MOSCOU - Passado e futuro da seleção brasileira de Tite estarão sob risco às 15h de Brasília, na capital russa. Na partida contra a Sérvia, a equipe verde-amarelo enfrentará, além de um adversário forte (com a mais alta média de altura), os percalços que fizeram deste o momento de maior questionamento na gestão do comandante gaúcho.
O empate no Estádio Spartak garante a classificação para as oitavas ao menos em segundo lugar. Os três pontos seguidos de uma boa atuação, porém, serão fundamentais para fortalecer novamente o treinador e devolver à equipe a confiança que acompanha dos favoritos. Nos dois primeiros jogos, pontos fortes da sua seleção, como o força do conjunto e o equilíbrio emocional, ratearam contra Suíça e Costa Rica e trouxeram questionamentos.
Tite tem lidado bem com o aumento de indagações a respeito de sua equipe, de pilares do time em baixa (como Paulinho e Gabriel Jesus), e aspectos de sua gestão de pessoas, como o hoje questionado rodízio de capitães. Tudo isso consequência da atuação irregular da seleção no empate com a Suíça e da perda de Douglas Costa, que mudou o panorama e guiou a vitória contra a Costa Rica. Tamanha serenidade não abafa o barulho que uma eliminação ainda na primeira fase de uma Copa do Mundo produzirá. A última vez em que isso aconteceu com a seleção foi na Copa de 1966, na Inglaterra, quando a equipe bicampeã mundial chegou à competição cercada das mais altas expectativas. Naquele ano, o Brasil ficou em terceiro, num grupo em que Portugal e Hungria se classificaram — a Bulgária ficou em quarto lugar.
Desde então, o Brasil flertou com maiores perigos de eliminação na terceira rodada em 1978 e até em 2014, mas sempre avançou. Só em 1974 e 1978 a seleção saiu da fase de grupos em segundo, atrás de Iugoslávia e Áustria, respectivamente. De 1982 em diante, foi sempre primeiro de sua chave.
Mesmo admitindo não estar tranquilo, Tite distribuiu bom humor antes do jogo mais importante de sua carreira. Na ausência de um psicólogo para ensinar ao grupo como lidar com a pressão, Tite se torna modelo de serenidade, mesmo reconhecendo riscos.
— Todas as situações são possíveis. Não descarto uma eliminação como contra o Tolima (em 2011, o Corinthians foi eliminado na pré-Libertadores pelo desconhecido time colombiano). Com uma diferença: eu já estou há dois anos com essa equipe. Quando acabou o segundo tempo contra a Costa Rica, ela me orgulhou. Porque normalmente chegamos aos 30 minutos do segundo tempo e bate o desespero, quebra-se o padrão, quer se apressar a situação. Quando tudo se manteve, pensei "nós vamos fazer, não é possível". Aquilo que eu não tinha contra o Tolima, hoje tenho com a seleção. Mas pode ser. É da vida.
Nome que Tite lançou na seleção principal, Jesus ainda não rendeu no Mundial o que o consagrou nas Eliminatórias. Por isso, o treinador testou Fernandinho em seu lugar nos últimos treinos. No fim das contas, o gaúcho manterá a escalação que iniciou a última partida, dando mais chance ao atacante do Manchester City.