do rebanho perdido, então a estratégia foi mesmo a pior possível. Todo católico sério está um tanto envergonhado hoje, e com razão…


Imprensa Diária segunda, 03 de fevereiro de 2020

BANDIDOS DE CUBA E SUCESSO NO MUNDO

 

GEORGE MASCENA - SÓ SEI QUE FOI ASSIM

BANIDOS DE CUBA E SUCESSO NO MUNDO

Nos anos 50 Cuba era um dos países mais desenvolvidos da América Latina, o país tinha uma próspera indústria açucareira, de charuto, rum e café, tinha também a terceira maior renda percápita da América Latina, superava até a da Itália e Espanha. Havana foi a primeira cidade a ter telefone com discagem direta, sem necessidade de telefonista, o país era moderno e atraia muitos investimentos e turistas americanos.

La Sonora Matancera nos anos 50, com Célia Cruz como vocalista

A noite havaneira era de muita salsa, bolero e chá-chá-chá, entre muitos artistas que se destacavam na época, estavam Celia Cruz e Bienvenido Granda (Perfume de Gardenia), sucesso na Ilha de Fulgencio Batista e no mundo. Quando Fidel Castro entrou na ilha e o comunismo foi implantado, os dois cantores se transferiram para o México, solicitaram vistos provisórios para realização de shows, Bienvenido já em carreira solo e Célia como componente da Sonora Matanceira, ao expirar o visto, Célia não mais voltou, junto com parte da banda e posteriormente foi morar em Nova Iorque e Bienvenido foi para Colômbia, Venezuela e Brasil até retornar para o México onde residiu até morrer em 1983. Celia Cruz morou entre EUA e México até a morte em 2003, ambos com muito sucesso no continente, nunca mais retornaram a Cuba devido ao regime de Fidel. Na ilha, esses dois nomes foram praticamente esquecidos, La Sonora Matancera, grupo cubano em que ambos foram componentes em diferente épocas, não tocava seus sucessos, “la revolucion” não permitia que “traidores” da pátria fossem lembrados pelo povo cubano, e eles foram esquecidos pelas novas gerações.

Célia Cruz, a rainha da salsa, já no final da carreira

Pelo que li, Bienvenido Granda aceitou facilmente a vida longe do país natal, mas Celia Cruz nutria uma grande vontade de retornar a Cuba, mas nem na morte da sua mãe o governo permitiu a sua visita. Certa vez ela visitou a ilha, mas em uma parte que pertence aos Estados Unidos, a base aérea de Guantânamo. Esta base é dividida do território cubano apenas por uma cerca gradeada, e na visita, Célia colocou o braço entre a grade e apanhou um punhado de terra do lado cubano e o guardou até o final da sua vida em uma taça, pediu para que colocassem no seu caixão após a sua morte e assim foi feito.

Bienvenido Granda, o bigode que canta. Fez muito sucesso no serviço de som do Cine Alvorada nos anos 60 e 70 com ‘Angustia’, ‘Perfume de Gardenia’ e outros

Quando eu estive em Cuba em outubro de 2018, perguntei aos cubanos pelos dois famosos artistas, mas eles só balançavam a cabeça dizendo que não lembravam, pedi musicas aos grupos que cantavam em barzinhos e restaurantes porém os cantores que passavam nas mesas vendendo os CDs não os conheciam. Eu citava La Sonora Matancera ai todos conheciam, mas não recordavam desses dois ex-vocalistas da banda. Em uma das casas que eu fiquei hospedado, o proprietário era músico, tocava marimba em shows turísticos, perguntei se ele tocava muita música de Bienvenido e Celia Cruz, ele falou algo rápido que eu não entendi, mas percebi uma alteração no humor.

Compay Segundo em clip de Guantanamera, “hino” de Cuba:

 

 

Por fim estava visitando uma praça onde tinha a estátua de Tiradentes e um “solícito” cubano na faixa de 60 anos me explicou que ali eram estatuas dos libertadores da América, do Brasil além de Tiradentes tinha também José Bonifácio, e o cubano nos levou para fotografar. Depois ele se apresentou como sendo percussionista do Teatro Alicia Alonso, o principal do país, onde também dava aula de percussão, como estava diante de um especialista em música, perguntei por Bienvenido Granda e Celia Cruz, ele me disse que Celia Cruz morava no México (errou) e nos levou para um bar onde Bienvenido havia cantado, chegando no bar, ele nos mostrou fotos antigas, dos anos 70, de Raul Castro e Fidel tomando um mojito nesse bar com o cantor Compay Segundo, que também fez sucesso na ilha até a sua morte. Perguntei novamente por Bienvenido e ele fez uma cara feia e falou já mudando de tom: “não fales mais nisso”, não foi dessa vez que eu pude conversar sobre esses artistas.

Eu e Adeildo no bar onde Compay Segundo se apresentava


Imprensa Diária quarta, 29 de janeiro de 2020

FUNDÃO DA VERGONHA: O FUNDO ELEITORAL É UM ATO DE EXTORSÃO CONTRA O BRASIL

 

J.R.GUZZO

“FUNDÃO DA VERGONHA”: O FUNDO ELEITORAL É UM ATO DE EXTORSÃO CONTRA O BRASIL

O Brasil é um país que requer paciência. Nada vai na rapidez em que deveria ir. Nada vai até onde deveria chegar. Nada vai na hora em que deveria ter ido. Quase tudo, além disso, vai na base do “um passo para trás” a cada passo e meio para a frente. Em suma: o Brasil é demorado. Isso não quer dizer, porém, que nada ande.

Anda, mas anda devagar – e quase sempre é preciso prestar muita atenção para se perceber que alguma coisa está realmente andando, porque os movimentos para adiante em geral são feitos em silêncio. É o caso do recente avanço na eliminação da propaganda partidária “gratuita” no rádio e televisão – na verdade, propaganda obrigatória, que os partidos forçavam a população a engolir, querendo ou não querendo.

Essa vigarice nunca teve nada de gratuita – os cofres públicos eram obrigados a ressarcir as emissoras de rádio e tevê pelo tempo desperdiçado com os políticos. A conta, que ficava entre R$ 450 milhões e R$ 500 milhões por ano, tinha sido liquidada pelo atual governo. Foi contrabandeada de volta para a legalidade num truque armado na “reforma eleitoral” de setembro de 2019.

Como alguém talvez ainda se lembre, o presidente Jair Bolsonaro vetou esse dispositivo ao sancionar a lei, mas a Câmara dos Deputados, em mais uma vitória em defesa das instituições e em seu próprio favor, naturalmente paga com o dinheiro dos impostos do distinto leitor, derrubou o veto presidencial. As gangues que no Brasil têm o nome de “partidos” já iam levar mais essa – só que não levaram. É o tal passo e meio adiante do qual se falou acima.

O Senado Federal, no início do ano e por apenas dois votos de diferença, manteve o veto do presidente. Mais: manteve, também, a proibição para os políticos usarem os “fundos da vergonha” para pagarem multas e os advogados que contratam para defendê-los dos delitos que cometem. Pouca gente notou – foi mais um avanço que se obteve em silêncio. Tudo bem: o que interessa é o avanço conseguido.

Interessa saber, também, que as ações de delinquência praticadas na Câmara já não podem contar com 100% de apoio do Senado. Na verdade, mesmo em casos de empate entre o passo para a frente e o passo para trás, o público já pode considerar que a coisa fica de bom tamanho. Num país em que a maioria dos políticos não faz outra coisa que não seja trabalhar diariamente para manter tudo em marcha a ré permanente, o ponto morto acaba virando um progresso.

O “fundo eleitoral”, esse ato de extorsão que acabou conhecido como “Fundão da Vergonha”, é um bom exemplo. Esses recursos, como se sabe, foram capturados por um motivo muito simples: tendo ficado mais difícil arrumar dinheiro com a corrupção, via caixa 2, malas de dinheiro vivo e outros golpes, nossos homens públicos trataram de achar uma outra mina. Avançaram, aí, direto em cima do erário, fazendo com que o eleitor pague as despesas que os políticos terão para se manterem seus cargos e continuarem a roubá-lo.

Esse dinheiro, como se diz, dançou. Mas manter o roubo do tamanho que estava, sem ficar pior, não é de se jogar fora. Este é o Brasil real. Cada um dos seus atos termina com pano extremamente lento.


Imprensa Diária quarta, 22 de janeiro de 2020

NÃO DÁ PARA EXIGIR QUE BOLSONARO GOVERNE COMO O PT QUER

 

J.R.GUZZO

NÃO DÁ PARA EXIGIR QUE BOLSONARO GOVERNE COMO O PT QUER

Um dos inconvenientes que causam mais irritação nas democracias é que elas exigem eleições livres para receberem o certificado oficial de democracia – e o grande inconveniente das eleições, como todo mundo sabe, é que você pode perder. Nesse caso, vai para o governo gente que não faz nada daquilo que, na sua opinião, um governo decente deve fazer.

Os ministros não são aqueles que deveriam ser nomeados. As declarações do presidente a República e da turma que está com ele estão sempre erradas – são ofensivas, absurdas, retrógradas, perigosas ou simplesmente cretinas. Nada que o governo propõe está certo. Tudo o que não está fazendo deveria ser feito. O presidente, em vez de ouvir a oposição, ouve os seus eleitores. Em vez de falar para a esquerda, fala para a direita. Enfim: é um transtorno.

O Brasil está vivendo um momento exatamente assim. O presidente Jair Bolsonaro e seus ministros, sobretudo os que dão a impressão de serem mais parecidos com ele, são criticados, frequentemente com indignação, por dizerem e fazerem as coisas que disseram que fariam antes das eleições – coisas que, no final das contas, são justamente as que os levaram a ser eleitos.

Não se leva em conta, ao mesmo tempo, que não está acontecendo nenhuma das catástrofes que os perdedores da eleição diziam que o presidente iria produzir: o genocídio dos homossexuais, dos índios e das mulheres, a guerra civil provocada pela “liberação das armas”, a liquidação da democracia e sabe lá Deus o que mais. Em suma: ele leva nota ruim quando tenta fazer o que prometeu, e não leva nota boa quando não faz nenhuma das barbaridades que deveria estar fazendo.

Bolsonaro pode acabar seu mandato como um bom presidente ou como um mau presidente – isso ficará perfeitamente claro com os resultados objetivos que o seu governo apresentar. Mas não é razoável exigir que ele presida o país como os seus adversários querem. Sua obrigação, ao contrário, é fazer o que os seus eleitores esperam que ele faça; é cumprir o que prometeu a eles durante a campanha.

Tudo isso pode ser muito desagradável, mas os quase 58 milhões de brasileiros que votaram em Jair Bolsonaro para presidente foram a maioria do eleitorado no momento da eleição. Essa maioria tem anseios de direita, ou conservadores, e entregou ao atual presidente a incumbência de cumpri-los. Tem valores que pretende ver apoiados. Essas pessoas são contra tudo o que cheire a Lula e a esquerda. São contra a corrupção. São contra a incompetência dos governos petistas. Bolsonaro erra, na verdade, todas as vezes que não cumpre o que prometeu a quem votou nele.

É evidente que o Brasil é maior que o eleitorado bolsonarista; é dever do presidente, assim, governar para todos os cidadãos, e não apenas para os seus seguidores. Mas não faz sentido ficar revoltado com Bolsonaro porque ele pensa diferente de você – e por não fazer um governo parecido ao que Fernando Haddad ou Fernando Henrique, por exemplo, possivelmente fariam. Para isso será preciso esperar pela próxima eleição.

 


Imprensa Diária sábado, 11 de janeiro de 2020

A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE JAÇANÃ E O TREM DAS 11 DE ADONIRAN BARBOSA

 

A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE JAÇANÃ E O TREM DAS 11 DE ADONIRAN BARBOSA

Na década de 1890, São Paulo precisava construir uma barragem para o abastecimento público, pois a cidade já tinha aproximadamente 65 mil habitantes, o mesmo tamanho de Pesqueira de hoje, e os reservatórios seriam insuficientes para uma cidade com aptidão de ser grande. O local escolhido foi a Serra da Cantareira e para construção desta barragem fizeram uma linha de trem com 12 quilômetros e 600 metros, começando no bairro do Tamanduateí.

Além dos trens de carga para a construção da represa, a São Paulo Tramway também colocou vários horários com trens de passageiros para atenderem a população na beira da linha. Além das estações Tamanduateí e Cantareira, foram construídas pelo meio mais nove estações: Areal (Parada Três), Santana, Quartel, Santa Terezinha, Mandaqui, Invernada, Parada Sete, Tremembé e Parada Santa. Em Areal a linha se dividia no sentido de Guarulhos, onde seguia-se passando pelas estações Carandiru, Vila Paulicéia, Parada Inglesa, Tucuruvi, Vila Mazzei, Guapira, Vila Galvão, Torres Tibagi, Gopoúva, Vila Augusta, Guarulhos, findando com a estação Cumbica, por trás do que seria o Aeroporto de Guarulhos. Este ramal só foi inaugurado em 1910.

Trem da Cantareira nos anos 50

A música “O Trem das 11” de Adoniran Barbosa fez sucesso em 1964 e relatava o enredo de um filho único que morava com a mãe no bairro de Jaçanã e não poderia ficar mais tempo com a sua amada porque o último trem partia às 11 da noite e o próximo “só amanhã de manhã”, na verdade Adoniran nunca morou em Jaçanã e o último trem partia as 8 e meia, mas a música tem uma rotina do autor que foi adaptada para romântica, mas o motivo da viagem era outro: farra com muita bebida alcoólica.

Famosa foto de Adoniran aguardando o trem na estação

Em Jaçanã ficava a Companhia Cinematográfica Maristela, a “prima pobre” da Companhia Vera Cruz de Cinema, que produziu muitos filmes, foi o primeiro estúdio da capital paulista. Por lá gravaram Procópio Ferreira, Sérgio Brito, Nair Belo, Inezita Barrozo, Mazzaropi e Adoniran Barbosa em “Mulher de Verdade” e “A Pensão de Dona Estela”. O bairro nesta época era residencial, não tendo vida noturna e após as gravações, os atores, diretores e técnicos iam para os bares na Vila Mazzei, a apenas 1 km dali. Adoniran contou em uma entrevista que muitas vezes ia a pé, mas a escuridão dificultava a caminhada, por isso preferia embarcar na estação Jaçanã e seguir no trem que passava por lá várias vezes ao dia, sendo o último às 11 da noite, “não era o trem das 11, era o de 10:59”, complementou Adoniran na entrevista. Este horário de trem existia apenas nos domingos e feriados.

Adoniran no filme “A Pensão de Dona Estela” do Estúdio Maristela

A estação de Jaçanã foi aberta em 1910 com o nome Guapira e por volta de 1930 foi rebatizada como Jaçanã, nome que permaneceu até o término das operações com trens no trecho. Era uma estação movimentada, pois servia ao asilo dos inválidos, além da população das redondezas. A estação foi demolida em junho de 1966, dois anos depois do estrondoso sucesso da música que tornou famosa a estação, gravada pelos Demônios da Garoa. No local da antiga estação hoje tem a Praça Comendador Alberto de Souza.

Demônios da Garoa e o Trem das Onze:

 


Imprensa Diária sábado, 04 de janeiro de 2020

CADÊ OS HORRORIZADOS COM OS INCÊNDIOS NA AUSTRÁLIA?

 

CADÊ OS HORRORIZADOS COM OS INCÊNDIOS DA AUSTRÁLIA???

Cavalo tenta fugir das chamas próximas a cidade de Nowra, no Estado de Nova Gales do Sul

 

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Imprensa Diária quinta, 02 de janeiro de 2020

DADIVOSA E SEUS DOIS MARIDOS - CONVIVÊNCIA CONJUGAL BÍGAMA

 

BELO EXEMPLO DE CONVIVÊNCIA: UM PRIQUITO E DUAS PAJARACAS

 

 

 


Imprensa Diária segunda, 30 de dezembro de 2019

UM OUTRO BRASIL

 

J. R.GUZZO

UM OUTRO BRASIL

O fato mais importante da década para o Brasil foi a explosão na cena nacional de um moço nascido no norte do Paraná, formado numa faculdade de direito da cidade de Maringá e desvinculado de corpo e alma do grande circuito São Paulo-Brasília-Rio de Janeiro de celebridades jurídicas, reais ou imaginárias. Seu nome, como todo o Brasil e boa parte do mundo sabe hoje, é Sérgio Moro – um típico “juizinho do interior”, como foi definido na ocasião pelo ex-presidente Lula e sua corte imperial. Todo mundo se lembra: eles simplesmente não entenderam nada quando Moro começou a chamá-lo, como um cidadão normal, para prestar contas à Justiça sobre o que tinha feito em seus tempos de poder e glória. Onde já se viu uma coisa dessas? O titular de uma modesta Vara Criminal de Curitiba, com pouco mais de 40 anos de idade, querendo interrogar, processar e talvez até condenar “o maior líder político” da história do Brasil? Pois é. Era isso mesmo. E o mundo inteiro sabe o que aconteceu depois.

Sérgio Moro mudou a realidade do Brasil como ninguém mais, nestes últimos dez anos – ou 50, ou sabe-se lá quantos. Condenou e botou na cadeia por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, pela primeira vez na história, um ex-presidente da República. Comandou a maior operação judicial contra a corrupção jamais realizada no Brasil. Não só a maior: a primeira feita para valer em 500 anos, a mais bem-sucedida em termos de resultados concretos e a mais transformadora da vida pública que o País já conheceu. Moro, no comando da Lava Jato, conseguiu mostrar a todos, na prática, que a impunidade das castas mais ricas, poderosas e atrasadas da sociedade brasileira não tinha de ser eterna – podia ser quebrada, e foi. O governo paralelo que as empreiteiras de obras sempre exerceram no Brasil, mais importante que qualquer governo constituído, foi simplesmente riscado do mapa. Em suma: a Lava Jato virou uma nação inteira de ponta-cabeça. Havia um Brasil antes de Moro. Há um outro depois dele.

Exagero? Pergunte à Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa ou OAS se mudou ou não alguma coisa importante em suas vidas. A mesma pergunta pode ser feita às dezenas de políticos processados e presos, a empresários piratas que durante décadas saquearam o Tesouro Nacional e aos monarcas absolutos que reinavam nas diretorias das empresas estatais: e aí, pessoal, tudo bem com vocês? Dá para ver se houve ou não mudança, também, quando se constata que a ação de Moro levou milhões de brasileiros para as ruas, num inédito movimento de massas contra a corrupção. Varreu do poder um partido, um sistema e milhares de militantes políticos que mandaram no Brasil durante mais de 13 anos. Fez uma presidente ser deposta do cargo por fraude contábil.

Moro e o seu time fizeram muito mais que condenar 385 magnatas, aplicar 3.000 anos de penas de prisão e recuperar para o erário, até agora, R$ 4,5 bilhões em dinheiro roubado. É bom notar, também, que em toda a Lava Jato não há um único trabalhador punido. Não há nenhum inocente na prisão, agora ou desde que a operação começou, em 2014. Não há, enfim, uma única ilegalidade em nada do que Moro fez – tomou centenas de decisões e três tipos de tribunais superiores a ele examinaram com microscópio tudo o que fez, sem encontrar nada de errado até hoje em sua conduta moral. Acusou-se Moro, até no STF, de colocar em risco “a democracia”. Bobagem. O que acaba com democracia é golpe militar, e não juiz criminal que põe ladrão na cadeia. Nenhum país do mundo, até hoje, virou ditadura por punir a corrupção dentro da lei.

Sérgio Moro deu ao Brasil uma chance de ser um país civilizado. É muito.


Imprensa Diária sexta, 13 de dezembro de 2019

LULINHA E AS TRANSAÇÕES DE UM FILHO DE PRESIDENTE

 

LULINHA E AS TRANSAÇÕES DE UM FILHO DE PRESIDENTE

Nada como algumas perguntas simples e respostas sem complicação para se entender com rapidez a maior parte das coisas que aparecem no noticiário como se fossem o enigma do buraco negro do Universo. Essa história das transações entre um dos filhos do presidente e uma gigante do mundo das comunicações, por exemplo, que acaba de ressuscitar mais uma vez: está tudo 100% errado aí. É um alívio, realmente, diante de tantos mistérios da nossa vida pública, dar de cara com algo que qualquer um pode entender na hora – no caso, um embrulho onde não é possível encontrar nada de certo no começo, no meio e no fim.

Pode a empresa de um filho do presidente da República, conhecido como “Lulinha”, fazer algum tipo de negócio com uma empreiteira de obras públicas? Não pode. Podem, os dois, manter relações comerciais durante anos a fio? Não podem. Pode haver sociedade entre o filho e uma companhia que depende diretamente de atos do pai para sobreviver e prosperar? Não pode. Pode o presidente assinar um decreto que beneficia diretamente a empresa que é sócia do seu próprio filho? Não pode. Enfim: não pode nada, mas aconteceu tudo, no negócio montado entre Lulinha e a Oi/Telemar – Oi/Telemar, mas podem me chamar de Andrade Gutierrez.

É fato que entre 2004 e 2016 a Oi/Telemar pagou 132 milhões de reais à Gamecorp/Gol, a empresa do filho, por “serviços prestados”. É fato que não apareceu até agora nenhum motivo ou justificativa para que a primeira desse tanto dinheiro assim à segunda – que nunca teve ativos, talentos, funcionários, atividade empresarial ou qualquer outra coisa que pudesse valer, para a Oi, pagamentos de mais de 130 milhões de reais. É fato que um dos serviços prestados, constante de uma nota de 900.000 reais emitida em 2009, foi por “consultoria jurídica”. Como assim? A Gamecorp/Gol não era um escritório de advocacia – era apenas uma firma que fazia, segundo declarava o seu dono, “desenvolvimento e gestão de canais de distribuição de TV por assinatura” ou coisas desse tipo, todas elas em estado igualmente gasoso.

É fato, enfim, que em 2008 o presidente Lula assinou o decreto 6.654, dando à Oi/Telemar o direito de comprar a Brasil/Telecom. A compra não podia ser feita, pela lei – para isso, teria de haver, diretamente, um decreto presidencial de autorização. Resumo da peça, com pano “extremamente rápido”, como no “Teatro Corisco” de Millôr Fernandes: a Oi deu mais de 130 milhões de reais à Lulinha, e Lula assinou o papel que deu à Oi exatamente o que ela queria, e que só o presidente poderia dar. É isso o que aconteceu. O resto é metafísica, empulhação e conversa de advogado.

A Gamecorp/Gol, como é sabido, desapareceu da face da Terra sem deixar vestígio: só durou enquanto recebeu “aportes” e pagamentos da empreiteira-mãe. Quanto à própria Oi/Telemar, como também se sabe, a coisa toda acabou em lágrimas: a empresa está em “recuperação judicial” e seu presidente acaba de pedir demissão, assim que a justiça pediu novas investigações sobre o caso – que se julgava morto. “É só pepino”, explicou ele.

Resta, enfim, mais uma constatação de grande simplicidade: o silêncio da imprensa sobre histórias como essa faz o caso desaparecer do noticiário, mas não dos autos. A Justiça é um animal de comportamento imprevisível. Essa ou aquela história parecem sepultadas para sempre – mas de repente a tampa do túmulo se abre e saem de lá 47 mandados judiciais de busca e apreensão, a “fase 69” de uma investigação criminal e sabe-se lá quantos infortúnios a mais. A vida é dura.


Imprensa Diária quarta, 04 de dezembro de 2019

O FIM NÃO ESTÁ PRÓXIMO - ELE CONTINUA FIRME

 

J.R.GUZZO

O FIM NÃO ESTÁ PRÓXIMO – ELE CONTINUA FIRME E FORTE

Falta um mês para acabar o ano de 2019 e, pelo jeito, o governo do presidente Jair Bolsonaro vai conseguir completar o seu primeiro aniversário. Como assim? Já não deveria ter acabado? Desde o dia em que tomou posse, em 1º de janeiro, os mais sábios debates de ciência política levados ao público por um regimento inteiro de comunicadores cinco estrelas, “influenciadores”, politólogos, intelectuais, mestres de sociologia, filosofia e brasiologia, homens e mulheres de intelecto superior, etc, etc, asseguraram a todos: “O fim está próximo. Arrependam-se.”

De lá para cá, porém, parece que alguma coisa deu errado. O governo continua aí, dando expediente diário a partir das 7 horas da manhã. Seu falecimento foi adiado, pelo que mostram os fatos. Quem sabe ficou tudo para o ano que vem?

O fato é que o cidadão passou os últimos onze meses sendo informado da existência de acontecimentos que não estavam acontecendo. Escolha por onde você quer começar: para qualquer lado que olhe, o resultado vai ser o mesmo. Não saiu, até agora, o genocídio dos negros, gays, índios, mulheres, favelados e pobres em geral que tinha sido anunciado como uma certeza quase científica – era só o novo governo assumir, garantiam os especialistas mencionados acima, e o extermínio dessa gente toda ia começar.

Onde o projeto falhou? Continuam todos vivos – e não há sinais de que o governo vai fazer neste último mês de 2019 o que não conseguiu fazer durante o ano inteiro. Também não foi possível observar a liquidação do Congresso Nacional, a eliminação dos direitos e garantias constitucionais e o envio dos dois soldados e do cabo que iriam fechar o Supremo Tribunal Federal. A floresta amazônica não foi queimada para agradar o “agronegócio”; até ontem continuava lá, do mesmo tamanho que tinha em janeiro.

Onde foi parar, igualmente, a “morte política do governo”, que não tinha sabido negociar a distribuição de ministérios e outros cargos “top de linha” com os políticos – e, por isso, “não conseguirá governar”? Deve ter ficado para o ano que vem ou ainda mais adiante, pois o governo conseguiu aprovar, com velocidade recorde, a reforma da Previdência e o “Pacto Federativo”, que funcionará como um grande tratado de paz com os estados e municípios – além de uma penca de outras coisas.

O ministro do Exterior iria destruir praticamente todo o sistema de relações diplomáticas entre o Brasil e o resto do mundo. Não aconteceu. A ministra da Agricultura seria banida da cena internacional civilizada, por liberar “agrotóxicos”. Não aconteceu. O ministro do Meio Ambiente não aguentaria 15 minutos no cargo, por ser uma afronta à comunidade ambientalista, aos cientistas e ao Tratado de Paris. Não aconteceu.

E a China, então? Onze entre dez altíssimos especialistas em “comércio exterior” garantiram, com convicção definitiva, que as exportações do Brasil para “o nosso maior parceiro” seriam destruídas em poucas horas, pela postura do governo a favor do presidente Donald Trump. O mesmo, exatamente, iria acontecer com “o mundo árabe”, outro importador gigante de produtos brasileiros. Como o governo havia anunciado sua intenção de mudar a embaixada do Brasil de Telavive para Jerusalém, em Israel, nunca mais os árabes comprariam um único e miserável frango nacional.

Mais que tudo, talvez, há o mistério do ministro Sergio Moro. Foi provado nos mais sagrados santuários da mídia, da vida política e do universo intelectual, com a exatidão com que se calcula a área do triângulo, que ele “estava fora” do governo – liquidado pelas “gravações” de delinquentes digitais, pelo Coaf, pelos ciúmes de Bolsonaro, e 100 outras crises fatais. O homem continua lá, firme como o cacique Touro Sentado.

Com crises assim, vai ser preciso engolir esse governo não apenas por um ano – ou mudam as crises, ou eles ficam lá pelos próximos sete.


Imprensa Diária segunda, 11 de novembro de 2019

PRONTUÁRIO DE LULA

 

 

UM PRONTUÁRIO DA PORRA

 


Imprensa Diária domingo, 10 de novembro de 2019

SACUDA A POEIRA E COMECE A AGIR

 

 

COMECE A AGIR

 


Imprensa Diária sábado, 09 de novembro de 2019

BORIS CASOY: BANDIDOS NAS RUAS

 

 

BANDIDOS NAS RUAS

 


Imprensa Diária sábado, 02 de novembro de 2019

BENEDITA QUER DERRAMAMENTO DE SANGUE

 

 

DERRAMAMENTO DE SANGUE

 


Imprensa Diária terça, 29 de outubro de 2019

NELSON FREIRE: LULA LIVRE – MUITOS, MUITOS, MUITOS ANOS DE VIDA NA CADEIA

 

 

NELSON FREITAS: LULA LIVRE

 

 

 

MUITOS, MUITOS, MUITOS ANOS DE VIDA NA CADEIA

 

 


Imprensa Diária domingo, 29 de setembro de 2019

NO OLHO DO FURICO DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

 

NO OLHO DO FURICO DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

 


Imprensa Diária segunda, 09 de setembro de 2019

CHORAM OS VAGABUNDOS: ACABOU-SE A BOQUINHA

 

 

CHORAM OS VAGABUNDOS: ACABOU-SE A BOQUINHA

 


Imprensa Diária domingo, 25 de agosto de 2019

NOSSA AMAZÔNIA É A MARIELLE DA VEZ NA TELINHA DA GLOBO

 

PERCIVAL PUGGINA

NOSSA AMAZÔNIA É A MARIELLE DA VEZ NAS TELINHAS DA GLOBO

No ano passado fui fazer uma palestra em Belém. Enquanto estive lá. ouvi relatos alarmantes sobre a apropriação das riquezas naturais da região por entidades estrangeiras. É raro algum empreendimento nacional patentear produto com origem local que já não tenha registro concedido fora do país. É voz corrente que essa atividade constitui o objetivo de boa parte das ONGs que ali se concentram, acotovelam, disputam e conquistam território. Estimam as autoridades militares que cem mil dessas organizações atuam na região, o que faria dela uma das mais bem cuidadas do planeta. Não é de qualquer nacionalista fanático o cálculo nem o diagnóstico nesta matéria do G1:

“Grande parte dessas ONGs não está a serviço de suas finalidades estatutárias. Muitas delas escondem interesses relacionados à biopirataria.” (Tarso Genro, ministro da Justiça, em 24 de abril de 2008).

Inaceitável a conduta de quem, tendo poder de comunicação, reproduziu a denúncia chocha do ex-ministro como quem relatasse uma banalidade. Onze anos mais tarde, o Brasil com cérebro não lesado aplaudiu calorosamente a iniciativa do governo Bolsonaro para exercer efetivo controle sobre a atividade e recursos disponibilizados a tais grupos pela União. Dinheiro nosso para custear ações contrárias ao nosso interesse? Eu me levanto e aplaudo de pé quem a isso se oponha. A aplicação de recursos públicos – qualquer aplicação – deve obedecer ao interesse do país e não às simpatias dos opositores políticos nacionais e internacionais.

Perante algo tão alardeado e grave, tão provável quanto previsível, qual a matéria que a Globo e outros grandes veículos nacionais produziram, nesses anos todos, em defesa do interesse brasileiro na Amazônia? Que jornalismo é esse que esquece o fato e foge da notícia para cantar qual galo na madrugada da crise? Na entrevista de ontem pela manhã, 22 de agosto, Bolsonaro profetizou o que a Globo News faria mais tarde: a emissora recortou da entrevista o que não lhe servia e torceu o restante de modo a causar dano ao governo e ao país, ou seja, fez exatamente o que o presidente disse que ela faria. A emissora escondeu o prognóstico sobre a má linha editorial que iria adotar e adotou, e apresentou a matéria manipulando o que Bolsonaro falou a respeito do alheamento dos governadores da região e sobre as suspeitas que recaem sobre as contrariadas ONGs. Transformou-as em acusações diretas que ele não fez. Quem não sabe que há corruptos nacionais, inimigos políticos locais e pesados interesses externos atuando no salve-se quem puder regional?

Florestas são lugares expostos a incêndio. Por isso, projetos de reflorestamento operam com vigilância permanente, torres de observação e brigadas de incêndio. Não é possível fazer isso na Amazônia, uma floresta maior do que os 28 países da União Europeia. Neste momento, inúmeros focos incendeiam meio milhão de hectares na Bolívia; e a culpa é do Evo Morales? Há incêndios florestais de grande porte (33 mil quilômetros quadrados) na Sibéria e a culpa é do Putin? Outro de proporções menores, mas de significativo alcance, acontece na ilha Gran Canária, obrigando a remoção de 9 mil pessoas. E de quem é a “culpa”?

Aqui no Brasil, muitos meios de comunicação jogam contra o interesse nacional. Sugerem que ONGs apagam incêndio e zelam pela floresta… Colocam seus rancores acima da verdade e do bem da nação brasileira. Cuidam de colocar fogo e fumaça no colo de quem preside a República há sete meses e adotou, em relação às ONGs da região, providências corretíssimas. Repito: corretíssimas!

Dão oxigênio a Macron e Merkel que perderam as eleições de maio passado. Põem fogo na queimada, alimentam o intervencionismo estrangeiro, servem a mesa ao neocolonialismo e aos anseios pela internacionalização da Amazônia, jogam oxigênio nas chamas de uma crise internacional contra o Brasil. Isso beira a indignidade e a traição. Nossa Amazônia é a Marielle da vez nas telinhas da Globo.


Imprensa Diária sábado, 24 de agosto de 2019

DIZ AÍ, BORIS!

 

DIZ AÍ, BORIS!!

 


Imprensa Diária terça, 20 de agosto de 2019

LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE: É MERDA PURA!

 

É MERDA PURA !

 


Imprensa Diária sábado, 10 de agosto de 2019

MORO, O MELADOR

 

 

MORO, O MELADOR

 


Imprensa Diária quarta, 24 de julho de 2019

O SINCERICÍDIO DE BOLSONARO

 

 

O SINCERICÍDIO DE BOLSONARO

Renato Cunha Lima

Ele fala besteiras? Muitas, mas estranhamente isso humaniza o nosso Presidente. A favor ou contra duvido alguém achar ele um mentiroso.

Pela primeira vez na história somos liderados por um “sincericída” e cansado de tanta gente mentirosa na política o brasileiro experimenta a verborragia verdadeira de um Presidente, alguns se chocam, outros se revoltam, outros soltam gargalhas, mas de uma coisa ninguém pode reclamar, ele não mente, não engana, não trapaceia.

Neste estilo inédito de liderança, Bolsonaro trocou farpas com todo mundo, com todos os poderes, com a imprensa e recentemente com governadores do Nordeste.

Sem vergonha de errar, de cometer gafes, de ser ridículo, nosso Presidente acaba acertando até quando erra, ele pauta o debate e os resultados nestes seis meses de governo são evidentemente positivos.

Destacando de cara que ele conseguiu fazer o Congresso trabalhar com uma inédita independência, sem oferecer cargos e nacos do poder para as pautas que seu governo elencou como prioridade, como na reforma da previdência já aprovada em primeiro turno no congresso e a futura reforma tributária, que já começa a andar.

Sem papas na língua vai na sua toada com avanços inéditos com um Ministério absolutamente técnico, como na área da segurança pública, com os índices de violência despencando na maioria dos Estados Brasileiros.

Segue no caminho para o fim do monopólio do gás e do refino de combustíveis, concessões e privatizações já estão em andamento, o que nos leva a crer num ciclo virtuoso em nossa economia.

Avançou de sobremaneira nas obras públicas espalhadas por todo o Brasil, com foco e muito trabalho.

Enfim seis meses de avanços práticos de recordes de crescimento na bolsa de valores com câmbio mostrando uma valorização do real que não atrapalha nossas exportações.

Na diplomacia uma aproximação inédita com os EUA e um retorno ao protagonismo diplomático com o Brasil liderando o acordo do Mercosul com a Comunidade do Euro, um sucesso.

O Brasil ainda segue em crise de crescimento, o desemprego ainda é nosso maior problema, mas sem duvida foi um semestre onde se plantou alicerces fundamentais para um ciclo de crescimento sustentável.

O Brasil tenta se desburocratizar, tenta diminuir o peso da máquina pública e mesmo aos trancos e barrancos vamos avançando.

Enfim Bolsonaro erra e acerta, mas permanecendo sincero podemos colocar os devidos freios em seus erros e acelerar apoiando seus acertos.

Com este sincericídio pelo visto quem vai minguar são aqueles de por anos nos governaram com mentiras.

Viva o sincericídio de Bolsonaro!

 


Imprensa Diária segunda, 22 de julho de 2019

MIRIAM LEITÃO X BOLSONARO X NORDESTE

 

MÍRIAM LEITÃO x BOLSONARO x NORDESTE

 


Imprensa Diária quarta, 17 de julho de 2019

A PARANOIA DE VERDEVALDO

 

 

A PARANOIA DE VERDEVALDO

 

 

 


Imprensa Diária terça, 16 de julho de 2019

O MEU, E O SEU, O NOSSO FINANCIANDO O LULA LIVRE

 

O MEU, O SEU, O NOSSO

 


Imprensa Diária segunda, 15 de julho de 2019

OPINIÃO DE DILMA SOBRE OS VAZAMENTOS

 


Imprensa Diária terça, 09 de julho de 2019

COPA AMÉRICA: VITÓRIA DA SELEÇÃO - CADA UM COMEMORA COMO PODE

 

VITÓRIA DA SELEÇÃO

CADA UM COMEMORA COMO PODE


Imprensa Diária quarta, 26 de junho de 2019

MORO: O CRIME FOI COMBATER BANDIDOS

 

O CRIME FOI OUSAR COMBATER BANDIDOS

 

Plácido Fernandes

No Brasil, trava-se claramente uma guerra jurídica de grandes proporções. De um lado, juízes que parecem determinados a punir bandidos do colarinho-branco, definidos como criminosos que, supostamente, não usam da violência nem põem vidas em risco ao cometer delitos, como afanar dinheiro dos cofres públicos. Do outro, magistrados que, aparentemente, parecem se agarrar a quaisquer resquícios de legalismo, como privilégios e isenções instituídos no ordenamento jurídico, para favorecer esse tipo de fora da lei, geralmente poderoso, endinheirado e defendido por caríssimos escritórios de advocacia.

No país, atualmente, o confronto da vez tem como alvo o ministro da Justiça, Sérgio Moro, que se tornou símbolo da Lava-Jato, a implacável força-tarefa de combate à corrupção, que acabou com a impunidade de bandidos de colarinho-branco no país. A partir da divulgação de mensagens hackeadas de Moro com integrantes da Lava-Jato — em alguns casos com diálogos editados e tirados de contexto —, tenta-se anular os processos e pôr em liberdade condenados, mesmo com provas apreciadas, validadas e sentenças ratificadas em até três instâncias da Justiça brasileira. É como se quisessem mostrar ao então “juizeco” de Curitiba que “não se brinca” com certos bandidos.

Moro ainda será o alvo principal em, pelo menos, mais duas ocasiões. Uma na Câmara dos Deputados. Outra a mais decisiva: quando a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal voltar a julgar habeas corpus no qual a defesa de Lula pede que seja declarada a suspeição do ex-juiz no caso do triplex. Não há, até aqui, nas conversas vazadas, nada que desabone a conduta de Moro a ponto de levar a uma anulação do processo. Ainda mais porque as mensagens hackeadas teriam sido obtidas de forma ilegal e porque o próprio Moro não reconhece a autenticidade. Mesmo assim, há quem sustente que podem, sim, ser usadas a favor do ex-presidente. Como se trata do Brasil, o país da insegurança jurídica, tudo é possível, sim.

No STF, o julgamento do habeas corpus a favor de Lula teve início em dezembro de 2018. Acabou suspenso por um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes. À época, o relator, Edson Fachin, e a ministra Cármen Lúcia tinham se posicionado contra a suspeição de Moro, e o placar estava dois a zero contra a concessão do HC. Os outros dois integrantes da turma são Ricardo Lewandowski e o decano Celso de Mello. Petistas consideram certos, a favor de Lula, os votos de Gilmar e de Lewandowski e apostam que terão também o de Mello, tido como um ministro “garantista”.

Caso o prognóstico se confirme, o julgamento do petista será anulado, dando início ao desmonte da Lava-Jato, um temor que aflige a sociedade brasileira, cansada da impunidade garantida a ricos e poderosos deste país. Aliás, o Brasil é pródigo em narrativas a favor de bandidos. Como na descrição do “inofensível” crime de colarinho-branco: quem disse que roubar dinheiro de hospitais, de estradas, da segurança pública não mata? E roubar dinheiro da educação, condenando milhares de pessoas ao analfabetismo? E da merenda das crianças?

O maior crime de Moro e da Lava-Jato foi ousar combater bandidos que nos condenam à morte nas estradas, nas filas dos hospitais, na falta de segurança. Foi combater quem nos condena ao atraso ao roubar o dinheiro que poderia garantir educação e futuro a nossas crianças. É por isso que Moro pode ser punido. E, também, a maioria da população que apoia a Lava-Jato, segundo demonstraram pesquisas.


Imprensa Diária quarta, 19 de junho de 2019

MORO: A FIGURA MAIS AMADA DO PAÍS

A FIGURA MAIS AMADA DO PAÍS

 

Sergio Moro já não é a quase unanimidade de outrora, mas ainda é a figura mais amada do governo para não dizer do país.

Portanto, conviria aos senadores que amanhã questionarão o ministro na Comissão de Constituição e Justiça a ingestão de boas doses de prudência, senso de estratégia e inteligência.

Refiro-me, óbvio, aos parlamentares de oposição que porventura possam enxergar aí uma oportunidade de se vingar tentando anarquizar com o ex-juiz.

Há um aviso implícito a esses navegantes: quanto mais forem agressivos com Moro, mais a favor dele jogarão os senadores, pois darão força à transformação do caso das conversas entre o então juiz e procuradores num plebiscito sobre a Lava Jato.

E nesse tipo de certame o resultado é um estrondoso “sim” à operação.

* * *

Sabem quem escreveu isto aí em cima?

Uma senhora por nome de Dora Kramer.

Na revista Veja.

E mais não disse e nem eu vou perguntar.


Imprensa Diária segunda, 17 de junho de 2019

UMA REVISTA QUE VIROU PAPEL HIGIÊNICO DE BAIXA CATEGORIA

 

UMA REVISTA QUE VIROU PAPEL HIGIÊNICO DE BAIXA CATEGORIA

 
 
Vídeo incorporado
Bia Kicis
 
@Biakicis
 
 

Capa da @VEJA com a imagem de @SF_Moro desmoronando só mostra que a extrema-imprensa se enforca cada vez mais com seu afastamento do povo brasileiro. Moro mais apoiado e amado do que nunca. Quem desmoronou foi você, Veja que não vê.

  

 

* * *

CAPAS DA VEJA EM DOIS TEMPOS:


Imprensa Diária domingo, 16 de junho de 2019

E COMO FOI A GREVE, BORIS CASOY?

 

E COMO FOI A “GREVE”, BORIS CASOY?

 

 

 

 


Imprensa Diária terça, 11 de junho de 2019

ATAQUES À LAVA-JATO - ESCLARECIMENTO

 


Imprensa Diária domingo, 19 de maio de 2019

NO SUL, ESCOLAR SUL-CATEADAS

 


Imprensa Diária segunda, 13 de maio de 2019

LÚCIO MAURO - MOMENTOS HILARIANTES

 

 

UM CABRA TALENTOSO QUE VAI FAZER FALTA 

LÚCIO MAURO

 

Imprensa Diária terça, 30 de abril de 2019

ERIKA KOKAY EXTRAPOLA NO GASTO PARLAMENTAR

 


Imprensa Diária segunda, 29 de abril de 2019

LULA USOU ENTREVISTA COMO PALANQUE

 

 


Imprensa Diária segunda, 15 de abril de 2019

LULA ESTÁ PRESO PORQUE É LADRÃO, SEGUNDO A JUSTIÇA BRASILEIRA

 

BOM? PARA QUEM?

 

J.R. Guzzo

Lula acaba de completar seu primeiro aniversário na cadeia sem que tenha sido possível perceber, ainda dessa vez, a revolução que as massas fariam para tirá-lo de lá. É verdade que estão trabalhando o tempo todo para soltar o ex-presidente, nos tribunais superiores, nos escritórios de advocacia especializados em defender ladrões do erário e nas alturas da classe “civilizada”, tal como ela existe neste país. Mas a coisa está mais complicada do que garantiam um ano atrás os doutores em análise política ─ segundo eles, Lula ia ficar não mais que umas 24 ou 48 horas preso, se tanto, pois “o Brasil não aguentaria” o cataclisma de sua entrada no sistema penitenciário. O Brasil aguentou perfeitamente, como se viu até agora; ninguém está sentindo falta do homem descrito como o “mais importante” da história política do Brasil. Por que será que ficou assim? Talvez porque não se tenha conseguido, até o momento, colocar de pé três argumentos sérios para justificar a sua soltura. Dois argumentos, então? Também não se encontra. Um, pelo menos? Pois é: nem um. Daí a dificuldade de tirar Lula do xadrez ─ ninguém consegue dar um motivo minimamente razoável para isso.

O que existe, na verdade, é a velha contrafação de sempre ─ Lula deveria ser solto, segundo afirma o seu sistema de apoio, porque vai ser “bom para o país”. Só por causa disso? Sim, só por causa disso; não se julga necessário dar nenhuma outra razão. Não há surpresa alguma, aí. O Brasil já se acostumou, há anos, a ver os grandes cérebros da nossa política transformarem os interesses particulares do ex-presidente em necessidade nacional ─ se isso ou aquilo diz respeito a Lula, acham eles, então tem de dizer respeito a todos. Mas, no caso, Lula não está preso por ser uma “figura histórica”, ou porque pode levar o Brasil para cá ou para lá. Ele está preso porque é ladrão, segundo resolveu o único organismo que pode resolver se ele é ladrão ou não é ─ a Justiça brasileira.

Não é uma opinião. Quem diz que Lula é ladrão são os autos ─ as testemunhas, a exibição de fatos e as provas apresentadas. Mais que tudo, ele foi condenado num processo impecável do ponto de vista legal; seria difícil encontrar algum outro caso na história da Justiça penal brasileira em que as exigências da lei para punir alguém tenham sido obedecidas com tantos extremos de cuidado. Seu direito de defesa foi exercido na mais absoluta plenitude; não lhe foi negado rigorosamente nada, no incomparável arsenal de facilidades que a Justiça brasileira oferece a réus que têm milhões para gastar com advogados. Ninguém sabe ao certo o número de recursos, apelos, habeas corpus, mandados de segurança, agravos, embargos etc., que o réu socou em cima da Justiça para se defender. Passaram de 100, possivelmente, e tudo o que ele achou errado foi considerado certo pelas instâncias superiores. Fazer o que, então?

Há uma vaga ideia, na elite iluminada, de que a culpa de Lula não está suficientemente demonstrada. Mas muita gente acha que está. E aí: quem resolve? Com certeza não é torcida do Corinthians, nem o Datafolha. É a Justiça, e ela já resolveu. Nossa Justiça é ruim? É horrível. O presidente do STF levou bomba duas vezes seguidas no concurso para a magistratura; não pode ser juiz nem na comarca de Arroio dos Ratos, mas pode ser presidente do mais alto tribunal de justiça do país. É preciso dizer mais alguma coisa? Mas essa Justiça, do jeito que está, é a única disponível no Brasil de hoje ─ não dá para entregar o julgamento de Lula ao judiciário da Holanda, não é? Além disso, o Complexo Pró-Lula não apenas acha que ele é inocente até prova em contrário, ou até a sua sentença “transitar em julgado”, daqui a mais uma dúzia de sentenças. Acha que Lula é inocente enquanto negar que é culpado; só pode ser punido se um dia confessar seus crimes.

Ninguém reclama, ao mesmo tempo, que estejam presos Eduardo Cunha, Sérgio Cabral, Geddel Vieira Lima e tantos outros. Será que é porque roubaram mais? Ou porque sua prisão “não faz mal ao Brasil”? Jamais se menciona, também, que ex-presidentes presos não prejudicam a “imagem internacional” de país nenhum. Rafael Videla, da Argentina, morreu na cadeia. Park Geun hye, da Coréia, está cumprindo pena de 24 anos de prisão por corrupção. Alberto Fujimori, do Peru, aos 80 anos de idade, acaba de voltar ao xadrez para cumprir o restante da sua pena de 25 anos de prisão por ladroagem, após ter sido liberado por três meses para tratamento de um câncer. Por que teria de ser diferente com Lula?


Imprensa Diária quinta, 28 de março de 2019

GRANDE MÍDIA BANÂNICA ATOLADA NA BOSTA ATÉ O PESCOÇO

 

GRANDE MÍDIA BANÂNICA ATOLADA NA BOSTA ATÉ O PESCOÇO

 

Em meio à crise da reforma da Previdência, o presidente Jair Bolsonaro tirou a manhã desta terça-feira para um evento privado: assistir ao filme “Superação – milagre da fé” no cinema com a primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Eles foram a uma sala no Park Shopping, em Brasília.

  • ****
  • COMENTÁRIO DE LUIZ BERTO, DITOR DO JBF:

Este manchete saiu no Globo, edição de ontem, terça-feira

Na coluna desta bovina que atende pelo nome de Bela Megele.

Uma bela merdale de matéria.

Saiu do jeitinho que vocês estão vendo aí em cima.

Com direito até à chamada “Governo Bolsonaro“.

E este importantíssimo assunto foi tema de reportagens não apenas no Globo.

Outros grandes merdíferos órgãos da nossa imprensa também se ocuparam do mesmo tema, o Presidente da República no cinema com a esposa. Um fato de suma gravidade!!!

Comprovem isto lendo uma postagem que foi feita na página República de Curitiba. Está ótima. Basta clicar aqui 

A chamada grande imprensa, nos últimos três meses, caiu num desespero tão grande que não tem o menor constrangimento de se tornar ridícula.

Dá pra levar esta porra a sério???!!!

É phoda!!!

É pra arrombar a tabaca de Xolinha!!!

Vamos dedicar uma linda canção a toda grande mídia brasileira, magicamente transmudada neste ano de 2019, graças ao corte de verbas publicitárias ordenado pela atual governo.

Uma composição que é oferecida aos proprietários, diretores e redatores de jornais, revistas e televisões deste curral surrealista chamado grande mídia do Brasil.

Com muito afeto e carinho.

 


Imprensa Diária quinta, 14 de março de 2019

PORNOGRAFIA - HIPOCRISIA - FALA, MALAFAIA!

 

FALA, MALAFAIA!

 

 


Imprensa Diária segunda, 04 de fevereiro de 2019

GUZZO: VAI TU MESMO

 

VAI TU MESMO

J.R. Guzzo

Houve um tempo em que pouquíssimas coisas eram tão difíceis no Brasil quanto ser um herói. Faça as contas: quantos heróis, mas heróis de verdade, você conseguiria colocar na sua lista? É duro de admitir, mas o fato é que nunca deu para encher nem o espaço de um guardanapo de papel, tamanho pequeno, com os nomes de brasileiros que poderiam reivindicar para si, por força das ações concretas que praticaram em vida, a condição de “glória nacional”. O fato é que o sujeito precisava ser um Tiradentes, no mínimo, para ser considerado um herói com padrão de qualidade garantido. Sempre se pode discutir as medidas exatas do heroísmo de Tiradentes ─ Getúlio Vargas, por exemplo, chegou a cassar o feriado de 21 de abril ─ mas nos 227 anos que se passaram desde a sua morte na forca de dona Maria I, a Louca, quem apareceu com o mesmo tamanho? Ninguém.

 

 

É verdade que existe uma lista com 43 heróis e heroínas oficiais do Brasil, cujos nomes estão escritos em páginas de aço no Panteão da Pátria em Brasília; Tiradentes, aliás, é o primeiro. Mas muita gente não assinaria em baixo. Os títulos de heróis oficiais são dados por decisão do Senado Federal e da Câmara dos Deputados ─ e só isso já chega para avacalhar qualquer conversa a respeito de heroísmo. Além do mais, fazem parte da lista figuras como Zumbi, Chico Mendes ou o Marechal Deodoro, que traiu o seu Imperador com um golpe de Estado ─ o que mostra bem o tipo de qualidades requeridas para um cidadão receber o certificado de herói brasileiro. (Considerava-se, até há pouco, a inclusão de Ayrton Senna no Panteão da Pátria.) Fazer o quê? Também não é razoável esperar que o nosso panteão de heróis e heroínas tenha um nome só; como ficaria a imagem do Brasil no exterior, especialmente agora que os eleitores colocaram a direita no governo? Não dá. Ficamos, assim, naquela situação de “se não tem tu, vai tu mesmo”, como se diz. A verdade é que, depois de Tiradentes, conseguimos fazer uma guerra inteira contra o Paraguai, durante mais de cinco anos, sem que ao fim houvesse a produção de um único herói claro. Na Guerra da Independência contra Portugal, o comandante de maior destaque foi o almirante Grenfell ─ mas ele era inglês, e embora tenha perdido um braço em combate lutando pelo Brasil, foi um tipo que hoje se chamaria de “polêmico”. (Entre outros feitos, chegou a trancar 256 simpatizantes da causa portuguesa no porão de um navio em Belém do Pará; morreram todos. Mais tarde, foi absolvido numa corte marcial do Rio de Janeiro, por falta de provas.)

 

Antes, no passado remoto, houve O Anhanguera, Fernão Dias ou Raposo Tavares, o Marco Polo brasileiro. Mas se você lembrar esses nomes a CNBB, o Papa Francisco e a Comissão de Direitos Humanos da UNU podem vir com acusações de genocídio contra os índios; melhor não mexer com isso. Santos Dumont, mais recentemente? Oswaldo Cruz? Gente fina, mas sem apoio entre os “influencers“. Agora, enfim, tudo isso mudou. Hoje, dependendo da sua imagem nas classes intelectuais, liberais, progressistas, etc., ser herói é uma das coisas mais fáceis desta vida: basta obter uma certidão de “pessoa de esquerda”. Assassinos patológicos como um Carlos Marighella, por exemplo, têm direito a estrelar, no papel de salvador do Brasil, filmes pagos com o dinheiro dos seus impostos. Um psicopata homicida como Carlos Lamarca chegou a ganhar uma estátua num parque florestal de São Paulo. A vereadora Marielle Franco jamais recebeu uma única citação por algo de útil que tenha feito em toda a sua vida política, mas depois de ser assassinada “pelo fascismo”, é tratada como um dos maiores colossos da história nacional.

O herói dos comunicadores, neste momento, é o ex-deputado Jean Wyllys.

A soma total das realizações de sua existência se resume a ter ganhado, anos atrás, o prêmio de um programa de televisão que compete com o que existe de pior na luta pela audiência das classes Y e Z. Outra foi cuspir, no conforto de quem está cercado por um bolo de gente, num colega na Câmara dos Deputados ─ justamente o que acabaria se tornando o atual presidente da Republica, vejam só. Agora, alegando subitamente ameaças à própria vida na internet, abandonou o mandato, os eleitores e suas promessas de “resistência” ─ e fugiu para a Espanha. Pronto: virou herói instantâneo. Agredido mesmo nessa disputa, até agora, foi Bolsonaro, vítima de uma tentativa de homicídio que quase lhe tirou a vida e acaba de exigir uma terceira cirurgia, com sete horas de duração. Mas o mártir é a figura que cuspiu. É o Brasil 2018.


Imprensa Diária quinta, 24 de janeiro de 2019

O CAPITÃO PISOU NA BOLA?

 

PISOU NA BOLA

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (23) em entrevista à agência Bloomberg que eventuais irregularidades cometidas por seu filho, o senador eleito Flávio Bolsonaro, terão de ser punidas.

Se por acaso ele errou e isso for provado, lamento como pai, mas ele terá de pagar o preço por esses atos que não podemos aceitar“, afirmou Bolsonaro.

O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) considerou suspeitos 48 depósitos em dinheiro na conta do deputado estadual e atual senador eleito. Os depósitos, sempre no valor de R$ 2.000, totalizando R$ 96 mil, foram feitos entre junho e julho de 2017 no autoatendimento da agência bancária que fica dentro da Alerj.

* * *

Comentário de Luiz Berto:

O Capitão pisou na bola.

Ele errou feio!

Não deveria nunca ter dito isto.

O mais certo teria sido dizer que o filhinho Flávio Bolsonaro é um Ronaldinho dos negócios, um gênio capaz de fundar, administrar e ficar milionário com qualquer empresa Gamecorp da vida.


Imprensa Diária quarta, 23 de janeiro de 2019

ENTREVISTA COM MICHELLE BOLSONARO


Imprensa Diária sábado, 15 de dezembro de 2018

LULA: FELIZ NATAL ATRÁS DAS GRADES

 

 
FELIZ NATAL ATRÁS DAS GRADES

O Instituto Lula lançou cartões de fim de ano “para presentear”.

Um deles diz “Feliz Natal e Lula livre”.

Deve ter sido um erro.

* * *

Comentário de Luiz Berto:

 

O Instituto Besta também lançou um cartão de Natal.

E já encaminhou como sugestão para o Instituto Lula.

Ficou lindo!

Estou aguardando a resposta deles.


Imprensa Diária quarta, 12 de dezembro de 2018

AÉCIO: MAIS LADRÕES NO NOTICIÁRIO

 

 
MAIS LADRÕES NO NOTICIÁRIO

Equipes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal cumprem, na manhã desta terça-feira (11), mandados de busca e apreensão em imóveis do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e da irmã dele, Andréa Neves, no Rio e em Minas Gerais.

Há equipes ainda em endereços dos deputados federais Paulinho da Força (SD-SP) e Cristiane Brasil (PTB-RJ).

São investigados na ação, também, os senadores Agripino Maia (PTB-RN) e Antonio Anastasia (PSDB-MG) e o deputado federal Benito da Gama (PTB-BA).

Além dos políticos, as buscas miram empresários que, afirmam promotores, emitiram notas fiscais frias para Aécio.

A procura de documentos faz parte de operação baseada em delações de Joesley Batista e Ricardo Saud.

Os executivos do grupo J&F relataram repasse de propina de quase R$ 110 milhões ao senador Aécio Neves.

Suspeita-se que os valores eram recebidos através da simulação de serviços que não eram efetivamente prestados e para os quais eram emitidas notas fiscais frias.

* * *

Comentário de Luiz Berto:

Mais e mais ladrões e corruptos no noticiário policial-político.

Pelos números que a gente já viu escritos por aí, os R$ 110 milhões de propina pro Aécio são até uma quantia modesta.

Mas é bem alta pro bolso dos contribuintes.

Aécio já está merecendo uma boa temporada na acolhedora Curitiba.

É pena que exista esta excrescência denominada de “foro privilegiado”.

Tenhamos paciência e aguardemos.

Um dia este cabra safado também haverá de ver o sol nascendo quadrado.

“Uma dia eu chego lá onde ele está!!!”


Imprensa Diária domingo, 25 de novembro de 2018

AS CAIXA PRETA

 

A CAIXA-PRETA

Merval Pereira

Quando o hoje governador eleito de Goiás Ronaldo Caiado denunciou no Senado que o acordo com Cuba para o programa Mais Médicos seria uma maneira de “lavar” parte do dinheiro, que voltaria ao Brasil para financiar o PT, parecia mais uma denúncia sem comprovação de um inimigo dos petistas.

Agora, no desdobramento dos telegramas que a Folha de S.Paulo revelou sobre como o programa foi montado, há uma parte da troca de mensagens altamente reveladora de uma triangulação financeira envolvendo o BNDES.

Segundo relato do Itamaraty, os cubanos alegaram que “o incremento das importações brasileiras de Cuba decorrente da contratação de serviços médicos poderia dar mais sustentabilidade às relações comerciais bilaterais e, consequentemente, mais recursos para que o lado cubano tenha condições de honrar, no futuro, dívidas que estão sendo contraídas por conta do financiamento brasileiro em diversas áreas, notadamente de infraestrutura, com a ampliação e renovação do Porto de Mariel”.

Os cubanos propuseram “um mecanismo de compensação” para pagamento dos financiamentos, e o Brasil sugeriu que fosse feito através de uma conta bancária brasileira. Como se vê, a proposta era de que Cuba pagasse os empréstimos do governo brasileiro com o dinheiro que o próprio governo brasileiro lhe pagaria pelo programa Mais Médicos.

Toda a negociação, segundo os relatos oficiais, foi feita em termos comerciais, e não de “ajuda humanitária” como o programa era vendido. Por isso, prevendo que o novo governo de direita, que derrotara o PT, faria uma investigação sobre o programa, os cubanos apressaram-se a rompê-lo unilateralmente.

O caráter pecuniário do programa, em benefício da ditadura cubana, explica porque o governo petista não se interessou, ao longo desses anos, em montar um programa de estímulo para que médicos brasileiros fossem substituindo gradativamente os estrangeiros, na maior parte cubanos.

Se fosse um “programa de solidariedade”, como também era chamado, não teria sido rompido abruptamente, sem que fosse feita uma tentativa de negociação com o futuro governo. Ou, pelo menos, haveria uma retirada gradual dos médicos, dando tempo ao novo governo de reorganizar a situação médica nos grotões brasileiros.

Imaginemos se organizações realmente humanitárias como o Médicos Sem Fronteira, ou a Cruz Vermelha, cujos integrantes trabalham em lugares inóspitos e têm que enfrentar guerras e ditaduras sanguinárias, decidissem abandonar seu trabalho por alguma dificuldade com os governantes locais.

Tudo foi feito como um acordo comercial, e dessa maneira foi rompido por Cuba com a chegada de um novo governo, crítico à ditadura cubana. A Organização Panamericana de Saúde (OPAS) só entrou na negociação justamente para que o convênio tivesse ares de ajuda humanitária.

Os telegramas da embaixada brasileira em Havana revelam que partiu de Cuba a proposta para criar o programa Mais Médicos no Brasil, justamente para viabilizar recursos para a ditadura, que tem na exportação de mão de obra médica um dos seus três maiores produtos, só perdendo para a cana de açúcar e o 
tabaco.

O Brasil aceitou exigências de Cuba de não realizar o Revalida, programa que avalia a capacidade dos médicos estrangeiros, nem permitir que eles exercessem a profissão fora do programa, para evitar que pudessem pedir asilo e trabalhar aqui. As questões jurídicas deveriam ser levadas à “Corte Cubana de Arbitragem Comercial Internacional”, sob suas normas processuais, na cidade de Havana, e no idioma espanhol.

Como não se sabe nem mesmo quanto o Brasil pagou nesses cinco anos de convênio com Cuba, e nem a forma do pagamento ─ se como compensação pelas obras da Odebrecht em Cuba, ou através das OPAS ─ será preciso agora abrir a caixa preta do BNDES para entender exatamente o que aconteceu.

A empreiteira Odebrecht estava envolvida em todas as obras de infraestrutura de Cuba, especialmente no Porto de Mariel, e é possível que pelo menos parte desse dinheiro tenha sido transferida para o PT, dentro do sistema de financiamento de obras públicas exportado pelo governo petista para muitos países da América Latina. Vários desses governantes estão hoje ou presos ou respondendo a processos.


Imprensa Diária sábado, 24 de novembro de 2018

LULA, DILMA, PALOCCI E MANTEGA VIRAM RÉUS NO CASO QUADRILHÃO DO PT

 

 

O juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10º Vara Federal do Distrito Federal, aceitou nesta sexta-feira, 23, denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em 2017 contra os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, os ex-ministros da Fazenda Antonio Palocci e Guido Mantega e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

Com a decisão, os petistas se tornam réus e serão julgados pelo crime de organização criminosa.

Formulada em setembro do ano passado pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a denúncia do chamado “quadrilhão do PT” aceita hoje acusa os ex-presidentes de terem liderado, durante seus governos, entre meados de 2003 e maio de 2016, uma organização criminosa que lesou a Petrobras.

Segundo a acusação formulada por Janot, foram desviados da estatal petrolífera 1,5 bilhão de reais ao longo dos catorze anos em que a organização criminosa vigorou.

Conforme as investigações da Operação Lava Jato, os valores possibilitaram o pagamento de propinas pelas empreiteiras Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa, Mendes Júnior, Galvão Engenharia e Engevix, que tinham contratos com a Petrobras.

  • * *
  • Comentário de Luiz Berto, editor do JBF:

Esta noticia, divulgada ontem, sexta-feira, foi um fecho magnífico para a semana.

A banda decente do Brasil está feliz e terá um excelente final de semana.

Vai passar esta “página infeliz da nossa história“.

As Tenebrosas Transações que assolavam a “nossa pátria mãe tão distraída” estão sendo jogadas no lixo.

Vamos celebrar ouvindo um lulo-petista cantando pra todos nós!!!

 

 


Imprensa Diária segunda, 19 de novembro de 2018

RESISTENTES PETISTAS

 

(Publicado na edição impressa de VEJA)

Resistentes

Depois do período das eleições, enfim resolvidas com a vitória de Jair Bolsonaro, vivemos agora o momento seguinte do calendário político como ele é entendido pelos que perderam — o período de resistência ao resultado das eleições. Atenção: não se trata simplesmente de fazer oposição. Trata-se de anunciar ao Brasil que os derrotados não aceitam o resultado estabelecido pelos eleitores; não valeu, dizem eles, porque só a gente tinha o direito de ganhar. A palavra “resistência” soa bonito, como em filme americano de guerra, mas naturalmente não é nada disso. Levando-se em conta a qualidade da oposição política atual, o que vem à cabeça na hora, quando a palavra “resistência” é utilizada pelo PT, é resistência de chuveiro elétrico ou de chapa para fazer tostex — pois não dá para ninguém pensar a sério, realmente, que o Sistema Lula-­PT-Esquerda vá resistir a alguma coisa gritando “Bom dia, presidente Lula”, na frente da cadeia de Curitiba, ou negando-se por “tradição democrática” a cumprimentar o candidato que a população elegeu. Mais ainda, surgem suspeitas de pane nos circuitos mentais do PT quando o partido entra na Justiça com um pedido de “anulação das eleições”, ou exige do STF a libertação imediata de Lula porque o juiz Sergio Moro foi escolhido como futuro ministro da Justiça de Bolsonaro. Isso não é resistir. Isso não é nada.

A soma de todos esses esforços que pretendem contestar o novo governo se resume ao seguinte: continuar defendendo tudo o que a maioria do eleitorado acaba de condenar com o seu voto, e dobrar os ataques contra tudo o que o eleitorado acaba de dizer que aprova. É uma coisa extraordinária. A maioria dos brasileiros decidiu, de uma maneira talvez mais clara que em qualquer outra ocasião na história recente do país, o que quer e, principalmente, o que não quer. A “resistência” vai na direção exatamente oposta. É como se não tivesse acontecido nada em 28 de outubro de 2018 — ou, mais ainda, é como se Bolsonaro tivesse perdido as eleições e o PT tivesse ganhado. O resultado é o que aparece todo dia no noticiário: uma coleção de alucinações, que a imprensa quer desesperadamente que você leve a sério, apresentadas como se fossem ações de combate contra o “avanço do fascismo” etc. etc. Que ações? Que combate? Vai saber. Qualquer coisa serve.

Temos, assim, jornalistas da Rede Globo defendendo a ideia de que a polícia não deve ser autorizada a atirar num sujeito que está no meio da rua com um fuzil automático na mão. Seu argumento: como se vai provar que essa pessoa está realmente com más intenções? E se ela não quer atirar em ninguém? E se o fuzil não for um fuzil, e sim um guarda-chuva? À primeira vista, parece que alguma coisa deu errado — que diabo essas moças estão falando? Mas não: é isso mesmo. No ato seguinte, aparece uma especialista-­técnica em “políticas públicas de segurança”, ou algo assim, e nos informa que os bandidos têm o direito de carregar fuzis para se defender da polícia e garantir, com isso, a sua legítima defesa. Na mesma emissora, uma apresentadora subiu um degrau a mais no “nível de lutas”, como se diz, e falou na necessidade de sabotagem. “Vamos sabotar as engrenagens deste sistema de opressão”, pregou ela no ar. “Vamos sabotar este sistema homofóbico, racista, patriarcal, machista e misógino” — palavra hoje na moda, essa última, que metade do público não sabe o que significa. O exame do Enem, uma semana depois da eleição, fazia uma pergunta sobre a linguagem privada dos travestis e suas raízes no idioma iorubá. Educadores apresentados como “antifascistas” comemoraram a inclusão da pergunta como uma importante derrota da direita conservadora e do novo “governo autoritário”.

Na mesma batalha para ficar no lado contrário ao do eleitor, o PT acha inaceitável que Moro tenha sido convidado para ministro da Justiça — uma prova, segundo a alta direção petista, de que a condenação de Lula foi uma “jogada” com Bolsonaro. De todos os problemas com essa ideia, o pior é que mais de 80% da população aprovou a ida de Moro para o novo governo. Não é só o PT que está na “resistência”. A ministra Cármen Lú­cia, depois de embolsar mais um aumen­to abusivo no próprio salário, lamentou a mudança “perigosamente conservadora” na situação política. Fernando Henrique, no exterior, faz campanha contra o novo governo — e por aí vamos. É a tal “superioridade moral” que os derrotados atribuem a si próprios. O que todos eles estão dizendo, na prática, é que o povo brasileiro, mais uma vez, votou errado.


Imprensa Diária domingo, 18 de novembro de 2018

O TRIPLEX É A PONTA DO ICEBERG

 

O TRÍPLEX É A PONTA DO ICEBERG

Revista IstoÉ

O juiz demonstrava descontração. Nem parecia o magistrado sisudo das audiências tensas e, não raro, acaloradas com o ex-presidente Lula e os maiores empreiteiros do País. Chegou a esboçar leves risadas, como a que soltou ao rememorar ações envolvendo escuta de celulares num presídio, “onde os presos falavam tanto que os policiais se confundiam até sobre quem falava o que”. Depois de uma hora e meia com os repórteres da ISTOÉ, brincou: “Vocês já têm histórias para escrever um livro”.

Em sua primeira entrevista exclusiva para um veículo de comunicação impresso, após ter sido escolhido ministro da Justiça e Segurança Pública pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, o juiz Sergio Moro ainda utilizou a antiga sala da 13ª Vara Federal do Paraná, em Curitiba, que ocupa há 15 anos. A partir de agora, deve passar a concedê-las somente no Palácio de Justiça, em Brasília, suntuoso prédio onde está instalado o ministério que comandará a partir de janeiro. Sua mesa na Justiça Federal é o que podemos chamar de bagunça organizada – aquela em que só o dono é capaz de se encontrar no meio dela, mais ninguém. Repleta de papeis em desalinho, um em cima do outro, cercada por estantes amontoadas por livros comprados por ele mesmo.

Mas, claro, ali no meio daquela aparente anarquia se transpira seriedade. É onde se batalhava a faina diária de um dos magistrados mais competentes do País, responsável pela Lava Jato, a mais profunda operação de combate ao crime organizado desenvolvida no Brasil. Para o novo gabinete, ele ainda não sabe se levará os livros. Uma hipótese é deixá-los mesmo em Curitiba para não sobrecarregar a mudança. O mesmo provavelmente fará com sua esposa Rosângela e os dois filhos adolescentes, só que por outras razões, obviamente. A mulher cuida de um escritório onde é advogada especialista em casos de pessoas com doenças raras. Os filhos adolescentes preferem não trocar de escola. “Irei para casa nos finais de semana”, promete. Quem ele vai levar quase que a tiracolo é Flávia Blanco, sua chefe de gabinete na Justiça Federal, uma espécie de faz-tudo do juiz e a quem ele tem em mais alta conta. Moro tem pressa. Terá pouco mais de um mês para definir também quem levará para Brasília para integrar a nova equipe. Um de seus desejos era reforçar o time com integrantes da Lava Jato, mas enxerga “óbices” difíceis de transpor. “Seria um tolo se não levasse gente da Lava Jato, que já comprovaram competência e dedicação, mas muitos teriam que abandonar suas carreiras para me seguir”.

Na verdade, a maior angústia de Moro não é deixar para trás livros, amigos e colegas de trabalho, mas as dezenas de processos da Lava Jato ainda não encerrados. Quando desencadeou a operação em 17 de março de 2014, Moro não imaginava chegar tão longe. Mas, quando decretou a prisão do doleiro Alberto Youssef, e com ele encontrou o documento da compra de uma Range Rover Evoque em nome de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, percebeu que o caso poderia atingir proporções muito maiores. Preso, Costa revelou em delação que a Petrobras era usada pelo governo Lula para o pagamento de propinas a políticos tanto do PT, como do PP e PMDB. Era apenas o fio de um extenso novelo que alcançaria o maior esquema de corrupção da história recente do País. A Lava Jato evoluiu de tal maneira que levou o juiz a condenar importantes dirigentes do PT, o mais importante deles o ex-presidente Lula, preso em Curitiba desde o começo do ano por ter recebido vantagens da OAS, entre as quais um tríplex no Guarujá, em troca de polpudos contratos na Petrobras.

Ao responder à ISTOÉ sobre o inconformismo do ex-presidente em relação à condenação imposta a ele, Moro lembrou que a sentença foi “extensamente fundamentada” e acrescentou: “As provas indicam que Lula é o mentor desse esquema criminoso que vitimou a Petrobras. E não se trata só de um tríplex. Nós falamos de um rombo de R$ 6 bilhões. O tríplex é a ponta do iceberg”. Sobre as acusações de perseguição política, e eventual relação de causa e efeito com a campanha presidencial deste ano, Moro reavivou que a sentença no caso do tríplex foi proferida em meados de 2017. “O que existe é um álibi de Lula, baseado numa fantasia de perseguição política”. Ademais, a decisão de condenar o petista a nove anos e meio de prisão, reforçou juiz, foi mantida pela Corte de apelação (TRF-4), que não apenas endossou as suas fundamentações jurídicas como ampliou a pena para 12 anos e um mês. “A partir daí, a decisão não é mais minha”, disse.

Os demais processos que Sergio Moro deixará prontos para julgamento, envolvendo o ex-presidente, como o caso do apartamento São Bernardo do Campo e de um terreno para o Instituto Lula, doado como propina pela Odebrecht, estarão sob a batuta da juíza substituta Gabriela Hardt. A sentença deverá ser proferida ainda este ano. A julgar pela audiência de estreia (leia mais às págs 32 e 33), que lhe rendeu o apelido de “juíza linha Hard(t)” pela maneira firme como arguiu e enquadrou o ex-mandatário petista durante depoimento sobre o sítio de Atibaia, tudo indica que Lula deve ser condenado novamente por corrupção e lavagem de dinheiro. “Esses processos já fazem parte do meu passado”, esquiva-se Moro.

O foco do futuro ministro da Justiça agora é na preparação dos projetos de combate à corrupção e ao crime organizado que serão submetidos ao Congresso já em fevereiro. Entre as mudanças propostas estão as que possibilitam prever em lei o cumprimento da prisão após condenação em segunda instância e a redução da maioridade penal para 16 anos, “mas apenas para crimes de sangue”. Moro pretende endurecer ainda medidas contra os cabeças do tráfico, não permitindo as famigeradas saidinhas durante o cumprimento das penas. Uma de suas ideias é proibir inclusive as tradicionais visitas íntimas a presos. Atendendo a uma promessa de campanha de Jair Bolsonaro, Moro trabalhará para flexibilizar o porte de armas, mas apenas dentro de casa: “Não vamos autorizar que as pessoas saiam armadas nas ruas”. Para quem ainda acha que ele largará a carreira de magistrado para mergulhar na política, Sergio Moro adverte: “Não serei candidato a presidente da República. Não tenho nenhuma pretensão de participar de campanhas eleitorais, nem de subir em palanques”.

O senhor vai apresentar um plano de combate à corrupção e ao crime organizado?

Nos últimos anos houve um avanço muito grande de políticas anticorrupção. A Justiça começou a mudar. Está começando a enfrentar com mais rigor os casos de corrupção. O que nós temos visto na Lava Jato é uma agenda anticorrupção forte, mas o governo federal foi muito tímido. Então a prioridade vai ser as medidas anticorrupção. E o embate contra o que já é uma coisa de segurança nacional, que é o crime organizado. A ideia é a apresentação de um plano ao Congresso já em fevereiro.

E quais serão as primeiras medidas?

O projeto que vamos apresentar ainda está em estudo e seria imprudente de minha parte anunciar todo o plano agora. Ele ainda terá que ser submetido ao presidente Jair Bolsonaro. Então é prematuro colocá-lo em detalhes neste momento. Mas, por exemplo, em matéria de crime organizado quero proibir o condenado de poder progredir de regime de cumprimento de pena se houver vínculo com organizações criminosas. Em matéria anticorrupção há a execução da pena a partir da condenação em segunda instância, que é uma questão que deverá constar no projeto a ser encaminhado ao Congresso. O entendimento do Supremo, que predomina desde 2016, é que a Constituição já permite a execução em segunda instância. O mais prudente, neste momento, é apresentar um projeto para deixar isso mais claro na legislação ordinária.

O senhor teme a mobilização das bancadas de parlamentares que estão sendo investigados pela Lava Jato, como Renan Calheiros, contra o seu projeto anticorrupção?

O novo governo traz uma expectativa de mudança. Os eleitores deram recado claro nas eleições de que há uma insatisfação com a corrupção e com a segurança pública. Isso sem ingressar na parte econômica, que também é muito importante, mas não é da minha área. Imagino que os parlamentares serão sensíveis a esses anseios dos eleitores. Mas nós pretendemos dialogar e construir uma agenda que possa ser aprovada pelo Parlamento em tempo razoável.

O senhor disse que apesar do esforço gigantesco da Lava Jato a corrupção continua. O senhor quis dizer que a corrupção não acabará?

É impossível eliminar a corrupção, como é impossível eliminar a atividade criminal. Agora, o que é intolerável é a tradição da impunidade que nós tínhamos no Brasil. Isso acabava sendo estímulo para a prática de novos crimes. Tanto assim que se chegou à uma situação, considerando os casos já julgados, de corrupção disseminada. Se não é possível eliminar a corrupção por completo, é possível reduzi-la a patamares menores do que temos atualmente.

Os governantes montaram verdadeiras máquinas de dilapidação dos cofres públicos. No governo Bolsonaro é possível que dizer que isso não se repetirá?

Crime de corrupção é muito difícil ser descoberto e investigado, porque é um crime praticado em segredo. Tem que se criar sistemas de controle e prevenção para detectar esses fatos. Agora, o que eu posso assegurar, porque isso me foi afirmado pelo presidente eleito, é que ninguém será protegido. Identificado os casos de corrupção no governo, ninguém será protegido. Esse é um compromisso meu. Não vou assumir um cargo desses para proteger alguém.

Se o senhor descobrir alguém se locupletando do governo, vai pedir que o presidente demita essa pessoa?

Sim, certamente. Se houver provas nesse sentido, e forem consistentes, vou levar ao presidente eleito para tomar uma decisão que ele entenda apropriada.

O ex-presidente Lula usa a sua nomeação para o ministério da Justiça do governo Bolsonaro para solicitar novo habeas corpus. Como vê as acusações do PT de que o senhor usou a Justiça apenas para perseguir o ex-presidente?

Essa é uma questão que agora pertence à Justiça. Eu proferi um julgamento em 2017, em que a decisão é extensamente fundamentada. As provas indicam que Lula é o mentor desse esquema criminoso que vitimou a Petrobras. E nós não tratamos apenas de um tríplex. Nós falamos de um rombo estimado de R$ 6 bilhões. O tríplex é a ponta do iceberg. A opção do Ministério Público foi apresentar a acusação com base nesse incremento patrimonial específico, que foi fruto da corrupção. Mas eu proferi essa decisão em meados de 2017 e a decisão foi mantida pela Corte de apelação. A partir do momento em que a Corte de apelação mantém a decisão, a decisão passa a ser dela. Não é mais nem minha.

Mas foi do senhor.

O que existe é um álibi de Lula, baseado numa fantasia de perseguição política. Vamos analisar a Operação Lava Jato. Nós temos agentes políticos que foram do Partido Progressista condenados, temos agentes do PMDB e de figuras poderosas da República, como foi o caso do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, considerado adversário figadal do PT. E, claro, condenamos também agentes do Partido dos Trabalhadores. O esquema de corrupção na Petrobras envolvia a divisão de dinheiro entre executivos da estatal e agentes políticos que controlavam a empresa. É natural que o esquema criminoso dessa espécie, quando descoberto, com políticos envolvidos, impliquem majoritariamente aqueles partidos que estavam no poder e controlavam a empresa e não legendas que se encontravam na oposição.

O senhor deixou pronto para ser julgado um novo processo que envolve o ex-presidente Lula. Sobre um apartamento em São Bernardo e um terreno destinado ao Instituto Lula, em que ele é acusado de receber os imóveis como forma de propina distribuída pela Odebrecht. O ex-presidente deve ser condenado outra vez?

Essa é uma questão da Justiça, a cargo da doutora Gabriela Hardt, que me substitui na 13ª Vara Federal e não seria apropriado comentar. Ela é uma magistrada muito séria e muito competente. No entanto, está em suas mãos diversos casos criminais em relação à Lava Jato, que demandam atenção dela. Então não sei se ela vai ter tempo hábil para julgar esse caso ainda este ano.

O presidente eleito Jair Bolsonaro disse que, se a polícia subir morro e numa operação dessas morrerem até 20 bandidos, não haverá problema algum. A polícia terá passe livre para matar na sua gestão?

Não existe isso. Às vezes essa questão é mal colocada. O objetivo do trabalho de investigação policial e do trabalho dessas operações contra o crime organizado é que o criminoso seja preso e o policial vá a salvo para a sua residência. O trabalho de enfrentamento das organizações criminosas é baseado em inteligência, investigação, prisão dos líderes, isolamento dos líderes e confisco de seus bens para desmantelar essas facções. Agora, existem algumas organizações que muitas vezes se valem da força e de seus armamentos para intimidar determinadas comunidades, muitas vezes carentes, utilizando armas ostensivamente. Nesse contexto pode eventualmente haver situações de confronto entre criminosos e polícia. Podem surgir incidentes, como óbitos, mas isso tem que ser evitado ao máximo, porque o risco de danos colaterais é muito grande. A situação ideal não é o criminoso morto. A situação ideal é o bandido preso.

O presidente Bolsonaro disse que policial que mata bandido em combate tem que ser condecorado. Pode haver um aumento indiscriminado de mortes por policiais?

Temos que ver em que contexto isso foi dito. Estratégia de confronto não é um objetivo. O confronto é uma possibilidade dentro do contexto de violência que existe. Não haverá o desejo de se buscar o confronto como resolução dos problemas criminais.

As facções que dominam o crime de dentro das cadeias transmitem ordens por meio de advogados ou familiares. O senhor pensa em restringir a atuação de advogados e familiares nos presídios?

Isso está sendo estudado. É evidente que tem se preservar a ampla defesa, mas as prisões de segurança máxima têm que servir como elemento para inibir novos crimes. Se o condenado mesmo assim consegue transmitir ordens, essa é uma situação em que o trabalho dos advogados tem que ser reavaliado.

As visitas íntimas deveriam acabar?

Isso está sendo estudado. É uma possibilidade.

O senhor já disse que concorda com a redução da maioridade penal para 16 anos. Não corremos o risco de se encher ainda mais as prisões com jovens que na verdade deveriam estar na escola e não presos?

A minha avaliação é que a redução da maioridade penal para 16 anos seja relacionada apenas a crimes graves. E quando falo em crimes graves, estou falando em crimes com resultado de morte ou lesão corporal gravíssima. Crimes de sangue. O que envolve um número não tão significativo desses adolescentes. Pode se dizer que isso não resolve o problema da criminalidade. E não resolve. Mas existem questões relativas à Justiça individual. Se você é parente, um pai de alguém que foi assassinado por um adolescente nessa faixa etária, você quer ver a Justiça sendo realizada. Um jovem de 16 a 18 anos já tem consciência de que não pode matar.

O que o senhor acha da proposta do presidente Bolsonaro que prevê que o cidadão possa ter uma arma em casa. O senhor não acredita que corremos o risco de ter crimes em massa como acontece nos Estados Unidos?

É uma questão de plataforma eleitoral. Uma das promessas de Bolsonaro foi a possibilidade do porte de armas, mas em casa. Havia uma política restritiva para a pessoa obter uma arma para guardar em casa e a promessa eleitoral é que isso seria flexibilizado. A meu ver isso tem que ser cumprido, já que foi parte de uma promessa eleitoral. Mas é algo bem diferente de autorizar as pessoas a saírem armadas nas ruas. Por outro lado, não estamos falando em autorizar porte em casa de armas automáticas, de fuzis. É uma situação diferente da que acontece nos Estados Unidos. Agora, teremos que tomar muito cuidado, e isso eu conversei com o presidente eleito, de permitir que essa flexibilização seja uma fonte de armamento para o crime organizado.

Se houver invasões a propriedades rurais ou ocupação de sem tetos a prédios públicos, como o senhor vai se comportar?

Já existe a lei que protege a propriedade privada. Esses movimentos sociais têm direitos e liberdade de manifestação, de protesto, é algo natural. Mas existem limites para esse tipo de coisa, como invasão, prejuízos à propriedade privada, perturbação da ordem, fechamento de vias públicas com queima de pneus, incomodando as pessoas. Isso não é comportamento aceitável. Isso foge da regra e tem que ser apurado na forma da lei, responsabilizando as pessoas que provocaram danos ao patrimônio. Eles não são inimputáveis.

Se houver discriminação e ataques contra gays, negros, mulheres, quilombolas, o senhor pensa em punir quem levar a cabo essas ações?

Não há nenhuma chance disso acontecer. Não há nenhuma iniciativa de discriminação às minorias. O próprio presidente eleito declarou isso sucessivas vezes e no que se refere ao Ministério da Justiça, em especial, o meu entendimento é que todos têm direito a igual proteção da lei, seja maioria, seja minoria. Eu conheço vários homossexuais, alguns deles são pessoas fantásticas, das melhores que conheço, e não vejo a menor perspectiva de que venham a ser perseguidos.

O senhor ainda tem como meta chegar ao Supremo, que sempre foi seu sonho na carreira de magistrado?

Não existe uma vaga no Supremo. Ela ocorrerá só em 2020. Seria indelicado de minha parte pensar numa nomeação para o Supremo agora.

O senhor chegou a negociar essa possibilidade com o presidente?

Eu não apresentei nenhuma condição ao presidente eleito. A questão foi levar a ele uma pauta para ver se tínhamos convergências e, no que se refere às divergências, se elas seriam razoáveis.

O senhor prefere a Justiça ou pretende ser candidato a presidente da República em 2022?

Não existe candidatura a presidente. Eu prometi e já fiz declarações expressas de que não ingressaria na política. Esta ida para o ministério foi interpretada por alguns como uma quebra dessa promessa. Mas na minha avaliação, estou indo para o governo para implementar uma agenda anticorrupção e anticrime organizado, num papel eminentemente técnico. Eu não tenho nenhuma pretensão de participar de campanhas eleitorais, de subir em palanque.

 

 


Imprensa Diária sábado, 17 de novembro de 2018

LULA SERÁ SOLTO ANTES DA POSSE DE BOLSONARO?

 

 
LULA SERÁ SOLTO ANTES DA POSSE DE BOLSONARO? 

 

 


Imprensa Diária sábado, 17 de novembro de 2018

OS ESCRAVOS DO SÉCULO XXI

 

 
OS ESCRAVOS DO SÉCULO XXI

 

 


Imprensa Diária domingo, 04 de novembro de 2018

DINHEIRO SUJO: PUBLICIDADE DO GOVERNO

 

DINHEIRO SUJO

J.R. Guzzo

A certa altura em uma entrevista já como o próximo presidente do Brasil, no último domingo, Jair Bolsonaro disse que seu governo, entre diversas outras coisas, vai “diminuir” as verbas que o Erário paga hoje a uma certa rede de televisão e a um certo jornal diário para publicarem anúncios de propaganda oficial. Há pelo menos um erro sério nessa promessa: o verbo “diminuir”. A única palavra correta no caso, já que ele tocou no assunto das relações entre imprensa e governo, é “acabar”. Para os dois, a televisão e o jornal? Sim, para os dois — e para todos os outros veículos de comunicação do Brasil, sem nenhuma exceção. Por que contentar-se em roubar menos da população que paga por tudo isso, se há a oportunidade de não roubar nada? É a coisa mais fácil do mundo. Não existe nenhuma lei que obrigue o governo a jogar dinheiro fora com a imprensa. Não é preciso pedir licença ao STF ou ao Congresso, por mais que ambos acabem passando mal com isso. Também não há que pedir autorização da ONU, como o PT poderia exigir. Basta decidir que a partir de 1º de janeiro de 2019 o Tesouro Nacional não pagará mais nem um tostão para publicar anúncios na mídia deste país.

O fato é que não poderia haver momento melhor para começar a limpeza dessa usina de lixo que se chama “área de comunicação social do governo”. A maioria dos jornalistas brasileiros, com a concordância de seus empregadores, está combatendo há meses numa guerra sem quartel contra os perigos de ditadura que, segundo eles, apareceram no Brasil com o novo presidente. Então: propaganda para as massas, elites e tudo o que vem no meio das duas é uma das armas mais perversas das tiranias em todo o mundo e em todas as épocas. Que tal ficarmos livres dessa — pelo menos dessa? Bolsonaro, ao acabar com tamanha lavagem cerebral, estaria fazendo um gesto de paz para acalmar um pouco os comunicadores. “Estão vendo?”, poderia perguntar. “Vou abrir mão dos bilhões que tenho para comprar a aprovação da opinião pública.” Os jornalistas e seus patrões, por seu lado, não poderiam reclamar por estar perdendo essa dinheirama — fica ruim, de fato, falar mal da ditadura porque o ditador parou de lhes pagar. Além do mais, por que não reclamam de nada hoje? Já recebem dinheiro sujo. Não ficará limpo com o fascismo que anunciam.

O fato, para não ficar enganando o leitor com complexidades que não existem, é que, de todos os 1.001 pés-de-ca­bra à disposição do governo para roubar dinheiro do contribuinte, a propaganda oficial é um dos mais hipócritas. Não tem nada de pública — ao contrário, é puro negócio privado, bom só para quem manda no governo, os donos e empregados dos órgãos de imprensa e todos os intermediários que se movem entre uns e outros. Não tem a menor utilidade para o cidadão. Também não há ninguém pedindo “comunicação”. Você já viu alguma multidão sair à rua exigindo “publicidade já”? Não existe em democracia alguma do planeta; ninguém jamais ouviu falar em “Inglaterra para Todos”, ou “Acelera, Holanda”. Em compensação, é oxigênio puro para ditaduras e governos de países subdesenvolvidos pelo mundo afora. Fala-se, é claro, na necessidade de publicar editais, leis, nomeações e outros atos do governo. Parem de fingir. Tudo isso pode ser escrito no Diário Oficial, que já é do poder público e tem de ser divulgado de qualquer jeito. Quem estiver interessado que compre — ou que se paguem os trocados que a mídia privada cobra por esse tipo de anúncio. Mas não é disso que estamos falando, não é mesmo? O que interessa é o dinheiro grosso que os governos pagam para dizer como são bons para você. Bolsonaro fala em “critérios técnicos” para distribuir a publicidade em seu governo. Que piada. Não há aí nada de critério nem de “técnico” — é puro desvio de dinheiro público para bolso privado.

Esqueçam as “campanhas de vacinação” que a mídia divulga em seu noticiário normal, ou “a obrigação de prestar contas ao público”. Quem está interessado, ou acredita, nisso? E os “pequenos veículos”, ou grandes, que morreriam sem a propaganda oficial? Problema deles — que arrumem leitores e anúncios privados para ganhar sua vida. A verdade é uma só: o cidadão vai economizar bilhões com o fim da “comunicação social transparente”, sem contar o que deixará de ser gasto com os milhares de funcionários empregados nesse falso serviço. Um governo que tem cerca de 800 000 servidores na ativa tem também a obrigação de tirar dali os que são realmente necessários para o trabalho de comunicação que realmente deve ser feito. O resto é safadeza.


Imprensa Diária segunda, 29 de outubro de 2018

BOLSONARO: QUEM É ESSE CARA?


Imprensa Diária quarta, 24 de outubro de 2018

BOLSONARO: QUEM É ESSE CARA?

 

 


Imprensa Diária terça, 23 de outubro de 2018

O POVO FOI PRAS RUAS E O VERDE-AMARELO COLORIU O BRASIL (1)

 

 
O POVO FOI PRAS RUAS E O VERDE-AMARELO COLORIU O BRASIL (1)

Aliança é uma pequena cidade de Pernambuco, localizada na Zona da Mata Norte, com 38 mil habitantes.

Ela foi uma das milhares de cidades onde aconteceram manifestações anti-PT em todo o Brasil no dia de ontem, domingo.

 
 

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A multidão também tomou as ruas de Belém, capital do Pará:

 
 
 
 
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A brava gente das Alterosas também se mobilizou.

As ruas de Belo Horizonte ficaram lotadas neste domingo.

Como acontece no resto do país, os mineiros se cansaram da ladroagem petralha e estão exigindo o sumiço da quadrilha de Lula.

 
 
 

Imprensa Diária terça, 23 de outubro de 2018

HADDAD: UM PRESENTE DE GREGO

 

 
SERIA UM PRESENTE DE GREGO

Revista Isto É

A uma semana da votação, Fernando Haddad tenta esconder o que o PT nunca teve pudores em escancarar.

Por trás das cores, – agora verde e amarela da campanha –, encontra-se o exército de malfeitores petistas que levou o País à maior crise moral e político-econômica da história recente

Em um estudo de história que se tornou um clássico, Barbara W.Tuchman usa a lenda do Cavalo de Tróia, contada no poema Ilíada, de Homero, para comentar como muitas vezes os homens embarcam em apostas insensatas e sem sentido que deságuam em destinos trágicos. Como alguém poderia acreditar que um imenso cavalo de madeira recheado de soldados no seu interior fosse apenas um inocente presente para uma cidade? Barbara W.Tuchman batizou esses momentos de “A Marcha da Insensatez”. No Brasil dos nossos dias, o PT tenta apresentar à sociedade um ób vio Cavalo de Troia. Por trás das cores agora verde e amarelas da campanha de Fernando Haddad, apresentado como simpático ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo, encontra-se o exército de petistas que, pela sequência de erros administrativos e envolvimento em escandalosos casos de corrupção, ajudou a levar o País à ruína – indubitavelmente a maior crise moral e econômica da história recente. Especialmente no segundo turno, a campanha de Haddad tenta esconder esse exército. Dourar a pílula de fortes tons rubros. Mas se trata de um aspecto inconteste, que o PT não teve pudores de ostentar quando a eleição parecia navegar em mares de águas menos turvas. “Na verdade, quem buscou transformar as eleições deste ano em plebiscito foi o próprio PT”, observa o cientista político Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília (UnB). Agora, Haddad posa de democrata, apresentando-se como alguém capaz de aglutinar as esquerdas. Como o herói que desponta na relva sobre o cavalo alado a fim de pacificar a nação. Tarde demais. O cavalo, como sabemos, é outro. Há menos de um mês, a história também era outra.

Na estratégia inicialmente montada, o ex-presidente Lula, preso por corrupção na sede da Polícia Federal em Curitiba, imaginava que o eleitor lhe daria uma ampla votação que soaria como uma absolvição popular. Que coroaria a tese do PT de que tudo não passou de uma injustiça. De uma punição política. De carona, seguiriam pelo mesmo caminho da redenção pelas urnas todos os demais petistas enrolados. O eleitor negou a Lula seu plano. Aceitou o formato plebiscitário, mas para derrotar a tese do PT. Deu a vitória na primeira etapa das eleições a Jair Bolsonaro, do PSL, levando Haddad no segundo turno a tentar construir uma impossível e falsa guinada no formato da sua campanha. “O PT apostava que prevaleceria no conjunto da sociedade a memória dos tempos de bem estar e ascensão econômica dos primeiros anos do governo Lula. Mas o que prevaleceu foi a memória da confusão e da crise dos anos mais recentes, do governo Dilma Rousseff. Os casos de corrupção. E a falta de resposta para o crescimento da violência urbana”, analisa Leonardo Barreto. Ou seja: o que se pretendia escondido na barriga do Cavalo de Tróia, restou escancarado aos olhos do eleitor.

O exército oculto

A sequência de personagens ocultos começa pelo próprio Lula. O primeiro ato de Haddad no segundo turno foi ir à Curitiba receber do ex-presidente a ordem para que parasse de visitá-lo. Assim, a retirada de Lula da campanha já começou não sendo uma decisão de Haddad, mas uma determinação do próprio Lula. Na prática, porém, só o que mudou foi a ausência do contato pessoal entre o criador e a criatura. Emissários do PT têm ido a Curitiba e, na cela na sede da PF, colhem as orientações do ex-presidente para a campanha. Um desses emissários é o advogado Emídio Pereira de Souza, ex-prefeito de Osasco.

Velada ou explícita, a presença de Lula em um eventual governo Fernando Haddad é uma expectativa óbvia. Até porque Haddad foi colocado como candidato para exatamente ser um avatar de Lula. De forma ainda mais explícita do que aconteceu quando da escolha de Dilma Rousseff como sua substituta. Caso siga preso, será um conselheiro evidente, participando especialmente das articulações políticas e das negociações com aliados, sua especialidade. Se deixar a cadeia, Lula poderia vir a ter uma posição de destaque no Ministério de Haddad. A posição mais provável seria ministro das Relações Exteriores.

Dentro da linha inicialmente imaginada de transformar a eleição em plebiscito, o PT imaginava eleger Dilma Rousseff senadora por Minas Gerais. O plano de Dilma era obter um palanque no qual viesse a defender as realizações de seu governo e seguir reforçando ali a narrativa de que seu impeachment foi um golpe. Os votos mineiros lhe dariam a legitimidade para contar tal história. Dilma já era cotada no PT como provável presidente do Senado. Novamente, o plano fracassou. Dilma não foi eleita senadora. Mas segue no leque de opções de Haddad para algum posto técnico no governo. Como o Ministério das Minas e Energia, que ocupou no início do primeiro governo Lula.

Minas e Energia é a área que abriga a Petrobras, berço dos escândalos revelados pela Operação Lava Jato. E é da Petrobras que vem outro exemplo de quem se esconde na barriga do Cavalo de Tróia. O ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli é hoje um dos coordenadores da campanha de Haddad. Gabrielli responde a duas ações de improbidade por mal feitos cometidos no período em que comandava a estatal. No Tribunal de Contas da União (TCU), Gabrielli foi responsabilizado por danos cometidos à Petrobras e condenado a pagar, junto com o ex-diretor Internacional e ex-diretor da BR Distribuidora Nestor Cerveró, R$ 320 milhões, frutos de prejuízos ocorridos nas negociações com a refinaria de Pasadena.

O núcleo mais radical do partido pode estar agora mais escanteado do comando central da campanha de Haddad. Mas segue no PT e segue influente. Caso do ex-senador Lindbergh Farias (PT-RJ), de Fernando Pimentel, ex-governador de Minas Gerais, de Guilherme Boulos (PSOL), derrotado no primeiro turno, mas sempre um soldado de primeira hora de Lula e, por óbvio, do onipresente ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. No primeiro turno, em um momento que parecia mais favorável à vitória de Haddad, Dirceu declarou que o projeto do PT não era ganhar a eleição, era “tomar o poder”. A frase infeliz – numa democracia, o poder é sempre do povo, ninguém deve se arvorar o direito de tomá-lo – foi desautorizada por Haddad e, desde então, Dirceu submergiu. Mas segue distribuindo as cartas nos bastidores da campanha. Outra que mantém ascendência, mas foi aconselhada, nos últimos dias, a ficar na muda foi a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), seguidora também da linha mais radical. “Quem vai acreditar que José Dirceu, Gleisi Hoffmann e outros não terão influência em um eventual novo governo do PT com Haddad?”, questiona o analista político André Pereira César, da Hold Assessoria Legislativa. “A certeza da volta de diversos desses personagens é um problema para Haddad. O antipetismo tornou-se a marca mais importante desta eleição”, emenda Leonardo Barreto.

Nos bastidores, alguns partidos do chamado grupo progressista que o PT tenta trazer para junto de si no segundo turno, como o PDT e o PSB, admitem que a existência das figuras que ficaram marcadas pelos escândalos de corrupção e pelos erros de condução da era petista complicaram as composições no segundo turno. Ao aliar-se publicamente com o PT e, de quebra, com integrantes do partido que já foram condenados ou estão respondendo a ações judiciais, existe um receio de que as outras siglas acabem sendo contaminadas pelo sentimento antipetista que tem dificultado a vida de Haddad no segundo turno. Leonardo Barreto simplifica o sentimento: “Ninguém aposta em cavalo perdedor”. Principalmente, se for de Tróia.

 

 

 


Imprensa Diária sábado, 20 de outubro de 2018

PESQUISAS: TUDO CHUTE

 

 
TUDO CHUTE

J.R. Guzzo

As últimas pesquisas de “intenção de votos” que estão circulando na praça dizem, em números redondos, que Jair Bolsonaro está com cerca de 60% das preferências do eleitorado, contra 40% de Fernando Haddad. Mas esperem um momento: deve haver alguma coisa errada aí. Até às vésperas da votação do primeiro turno, todas as pesquisas (e a mídia insistia muito nesse ponto: todas as pesquisas) garantiam que Bolsonaro iria perder de qualquer dos outros candidatos no segundo turno. Repetindo: de qualquer candidato. Nove em cada dez análises se fixavam na importância terminal desta informação vinda da ciência estatística. Podia se contar com diversos cenários, mas uma coisa pelo menos estava certa, acima de toda e qualquer dúvida: o candidato da direita iria perder a eleição no segundo turno, seja lá o adversário que sobrasse para a disputa com ele. Até o Meirelles? Aparentemente, não chegaram a medir a coisa nesses detalhes, mas as manchetes diziam que Bolsonaro perderia de todos os candidatos no segundo turno, e como Meirelles (ou o cabo Daciolo, ou o Boulos, ou o Amoedo, ou o Álvaro Dias etc.) eram candidatos, sempre dá para dizer, tecnicamente, que até essas nulidades iriam ganhar dele. Não aconteceu nada de extraordinário de lá para cá. Porque, então, as pesquisas preveem agora exatamente o oposto do que previam cinco minutos atrás?

Os institutos de pesquisa fariam uma especial gentileza ao público se explicassem, em umas poucas palavras compreensíveis, por que seus números devem ser levados a sério no segundo turno, se mostram agora o contrário do que mostravam no primeiro. Não conseguindo fazer isso, talvez ficasse mais simples dizer o seguinte às pessoas: “Esqueçam o que a gente deu no primeiro turno. Era tudo chute”. Chute ou torcida, tanto faz, porque uma coisa é tão ruim quanto a outra e, no fim das contas, nenhuma das duas será cobrada. Como sempre acontece, se Bolsonaro ganhar mesmo as eleições, os autores das pesquisas dirão que ficou provado o quanto eles acertaram – pois o resultado que costuma sobrar na memória é o último. Daqui a pouco, contando com esquecimento geral por parte do público, estarão propondo novas profecias para quem estiver interessado. E em 2022, ou já em 2021, prepare-se para ler que Lula está na frente de todo mundo com 50%, que Marina está subindo e Ciro Gomes começa a crescer. Bolsonaro, se for eleito agora e se candidatar à reeleição, estará com 0%. Na reta final os números serão ajustados de novo (“ocorreram mudanças no processo decisório”) e tudo continuará como sempre foi.

As pesquisas eleitorais de 2018 deixaram claro, mais que em qualquer eleição anterior, o quanto elas estão sendo incapazes de medir aquilo que está realmente na cabeça do eleitor. Foi um desastre. Dilma Rousseff foi garantida como a senadora mais votada do Brasil e ficou num quarto lugar em Minas Gerais. O senador de São Paulo Eduardo Suplicy, outro “eleito” pelas pesquisas, foi exterminado após 27 anos de Senado. Houve erros grotescos nas pesquisas para governador de Minas e Rio de Janeiro – os que acabaram colocados em primeiro lugar tinham 1% dos votos, ou nada muito diferente disso, até poucos dias antes da eleição. Geraldo Alckmin ficou com menos de 5% dos votos. Marina Silva ficou com 1%. No Nordeste, que foi citado durante seis meses seguidos como o grande celeiro de onde Lula poderia operar a sua “volta”, o PT teve 10 milhões de votos a menos que em 2014. Das sete capitais da região, perdeu em cinco. Erros deste tamanho, por mais que os institutos neguem, são sintoma de alguma coisa profundamente errada no sistema todo. Como escrito acima, tudo isso tende a cair rapidamente no esquecimento, sobretudo porque não há paciência para ficar discutindo um assunto que não interessa mais até a próxima eleição. Mas o problema não vai sumir só porque não se falará mais nele.

As pesquisas, com certeza, não conseguiram captar as correntes que se movimentam no oceano da internet e do mundo digital como um todo. Não entenderam nada sobre o peso que as redes sociais tiveram no processo eleitoral. Seus questionários podem não estar fazendo as perguntas certas, na maneira certa, na hora e no lugar certos. Na disputa nacional, o papel da propaganda obrigatória na televisão, tido como algo sagrado, mostrou que está valendo zero – e as pesquisas não estavam preparadas para isso, nem para o efeito nulo dos “debates” entre candidatos na TV, das opiniões dos comentaristas políticos e da orientação geral da mídia. Está surgindo um mundo novo por aí. Não será fácil para ninguém começar a entender como ele vai funcionar. Uma boa razão, portanto, para começar já o esforço.


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