Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)
Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.
O Globo domingo, 04 de junho de 2017
NANDO REIS SERÁ HOMENAGEADO PELA ORQUESTRA PETROBRAS SINFÔNICA
Nando Reis será homenageado pela Orquestra Petrobras Sinfônica
POR MARIA FORTUNA
Depois dos Los Hermanos, é Nando Reis quem ganhará uma homenagem da Orquestra Petrobras Sinfônica. O maestro Isaac Karabtchevsky vai reger um concerto com 13 sucessos do compositor — entre eles, “O segundo sol”, “Relicário” e “Por onde andei”—, que terão novos arranjos de Rafael Smith, Alexandre Caldi e Jessé Sadoc. O encontro único, em outubro, no Teatro Municipal, marca a estreia do projeto “Série Convidados”, da orquestra.
O Globo domingo, 04 de junho de 2017
GLEISI HOFFMAN É ELEITA PRESIDENTE DO PT
Gleisi Hoffmann é eleita presidente do PT com 60% dos votos
Gleise defende Lula e fala sobre o fato de ser ré na Lava-Jato
POR FERNANDA KRAKOVICS / CATARINA ALENCASTRO
/ atualizado
BRASÍLIA - Ré na Lava-Jato, a líder do PT no Senado, senadora Gleisi Hoffmann (PR), foi eleita nova presidente do PT, com 60% dos votos. Seu principal concorrente, o senador Lindbergh Farias (RJ), ficou em segundo lugar, com 38% dos votos dos delegados. Gleisi substitui Rui Falcão no cargo e exercerá a função por dois anos. A eleição contou com o voto de 596 delegados e ocorreu no 6° Congresso Nacional do PT, que contou com a presença dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Ela será a primeira mulher a presidir o partido.
Em sua primeira entrevista coletiva após ser eleita, Gleisi foi perguntada sobre o fato de ser ré na Lava-Jato e se isso pode ser danoso para a imagem do partido.
– Mais do que já fizeram (para manchar a imagem do partido)? – perguntou, ao responder à pergunta.
A senadora reafirmou declarações que Lula fez em seu discurso, minutos antes, e disse que apesar dos ataques que vem sofrendo, o ex-presidente continua liderando as pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais.
– O PT foi desconstruído nesse processo. A gente não teve condições de fazer uma defesa. Não vejo como tentar desconstruir mais a imagem do partido como já foi feito. Quando se faz uma pesquisa de opinião, quem ganha é o presidente Lula. Quem tem ligação com o povo, quem tem legado não é fácil ser desconstruído.
Candidata de Lula, Gleisi afirmou que o partido não fará autocrítica porque não quer fortalecer o discurso de seus adversários. Reunido em seu 6º Congresso, o PT era cobrado, inclusive por setores à esquerda do partido, a reconhecer supostos erros, como o envolvimento em escândalos de corrupção e alianças com partidos como o PMDB.
– Não somos organização religiosa, não fazemos profissão de culpa, tampouco nos açoitamos. Não vamos ficar enumerando os erros que achamos para que a burguesia e a direita explorem nossa imagem – disse Gleisi, ao discursar no congresso petista.
A senadora, que é líder do PT no Senado, reconheceu, no entanto, que o partido se afastou dos movimentos sociais enquanto comandou o governo federal:
– É certo que ficamos com relação mais institucional do que política.
Em campanha para a presidência do PT, Gleisi ressaltou êxitos dos governos petistas, como distribuição de renda e geração de empregos:
– Não teve na história de 500 anos do Brasil governos melhores do que os do PT. Não foi João Goulart, não foi Getúlio Vargas. Temos que erguer nossa cabeça para defender nosso legado e nosso governo.
Ela defendeu bandeiras históricas petistas, como taxação de grandes fortunas e regulação dos meios de comunicação. Para a senadora, um dos desafios da nova direção do PT é nacionalizar o partido, tradicionalmente concentrado em São Paulo. Gleisi também defendeu a candidatura de Lula à Presidência da República e eleições diretas em caso de afastamento do presidente Michel Temer.
Gleisi é acusada de receber R$ 1 milhão do esquema de corrupção na Petrobras para sua campanha em 2010. Ela e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, respondem por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas negam as acusações.
Gleisi enfrentou o senador Lindbergh Farias (RJ) na disputa pela presidência do partido. Candidato pela corrente Muda PT, Lindbergh adotou o discurso da radicalização. Em sua fala final, para pedir os votos dos filiados, o senador afirmou que o partido precisa se preparar para o “enfrentamento”. Ele defendeu que a militância seja fortalecida para “barrar o avanço” do neoliberalismo e da burguesia.
Lindbergh criticou o “afastamento” da atual direção partidária da “realidade”, ao permitir que houvesse o apoiamento a candidaturas de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara e Eunício Oliveira (PMDB-CE) para a presidência do Senado.
— Precisamos de um partido preparado para o enfrentamento. Houve um distanciamento da nossa direção da realidade, parecia que não tinha havido um golpe, alguém pensar em apoiar Rodrigo Maia, Eunício Oliveira. Ali eu vi que a gente tinha que dar uma sacudida na burocracia, e encorajar a militância. Petista não vota em golpista — discursou, sendo aplaudido por grande parte da plateia.
O senador pregou a candidatura de Lula e afirmou que o partido tem que defender Lula contra as denúncias que recaem sobre ele. O ex-presidente é réu em cinco ações penais e neste domingo o Ministério Público pediu sua condenação.
— O que fazem com Lula é a campanha mais infame que já fizeram. Lula não está acima da lei, mas não está abaixo da lei. Temos que fazer uma defesa incansável de Lula. Um ataque a Lula é um ataque ao trabalhador brasileiro. Ele é a única possibilidade que o Brasil tem de deter o avanço neoliberal — afirmou.
Para integrantes da CNB, Gleisi errou ao viajar em busca de votos ao lado de Lindbergh, confiando que ele retiraria a candidatura mais à frente. Com isso, a candidatura do senador acabou crescendo no partido. Gleisi intensificou suas articulações e conseguiu, horas antes da votação, contar com a apoio das correntes Movimento PT e Optei, garantindo a ela uma margem segura.
Ainda de acordo com integrantes da CNB, Gleisi chegou a se arrepender de ter aceitado o pedido de Lula para concorrer à presidência do partido.
O Globo sábado, 03 de junho de 2017
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PEDE CONDENAÇÃO DE LULA E MULTA DE 87 MILHÕES NO CASO DO TRÍPLEX
MPF pede condenação de Lula e multa de R$ 87 milhões no caso do tríplex
De acordo com MPF, imóvel está em nome da OAS mas seria, de fato, do ex-presidente
POR CLEIDE CARVALHO
/ atualizado
BRASIL - O Ministério Público Federal pediu a condenação e prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. Os procuradores também pedem que sejam devolvidos aos cofres públicos R$ 87,6 milhões, referentes a contratos da OAS com a Petrobras. De acordo com o MPF, o tríplex está em nome da OAS mas seria, de fato, do ex-presidente, como contrapartida por contratos que a OAS fechou com a Petrobras no governo do petista.
No documento de alegações finais entregue ao juiz Sergio Moro, os procuradores pedem a condenação com base em provas indiciárias. Afirmam que o Supremo Tribunal Federal tem externado que a prova por indícios é apta a lastrear a condenação, mesmo quando baseada em presunções.
Para eles, a dificuldade de produzir provas de que o apartamento pertence à família de Lula é fruto da profissionalização dos crimes de lavagem de dinheiro.
"O ponto aqui é que disso tudo flui que os crimes perpetrados pelos investigados são de difícil prova. Isso não é apenas um “fruto do acaso”, mas sim da profissionalização de sua prática e de cuidados deliberadamente empregados pelos réus", dizem os procuradores.
Para o MPF, o fato de o apartamento ter se mantido em nome da OAS foi a forma encontrada para que a propriedade fosse ocultada de terceiros.
Os procuradores afirmam que Lula foi o responsável pelo esquema de corrupção na Petrobras, pois no lugar de "buscar apoio político por intermédio do alinhamento ideológico " para governar o país, comandou a formação de um esquema criminoso de desvio de recursos públicos destinados a comprar apoio parlamentar de outros políticos e partidos, que enriqueceu envolvidos e financiou as "caras campanhas eleitorais" do PT.
O MPF afirma ainda que as modernas técnicas de investigação e de coleta de provas admite probabilidades, evidências e "inferência para uma melhor explicação". E lembram que no apartamento de Lula foram apreendidos documentos referentes ao tríplex 164-A, alguns com adulteração.
"Assim, o que se deve esperar no processo penal é que a prova gere uma convicção para além de uma dúvida que é razoável, e não uma convicção para além de uma dúvida meramente possível. É possível que as cinco testemunhas que afirmam não se conhecer, e não conhecer suspeito ou vítima, mintam por diferentes razões que o suspeito matou a vítima, mas isso é improvável", afirmaram no documento.
Os procuradores dizem ainda que, ao depor ao juiz Sergio Moro, Lula admitiu dar a palavra final na nomeação dos diretores da Petrobras e que o modus operandi de manter o triplex registrado em nome da OAS Empreendimentos "serviu para ocultar a origem e dissimular a verdadeira propriedade do apartamento perante terceiros, uma vez que a unidade pertencia materialmente" a Lula e sua mulher, Marisa Letícia, já falecida, facilitando o repasse de valores ilícitos.
O Globo sábado, 03 de junho de 2017
POLÍCIA FEDERAL PRENDE EX-DEPUTADO ROCHA LOURES, O HOMEM DA MALA
Ex-deputado Rocha Loures é preso em Brasília
No pedido de prisão, Janot diz que ex-parlamentar é o executor das ordens de Temer
POR JAILTON DE CARVALHO
/ atualizado
BRASÍLIA - O ex-deputado e ex-assessor especial do presidente Michel Temer, Rodrigo Rocha Loures, foi preso na manhã deste sábado, segundo informou a Polícia Federal. Ele foi preso em casa em Brasília, onde deve permanecer até o fim das investigações, e levado para a Superintendência Regional da PF na capital. A prisão de Loures complica ainda mais a situação de Temer, investigado no mesmo inquérito do ex-parlamentar, cuja defesa já sondou investigadores da Lava-Jato sobre chande de fazer delação premiada.
A ordem de prisão foi expedida pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal a pedido do procurador-geral Rodrigo Janot. Loures é acusado de receber propina da JBS em nome de Temer. Ambos respondema inquérito por corrupção no STF.
O Ministério Público Federal reapresentou o pedido de prisão de Rocha Loures na quinta-feira, depois que foi formalizada a posse do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) que saiu do Ministério da Justiça e retornou à Câmara. Com o posse de Serraglio, Loures perdeu a vaga por ser apenas suplente de deputado.
"Vale ressaltar que o envolvimento de Rodrigo Santos da Rocha Loures se deu na condição de homem de "total confiança" - verdadeiro Ionga manus do Presidente da Republica Michel Miguel Elias Temes Lulia. Este último permanece detentor de foro por prerrogativa de função no Supremo Tribunal Federal. Em suma, Rodrigo Loures aceitou e recebeu com naturalidade, em nome de Michel Temer, a oferta de propina (5% sobre o benefício econômico a ser auferido) feita pelo empresário Joesley Batista, em troca de interceder a favor do Grupo J & F, mais especificamente em favor da EPE Cuiabá, em processo administrativo que tramita no CADE. Após esse acordo inicial, momento em que o crime de corrupção se consumara, o deputado federal ainda recebeu os valores da propina acertada do também colaborador Ricardo Saud", diz o procurador no novo pedido de prisão.
Em sua defesa, o ex-deputado argumentou que o novo pedido de prisão é uma forma de pressioná-lo para fazer delação premiada. “Por que não diz a verdade, isto é, que quer a prisão para forçar uma delação, como tem sido usual nos últimos tempos?”, questionou o advogado Cezar Bitencourt na peça encaminhada ao relator da Lava-Jato, ministro Edson Fachin.
Em depoimento de delação, o dono da JBS Joesley Batista afirmou que Rocha Loures foi indicado pelo presidente Michel Temer para tratar de assuntos de interesse da empresa.
Numa conversa gravada pelo dono da JBS no porão do Palácio do Jaburu, Temer indicou Loures para conversar sobre "tudo" de interesse do empresário. Logo depois Loures foi flagrado acertando cargos e decisões estratégicas do governo federal com Batista.
Num segundo momento, o ex-deputado foi filmado recebendo uma mala recheada com R$ 500 mil repassada à ele por Ricardo Saud, operador da propina da JBS. A mala de dinheiro fazia parte de uma propina de R$ 480 milhões a ser paga ao longo de 20 anos, conforme indica a investigação.
O Globo terça, 30 de maio de 2017
ROBIN WRIGHT CHEGA AOS 51 NO AUGE DA CARREIRA E DA BELEZA
Robin Wright chega aos 51 anos no auge da carreira e da beleza
Atriz é a tia da heroína em "Mulher-Maravilha" e retorna com a série "House of cards"
POR EMILIANO URBIM
/ atualizado
RIO - Uma das expressões menos lisonjeiras da língua portuguesa é “ficar para titia”. Traz embutida a ideia de que o Plano A de toda a mulher é casar e ter filhos e que, caso exista uma criança próxima por laço de sangue ou amizade, há este ambíguo prêmio de consolação. Para demolir este conceito antiquado, nada melhor que a tia da Mulher-Maravilha no filme que estreia quinta-feira seja Robin Wright, uma atriz engajada e poderosa, que chega aos 51 anos (sim, 51) no auge da carreira e da beleza.
Robin vive a General Antíope, irmã da rainha Hipólita (Connie Nielsen). Ao contrário da soberana das amazonas, ela quer preparar a sobrinha (Gal Gadot) e futura super-heroína para o mundo. Basta assistir ao trailer para ver que ela não dá mole durante o treino: entre uma espadada e outra, diz que não se pode esperar justiça nas batalhas que virão.
“O mais legal deste filme é que se trata de um blockbuster sobre uma super-heroína, algo que nunca foi feito antes. Muitos garotos e garotas entrarão em contato com uma mensagem que não tem só a ver com amor e justiça, mas também com afirmação feminina”, disse a atriz à revista “Variety”.
ENGAJADA
Robin hoje está em posição de destaque na indústria do entretenimento, a ponto de comprar briga para ter salário igual ao de Kevin Spacey na série “House of cards” — cuja quinta temporada chega à Netflix na terça-feira, dia 30. “Me disseram que eu estava recebendo o mesmo que Kevin, e eu acreditei. Mas descobri recentemente que não é verdade. E isso é algo a ser investigado”, disse ela em entrevista coletiva no Festival de Cannes 2017, onde está divulgando seu primeiro projeto como diretora, o curta-metragem “The dark of night”.
Além disso, Robin atua por causas que acredita: é porta-voz de uma ONG do Texas (ela nasceu em Dallasl) contra abuso de álcool e ativista de direitos humanos na República Democrática do Congo.
No início da carreira, a texana teve alguns papéis de destaque, mas parecia estar sempre à sombra do ex-marido Sean Penn (foram casados de 1996 a 2010). Hoje, além de brilhar como a maquiavélica primeira-dama Claire Underwood de “House of cards”, ela estará na aguardada sequência “Blade Runner 2049” — unindo “marcas" que só melhoraram com o tempo.
O Globo segunda, 29 de maio de 2017
TEMER PLANEJA FICAR NO CARGO PELO MENOS 4 MESES, MESMO SE FOR CASSADO PELO TSE
Temer planeja ficar no cargo por pelo menos 4 meses, mesmo se for cassado no TSE
Presidente ganharia tempo com recursos e conta com demora na convocação de eleições
POR CRISTIANE JUNGBLUT
/ atualizado
BRASÍLIA — O presidente Michel Temer definiu uma estratégia jurídica para tentar ter um desfecho favorável no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e traçou diferentes cenários nos quais pode permanecer no cargo por pelo menos 120 dias. O primeiro passo foi tentar devolver ao Ministério da Justiça o status perdido, com a escolha do jurista Torquato Jardim para comandar a Pasta. O Planalto avalia que o respaldo do jurista e especialista Torquato Jardim resulte num ambiente mais favorável no TSE, onde Temer já tem aliados. Torquato é muito respeitado no setor jurídico e foi advogado de vários partidos em questões eleitorais. Em caso de cassação da chapa vencedora da eleição de 2014 e do mandato do presidente, Temer ganharia tempo com vários recursos e contaria com uma demora na decisão de chamar eleições indiretas.
O Globo domingo, 28 de maio de 2017
FUTEBOL - VASCO COMEMORA SEGUNDA VITÓRIA SEGUIDA
Milton Mendes comemora segunda vitória seguida do Vasco e elogia Nenê
Meia é chamado de 'iluminado' pelo treinador após clássico contra o Fluminense
POR RAFAEL OLIVEIRA
A vitória por 3 a 2 sobre o Fluminense, em partida eletrizante, deixou Milton Mendes em êxtase. O técnico, que começara mal o Brasileiro com o Vasco, agora vê o time chegar ao G-4, ainda que provisoriamente, e a reconquista da torcida. Após o jogo, ele não escondeu o alívio.
- Essa vitória nos dá um alento muito grande. Não só pelos pontos. Mas pela exibição, pelos jogadores, que entraram e conseguiram fazer algo diferente - comemorou o técnico. - Estamos felizes por tudo. Quando se trabalha intensamente, o homem lá de cima olha e diz: 'Vou botar a mão ali". Foi uma grande e enorme vitória. Nos dá tranquilidade. E foi contra uma equipe muito boa
Ainda que não goste de individualizar a atuação dos jogadores, ele acabou se rendendo a Nenê. O meia saiu do banco para marcar o gol da vitória, aos 48 minutos do segundo tempo, e saiu de campo exaltado pela torcida.
- O Muriqui entrou muitíssimo bem, o Nenê também entrou bem... Ele é iluminado. A bola sobrou e ele fez o gol.
Apesar dos elogios, o técnico não quis adiantar se o gol da vitória pode recolocar o meia no time titular. Ele deixou bem claro que suas opções são baseadas no rendimento, e não no nome do jogador.
- O Nenê é um jogador como os outros. Eu, como treinador, não individualizo. O técnico não olha para o rosto. Mas para o corpo e o rendimento. Não é porque tem mais ou menos nome que vai jogar. O que importa, para mim, é o rendimento. E o Nenê, como os outros que estão fora, estão à espera de uma oportunidade neste momento.
Comemorações à parte, o técnico passou por um susto antes de a bola rolar. O ônibus que levaria o time ao estádio enguiçou, e os jogadores tiveram que concluir o percurso de táxi. Viraram motivo de chacota nas redes sociais. Mas, com a vitória garantida, o técnico pareceu não estar nem um pouco incomodado. E até riu da situação.
- Quando se ganha da forma como ganhamos fica marcado. O que ocorreu antes foi engraçado. Quer dizer, agora é engraçado. Mas naquele momento me passaram tantas coisas na cabeça... Mas são coisas que acontecem. O ser humano erra, as máquinas avariam, não temos que botar culpa em ninguém. Tanto que entramos muito bem em campo.
O Globo terça, 23 de maio de 2017
POLÍCIA FEDERAL PRENDE ASSESSOR ESPECIAL DE TEMER E EX-GOVERNADORES DO DE ARRUDA E AGNELO
PF prende assessor especial de Temer e ex-governadores do DF Arruda e Agnelo
De acordo com as investigações, superfaturamento na construção do estádio Mané Garrincha chega a quase R$ 900 milhões
POR JAILTON DE CARVALHO
/ atualizado
BRASÍLIA - A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira os ex-governadores do Distrito Federal José Roberto Arruda (PR) e Agnelo Queiroz (PT) e o ex-vice governador Tadeu Filippelli — também assessor especial do presidente Michel Temer. Eles foram presos em suas residências em Brasília. A operação - denominada "Panatenaico" - cumpre, ao todo, 15 mandados de busca e apreensão, 10 mandados de prisão temporária e três conduções coercitivas.
Filippelli é mais um dos assessores próximos a Temer com problemas com a polícia. Os outros são Rodrigo Rochas Loures, José Yunes e o ex-ministro Geddel Vieira Lima. Os ministros mais próximos ao presidente - Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) - também respondem a inquérito no Supremo Tribunal Federal.
Filipelli, preso pela PF hoje, dividia sala com Rocha Loures, a exemplo da que fica ao lado do gabinete presidencial, afirma o blog do colunista Lauro Jardim, no terceiro andar do Palácio do Planalto, hoje reservada para Marcela Temer.
A operação é baseada em delação premiada da Andrade Gutierrez sobre um esquema de corrupção nas obras do estádio Mané Garrincha. De acordo com as investigações, o superfaturamento na construção chega a quase R$ 900 milhões — com custo previsto de R$ 600 milhões, o estádio saiu a R$ 1,575 bilhão ao fim de 2014. Trata-se da arena mais cara de toda a competiçã
A renovação da arena seguiu modelo diferente ao dos outros estádios da Copa do Mundo do Brasil, financiados por dinheiro público, com empréstimos do BNDES. Na arena de Brasília, os aportes vieram da Terracap — companhia estatal do DF com 49% de participação da União — embora a companhia não tivesse essa operação financeira prevista entre suas atividades. Sem estudos prévios de viabilidade econômica do Mané Garrincha, a Terracap encontra-se em estado de iminente insolvência.
Segundo a PF, a suspeita é de que com a intermediação dos operadores, os agentes públicos tenham realizado um conluio e simulado etapas das da licitação. A operação também mira agentes públicos, construtores e operadores de propina que atuaram durante três gestões do governo do Distrito Federal.
O nome da operação, "Panatenaico", se refere ao Stadium Panatenaico, sede dos jogos panatenaicos, anteriores aos jogos olímpicos. A arena dos helênicos, que tinha assentos de madeira, foi toda remodelada em mármore por Arconte Licurgo, no ano 329 a.C., e ampliado por Herodes Ático, no ano 140 d.C. Atingiu então a capacidade para 50 mil pessoas. O estádio voltou a receber obras em 1895, para as Olimpíadas de 1896.
BLOQUEIO DE BENS
Além de autorizar a prisão temporária de Tadeu Filippelli, assessor do presidente Michel Temer, e de dois ex-governadores do Distrito Federal (DF), José Roberto Arruda (PR) e Agnelo Queiroz (PT), o juiz da 10ª Vara Federal de Brasília determinou que os três tivessem R$ 26 milhões em bens bloqueados, sendo R$ 6 milhões de Filippelli e R$ 10 milhões de cada ex-governador. Foi determinado ainda o bloqueio de bens de mais sete pessoas, totalizando mais R$ 29,1 milhões, além de outros R$ 100 milhões da Via Engenharia.
O Globo sexta, 19 de maio de 2017
UMA EMBOSCADA MUITO LUCRATIVA, A DE JOESLEY
Uma emboscada muito lucrativa
Joesley, como é conhecido, é essencialmente um apostador do mercado financeiro. Jogou e lucrou com a crise nas últimas dez semanas.
José Casado, O Globo
Michel Temer passou o dia de ontem no Palácio do Planalto dando vazão à sua incredulidade diante da rápida desintegração do seu governo. Estava a milhares de quilômetros de distância do seu algoz, Joesley Batista, principal acionista do conglomerado agroindustrial JBS, maior exportador mundial de proteína animal.
Temer, um político que atravessou mais da metade dos 71 anos de vida escapando de armadilhas, acabou emboscado pelo empresário bilionário de 45 anos de idade numa noite de março, em Brasília. O teor da conversa nada republicana sobre a Lava-Jato, gravada por Batista na residência oficial, expôs Temer no centro de uma trama suspeita para obstrução da justiça, levando o Supremo Tribunal Federal a determinar uma investigação criminal contra o presidente da República.
Temer não sabe como será o amanhã no poder, mas Batista encerrou a jornada de ontem com bons motivos para celebrar nos Estados Unidos, para onde migrou com permissão do Ministério Público Federal: multiplicou sua fortuna desde que grampeou o presidente, e aplainou o caminho para um acordo de leniência empresarial com plena imunidade para si e sua família. Ele e o irmão são protagonistas de cinco inquéritos criminais derivados da Lava-Jato.
Joesley, como é conhecido, é essencialmente um apostador do mercado financeiro. Jogou e lucrou com a crise nas últimas dez semanas. Ganhou cerca de US$ 500 milhões no período em negócios de câmbio no mercado futuro, contam empresários, enquanto negociava um acordo com o Ministério Público.
Lucrou, também, cerca de US$ 100 milhões com discretas operações de venda de ações da JBS para a JBS, empresa sob controle da sua família (44% do capital) e que tem o BNDES e a Caixa Econômica Federal como acionistas minoritários. Juntos, os bancos estatais detêm um terço conglomerado agro-industrial.
Da sede de negócios em Nova York, no antigo edifício Seagram, joia da arquitetura que serviu de cenário para Audrey Hepburn no filme "Tiffany", Joesley vendeu ações na alta, compradas pelos acionistas minoritários da JBS - entre eles BNDES e Caixa -, antes de detonar a crise institucional que está aí. Na última semana também intensificou operações de hedge (espécie de seguro cambial), como revelou ontem a coluna "Poder em Jogo", do GLOBO.
O apostador Joesley fez fama, no período 2006 a 2014, quando chegou a acumular lucros financeiros na proporção de cinco dólares para cada dólar de rentabilidade nas atividades agro-industriais da JBS. Sua principal "alavanca" era o dinheiro barato obtido nos bancos públicos a partir de estranhas transações com a oligarquia partidária do PT e ndo PMDB que atravessou os governos Lula, Dilma e Temer.
Ele ganhou todas as apostas. Por enquanto. Porque a ira de acionistas minoritários, que se julgam perdedores, tende a ser revertida em pressão sobre a Justiça, a comissão de valores, o BNDES e a Caixa para punir os acionistas, e não a empresa JBS, obrigando a família Batista a se retirar do controle do grupo.
Ontem, Joesley mandou divulgar uma nota em que a JBS "pede desculpas aos brasileiros" e lembra que em outros países, como os EUA, onde vive, seus negócios continuam - "sem transgredir valores éticos", garante
José Casadoé jornalista
O Globo quinta, 18 de maio de 2017
POLÍCIA FEDERAL PRENDE ANDRÉA NEVES, IRMÃ DO SENADOR AÉCIO NEVES
PF prende Andréa Neves, irmã do senador Aécio Neves
Polícia Federal fez operação no imóvel de Andréa Neves, no Rio
POR O GLOBO
/ atualizado
RIO — A irmã do senador Aécio Neves (PSDB-MG), Andréia Neves, foi presa na manhã desta quinta-feira pela Polícia Federal, cumprindo mandado de prisão expedido pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Informações davam conta de que ela estava fora do Brasil, mas Andréia foi presa em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Ela foi a responsável pela primeira abordagem ao empresário Joesley Batista, por telefone e via WhatsApp (as trocas de mensagens estão com os procuradores), conforme revelado pelo colunista Lauro Jardim, do GLOBO.
A Polícia Federal fez operação no imóvel da irmã do senador, Andréa Neves, em Copacabana, no Rio, dando início ao cumprimento do mandado de busca e apreensão no edifício Tancredo Neves. No entanto, lá Andréa não foi encontrada. Os policiais precisaram da ajuda de um chaveiro para entrar no apartamento do oitavo andar, onde moraria Andréa Neves. A PF aguardou cerca de uma hora para abrir a porta.
Segundo um morador do prédio, que pediu para não ser identificado, os apartamentos têm 600 metros quadrados e o do oitavo andar estava desocupado.
A PF está na manhã desta quinta-feira em diferentes endereços ligados ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente nacional do PSDB. A operação se estende ainda aos gabinetes no Congresso do próprio Aécio Neves, Zeze Perella e Rocha Loures, além da residência de Andréa Neves.
A fazenda do senador, localizada em Cláudio, no interior de Minas Gerais, também é alvo de mandado de busca e apreensão. Ainda há uma equipe da PF em outra fazenda em Cláudio, esta pertencente a Frederico Pacheco de Medeiros. Primo e homem de confiança de Aécio, ele é apontado como responsável por receber R$ 2 milhões dos donos da JBS a pedido do tucano.
Aécio Neves já responde a seis inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) em decorrência da operação Lava-Jato.
REPÚBLICA GRAMPEADA: REPERCUSSÃO E ANÁLISE DAS NOVAS DENÚNCIAS
República grampeada: repercussão e análises das novas denúncias
Confira o que o GLOBO publicou sobre a delação dos donos da JBS
POR ASCÂNIO SELEME, DIRETOR DE REDAÇÃO
/ atualizado
RIO — Caro leitor, o colunista Lauro Jardim nos trouxe revelações bombásticas capazes de mudar os rumos do país. Preparamos esta edição extraordinária da nossa newsletter para que você possa acompanhar toda a cobertura do grampo que chocou a República. Lauro informou que o presidente Michel Temer foi grampeado pelo dono da JBS dando aval ao pagamento de um cala-boca para o ex-deputado Eduardo Cunha. E mostrou, em outro grampo, o senador Aécio Neves pedindo R$ 2 milhões ao empresário para pagar a um advogado da sua causa na Lava-Jato. O resultado desses grampos será o grande assunto dos próximos dias no país. O GLOBO deu um grande furo hoje. Para um jornal, isso significa muito. Mas, para nós, ainda mais importante que o furo jornalístico é que mais uma vez O GLOBO cumpriu o seu papel de bem informar. Não importa quem seja o objeto da denúncia, se ela for sólida e verdadeira, O GLOBO vai publicá-la em todas as suas plataformas, atendendo ao compromisso permanente que mantém com o seu leitor.
O grampo da JBS
O colunista Lauro Jardim conta os detalhes de uma delação bombástica: o empresário Joesley Batista, dono da JBS, gravou o presidente Michel Temer dando aval à compra de silêncio de Eduardo Cunha.
‘Tem que manter isso, viu?’
— Presidente Michel Temer a Joesley Batista, quando avisado de que o empresário estava dando mesada a Eduardo Cunha e ao doleiro Lúcio Funaro
'Fale com o Rodrigo'
Polícia Federal filma indicado por Temer recebendo propina.
'Jamais solicitou pagamentos'
Em nota do Planalto, Temer confirma encontro com Joesley e diz que "não solicitou" pagamentos a Eduardo Cunha. Presidente se reúne com ministros e auxiliares.
Blog do Moreno
Temer diz que não renuncia e quer ver a fita da conversa com Joesley.
Tempestade tucana
Grampo revela que o senador Aécio Neves, presidente do PSDB, pediu R$ 2 milhões ao dono da JBS.
Tranquilidade
Aécio diz que está tranquilo e que relação com Joesley era estritamente pessoal.
O elo com o PT
Joesley Batista diz que Guido Mantega distribuía propina a parlamentares petistas.
Quem é Joesley
O empresário que fez sua empresa multiplicar de tamanho e se tornou alvo da Polícia Federal.
E agora, Brasil?
O jornalista Alan Gripp analisa os possíveis impactos da delação bombástica de Joesley Batista na política e na economia brasileiras.
— Claudio Lamachia, presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
Efeitos na economia
Parte da equipe econômica do governo Temer já dá como perdidos os esforços para aprovar as reformas da Previdência e trabalhista no Congresso. "Esquece as reformas", diz um economista.
O brasileiro não perde o bom humor: gravação rende piadas e memes na internet.
O Globo quarta, 17 de maio de 2017
CESSÃO GRACIOSA DE DINHEIRO PÚBICO À JBS
Para começo de conversa: A 'cessão graciosa' de dinheiro público à JBS
Veja os principais destaques na manhã desta quarta-feira
POR O GLOBO
/ atualizado
Perda milionária
Exclusivo: relatório da área técnica do TCU mostra que o BNDES amargou um prejuízo de R$ 711,3 milhões em operações com o grupo JBS. A investigação da PF sobre as operações financeiras tinha, inicialmente, outro alvo: o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci.
Lula e Léo
A PF anexou novas provas contra Lula aos processos da Lava-Jato, entre elas esta foto do ex-presidente com Léo Pinheiro, da OAS, em Atibaia.
O Globo terça, 16 de maio de 2017
RELATOR LIBERA PARA JULGAMENTO PROCESSO DE CASSAÇÃO DA CHAPA DILMA-TEMER
Relator libera para julgamento processo de cassação da chapa Dilma-Temer
Presidente do TSE deve marcar no início de junho
POR O GLOBO
/ atualizado
BRASÍLIA – O ministro Herman Benjamin liberou nesta segunda-feira para a pauta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o processo de cassação da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer. Agora, caberá ao presidente da corte, ministro Gilmar Mendes, marcar o dia do julgamento. Gilmar está em uma viagem à Rússia para participar de uma conferência sobre gestão eleitoral e volta ao Brasil na quinta-feira, quando deve agendar uma data. O mais provável é que seja no início de junho.
Inicialmente, a expectativa do início do julgamento era ainda em maio. O atraso será importante para os ministros Admar Gonzaga e Tarcísio Vieira, que tomaram posse no TSE recentemente e precisarão de mais tempo para estudar melhor o processo – que já soma 29 volumes, com várias provas anexadas e depoimentos de mais de 50 testemunhas. O voto do relator deve ser pela condenação da chapa. No entanto, cresce entre os demais ministros a preocupação de costurar uma solução pela absolvição de Temer, para que a crise política e econômica não tome proporções grandiosas no país.
No processo, o PSDB acusou a chapa de ter cometido abuso do poder econômico e político na campanha. De acordo com os autores da ação, houve “desvio de finalidade de pronunciamentos oficiais em cadeia nacional, eminentemente utilizados para a exclusiva promoção pessoal da futura candidata”. Os tucanos também afirmam que houve veiculação de ampla propaganda institucional em período vedado; uso do Palácio do Planalto para atividades de campanha; uso de gráficas de fachada; uso indevido dos Correios na campanha; despesas de campanha acima do limite legal; financiamento irregular; além de falta de comprovantes idôneos para algumas despesas.
Depois que o processo foi instaurado, outros elementos foram incluídos. Houve inclusive o compartilhamento de provas da Operação Lava-Jato por parte do juiz Sérgio Moro, que conduz as investigações em Curitiba. Os documentos atestariam que boa parte das doações eleitorais registradas corresponde a propina acertada no esquema de desvio de dinheiro da Petrobras. Há também indícios de que o marqueteiro João Santana recebeu dinheiro de empreiteiras da Lava-Jato por serviços prestados à campanha eleitoral petista.
O vice-procurador-geral Eleitoral Nicolao Dino voltou a pedir a cassação da chapa Dilma-Temer em parecer apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na sexta-feira. Caso seja aprovado, o pedido do vice-procurador-geral eleitoral resultaria no afastamento do presidente Michel Temer do cargo. A ex-presidente Dilma Rousseff, que já teve o mandato cassado em processo de impeachment no Senado, se tornaria inelegível por oito anos.
O Globo sábado, 13 de maio de 2017
A MINHA GARANTIA ERA LULA, AFIRMA MÔNICA MOURA
A minha garantia era Lula’, afirma Mônica Moura
Delatora diz que confiava no ex-presidente, que teria pedido calma a João Santana sobre dívida de campanha de Hugo Chávez
POR RENATA MARIZ
/ atualizado
BRASÍLIA - Ao relatar que tomou "cano" da Andrade Gutierrez e de Nicolás Maduro, atual presidente da Venezuela, na campanha que reelegeu Hugo Chávez em 2012, a empresária Mônica Moura foi questionada como fazia as cobranças de valores acertados por meio de caixa dois sem contrato formal. Ela disse que a garantia era o ex-presidente Lula e que o marido, o marqueteiro João Santana, chegou a pressioná-lo para receber valores nunca pagos. Lula pediu calma, disse ela.
— A minha garantia era Lula. Eu confiava muito em Lula, que ele ia resolver. E no nosso próprio trabalho, que foi crescendo de uma maneira que...
De forma mais específica, a investigadora pergunta como exatamente Mônica falava com o executivo da Andrade Gutierrez, que arcou com uma parte da campanha de Chávez por caixa dois, na Venezuela:
— Já cheguei a ameaçar: "Gente, se vocês não me pagarem eu vou ter que conversar no Brasil, quem me chamou para cá foi o presidente Lula. Ele não era presidente na época, mas sempre chamei Lula assim. Vou ter que conversar com ele porque não dá".
A procuradora questiona, então, se Lula chegou a ser acionado sobre o assunto:
— O João cobrou, várias vezes. Chegava para ele e conversava. Já tinha acabado a campanha. Chávez foi eleito. Nós estávamos sendo incensados pela mídia venezuelana como os melhores não-sei-o-quê. E o dinheiro não saía (...) O João, uma vez, conversou com Zé Dirceu, que saía fora, dizia que não tinha nada a ver com financiamento, 'só fiz a intermediação'. João conversava com Lula: 'Não, se acalme, vou conversar com o presidente Chávez, isso vai ser resolvido'.
Seis meses depois, Chávez morreu, deixando um "cano de mais ou menos 15 milhões de dólares", afirmou Mônica. Maduro, que mandava buscá-la de carro blindado para entregar "malas de dinheiro", ainda conforme a empresária, tornou-se presidente e nem retornava mais as ligações dela. A Andrade Gutierrez só teria pago US$ 2 milhões de uma dívida apontada como US$ 5 milhões, numa primeira declaração de Mônica, e depois US$ 4 milhões.
— Sucesso por um lado e um fracasso financeiro retumbante — lamenta a empresária, ao falar da campanha que reelegeu Chávez com vantagem ampla.
Ontem, o relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, quebrou o sigilo da delação do marqueteiro João Santana, da mulher dele, Mônica Moura, e do assessor do casal, André Santana. Nesta sexta-feira, href="https://oglobo.globo.com/brasil/divulgados-os-videos-da-delacao-de-joao-santana-monica-moura-21331189" title="">foram divulgados os vídeos dos depoimentos.
O Globo sexta, 12 de maio de 2017
MORRE CRÍTICO LITERÁRIO ANTONIO CANDIDO, AOS 98 AN0S
Morre o crítico literário Antonio Candido, aos 98 anos
Vencedor de prêmios como o Jabuti e o Camões estava internado em São Paulo
POR O GLOBO
/ atualizado
RIO – Morreu na madrugada desta sexta-feira, aos 98 anos, o escritor Antonio Candido. O mais influente crítico literário do Brasil no século XX estava internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo. Segundo comunicado da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo, o velório será realizado nesta sexta no Hospital Albert Einstein, das 9h às 17h.
Por sua obra, Candido venceu quatro vezes o Jabuti, principal prêmio literário do Brasil, por "Formação da literatura brasileira" (1960), "Os parceiros do Rio Bonito" (1965), de poesias, e "Brigada ligeira e outros escritos" (1993), reunindo ensaios. Em 1966, recebeu o Jabuti de personalidade do ano. Em 1998, venceu o prêmio Camões.
Nascido 24 de julho de 1918, Antonio Candido de Mello e Souza era filho do médico Aristides Candido de Mello e Souza e de Clarisse Tolentino de Mello e Souza. Natural do Rio de Janeiro, pouco tempo viveu na então capital federal. Neto de barões do Império, descendente de uma tradicional família do interior de Minas Gerais, morou dos 3 aos 10 anos de idade na mineira Santa Rita de Cássia. Dos 10 aos 12 anos, viveu na França e, passando um verão em Berlim, pôde sentir, através de seu olhar de menino, a ascensão das forças nazistas.
Chegou a prestar exame para a faculdade de medicina antes de ingressar, em 1939, nos cursos de Direito e Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP). Nessa mesma época, em 1940, estreou na imprensa no exercício da crítica literária, na revista "Clima".
A linguagem fluente e a visão aguda fizeram com que rapidamente, somente três anos depois, fosse contratado para assinar críticas “de rodapé” na “Folha da Manhã” (atual “Folha de S. Paulo”) e, em seguida, no “Diário de S. Paulo”. Desde o início, seus textos se caracterizaram pela clareza — assim como o dos modernistas do período, que cultivavam o coloquialismo —, embora, diferentemente destes, Candido pertencesse às primeiras gerações de formação universitária na área de ciências humanas no país, identificado com um estilo de raciocínio estético então novo no país.
Foi um intelectual que transitou, como poucos no país, entre esses dois universos — o da clareza exigida no cotidiano jornalístico e o da profundidade acadêmica —, tendo consolidado em sua obra, sobretudo no clássico “A formação da literatura brasileira”, de 1957, conceitos fundamentais para se entender não apenas a literatura brasileira, como para aprofundar as interpretações sobre a cultura nacional. A crítica e o trabalho teórico de Candido se beneficiaram de sua dupla formação, na área de Ciências Sociais e na de Letras.
Em 1936, foi estudar em São Paulo e, nos anos 1940, os primeiros de sua carreira, formou um primeiro conjunto de estudos nos quais, de acordo com o crítico Roberto Schwarz, os mais de 150 trabalhos publicados na imprensa “são unidos pelo propósito militante de ampliar a compreensão da atualidade”.
Em 1945, publica o seu primeiro livro, “Brigada ligeira”, no qual reúne artigos da coluna semanal Notas de Crítica Literária, da “Folha da Manhã”. A coletânea retrata a literatura brasileira daquela década, com, entre outros, um ensaio sobre Oswald de Andrade e artigos sobre autores então desconhecidos, a quem Candido saudou a estreia, como Clarice Lispector, com “Perto do coração selvagem”, Fernando Sabino, com “A marca”, e o poeta João Cabral de Melo Neto.
A década de 1940 foi o período de maior engajamento na vida do crítico, que já trabalhava, então, como professor assistente de Sociologia na Universidade de São Paulo (USP). Na primeira metade daquela década, Candido se empenhou na oposição ao Estado Novo e foi segundo secretário da sessão paulista da primeira diretoria da Associação Brasileira de Escritores, fundada em 1942. A organização arregimentou intelectuais contra a ditadura e, em 1945, realizou o histórico 1º Congresso Brasileiro de Escritores, em São Paulo, marcando posição contra o governo vigente. Candido era o membro mais jovem da delegação paulista.
Paralelamente às atividades jornalística e política, defendeu em 1945 a tese “O método crítico em Sílvio Romero”, sobre o crítico literário que estabeleceu, em sua monumental obra, segundo Candido, “o cânon” da literarura brasileira. Com o trabalho, obteve o título de livre-docente e começou a abrir caminho para sua transferência para ser aceito como professor do curso de Letras, que era o seu objetivo. Mas não deixou de colaborar com a imprensa e, nos anos 1950 — decisivos em sua carreira —, elaborou o projeto do Suplemento Literário lançado pelo jornal “O Estado de S. Paulo”.
A passagem para a área de Letras só viria a acontecer em 1958, quando se tornou professor de literatura brasileira da Faculdade de Assis, atualmente parte da Universidade Estadual Paulista, no interior do estado de São Paulo, e já tinha publicado sua obra máxima, “Formação da literatura brasileira”.
No prefácio do clássico, Candido faz uma célebre declaração sobre a literatura brasileira, que, segundo disse, “é galho secundário da portuguesa, por sua vez arbusto de segunda ordem no jardim das Musas... Os que se nutrem apenas delas são reconhecíveis à primeira vista, mesmo quando eruditos e inteligentes, pelo gosto provinciano e falta de senso de proporções. Estamos fadados, pois, a depender da experiência de outras letras, o que pode levar ao desinteresse e até menoscabo das nossas. Este livro procura apresentá-las, nas fases normativas, de modo a combater semelhante erro”.
Diz ele ainda: “Comparada às grandes, a nossa literatura é pobre e fraca. Mas é ela, não outra, que nos exprime. Se não for amada, não revelará a sua mensagem”.
A obra é tão profunda em sua tentativa de revelar os caminhos de formação literária do Brasil quanto os clássicos de Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda na busca das raízes da brasilidade. De acordo com Candido, o livro busca reconstituir a história dos brasileiros no seu desejo de terem uma literatura. A crítica, ao observar a aliança entre esforço artístico e missão nacional, realiza a análise interna das obras literárias, assim como salienta seu papel do ponto de vista da cultural nacional.
Para Candido, a crítica equilibrada era a que atenta aos aspectos estéticos, assim como ao conteúdo do texto, levando em conta “o sistema”, do qual fazem parte autor, obra e público. Ele mostrava como a originalidade é “a ilusão dos parvos” e identificava o caráter empenhado da literatura brasileira, com um sentimento de missão que faz dos artistas brasileiros “delegados da realidade”. Sua visão, porém, segundo o próprio crítico, não pretendia ser impositiva, “mas apenas um dos modos possíveis de encarar a contradição entre histórico e estético, fundindo-os dialeticamente no conceito de sistema”.
Candido foi casado com a filósofa, crítica literária e ensaísta Gilda de Mello e Souza (1919-2005), com quem teve três filhas, Ana Luísa, Laura e Marina.
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O Globo sexta, 12 de maio de 2017
LULA DENUNCIA MORO NO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA
Ex-presidente Lula denuncia Sergio Moro no Conselho Nacional de Justiça
Defesa do petista pede que juiz federal seja notificado a prestar informações em 15 dias
Os advogados Cristiano Zanin e Roberto Teixeira pedem que o juiz Sergio Moro seja notificado para prestar informações no prazo de 15 dias, "sem prejuízo de outras diligências necessárias para apurar as verossimilhanças da imputação". Após o processamento do pedido, os advogados pedem que “sejam adotadas as medidas previstas no Regimento Interno do CNJ, com a eventual imposição de sanções disciplinares” a Sérgio Moro.
O GLOBO entrou em contato com a assessoria da Justiça Federal do Paraná, mas ainda não obteve uma resposta do juiz Sérgio Moro.
O Globo quinta, 11 de maio de 2017
PETISTAS AVALIAM QUE DEPOIMENTO NÃO DEVE IMPEDIR CONDENAÇÃO DE LULA NA LAVA-JATO
Petistas avaliam que depoimento não deve impedir condenação de Lula na Lava-Jato
Dirigentes do partido entendem que ex-presidente se saiu bem diante de Moro
POR SÉRGIO ROXO
/ atualizado
CURITIBA - Dirigentes petistas avaliam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se saiu bem no depoimento de quarta-feira ao juiz Sergio Moro, mas entendem que isso não deverá ser suficiente para que ele seja absolvido pelo magistrado.
— O depoimento nos deu elementos para absolver o Lula nas praças e nas ruas — disse o vice-presidente da legenda, Jorge Coelho.
Questionado se existe risco do ex-presidente ser impedido de disputar a eleição presidencial do ano que vem, o dirigente petista respondeu:
— Para quem fez o impeachment e deu essa pernada, dar outro golpe é pouco. A política está nas mãos do Judiciário.
O secretário de organização da legenda, Florisvaldo Souza, também acredita que o ex-presidente tem poucas chances de ser inocentado.
— Não existe um processo contra o Lula, existe uma disputa política e uma perseguição.
Florisvaldo avalia que Lula foi bem no depoimento porque teve "firmeza e não deixou de explicar nada".
Lula deixou Curitiba ainda na noite de quarta-feira, após um discurso a militantes no centro da cidade.
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O Globo quinta, 11 de maio de 2017
LULA NÃO EXPLICA REVELAÇÃO DO TRÍPLEX EM 2010, FEITA PELO GLOBO
Lula não explica revelação de tríplex em 2010, feita pelo GLOBO
Ex-presidente é questionado por Moro sobre reportagem
POR SILVIA AMORIM
/ atualizado
SÃO PAULO - Em depoimento ao juiz Sergio Moro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não conseguiu explicar a revelação do tríplex feita pelo GLOBO em 2010. Na versão apresentada pelo petista, ele só soube do imóvel em 2013.
- Consta no processo uma matéria do jornal O GLOBO, de 10 de fevereiro de 2010, na qual se afirmava naquela época, abro aspas: "A família Lula da Silva deverá ocupar a cobertura tríplex com vista para o mar". Relativamente a esse prédio em Guarujá. O senhor saberia me explicar como a jornalista em 2010 poderia afirmar que a cobertura tríplex seria do ex-presidente? - pergunta o juiz.
Lula responde:
- Eu vou lhe explicar, talvez não explique tudo. Mas o jornal O GLOBO nesse mesmo período fez 530 matérias negativas contra o Lula e só duas favoráveis. Então só posso entender que alguém do Ministério Público em São Paulo, que eu não vou dizer o nome, fomentava a imprensa, que fomentava ele (a jornalista). E isso foi tempo. Nós fizemos inclusive representação no Conselho Nacional do Ministério Público.
Moro, então, questiona a divergência nas datas apresentadas por Lula.
– Mas a questão que eu coloco, essa questão do tríplex que o senhor afirma aqui, ela só teria surgido em 2013, segundo o senhor. O senhor tem ideia como o jornalista, lá em 2010, do GLOBO, poderia ter feito uma matéria se referindo a essa cobertura tríplex que o senhor iria ficar? Nesse mesmo local, nesse mesmo prédio?
Lula volta a acusar os procuradores:
- Por que deve ser uma invenção do Ministério Público.
Moro insiste:
- Mas em 2010 nem tinha processo.
E Lula:
– Sei lá quando, fazer ilação se faz em qualquer momento.
O Globo quarta, 10 de maio de 2017
STJ NEGA TERCEIRO HABEAS CORPUS À DEFESA DE LULA
STJ nega terceiro habeas corpus da defesa do ex-presidente Lula
Ministro Felix Fisher nega última cartada do ex-presidente Lula para adiar depoimento
POR JÚLIA COPLE / RAYANDERSON GUERRA / ANDRÉ DE SOUZA
/ atualizado
RIO — O ministro Felix Fisher, do Superior Tribunal de Justiça, negou o terceiro habeas corpus impetrado pela defesa do ex-presidente Lula, que ainda faltava ser julgado pelo tribunal. O habeas corpus nº 398570 pedia que o STJ considerasse o juiz federal Sérgio Moro suspeito para julgar a ação penal em que Lula . Essa era a última cartada dos advogados do petista para tentar adiar o interrogatório de seu cliente ao juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato na primeira instância.
Os advogados recorreram na noite de ontem, contra decisões do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) que contrariam pedidos feitos anteriormente pela defesa. No depoimento que vai prestar nesta quarta, Lula será questionado sobre a aquisição de um apartamento triplex no Guarujá, no litoral de São Paulo. As íntegras das decisões do STJ não foram divulgadas ainda.
Em um dos pedidos negados, os advogados queriam que fosse concedida uma medida liminar para suspender a tramitação da ação penal em até 90 dias, adiando, portanto, o depoimento. No pedido, os advogados alegaram que não teriam tempo de preparar o cliente por causa do volume de documentos. A defesa estimava que cerca de 100 mil páginas foram juntadas ao processo entre 28 de abril e 2 de maio.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Lula foi beneficiado por uma melhora do apartamento, que passou a ser o tríplex, e pelas reformas feitas no imóvel, assim como a compra de móveis sob medida. O tríplex está em nome da empreiteira OAS, investigada na Lava-Jato. O ex-presidente nega ser dono da unidade.
Em outro pedido, dessa vez apresentado pela Defensoria Pública, o ministro Raul Araújo, também do STJ, manteve a decisão da Justiça de Curitiba que proibiu a montagem de acampamentos nas ruas e praças da capital paranaense nesta quarta-feira. Ele também manteve o bloqueio de áreas específicas da cidade para pedestres e veículos, nas imediações da Justiça Federal.
O Globo terça, 09 de maio de 2017
JUIZ CONFIRMA DECISÃO DE MORO E LULA NÃO PODERÁ GRAVAR INTERROGATÓRIO
Juiz confirma decisão de Moro e Lula não poderá gravar interrogatório
Na decisão, Nivaldo Brunoni disse que pedido da defesa era inusitado
POR DIMITRIUS DANTAS*
/ atualizado
SÃO PAULO — O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) negou nesta terça-feira também o pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de gravar o interrogatório do petista ao juiz Sergio Moro, marcado pata amanhã. A decisão foi do juiz federal Nivaldo Brunoni. Mais cedo, o juiz federal, convocado para substituir o desembargador João Pedro Gebran Neto, também negou o pedido da defesa pelo adiamento do depoimento.
Na decisão de ontem, Moro negou o pedido de Lula e manteve o formato atual dos depoimentos, com a câmara focada no réu, além de proibir a gravação em áudio e vídeo pela defesa do ex-presidente. No entanto, o juiz afirmou que, no caso da audiência de amanhã, também será efetuada uma gravação adicional, feita lateralmente e que retratará a sala de audiência com um ângulo mais amplo. As duas gravações serão disponibilizadas após o interrogatório.
Em sua decisão de hoje, Nivaldo Brunoni considerou o pedido inusitado e disse que, após uma década em que as gravações de audiência são realizadas, não há notícia de que alguma tenha sido prejudicial a algum réu.
No pedido, os advogados de Lual afirmaram que seria importante capturar todo o ato, inclusive as expressões faciais e corporais do procurador e do juiz Sérgio Moro. Nivaldo Brunoni, todavia, não concordou com o argumento.
“Ora, o Ministério Público Federal e o juízo não são réus ou testemunhas do processo”, disse Brunoni.
No início da decisão, Brunoni também criticou o uso exagerado do habeas corpus na Lava-Jato. Segundo o juiz, o habeas corpus tem sido utilizado com a finalidade de enfrentar, de modo precoce, questões processuais. Para o juiz, embora o procedimento deva ser utilizado em ilegalidades no curso do processo, seu foco deveria ser quando há risco ao direito de ir e vir dos investigados. O magistrado chegou a chamar a Operação Lava-Jato de “grandiosa” ao criticar o uso do recurso.
“Não está em pauta, pois, o cerceamento à liberdade do paciente, tampouco o risco de que isto venha a ocorrer”, escreveu Nivaldo Brunoni, que completou: “A intervenção do juízo recursal de modo prematuro deve ser evitada, de modo a resguardar o curso natural das ações penais relacionadas à tão complexa e grandiosa 'Operação Lava-Jato'”.
No caso do pedido de Lula, Brunoni considerou que não tinha relação com o exercício do contraditório e da ampla defesa no processo.
“O pedido da defesa não tem adequação ao rito do habeas corpus, pois não há como apontar qualquer nulidade no registro audiovisual do interrogatório do paciente exclusivamente pela serventia. A construção de uma tese indireta de suposta violação à ampla defesa somente se justifica nos dizeres da defesa, pois, de rigor, nem sequer existe pertinência lógica entre uma coisa e outra. Nesse contexto, não merece seguimento a presente impetração, motivo pelo qual indefiro liminarmente o habeas corpus.”
O Globo terça, 09 de maio de 2017
JUSTIÇA DECIDE NESTA TERÇA-FEIRA SOBRE PEDIDO PATA ADIAR DEPOIMENTO DE LULA
Justiça decide nesta terça-feira sobre pedido para adiar depoimento de Lula
Audiência com o juiz Sergio Moro está marcada para quarta-feira
POR CLEIDE CARVALHO / TIAGO DANTAS
/ atualizado
A defesa de Lula tenta adiar o depoimento argumentando que os advogados não tiveram acesso a documentos da Petrobras que estariam relacionados a três contratos da estatal com a construtora OAS, que são alvo de investigação no processo. Lula é acusado de receber da empreiteira um tríplex no Guarujá, litoral paulista, como contrapartida por ter conseguido esses acordos. O advogado Cristiano Zanin Martins afirma ter solicitado os dados em outubro do ano passado. Inicialmente, Moro rejeitou o pedido de inclusão dos dados. Depois, permitiu que as peças entrassem no processo entre 28 de abril e 2 de maio.
“É simplesmente impossível analisar cerca de 5,42 gigabytes de arquivos digitais sem organização e índice, mais de 5 mil documentos técnicos, jurídicos e negociais (estimativa de cerca de 100 mil folhas sem organização e índice) até o próximo dia 10”, afirma o pedido de habeas corpus. Em nota enviada à imprensa, os advogados dizem que a impressão dos documentos ainda não tinha sido concluída ontem, “a despeito da contratação de uma gráfica para essa finalidade”. Para a defesa, como a acusação já conhecia essas informações, não há “paridade de armas".
Outro ponto de discórdia entre o juiz Moro e os advogados de Lula está ligado à gravação do depoimento. Em todas as audiências da Lava-Jato, a câmera fica imóvel e enquadra apenas quem está prestando depoimento, seja ele réu ou testemunha. Na semana passada, os advogados de Lula haviam pedido que a câmera fosse móvel. Eles também tentaram autorização para fazer a própria gravação. Moro negou a solicitação, alegando que o petista quer transformar o interrogatório em “evento político-partidário”. O juiz afirmou que o tribunal vai providenciar a gravação também de imagens de “um ângulo mais amplo” da sala da audiência, que mostrará o réu lateralmente.
Lula é réu, acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex no Guarujá. O MPF afirma que ele é o verdadeiro dono do imóvel, que teria sido reformado pela OAS. A empreiteira também teria usado dinheiro de propina para pagar o armazenamento do acervo do ex-presidente. Veja todas as acusações contra Lula.
Os advogados recorreram ao TRF-4 também contra essa decisão, que classificaram como “mais uma arbitrariedade” de Moro. Eles disseram que pretendem denunciar o magistrado à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), pois todo defensor tem direito a filmar a audiência.
Um dos objetivos do PT em gravar o depoimento, segundo o blog do colunista do GLOBO Lauro Jardim, é usar as imagens em eventual campanha de Lula à Presidência . Ao negar o pedido, Moro citou a convocação de militantes petistas para manifestações em Curitiba.(Colaborou Marina Oliveira, especial para O GLOBO)
O Globo segunda, 08 de maio de 2017
PROCURADORES REAGEM A LULA CONTRA AMEAÇA
Procuradores reagem a Lula e afirmam que ‘ameaça’ não vai deter ‘marcha serena da Justiça’
Nota da Associação Nacional dos Procuradores da República repudia declarações de ex-presidente na etapa paulista do 6º congresso do PT
A nota é assinada pelo presidente da ANPR, José Robalinho Cavalcanti, que defende a operação Lava-Jato. Ele diz que as investigações são “técnicas e impessoais” e que uma prova é a semelhança entre o discurso de Lula, de vitimização, e de outros réus. Cavalcanti também afirma que o argumento de que há “uma conspiração universal contra o ex-presidente Lula não se sustenta em fatos”.
Na conclusão da nota, Cavalvanti lamenta a declaração de Lula, de que, se eleito presidente mais uma vez, poderia mandar prender pessoas que publicarem notícias infundadas sobre sua suposta prisão. Cavalcanti afirma que tal declaração não é “digna de quem foi por oito anos foi o supremo mandatário do país”, e que as ameaças não irão deter “qualquer agente de estado ou a marcha serena e impessoal da Justiça”.
Na última sexta-feira (5), Lula usou a abertura da etapa paulista do 6º congresso do PT para se depender de acusações, ainda que não tenha citado diretamente o ex-diretor da Petrobras Renato Duque. Ele disse que nunca pediu dinheiro a empresários e afirmou que a mídia e a Lava-Jato firmaram um “pacto diabólico” contra sua pessoa.
— Essa mesma imprensa que dizia que o PT acabou, dizia todo dia: amanhã, o Lula vai ser preso. Faz dois anos que eu ouço isso. Se eles não me prenderem logo, quem sabe um dia eu mando prendê-los por mentir — declarou o ex-presidente, que participou do evento ao lado de José Mujica e ainda criticou Bolsonaro, a quem chamou de fascista, e João Dória.
Confira a íntegra da nota da ANPR:
“As investigações e processos da Lava-Jato são sérias, técnicas e impessoais. Se prova precisasse disso, é só observar que o discurso do ex-presidente Lula é exatamente o mesmo de dirigentes de outros partidos políticos, também investigados e processados na Lava-Jato.
O argumento de que há uma grande conspiração universal contra o ex-presidente Lula não se sustenta em fatos, muito menos uma conspiração, a que a cada testemunho de um ex-aliado com conhecimento interno da matéria a defesa e o ex-presidente acusam de também participar.
Todos, segundo a defesa, mentem. Apenas o ex-presidente falaria a verdade.
A ampla defesa permite todos os argumentos, é direito de qualquer réu alegar o que quiser. A justiça - independente e técnica - decidirá.
De resto, apenas lamentar a frase, que soa como ameaça, de que - supõe-se legitimamente que depois de mais uma vez eleito presidente - irá mandar prender os que investigam. Isto não irá deter qualquer agente de estado ou a marcha serena e impessoal da Justiça, mas não é uma declaração digna de quem foi por oito anos foi o supremo mandatário do país.
O ex-presidente sabe muito bem que chefes do executivo não 'mandam prender' ninguém em um estado de direito. A justiça é que o faz.”
José Robalinho Cavalcanti, presidente da ANPR
O Globo domingo, 07 de maio de 2017
FERNANDA LIMA FALA SOBRE CHEGADA AOS 40, NUDEZ, FILHOS E MARIDÃO
FERNANDA LIMA FALA SOBRE CHEGADA AOS 40, NUDEZ, FILHOS E MARIDÃO
Em ensaio, apresentadora despe-se de preconceitos para ser, simplesmente, uma mulher
A apresentadora posou com exclusividade para a primeira edição da Ela Revista, suplemento do jornal "O Globo" que será publicado todos os domingos - Claudio Carpi
POR JOANA DALE
/ atualizado
RIO - O lançamento do novo filme da Mulher-Maravilha, que chega aos cinemas mês que vem, inspirou a Ela Revista a convidar a apresentadora Fernanda Lima para estampar a capa de sua primeira edição. Linda, bem-sucedida, mãe de gêmeos fofos, casada com um dos homens mais desejados do país e feminista engajada, não poderia ela representar a nossa Mulher-Maravilha?
Fernanda Lima trata a nudez com naturalidade: “Explico para os meus filhos que é só um corpo, um peito.
Não quero que essas questões virem tabu para eles” - Claudio Carpi
Convite aceito, sexta-feira retrasada, o fotógrafo Claudio Carpi, o stylist Dudu Bertholini e o maquiador Lau Neves — profissionais de confiança da apresentadora — estavam a postos. Acompanhada do seu empresário, Antonio Amancio, ela chega ao estúdio de Claudio, numa simpática casa no Horto, vestida de calça jeans, camisa de linho, casaquinho amarrado na cintura e New Balance vinho nos pés.
Diante dos corpetes, maiôs estrelados, botas e braceletes garimpados pela produção de moda, empresário, fotógrafo, repórter, stylist e apresentadora debatem sobre os caminhos deste ensaio. Fala-se de representatividade, conquistas femininas, cultura brasileira... E chega-se à conclusão de que iremos desconstruir um estereótipo. Os cliques começam com Fernanda metida num macacão preto fechado com zíperes dourados dos pés ao pescoço. Aos poucos, ela vai se despindo de todas as armas e amarras, terminando livre para ser, simplesmente, uma mulher — só de bracelete.
— Brasileiro é assim, Claudio: fala, fala, e acaba pelado — Fernanda brinca com o fotógrafo italiano.
Brincadeiras à parte, a apresentadora encara a nudez com muita naturalidade:
— Meus filhos reclamam que quando faço prova de roupa fico pelada na frente de todo mundo. Explico que é só um corpo, um peito. Não quero que essas questões virem tabu para eles.
Sobre as mulheres-maravilha, ela aponta quem são as suas.
— É aquela que acorda às quatro da manhã, faz café, prepara quentinha para o marido, pega o ônibus, demora três horas para chegar ao trabalho, rala, volta para casa, faz o jantar e dorme no máximo cinco horas por noite. Qualquer outra não é Mulher-Maravilha. Então, não me considero como tal — diz a apresentadora do “Amor & sexo”, da TV Globo. — Acho que acabo ganhando o título de mulher forte, que trabalha, que tem filhos, que tem marido, mais pelo meu discurso no programa do que pelo que sou de fato. Porque eu sou o que toda mulher é.
Na vida real, Fernanda assume o papel da dona de casa que adora trocar os móveis de lugar, molhar as plantas e cuidar do cardápio dos filhos gêmeos, João e Francisco, de 9 anos:
— Levo uma vida muito simples. Um dia tem arroz, feijão, farofa e ovo. No outro, arroz, feijão, banana e farofa. Depois, franguinho ensopado com macarrão. Não tem frescura.
No apartamento onde Fernanda vive com os filhos e o marido, o também apresentador Rodrigo Hilbert, do “Tempero de família” (GNT), todos levam uma vida “de campo na cidade”. Tem café da tarde, bolinho de chuva e chimarrão — maratonas na Netflix estão longe de ser uma realidade (“Prefiro ir ao cinema”, diz ela). Fora isso, marido e mulher priorizam os momentos no aconchego do lar.
— O Rodrigo vem de uma cidade do interior de Santa Catarina (Orleans), então dá muito valor à família — conta a gaúcha radicada no Rio (os gêmeos são cariocas). — Rodrigo é um ferreiro de origem humilde, que ralou muito e sabe fazer as coisas por necessidade. Exalto todas as virtudes dele, que às vezes vêm com marcas difíceis, mas que hoje servem inclusive profissionalmente para ele, que virou um cozinheiro na TV.
Feminista engajada: “Saí de casa com 14 anos e fui para o mundo, São Paulo, Japão, Milão, Suíça.
Tive que me dar ao respeito, colocar limites” - Claudio Carpi
Sobre o fato de o marido arrancar suspiros por onde passa, ela acha graça.
— Rodrigo já virou um patrimônio público. Realmente, ele é suspirante — diverte-se Fernanda, que na última temporada do “Amor & sexo” surpreendeu a todos ao levar o marido ao palco caracterizado como uma drag queen.
A apresentadora está cada vez mais engajada na luta pela igualdade de gênero:
— Acho que sempre fui feminista. Saí de casa com 14 anos e fui para o mundo, São Paulo, Japão, Milão, Suíça. Tive que me dar ao respeito, colocar limites. Com abusos e assédios morais lidamos toda a vida, então temos que estar realmente preparadas.
Por conta da repercussão do programa, no ar desde 2009 e que deve voltar no ano que vem, Fernanda acabou virando uma “especialista” em sexo. Na farmácia, na fila do supermercado, na sala de espera do pediatra dos filhos, no posto de gasolina, em qualquer lugar, alguém lhe pede conselhos.
— As pessoas passaram a me enxergar como uma vizinha, uma amiga. No começo, sentia o peso da responsabilidade, mas logo vi que as questões se repetem e que eu posso ajudar com uma palavra — conta Fernanda, que ao longo das temporadas foi se soltando. — Quando me ofereceram o programa, achei que não seria capaz de falar sobre sexo na TV. Mas fui lendo mais sobre o assunto, vendo documentários e hoje é mais natural para mim. Gosto de falar sobre sexo com meus amigos, com meus filhos e em casa com o Rodrigo, claro.
Mês que vem, Fernanda faz 40 anos. Ela mantém o corpo escultural praticando ioga, jogando vôlei na praia e, nos últimos meses, fazendo uma série de levantamento de peso.
— Sempre fui muito moleca, então ainda não consigo me ver como uma senhora (risos). Até pela minha maneira de ser, de andar, de me vestir. Jogo futebol com as crianças, danço, tento fazer coisas que me tragam essa sensação de juventude. Sou super ativa. Acho que daqui a uns dez anos eu ainda vou estar me sentindo assim — conclui Fernanda.
O Globo sábado, 06 de maio de 2017
PRÉ-SAL RENDEU US$ 133 MILHÕES DE PROPINA AO PT, AFIRMA DUQUE
Pré-sal rendeu US$ 133 milhões de propina ao PT, afirma Duque
No total, estaleiros teriam repassado US$ 200 milhões ao esquema
POR CLEIDE CARVALHO E DIMITRIUS DANTAS
/ atualizado
SÃO PAULO - Os contratos de sondas para exploração do pré-sal renderam ao PT cerca de US$ 133 milhões em propina, segundo calculou o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. Esse valor, segundo ele, seria dividido entre o partido, o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente Lula, cuja parcela seria gerenciada pelo ex-ministro Antonio Palocci. Em depoimento ao juiz Sergio Moro na sexta-feira, Duque disse ter feito, na época, uma planilha para justamente calcular quanto ele e os petistas receberiam de propina dos estaleiros responsáveis pelo fornecimento de sondas para a Petrobras.
— Os dois terços do partido Vaccari me informou que iriam para o PT, para José Dirceu e para Lula, sendo que a parte do Lula seria gerenciada por Palocci. Na época eu conversei com (Pedro) Barusco e passei essa informação para ele, falei que ele não estava lidando com peixe pequeno — disse Renato Duque.
O ex-diretor da Petrobras contou que quem primeiro negociou a propina com os estaleiros foi Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras que foi trabalhar na Sete Brasil. O acerto era de 1% sobre o valor do contrato, à exceção dos estaleiros Keppel e Jurong, que pagariam 0,9%. A intenção de Barusco era dividir a propina meio a meio: metade para “casa”, representada pelos executivos da Sete Brasil e Petrobras, metade para o PT.
Quando Vaccari chegou com a determinação de que o PT ficaria com dois terços da propina, Barusco teria reclamado, pois tinha negociado com as empresas e ficaria com a menor fatia.
— Eu intervi. Calma, não é bom reclamar, você pode ser tirado daí e ficar com zero — contou Duque.
O ex-diretor da Petrobras disse que já tinha saído da estatal quando o contrato das sondas foi fechado e que Barusco pediu para usar uma conta bancária dele no exterior, no banco Cramer, na Suíça, para receber os depósitos, pagando em troca um percentual.
Em seu depoimento, Duque contou ainda que toda propina recebida era administrada pelo então gerente executivo da Diretoria de Serviços, Pedro Barusco, que cobrava as empreiteiras e providenciava o depósito nas contas que mantinha na Suíça e em Mônaco. Duque prometeu atuar a partir de agora para tentar facilitar a devolução para a Petrobras de propina depositada no exterior.
O ex-diretor da estatal informou ter recebido valores por meio de três contas, cujo saldo somaria aproximadamente € 20,5 milhões. Os valores foram bloqueados por autoridades do Principado de Mônaco e da Suíça no início de 2015, por causa das investigações da Operação Lava-Jato.
— Gostaria de enfatizar meu interesse de assinar uma repatriação, o que for necessário, para que esse dinheiro venha e volte aí para quem de direito — afirmou o ex-dirigente.
Duque já foi condenado à prisão em função dos valores que detinha no exterior, em contas mantidas no Banco Julius Baer, de Mônaco, em nome das offshores Milzart Overseas (€ 10,2 milhões) e Pamore Assets (€ 10,2 milhões).
DINHEIRO DE SOBRA
Segundo Duque, Barusco o informava dos depósitos. No entanto, após as propinas chegarem a um determinado valor, ele diz ter parado de controlar os pagamentos.
— Não é questão de preguiça. Quando atingiu determinado valor, aquilo era mais do que suficiente. Por que vai querer juntar, juntar, juntar dinheiro? E eu não usei — afirmou Duque, emendando: — Quando atingiu US$ 10 milhões, eu disse “Isso é muito mais do que eu preciso para viver... e a minha terceira geração”. A partir daí, eu nem controlava.
Duque foi delatado por Barusco que, em 2015, disse ter repassado quinzenalmente R$ 50 mil provenientes de propina ao seu ex-chefe. Barusco revelou que Duque era desorganizado com suas finanças, o que o obrigava a administrar suas propinas e a repassar ao ex-diretor da estatal. Segundo Barusco, Duque recebia sempre em dinheiro vivo.
Duque deixou a Petrobras em 2012, mas disse que chegou a receber um pedido, que seria de Lula, para que não saísse.
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O Globo sexta, 05 de maio de 2017
CASOS POLÊMICOS DA LAVA-JATO IRÃO AO PLENÁRIO DO STF, DETERMINA FACHIN
Casos polêmicos da Lava-Jato irão ao plenário do STF, determina Fachin
Mudança de procedimento é para evitar maioria pela libertação dos presos formada na Segunda Turma
POR CAROLINA BRÍGIDO
/ atualizado
BRASÍLIA - Depois de seguidas derrotas na Segunda Turma, o relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, decidiu levar ao plenário do STF não apenas o julgamento sobre o habeas corpus do ex-ministro Antonio Palocci, mas todos os casos mais polêmicos sobre as investigações. A decisão foi tomada em conjunto com a presidente do tribunal, ministra Cármen Lúcia, na quarta-feira à tarde. Depois de uma conversa de cerca de uma hora, o ministro Fachin tomou a primeira providência nesse sentido: liberou para julgamento em plenário o habeas corpus de Palocci, cuja liminar tinha acabado de negar.
As decisões da Segunda Turma, que pôs em liberdade quatro investigados na Lava-Jato que cumpriam prisão preventiva ou aguardavam o julgamento de recurso detidos, como era o caso do petista José Dirceu, também provocaram reações do juiz Sergio Moro,
Normalmente, os processos da Lava-Jato são julgados pela Segunda Turma do STF, composta por Fachin e outros quatro ministros. Oficialmente, a mudança de procedimento em casos mais rumorosos tem a intenção de dividir a responsabilidade dessas decisões entre os onze integrantes do tribunal. Mas existe uma outra consequência, não declarada. Enquanto na Segunda Turma tinha se formado uma maioria sólida em favor da liberação dos presos da Lava-Jato, com votos de Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli contra os de Fachin e Celso de Mello, no plenário a decisão volta a ficar em aberto.
Recentemente, com o voto contrário de Fachin, a Segunda Turma decidiu libertar três investigados na Lava-Jato: o ex-assessor parlamentar João Cláudio Genu, o pecuarista José Carlos Bumlai e, o mais polêmico de todos, o ex-ministro José Dirceu. Já na Primeira Turma do STF, com os outros cinco ministros — a presidente não integra nenhum dos dois colegiados —, a tendência era a de manter os investigados presos. Assim, a decisão em plenário pode fixar um entendimento de todo o tribunal.
Os habeas corpus concedidos aos três investigados da Lava-Jato na semana passada deixaram nítida a divergência entre a Primeira e a Segunda Turma do STF. Isso porque, também na semana passada, a Primeira Turma determinou o retorno do goleiro Bruno Fernandes para a prisão. Em todos os casos, havia condenação apenas em primeira instância, sem confirmação de um tribunal de segunda instância.
O Globo terça, 02 de maio de 2017
MINISTROS DO SUPREMO DECIDEM NESTA TERÇA-FEIRA SE SOLTAM OU NÃO JOSÉ DIRCEU
Ministros do Supremo decidem nesta terça-feira se soltam ou não José Dirceu
Fachin tem mantido decisões de Moro, mas 2ª Turma do STF diverge
POR ANDRÉ DE SOUZA E CAROLINA BRÍGIDO
Preso desde 2015, José Dirceu pode ganhar liberdade nesta terça-feira - Geraldo Bubniak 31/08/2015 / Agência O Globo
BRASÍLIA - Há três meses como relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Edson Fachin tem mostrado sintonia com o trabalho do juiz Sergio Moro, que conduz as investigações em Curitiba. Até agora, Fachin julgou sozinho pelo menos nove pedidos de libertação de investigados. Negou todos, mantendo integralmente as decisões de Moro.
Isso nem sempre acontece quando o julgamento é feito pela Segunda Turma do STF, responsável por analisar os processos da Lava-Jato. Dos quatro pedidos de liberdade julgados pelo colegiado, a decisão de Moro foi mantida em apenas um caso. O voto de Fachin foi derrotado em dois desses julgamentos.
O colegiado vai julgar nesta terça-feira o habeas corpus do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, em prisão preventiva há quase dois anos. Fachin já votou contra a libertação do petista. Ainda faltam os votos dos outros quatro integrantes da turma: Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello.
Com base nos benefícios concedidos a dois réus da Lava-Jato na semana passada, a defesa de Dirceu nutre esperança de vê-lo em liberdade. No entanto, a aparente maré de libertação não necessariamente beneficiará o petista. Os próprios integrantes da Segunda Turma do tribunal advertem que, em casos de habeas corpus, não existe uma tendência decisória porque cada investigado teve a prisão baseada em argumentos diferentes.
— Cada caso é um caso — disse Dias Toffoli na quarta-feira.
— O STF é imprevisível. Pode dar qualquer resultado — analisou um integrante da Segunda Turma ouvido pelo GLOBO.
Levantamento feito pelo GLOBO localizou 20 recursos de investigados da Lava-Jato nos quais Fachin se manifestou. Nos 14 casos em que houve decisão monocrática, ou seja, sem consultar nenhum outro ministro, Fachin negou as solicitações. O ministro negou nove pedidos de liberdade apresentados por Dirceu, pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, entre outros. O caso de Genu foi revertido depois na Segunda Turma.
Dos cinco recursos em que não havia pedido de liberdade, Fachin negou solicitação de Cunha para anular sua transferência para outra carceragem. Ele também rejeitou dois pedidos do ex-ministro Antonio Palocci para suspender um processo que está sob os cuidados de Moro, e para mandar o Superior Tribunal de Justiça julgar um habeas corpus. Por fim, foram negados dois pedidos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do senador Aécio Neves (PSDB-MG) para ter acesso a delações premiadas.
O Globo segunda, 01 de maio de 2017
OBRAS DE R$ 120 BILHÕES FORAM FEITAS PARA MANTER ESQUEMA DE PROPINA
Obras de R$ 120 bilhões foram feitas para manter esquema de propina
Odebrecht se envolveu em quatro empreendimentos por causa de tráfico de influência
POR DANIELLE NOGUEIRA E JEFERSON RIBEIRO
Arena Corinthians, em Itaquera, ainda em construção: orçamento inicial de R$ 400 milhões teria triplicado
quando o estádio entrou na lista da Copa de 2014 - Paulo Whitaker/ Reuters/01-04-2014
RIO - Aos olhos de Emílio e Marcelo Odebrecht, a empreiteira da família se envolveu em quatro empreendimentos que não teriam ido adiante se não houvesse tráfico de influência ou se o objetivo não fosse o de alimentar o esquema de corrupção no governo petista, revelam as delações. Juntos, esses investimentos — Sete Brasil, Belo Monte, Arena Itaquera e Porto de Mariel, em Cuba — somam quase R$ 120 bilhões.
Os dois últimos já estão de pé e em funcionamento. Belo Monte deve ser inaugurada em 2019, com quatro anos de atraso. Já o futuro da Sete Brasil é incerto. Criada em 2010 para gerenciar a construção de 28 sondas para o pré-sal e entregá-las à Petrobras, a empresa enfrenta graves dificuldades financeiras. Das 28 sondas, estimadas em US$ 27 bilhões ou R$ 85,6 bilhões, apenas cinco estão em construção. A conclusão depende do plano de recuperação judicial, que será votado em assembleia de credores nesta semana.
Fontes do setor avaliam que, no caso da Sete Brasil, são fortes os indícios de que a criação da companhia visava a irrigar o sistema de propina da Petrobras. Em outubro de 2009, a Petrobras chegou a enviar cartas-convite a estaleiros para que participassem da licitação das duas primeiras sondas, segundo documento ao qual o GLOBO teve acesso. Pouco tempo depois, o leilão foi cancelado, e a Sete foi criada para intermediar as encomendas.
O Globo domingo, 30 de abril de 2017
MORRE O CANTOR E COMPOSITOR BELCHIOR, AOS 70 ANOS
Morre o cantor e compositor Belchior, aos 70 anos
Causa da morte ainda é desconhecida
POR O GLOBO
O cantor e sompositor Belchior - Arquivo
RIO — O cantor e compositor Belchior morreu na noite deste sábado, em casa, em Santa Cruz (RS), aos 70 anos. A causa da morte ainda é desconhecida. O governador do Ceará, Camilo Santana, decretou luto de três dias. O corpo deve ser levado para a cidade de Sobral, no Ceará, onde deverá acontecer o velório e o enterro.
Nascido em Sobral (CE) em 26 de outubro de 1946, Belchior tomou gostou pela música através do estudo na escola e do contato com a cultura popular, nas rua. Estudou medicina até o quarto ano da universidade, mas optou por fazer carreira como cantor e compositor. Entre 1965 e 1970, tentou a sorte em festivais estudantis e tornou-se apresentador de um programa musical na TV local, em Fortaleza.
No Rio, junto a Fagner, Ednardo e outros artistas, integrou um coletivo chamado Pessoal do Ceará. Estreou em disco solo em 1974 e, a partir do segundo álbum, "Alucinação", firmou-se como jovem talento da MPB.
Em 1972, ao gravar "Mucuripe", parceria de Belchior com Fagner, Elis Regina deu grande impulso à carreira do compositor cearense que no ano anterior havia trocado Fortaleza pelas grandes metrópoles do país — primeiro, o Rio, depois, São Paulo.
Sucesso popular e de crítica nos anos 1970 e começo dos 80, Antonio Carlos Belchior desenvolveu uma longa e regular carreira fonográfica até 1999. Nas últimas duas décadas, mesmo sem lançar discos, tornou-se objeto de culto e viu trabalhos como o álbum "Alucinação", de 1976, serem aclamados como obras fundamentais da MPB.
O auto-exílio imposto a partir de 2009, com sumiços da mídia e breves reaparições, só aumentou o culto a seu repertório, que inclui clássicos como "Galos, noites e quintais", "Paralelas", "Apenas um rapaz latino-americano" e "Medo de Avião".
O Globo sábado, 29 de abril de 2017
MORRE VÍTIMA DE ACIDENTE COM CARRO ALEGÓRICO DA PARAÍSO DO TUIUTI
MORRE VÍTIMA DE ACIDENTE COM CARRO ALEGÓRICO DA PARAÍSO DO TUIUTI
A radialista Liza estava internada em estado grave no Quinta D’Or, Zona Norte do Rio
O marido da radialista, Paulo Guterres, chegou a pedir nas redes sociais orações para a mulher:
"Amigos por favor peço uma grande corrente de orações pela minha Liza Carioca o quadro dela se agravou mais e estamos muito preocupados. Quem puder me ajudar o nome dela é: Elizabeth Ferreira Jofre para as pessoas q nao sabem. Obg a tds".
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O Globo sábado, 29 de abril de 2017
MORO AUTORIZA QUE PRESIDÊNCIA BUSQUE 21 PRESENTES GUARDADOS POR LULA
Moro autoriza que Presidência busque 21 presentes guardados por Lula
Em depoimento, ex-presidente disse que recebeu ‘tralhas’ quando terminou o mandato
POR O GLOBO
Adaga está entre os presentes recebidos por Lula e que voltarão ao acervo da Presidência - Reprodução
SÃO PAULO — O juiz Sérgio Moro autorizou que a Presidência da República busque 21 itens que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva guardava em um cofre no Banco do Brasil e foram erroneamente liberados para seu acervo pessoal. Segundo relatório produzido pela Secretaria de Administração da Presidência, como os itens foram recebidos por Lula em trocas de presentes com outros chefes de estado, deveriam ter sido incorporados ao acervo da Presidência e não ao seu acervo pessoal. Outros 155 itens poderão permanecer com Lula.
“Agentes públicos não podem receber presentes de valor e quando recebidos, por ser circunstancialmente inviável a recusa, devem ser incorporados ao patrimônio público”, decidiu o juiz.
Entre os itens que a Presidência pediu que retornassem ao acervo estão esculturas, uma coroa, três espadas e uma adaga. O próprio ex-presidente Lula classificou, em seu depoimento à Polícia Federal, que recebeu “tralhas” quando deixou a Presidência.
— Eu falei tralhas, que eu nem sei o que é, mas é tralha, é coisa... — disse Lula, que completou depois: — Tem bens pessoais e tem bens... Como é que trata os bens, ou seja, são coisas minhas de interesse de domínio público, certo?
O ex-presidente é acusado, em um dos processos em que é réu na Lava-Jato, sobre pagamentos feitos pela empreiteira OAS para o armazenamento de parte de seu acervo pessoal.
O relatório produzido pela Secretaria de Administração baseia-se em um posicionamento do Tribunal de Contas da União que afirma que presentes oferecidos pelo Presidente da República a outros chefes de estado ou de governo estrangeiros são adquiridos com dinheiro dos cofres da União e, portanto, os presentes que recebe em troca também devem ser revertidos ao patrimônio da União.
“Por outro lado, consignaram que os demais bens apreendidos, especialmente medalhas, canetas, insígnias, arte sacra, por terem caráter personalíssimo, devem ser considerados como acervo próprio do Presidente da República”, afirmou Moro.
Moro determinou que os 21 bens sejam entregues à Presidência pelo Banco do Brasil, onde estão guardados.
“Os bens deverão ser entregues pelo depositário à Secretaria de Administração da Presidência da República mediante termo”, disse.
No Rio, greve convocada contra reformas não paralisa serviços como metrô e trens. Nos ônibus, adesão é parcial, com problemas no BRT. Protestos organizados por grupos limitam acesso dos usuários aos transportes e prejudicam o trânsito em vias importantes
PRESIDENTE DO SENADO, EUNÍCIO OLIVEIRA, DESMAIA E É INTERNADO NA UTI
Presidente do Senado, Eunício Oliveira desmaia e é internado na UTI
Suspeita inicial de Acidente Vascular Cerebral (AVC) foi descartada por exame
POR CATARINA ALENCASTRO
/ atualizado
Eunício foi atendido, primeiro, na Clínica Daher e, posteriormente, foi transferido ao Hospital Santa Lúcia, ambos em Brasília. Ele segue internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neste último, sob observação. Segundo o laudo médico, o senador "apresenta-se hemodinamicamente estável, sem necessidade de uso de drogas vasoativas".
O Globo quarta, 26 de abril de 2017
APÓS RECUO DE REQUIÃO, CCJ APROVA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE
Após recuo de Requião, CCJ aprova lei de abuso de autoridade
Requião faz nova concessão e acaba com o crime de interpretação; projeto deve ser votado ainda hoje no Plenário
POR CATARINA ALENCASTRO
/ atualizado
BRASÍLIA - Foi aprovado por unanimidade o projeto que criminaliza o abuso de autoridade na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O resultado só foi possível depois que o relator do projeto, Roberto Requião (PR-PR), fez mais uma concessão, extinguindo a possibilidade de punição à divergência na interpretação da lei, por parte de investigadores e magistrados. A pedido de vários senadores, a CCJ discute agora se votará o fim do foro privilegiado.